Paolla Oliveira desabafa sobre machismo no Carnaval, críticas ao corpo e pressão estética: 'Cansei'

Recentemente, Paolla enfrentou críticas relacionadas ao seu corpo e, em contrapartida, revelou sua postura resiliente. Ela se vestiu dos apontamentos para escancarar e colocar luz sob a pressão estética que sofreu ao longo dos anos. Tanto dentro, quanto fora do Carnaval.

"Desfilei pela primeira vez em 2009, saí e voltei em 2019. Foram 10 anos, é uma vida. E fiquei entre o bom e o ruim o tempo inteiro. Essa comparação toda me fez criar uma mentalidade na minha cabeça: ou sofria mais, ou amadurecia com várias coisas. Já tinha sido a baixinha, a gordinha, de perna grossa e que tinha o cabelo errado. Já fui considerada o padrão, maravilhosa. De um dia para o outro me colocaram fora de tudo que tinham me encaixado. E isso aconteceu também no Carnaval", pondera.

E foi exatamente em sua própria história que Paolla se inspirou para rebater as críticas que sempre recebeu, mas, até então, nunca tinha falado contra.

"Tudo que falo é a partir do meu próprio sofrimento. Foram coisas que me apontaram e fiquei calada bastante tempo. E continuam apontando. Se essa é uma verdade para mim, vi que é uma verdade para outras mulheres também. É por isso que estou falando sobre isso abertamente. Fui olhar para minha história. Poderia ter ficado amedrontada, mas tomei coragem e fui. Cansei. A narrativa, de falar sobre isso, não apareceu do nada. Estava surgindo para mim há um tempo. Faz anos que venho ouvindo".

Segundo Paolla, sua necessidade de "falar abertamente" surgiu da condição de fazer com que outras mulheres não se sintam mais sozinhas e pressionadas. E que vai, também, na condição de criar o debate de uma sociedade menos machista.

"Resolvi falar para mostrar para outras mulheres que não é só com elas. Não vejo nenhum homem sendo descredibilizado pelo corpo que tem e ouvindo: ‘você não deveria ir para o Carnaval porque você não está com um corpo muito bom’. É que agora a gente tem falado sobre o corpo, mas não é sobre isso", destaca.

E completa: "É sobre ser mulher e sobre ter o desejo de que a gente não precise ficar falando toda hora sobre algumas coisas. O meu desejo é esse: que a gente possa bater em novas teclas em relação à mulher, e não em teclas tão sabidamente erradas, como o corpo, o que ela usa ou deixa de usar."

Muito mais do que estar à frente da bateria e sambando, Paolla Oliveira consegue enxergar um pouco além em sua presença. Para ela, é a oportunidade de dar visibilidade à comunidade que a abraçou e às mulheres do Carnaval.

"Venho me questionando muito sobre outras coisas que vão além do meu posto. Ele é um lugarzinho na frente de um lugar muito especial, mas é um lugar. Comecei a observar também outras mulheres do Carnaval", diz.

"Não sou da comunidade, estou passando por ali e tenho que enaltecer essas mulheres. Pelas mulheres da comunidade, que estão ali batalhando seus espaços e, por tudo isso, me sinto muito mais confortável. É como se tivesse que acertar cada vez mais para dar o devido valor a essa comunidade que me abraçou e a essas mulheres que estão nela também", completa.

E a atriz afirma que pode, deve e quer tirar o foco de si: "Me move representar o Carnaval de certa forma e conectar ele ao que digo na minha vida. E não é sobre mim. Quero que seja sobre quem quiser ouvir o assunto, se identificar. Vejo as mulheres, as passistas, todas elas: são mães, profissionais, têm responsabilidades. É importante mostrar essas mulheres que existem para além do Carnaval. É sobre a gente tirar um pouco o foco do próprio umbigo e ultrapassar as barreiras. Se eu não faço isso, iria ficar repetitiva."

Mesmo que o conflito interno não seja uma novidade para ela, seu posicionamento público vai ganhando força com o tempo. E, acostumada a estrelar campanhas de publicidade ou atuando em parcerias nas redes sociais com produtos de beleza e estilo de vida, Paolla garante que não muda em nada sua forma de enxergar determinadas questões.

"Todas as opções que a gente faz na vida, elas te trazem ou te tiram coisas. É possível que isso aconteça [renunciar a alguns anúncios e produtos]. E eu venho escolhendo determinadas coisas. Chega de tudo para mim. Mas quando as pessoas veem as publicidades sendo feitas, é porque várias outras coisas chegaram até mim e eu disse não", revela.

"E venho fazendo isso, essas pequenas opções de com que marca vou me conectar, com que verdade eu vou chegar com meu público. Existe um critério, porque tem que ter esse limite para não ser uma narrativa descolada de uma vertente do meu trabalho", enfatiza.

Para o Carnaval de 2024, Paolla Oliveira vem com tudo. Em seu quarto desfile pela Grande Rio, desde o seu retorno à Sapucaí como rainha de bateria, a atriz também vai estar presente em outras frentes da folia: é rainha do Cordão do Bola Preta, bloco tradicional do Rio, musa do Camarote Arpoador, no Sambódromo carioca, e, também, marca presença no Clube do Samba, evento carnavalesco comandado pelo namorado, o cantor Diogo Nogueira.

O que a atriz endossa que não são, nenhum pouco, compromissos que tomam sua energia e criam demandas. E, sim, são momentos de prazer e plenitude.

"Quando a gente toma consciência e se apossa de algumas coisas estando inteira, isso faz diferença. Então, nesses lugares não são compromissos de Carnaval. São compromissos que tenho com um bloco tradicional que queria fazer parte, uma escola de samba que está trabalhando há um ano e espera que quem venha à frente da bateria se destaque, fazendo o seu melhor", diz.

"Não é sobre ser clichê. Se a gente não sabe o porquê está fazendo algumas coisas, isso se torna um cansaço. E faço tudo isso porque gosto. Acho que essa é a plenitude que faz a gente se mover melhor pela vida", finaliza.

Agradecimentos: Marina Zabenzi (foto), Gabriel Nascimento (beleza), Alberth Franconaid (styling) e Trigo Casa de Comunicação (assessoria de imprensa).