Aquários de água salgada costumam ser muito desejados por aquaristas, principalmente por sua bela aparência. Todos devem concordar que aqueles peixes e corais coloridos tornam qualquer sala ou quarto mais bonitos. Porém, não me parece uma boa ideia ter um aquário marinho se você pretende somente enfeitar sua casa.

Se eu tivesse que usar apenas uma palavra para descrever aquários de água salgada seria: complexidade. Algo essencial é garantir a estabilidade desse ecossistema, o que não é uma tarefa simples, pois é preciso pensar e cuidar de muitos aspectos.

De forma geral, eles são mais trabalhosos e custosos do que os de água-doce, os quais costumo recomendar para aquaristas iniciantes. No início é comum cometer erros, sendo que os marinhos são menos tolerantes a esses erros. Por isso, ressalto também que, se seu objetivo é somente enfeitar a sala da sua casa, vale mais a pena comprar um lindo quadro do fundo do mar.

Mas se você realmente está disposto a lidar com toda a complexidade que envolve um aquário marinho (e investir o dinheiro que for necessário), trago aqui algumas dicas bem importantes que você precisa saber!

Compatibilidade entre as espécies

Bom, na verdade, a compatibilidade entre as espécies de um aquário é um ponto essencial em absolutamente qualquer aquário, inclusive nos de água-doce. Porém, nos marinhos ela é um pouco mais complexa.

Normalmente, os aquaristas desejam ter em seus aquários de água salgada animais dos mais diversos filos. Várias espécies de peixes, corais, crustáceos, equinodermos… Além de verificar se todos eles vivem bem nos mesmos parâmetros de água (como pH e temperatura), é preciso conhecer o comportamento de cada um.

Conhecer o comportamento de cada espécie é imprescindível para evitar brigas (como por território) em seu aquário, evitando machucados e mortes. Além disso, principalmente quando envolve animais de vários filos, existem grandes chances de um servir de alimento para o outro (o que, obviamente, deve ser evitado).

Tipo de aquário

Temos algumas opções aqui de aquários marinhos e em todas elas a compatibilidade de espécies é essencial:

  • Aquário tipo Fish Only: sua fauna principal são os peixes. Caso queira ter peixes que se alimentam de corais, esta é a melhor opção de aquário. É necessário evitar espécies que briguem entre si.
  • Aquário de corais: aqui o foco são os corais, sejam eles corais moles, LPS (Large Polyp Stony) ou SPS (Small Polyp Stony). É importante ressaltar que corais também precisam ser compatíveis, evitando que comecem uma guerra química entre eles.
  • Aquário tipo Reef: este é o mais desejado, pois é aquele onde convivem peixes e corais. Logo, não deve haver peixes que se alimentem dos cnidários.

Para qualquer tipo de aquário marinho, recomendo que tenha pelo menos 200 L. A estabilidade é essencial, e quanto menor o espaço, mais difícil será mantê-la. Em um volume menor de água, há mudanças mais bruscas na temperatura (menos estabilidade térmica) e na concentração de certas substâncias.

Por exemplo, um pequeno excesso de matéria orgânica elevaria as concentrações de amônia, nitrito e nitrato mais rapidamente em um aquário pequeno. Ou seja, intoxicaria a água mais facilmente. Por isso, os maiores são mais estáveis e, consequentemente, seguros.

Equipamentos e cuidados necessários

Antes de qualquer coisa, é importante que os equipamentos e o móvel em que fica o aquário não estraguem facilmente/enferrujem por conta da salinidade. Há algumas opções boas de materiais, como o aço inoxidável.

Um dos equipamentos importantes é uma bomba de circulação para a oxigenação da água. Este item, entretanto, é importante em qualquer aquário, inclusive nos de água-doce. Mas vamos focar aqui nas peculiaridades dos aquários marinhos.

Sump

O sump nada mais é do que o recipiente acoplado na traseira do aquário ou localizado logo abaixo dele (dentro do móvel), onde acomoda-se uma série de equipamentos. A ideia é que haja um movimento da água de forma cíclica: ela é drenada do tanque para o sump e depois retorna ao aquário com a ajuda de uma bomba de recalque.

O sump é o lugar ideal para deixar mídias de filtragem, reatores (como de cálcio), caixa de reposição de água, refúgio (onde podem se desenvolver macroalgas e microfauna, como minúsculos crustáceos) e, o mais importante de todos, o skimmer.

O skimmer é um filtro essencial para os aquários de água salgada. Ele retira moléculas orgânicas dissolvidas na água antes que se transformem em amônia, nitrito e nitrato, sucessivamente. Ele funciona gerando microbolhas em seu interior. A matéria orgânica sobe com as bolhas, transbordando em um copo, de onde é removida.

Controle de temperatura

Manter a temperatura da água estável é algo essencial – pequenas mudanças já podem ser muito prejudiciais.

Para controlar direitinho, um termostato é importante: ele identifica a temperatura e aciona um aquecedor sempre que necessário. Também é necessário possuir um equipamento para resfriar a água, como um chiller (caro, porém é muito eficaz) ou uma ventoinha.

Iluminação

Em qualquer aquário, a iluminação é algo importante, visto que é ela que vai garantir o ciclo de claro/escuro para os animais, simulando o dia/noite.

Porém, nos aquários em que há corais, ela se faz mais necessária do que nunca. Isso porque os corais vivem em simbiose com zooxantelas, organismos fotossintetizantes. Assim, a iluminação interfere na capacidade fotossintética desses organismos e, por consequência, na saúde dos corais.

Aspectos importantes da água salgada

Está aqui um dos maiores motivos de eu achar mais complexo cuidar de aquários marinhos.

Na água do mar, temos praticamente uma tabela periódica todinha. Então é de se esperar que todas as muitas dezenas de elementos químicos presentes no oceano estejam presentes em seu aquário de água salgada, já que são necessários para a boa saúde dos organismos que lá vivem.

E como garantir que todos estes elementos estejam presentes? É possível comprar sal sintético e apenas misturá-lo, na concentração correta, à água doce (obviamente, um sal de qualidade que forneça todos os elementos).

Mas, veja bem, não pode ser qualquer água-doce não. Utilizando a água da torneira ou até mesmo a mineral acabamos interferindo na concentração de cada elemento presente, e isso não é o que queremos. É preciso utilizar uma água que já tenha passado por um filtro deionizador ou de osmose reversa.

De tempos em tempos, é preciso realizar a troca parcial de água (a quantidade e a frequência pode variar de aquário para aquário), onde parte da água é retirada e substituída por água salgada nova.

Mas, além da troca parcial – que é feita nos de água-doce também – é preciso repor a água que evapora nos aquários marinhos. Apenas a água evapora, os sais continuam na água dentro do aquário. Portanto, se não houver acréscimo de água-doce (de osmose reversa ou deionizada), a concentração de sais ficará altíssima, prejudicando os seres vivos.

Testes de qualidade da água

Algo essencial é acompanhar a qualidade da água através de testes, assim como nos aquários de água-doce, mas é preciso analisar mais parâmetros.

Listo aqui alguns que devem ser medidos para acompanhar a qualidade da água:

  • Cálcio
  • Magnésio
  • Reserva alcalina (kH)
  • pH
  • Amônia, nitrito e nitrato
  • Fosfato
  • Salinidade

Bom, falando de forma resumida, esses são alguns aspectos importantes a se considerar quando se tem um aquário de água salgada, fora muitos outros que nem mencionei (como questões acerca do substrato e das rochas).

Acredito que deu para perceber como realmente é algo custoso e trabalhoso, que exige dedicação e investimento. Mas caso realmente esteja interessado, vai fundo, porque aquários marinhos são realmente apaixonantes!

Boa sorte na montagem de seu aquário! E não deixe de acompanhar mais sobre aquarismo no Blog Sarlo e no Sarlocast!

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