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Vivemos um momento digital onde a maioria das pessoas faz fotos com o celular. Para uso em mídias sociais o resultado é satisfatório, mas quando a intenção é estar em uma revista impressa, aquela foto muito legal pode não ter qualidade suficiente. Como estamos recebendo muitos pedidos de inserção de todo o Brasil e, a maioria se encaixa na situação acima, a sugestão da Esporte Equestre é que seja prestigiado um dos grandes fotógrafos

que estão sempre nas provas de nosso país. Se acontecer de você ser escolhido (a) a sair em uma revista, com certeza a matéria vai ficar muito mais bonita! Nessa edição você irá ler artigos envolvendo nomes experientes de nosso hipismo, opiniões importantes para o seu dia a dia com o cavalo. Nossa intenção é informarmos com qualidade nossos assinantes. Esperamos que goste da quinta edição da Esporte Equestre.

Renata Carvalho

diretor@revistaesporteequestre.com.br

Rodrigo Coluccini

editor@revistaesporteequestre.com.br

Foto da Capa: Ambar Editoração e design: Sálvio Bhering salvio@pkbdesign.com.br Colaboraram nesta edição: Vítor Alves Teixeira

Luís Sabino João Júlio dos Santos Kurt Grijspeerdt Marina Azevedo Ambar Carol Michelet Cayetano Nicolas

Eliane Flausino Maura Serra Fábio Barbero Bárbara Corrêa Toledo Pedro Lorenzo Amatuzzi Carolina G. Buhler Guilherme Dutra Foroni

As matérias, opiniões e anúncios apresentadas na revista não refletem, necessariamente, a opinião do editor, sendo de total responsabilidade de seus autores.

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06.

Coluna Vítor Alves Teixeira 08. A importância de uma boa cama para baias 10. 5 dicas para planejar seu ano hípico 11. Como se organizar para um concurso 12. Você está por dentro das regras do seu esporte? Teste seu conhecimento com nosso Quiz. 15. 5 dicas para aquecer um cavalo 16. Adestramento ganha

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força no Brasil 18. Os benefícios das ginásticas para o salto perfeito 20. Ao mestre com carinho 28. Festival Equestre de Inverno 32. Hora do descanso? 34. Conhece a Mari? 38. Equipe SM-Corumi Novo ano, novos projetos... 2017 começa a todo vapor! 40. Flexibilidade - Um importante aliado na busca

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pela excelência 42. Cuidados básicos com o casco 44. Casqueamento A importância do casqueamento correto e o impacto das ferraduras terapêuticas na performance dos cavalos atletas 48. Comissário de pista Entrevista com Carolina G. Buhler 52. Entrevista com Guilherme Dutra Foroni Revista Esporte Equestre | 2017

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JC MARKUN

COLUNA VÍTOR ALVES TEIXEIRA

PISO DE ALTA PERFORMANCE OU HIGH PERFORMANCE FOOTING (HPF) Sem dúvida um dos maiores avanços ocorridos na equitação mundial nos últimos 15 anos foi o HPF. Desde 1990, no mundial de Estocolmo, já se tentava buscar um piso que possibilitasse uma maior performance e maior igualdade para todos os participantes. Naquela época foi utilizado o piso FIBER SAND ou areia e fibra de vidro, que foi um avanço, mais era de difícil manutenção e alto custo. Evoluiu-se para o piso de hoje que consiste no uso de areia de sílica com material têxtil de composição de fibra artificial de nylon ou carpete, mas nunca natural. Essa associação torna a pista mais elástica, estável e segura, uma vez que a fibra retém a umidade e impede o afastamento da areia. Também houve críticas, pois o desconhecimento de sua manutenção ideal a tornava muito compacta através da adição de muita água e fazia com que os giros ou curvas fossem muito rápidos chegando a causar lesões nos boletos e membros, mais 6

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ou menos o que acontece nas quadras emborrachadas de tênis. Tendo como parâmetro o que acontece nas praias, o seu uso está baseado no que acontece ao nos aproximarmos da água. A areia se torna compacta naturalmente quanto mais próximo da água e ao distanciarmos a areia vai se tornando mais solta e pesada. Existem, resumidamente, dois tipos de pista: uma mais usada que é a adição de água na superfície e outra com a adição e retirada da água por baixo, ou fluxo e refluxo, imitando o que ocorre com uma piscina. Sua utilização está se tornando quase uma exigência de quem tem um bom cavalo e deseja praticar uma equitação confortável e segura. Acredito ser essa uma tendência mundial, como já acontece na Europa e EUA. Quais as mudanças e resultados ocorridos com a utilização do piso HPF? -Maior aderência nas curvas, o que

tornou as provas muito mais rápidas; -Maior igualdade na competição, uma vez que torna a prova praticamente em igualdade de condições independente do clima; -Um ganho aproximado de 50 cm na amplitude do lance dos cavalos; -Um ganho de aproximado de 10 cm na altura e 20 na largura no salto dos cavalos; -Melhor e mais suave recepção nos saltos; -Possibilidade de escolha na compactação da pista de acordo com o interesse adicionando mais ou menos água; -Certeza de realização da prova independente de condições de tempo adversa; Após vários acidentes ocorridos nas Olimpíadas de Athenas, realizada sob piso de grama, foi praticamente abolido seu uso para as grandes disputas Olímpicas, Mundiais e Pan-americanas, mantendo-se somente os maiores, melhores e mais tradicionais pisos de grama do mundo.

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WWW.VANESSAQUINTILIANO.COM.BR WWW.VANESSAQUINTILIANO.COM.BR Revista Esporte Equestre | 2017 7 (11) 3104-6220 3104-6220 // (11) (11) 3115-3524 3115-3524 (11)


A IMPORTÂNCIA DE UMA BOA CAMA PARA BAIAS

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abendo que saúde e bem-estar têm relação direta ao ambiente em que seu cavalo vive, falaremos agora sobre a importância de ter uma boa cama para sua acomodação. Ao utilizar o cavalo como mecanismo 8

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de trabalho e lazer, o homem tem privado o cavalo de liberdade de espaço. E, em contrapartida, têm os adotado como animais de estimação/Pets, dando cada vez mais, o que há de melhor relativo ao bem-estar disponível no mercado. Ao passar praticamente o dia todo em

baias, os equinos exigem grande atenção aos seus tratamentos. E isto implica também, e principalmente, os cuidados relativos as camas ao qual estão sujeitos. Cuidado que deve ser redobrado quando tratamos de cavalos-atletas. Ter uma cama de qualidade e limpa é


condição mínima exigida para que seu cavalo esteja bem. Ao contrário do que muitas vezes pensamos os cavalos, quando se sentem seguros e aconchegados, descansam deitados por várias horas. E uma cama bem cuidada e limpa, além de colaborar com o bem estar de seu animal, pode evitar e precaver o aparecimento de várias situações desagradáveis como doenças transmitidas principalmente pelas moscas, lesões nos cascos e também distúrbios respiratórios pela forte presença de amoníaco quando o cheiro da urina não é neutralizado. Uma cama de qualidade parte de um bom material. Os mais utilizados são a maravalha, cascas de arroz, areia, cascas de amendoim, pavimento sintético, serragem e recentemente lançado no Brasil, o granulado de coco, que têm grande

O segredo do bom manejo é a limpeza total, conservação e, se necessário, a reposição. Virar toda a cama diariamente e retirar todos os resíduos reduz significativamente os riscos citados anteriormente e assegura o bem estar de seu animal.

capacidade de neutralização de odores e redução de cerca de 90% do aparecimento de moscas, além de não ser passível de desperdício por ser reutilizável depois de novamente seco. Uma cama de qualidade deve ser plana para evitar aprumos viciosos, macia, seca, absorvente e neutralizadora dos odores da urina e fezes. O segredo do bom manejo é a limpeza total, conservação e, se necessário, a reposição. Virar toda a cama diariamente e retirar todos os re-

síduos reduz significativamente os riscos citados anteriormente e assegura o bem estar de seu animal, onde tais cuidados refletem diretamente também em seu comportamento dentro e fora da baia e consequentemente o “horsemanship”. A escolha da cama deverá principalmente estar focada no bem-estar animal. E, ao escolhermos tudo o que se refere ao trato dos nossos equinos, devemos pensar na seguinte pergunta: o que seu cavalo falaria a você sobre a vida oferecida a ele?

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5 DICAS

PARA O PLANEJAR SEU ANO HÍPICO P O R

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S A B I N O

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O planejamento do ano deve começar de trás para frente. Quer dizer que o cavaleiro define o seu objetivo principal do ano (quer buscar ranking Brasileiro, regional, copas específicas?) e depois vai encaixando na sua agenda os possíveis objetivos secundários.

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Prepare toda a logística para as viagens. Verifique as documentações necessárias e inscrições.

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Com autorizações e convites garantidos, iremos em seguida definir a agenda do nosso cavalo principal e depois sucessivamente encaixar a agenda dos cavalos secundários.

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O próximo passo será encaixar a preparação e respectivos treinos para chegar a cada competição na melhor forma possível. 10

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É muito importante lembrar e considerar, enquanto estamos a definir a agenda, que os cavalos não são máquinas e que não podemos esquecer a gestão do esforço, da motivação, da gestão emocional, no decorrer destes atletas em competições, treinos e viagens. Consulte seu veterinário.


COMO SE ORGANIZAR PARA UM CONCURSO ARQUIVO PESSOAL

P O R J OÃO J Ú L IO D O S S A N TO S

Para evitar problemas na logística de um concurso, seja por esquecimento ou por desinformação, citei aqui alguns pontos relevantes para que tudo corra da melhor forma possível.

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Procure fazer a programação dos principais concursos que você pretende participar (convide seu professor e seu veterinário para auxiliá-lo).

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Confira a documentação do seu cavalo: passaporte, exames, vacinas e selo (caso seja um concurso nacional).

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Faça o pagamento e guarde todos os comprovantes. Leve com você todos os comprovantes de pagamentos relacionados ao concurso. Para que seu cavalo não fique retido na hora do retorno para casa.

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Sempre que for se inscrever na prova, lembre-se que seu cavalo e seu tratador precisam de lugar para ficar. Baia e quarto de sela.

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Informe a hípica onde seu cavalo está estabulado sobre suas intenções de concurso com o máximo de antecedência possível.

Confira sua documentação: cadastro junto a sua federação, junto a CBH, e junto a FEI. Cada nível de concurso exige um nível de “filiação”. Observe sempre o prazo das inscrições. Você evitará multas, entrar de 1A ou até mesmo não participar.

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Informe-se sobre o transporte: valor, dia e hora de saída e dias e hora de retorno. Se seu cavalo vai e volta direto ou se vai parando para pegar ou deixar mais cavalos em outras hípicas.

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Acompanhe seu tratador enquanto ele prepara seu material (em caso de esquecimento o maior prejudicado será você).

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Pergunte ao seu veterinário se ele irá ao concurso e quanto isso irá custar. (para não se surpreender com o rateio depois) E o mais importante: trate bem seu tratador e de todos os profissionais envolvidos no meio hípico. Revista Esporte Equestre | 2017

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VOCÊ ESTÁ POR DENTRO DAS REGRAS DO SEU ESPORTE? TESTE SEU CONHECIMENTO COM NOSSO QUIZ. ELABORADO POR KURT GRIJSPEERDT

PERGUNTA 1

Entre as alternativas a seguir, estão corretas as afirmações em relação ao sino, exceto: A) Um toque de sino autoriza o início e inicia a contagem dos 45 segundos. B) Três toques do sino indicam que o conjunto é vencedor da prova. C) Um toque do sino é usado para parar um concorrente, por qualquer motivo. D) O uso do sino indica o início e o fim do reconhecimento de percurso. E) oques prolongados e repetidos indicam que o concorrente foi eliminado. 12

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PERGUNTA 1 Resposta: B ARTIGO 203 - SINO 1. O sino é usado para a comunicação com os concorrentes. O sino é usado: 1.1. Para autorizar os concorrentes entrarem na pista quando o percurso estiver pronto para reconhecimento (202.1.), e para sinalizar que o tempo de reconhecimento terminou; 1.2. Para dar o sinal de partida e acionar a contagem regressiva de 45 segundos. 1.3. Para parar um concorrente, por qualquer motivo 1.5. Para indicar por toques prolongados e repetidos que o concorrente foi eliminado. PERGUNTA 2 Resposta: C CAPÍTULO VII - ELIMINAÇÕES, DESQUALIFICAÇÕES, MULTAS Artigo 240 - ELIMINAÇÕES 3.9. Deixar de saltar um obstáculo do percurso (220.1.5.), ou, após um desvio ou refugo deixar de saltar o obstáculo onde a falta foi cometida; PERGUNTA 3 Resposta: D ARTIGO 238.2 - FORMAS DE ESTABELECER OS RESULTADOS DE ACORDO COM A TABELA A – COMPETIÇÕES AO CRONOMETRO

ARTIGO 238 2.1. Os concorrentes com igualdade de penalidades para qualquer lugar são classificados de acordo com o tempo gasto para completar o percurso. ARTIGO 238.2.2. Uma competição ao cronômetro, mas no caso de igualdade de penalidades para o primeiro lugar, haverá um desempate ao cronômetro. PERGUNTA 4 Resposta: C ARTIGO 212 - COMBINAÇÕES DE OBSTÁCULOS 1. Combinações duplas, triplas ou mais, entendem-se como um grupo de dois ou mais obstáculos, com distâncias entre si de 7 m, no mínimo, e de 12 m, no máximo (exceto nas Provas de Caça ou de Velocidade e Maneabilidade julgada pela Tabela C e nos obstáculos fixos permanentes, onde a distância pode ser menor que 7 m) que exigem dois ou mais esforços sucessivos. PERGUNTA 5 Resposta: D ARTIGO 257 – ARREAMENTO 2.2. Os concorrentes são autorizados a usar um chicote de adestramento durante o trabalho no plano, porém é absolutamente proibido usar um chicote com um peso fixado em sua extremidade, em momento algum, nem usar um chicote

com mais de 75 cm de comprimento na pista, áreas de treinamento e aquecimento, quando esteja passando por cavaletes, varas ou qualquer obstáculo. Não é permitido portar um sobressalente para o chicote 2.2.1. Uso excessivo do chicote: O chicote não pode ser usado após eliminação ou se o cavalo já saltou último obstáculo do percurso. PERGUNTA 6 Resposta: B Art. 256.1.4. O uso do capacete com fixação é OBRIGATÓRIO para todos que estiverem MONTANDO um cavalo em qualquer local no recinto da competição. Quando acontecer a queda do capacete, ou simplesmente a abertura da fixação o concorrente deve parar e realizar a correção. Não haverá penalização pela parada, porém o cronômetro não será interrompido. PERGUNTA 7 Resposta: A 4. Fones de ouvido ou outros dispositivos de comunicação electrónicos são estritamente proibidos em competições de salto da FEI, tal uso é penalizado por eliminação. Os atletas não podem usar fones de ouvido enquanto montados, em qualquer lugar do evento.

R E S P O S TA S : A) Sim, em qualquer competição. B) Somente em competições indoors. C) São proibidas distancias superiores a 12 metros em combinações. D) Depende do artigo e da tabela da prova em disputa.

Em provas Nacionais de salto, um duplo pode ter medida entre seus elementos superior a 12 metros?

A) Fones de ouvido ou outros dispositivos de comunicação electrónicos. B) Esporas de cano médio. C) Capacetes com pedras brilhantes. D ) Martingal de couro.

Qual é a maneira correta de se classificar os concorrentes de uma prova ao cronômetro, regida pela Tabela A.?

O uso do capacete para cavaleiros da categoria senior, ou seja, maiores de 18 anos de idade é obrigatório em qual circunstância?

PERGUNTA 4

Na 25° edição do regulamento da FEI, válida a partir de 01/01/2017, enquanto montado, em qualquer espaço do evento, fica proibido o uso de:

A) São classificados de acordo com faltas e depois pelo tempo de percurso. B) São classificados de acordo com tempo de percurso e depois pelas faltas. C) São classificados de acordo como tempo do percurso acrescido das faltas. D) Depende do Artigo da prova em disputa. PERGUNTA 3

A) 8 pontos B) 4 pontos C) Eliminado D) Desqualificado

Em uma linha de quatro lances, entre os obstáculos de número quatro e cinco, um cavaleiro salta o número quatro e refuga o salto de número cinco. Ao retomar sua exibição ele salta novamente toda a linha, reiniciando do número quatro. Qual é sua penalização? PERGUNTA 2

PERGUNTA 7

A) Quando se apresentar ao paddock. B) Quando montar no cavalo. C) Quando for saltar na pista de aquecimento. D) Nesta categoria, não é obrigatório o uso de capacete. PERGUNTA 6

A) É proibido usar um chicote com um peso fixado em sua extremidade. B) O comprimento máximo de um chicote em prova é de 75 cm. C) Chicote de adestramento pode ser usado em terrenos de aquecimento. D) É permitido portar um chicote sobressalente. E) O chicote não pode ser usado após eliminação.

Em relação ao uso do chicote podemos afirmar que, Exceto: PERGUNTA 5

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ARQUIVO PESSOAL

5 DICAS

PARA AQUECER UM CAVALO P O R

L U Í S

S A B I N O

1- começar com antecedência para poder aquecer bem. Muitos cava-

leiros aquecem os seus cavalos num espaço de tempo tão curto que o cavalo entra em pista sem estar suficientemente aquecido. Quando terminam o percurso é quando muitas vezes o cavalo estaria pronto para realmente iniciá-lo. 2- iniciar o aquecimento de uma forma descontraída, para que os músculos fiquem bem soltos e irrigados com bastante sangue, para que o cavalo progressivamente os vá armando de uma forma elástica, não ficando tenso e contraído, evitando assim possíveis lesões. 3- para cavalos muito limpos, susceptíveis, com coração pequeno e muita qualidade, evitar saltar grande no padock. Este tipo de cavalo deve entrar em pista confiante e com o coração grande. 4- não se deve saltar, em média, mais que oito saltos, salvo raras exceções, para que os cavalos possam aquecer e ainda manter a frescura necessária para poderem dar um bom rendimento na pista. 5- o último salto antes de ir para a pista deve ser dado já com o galope e a conexão que necessitamos para saltar o salto número 1 do percurso com sucesso. 14

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COMO FAZER UM BOM RECONHECIMENTO DE PERCURSO? P O R

O reconhecimento de percurso é uma forma de análise. Os jogadores de vôlei ou futebol, por exemplo, antes de uma partida, analisam seus adversários através de vídeos e discutem com seu técnico as melhores maneiras de agir naquele determinado jogo. No hipismo nosso adversário é o percurso. Se não cometemos erros, a chance de irmos bem em uma competição é muito grande. Então é fundamental a concentração do cavaleiro que, junto de seu instrutor, irá traçar a melhor estratégia. É preciso observar tudo, desde a entrada na pista, passagem das bandeiras, cores, alturas e larguras e lances, sem estar brincando, distraído ou mexendo no telefone. Depois de reconhecer o percurso pensando em você, é hora de pensar no cavalo. Considere o tamanho do lance do seu cavalo, se em algum momento ele pode ficar mais quente, imagine se pode acontecer algum tipo de conflito no percurso, o que ele faria naquele momento, ou seja, tente antecipar algumas situações que possam embaraçar seu animal e prejudicar o conjunto. Antecipe-se ao problema. Aquele cavaleiro que compete com dois, três cavalos, precisa repassar o percurso mentalmente com cada um. Esse reconhecimento mental ajuda bastante. O percurso nada mais é que seu treinamento do dia a dia e cabe ao cavaleiro perceber o que o armador quis em cada parte da pista.

M A R I N A

A Z E V E D O Rodrigo Coluccini

É preciso observar tudo, desde a entrada na pista, passagem das bandeiras, cores, alturas e larguras e lances, sem estar brincando, distraído ou mexendo no telefone.

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Adestramento GANHA FORÇA NO BRASIL

A iniciação na modalidade se dá principalmente nos haras, hípicas e centros hípicos espalhados em todo o país. As pessoas buscam as bases da equitação para todas as modalidades equestres no adestramento.

O

princípio básico do adestramento está em o cavaleiro conhecer a técnica da equitação e saber empregá-la em todos os momentos de sua prática. Fundamentalmente é exigido do cavaleiro de adestramento, conhecimento técnico e assiduidade, para que possa evoluir com segurança e obter resultados desejados. A modalidade é bastante democrática quanto às raças a serem utilizadas, podendo ser praticada com a grande maioria de acordo com as exigências e do momento técnico dos conjuntos. Como em qualquer modalidade equestre, a iniciação dos cavaleiros prioriza a escolha de cavalos experientes que possam auxiliar o aprendizado e evolução, sempre com o máximo de segurança dos novatos. Os pôneis são, sem dúvida, uma ferramenta importantíssima na iniciação da equitação, principalmente no que se refere a segurança. Estamos buscando nesta gestão incentivar e apoiar todas as iniciativas que venham a fomentar a base da modalidade e indiscutivelmente a categoria Pôneis tem muito a acrescentar. Hoje temos boas escolas para a iniciação espalhadas por todo o Brasil, escolas 16

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com boas estruturas e bons profissionais, os quais também terão um suporte importante para aprimoramento e atualização. .................................................. Comecei no hipismo aos seis anos, seguindo os passos de minha mãe. Naquela época praticávamos salto, e não sabíamos ainda a importância do adestramento para o hipismo em geral. Somente alguns anos mais tarde, quando ganhei meu primeiro cavalo, me apaixonei pela modalidade. É de extrema importância para quem quer um bom rendimento do animal, seja para salto, seja para adestramento, o trabalho de reunião e impulsão, aumentando a amplitude e a força do cavalo e facilitando sua condução. É apaixonante o dançar com um animal de meia tonelada em total harmonia com você, como sendo um só ser em busca da perfeição. Cavalo e cavaleiro se tornam um só, como se até os batimentos cardíacos entrassem no mesmo ritmo e conversassem silenciosamente sobre o próximo movimento, misturando delicadeza e força, energia e tranquilidade. Representa uma ligação e uma amizade que não tem como descrever, o tipo de coisa que você apenas sente, e te traz paz. No interior de São Paulo estamos caminhando para que seja mais difundido o adestramento, buscando uma maior competitividade no circuito nacional. Carol Michelet Monta na Sociedade Hípica de Ribeirão Preto

AMBAR

Instrutor do Curso de Tropa Montada da polícia Militar de São Paulo e Maestro de Equitación pela escuela de Equitación de Carabineiros de Chile. Cavaleiro de adestramento desde 1996, tendo participado por muitos anos de Séries Fortes. Hoje, Diretor de Adestramento da Federação Paulista de Hipismo, já tendo ocupado este cargo em anos passados. Revista Esporte Equestre | 2017

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OS BENEFÍCIOS DAS GINÁSTICAS PARA O SALTO PERFEITO POR

C AY E TA N O

NICOLAS

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FOTOS

ELIANE

FLAUSINO

As ginásticas de salto têm um efeito muito positivo para o cavaleiro, proporcionando correções em vários aspectos. Um deles é calcular o momento exato da abordagem do salto, facilitando ao cavaleiro estar preparado e, com isso, conseguindo prestar atenção no movimento de suas pernas, pés, assento, tronco, braços, mãos, olhar, entre outros, a fim de fazer possíveis ajustes para melhorar o equilíbrio e a harmonia do conjunto, obtendo um melhor desempenho. As ginásticas também nos ensinam a calcular o número de lances até a abordagem do salto, o que chamamos de “olho de distância” que é uma habilidade que requer tempo e muito treino para ser adquirida. Outro benefício das ginásticas é nos ensinar a contar e trabalhar o número de lances dentro de linhas e compostos. Existem muitos exercícios de ginástica, cada um com determinados objetivos e trabalhando dificuldades tanto do cavaleiro quanto do cavalo, por exemplo: olhar para baixo, se equilibrar nas rédeas, entortar o corpo, pressionar excessivamente as pernas e calcanhares, entre outros. As ginásticas são fundamentais para o cavalo, porém sabemos que para melhorar a qualidade do salto é necessário também um bom trabalho de adestramento, mas deixaremos este assunto para uma próxima oportunidade. Ao executar ginásticas o cavalo trabalha a musculatura Revista Esporte Equestre | 2017

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do dorso, pescoço, garupa, dando agilidade, equilíbrio, calma, flexibilidade, melhorando sua parábola de salto, mecânica, concentração, cadência, impulsão, força, controle e confiança. Também ajuda a corrigir possíveis erros como correr na abordagem do salto e após a recepção do mesmo ou quando o cavalo diminui o ritmo na abordagem. Cavalo que entorta ao saltar, ou escolhe canto. Enfim, conseguimos trabalhar muitos aspectos para melhorar o desempenho do cavalo, desde que haja uma boa análise de um profissional para saber o que aplicar em cada situação. É fundamental ter um cavalo que tenha aptidão ao que está sendo exigido. Por isso devemos ter muito critério ao escolher o animal, já que será com ele que iremos trabalhar. Os exercícios de solo como o equilíbrio (que é a posição de salto ao trote), trote elevado sem estribo, galope sem estribo e galope esporte são exercícios básicos e de grande importância na evolução do cavaleiro. São eles que nos dão firmeza, condicionamento, resistência e equilíbrio para qualquer modalidade equestre. 20

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Devemos considerar que para executarmos as ginásticas de salto com um cavaleiro ou amazona inexperiente é imprescindível a ajuda de um profissional e de um cavalo experiente. Se no caso, o novato for o cavalo, precisamos de um profissional que saberá fazer uma leitura das dificuldades daquele animal e saberá aplicar o exercício e a ginástica mais adequada para aquele cavalo, que lhe darão condições de aprender da melhor maneira possível sem acarretar nenhum trauma ao animal. Como já diz o ditado: “cavalo novo para cavaleiro velho e cavalo velho para cavaleiro novo”.

ESTAS SÃO ALGUMAS DAS GINÁSTICAS QUE GOSTO DE TRABALHAR E QUE OBTENHO BONS RESULTADOS: GINÁSTICA 1 – Em média quatro verticais, a uma distância 6,50mt a 6,00mt, que pode variar conforme a categoria e o cavalo que estamos trabalhando. Podemos colocar uma vara no chão entre elas para ajudar o cavalo que avança demais dentro da ginástica. Em alguns casos também podemos colocar varas em todos os intervalos formando um corredor para corrigir o equilíbrio. Esta ginástica melhora bastante o engajamento do posterior, fazendo com que o cavalo bascule seu pescoço, melhorando sua mecânica. Já para o cavaleiro, podemos corrigir seu olhar, pois fará com que ele olhe para o próximo salto. Como as distâncias são prontas, podemos corrigir a parte inferior do corpo do cavaleiro e também a parte superior. Dando leveza ao cavaleiro e explosão de salto ao cavalo. GINÁSTICA 2 – Esta ginástica ensina o cavaleiro a calcular os lances para a abordagem do obstáculo, o que chamamos de “olho de distância”. Montada com sete verticais, sendo que os três obstáculos de cada extremidade coloco 3,00mt e a do centro damos uma distância de 6,10mt e para organizar

coloco uma vara no chão de cada extremidade a uma distância de 2,70mt. Nesta ginástica trabalhamos muito o controle antes e depois do salto, cadência do cavalo, calma e equilíbrio. Podemos tirar a vara do segundo obstáculo de cada extremidade e teremos outro modelo de ginástica com a metragem pronta. GINÁTICA 3 – Gosto muito de trabalhar com cavaletes suspensos, no mínimo 4 cavaletes, para trabalhar a leveza do cavaleiro, a flexibilidade e a musculatura do

dorso do cavalo. Também gosto de trabalhar o ping-pong: obstáculos com distâncias entre 3,00mt a 3,50mt. Proporcionam muita agilidade ao cavalo e ao cavaleiro. Sempre devemos começar gradativamente, respeitando o limite e a dificuldade de cada um, caso encontre alguma dificuldade em transpor as ginásticas, diminua a altura dos obstáculos até que o cavalo e cavaleiro passem com facilidade e segurança para ter a certeza que entenderam o que está sendo proposto. Vá com calma sempre! Revista Esporte Equestre | 2017

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Rodrigo Coluccini

AO MESTRE, COM CARINHO!

Longevidade e reconhecimento, em um mundo cada vez mais descartável, são sinais que chamam a atenção. Ainda mais no hipismo clássico, uma atividade com tantos detalhes e dificuldades a serem vencidas. Por este motivo vamos contar um pouco da história do professor Pelé, que há décadas forma cavaleiros e amazonas de qualidade, alguns deles de destaque internacional.

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José Wilson Alves Batista, popularmente conhecido por Pelé, iniciou sua história equestre bem cedo, ao sete anos de idade, na Sociedade Hípica de Minas Gerais, em Contagem, quando levava comida para tratadores e funcionários. Entre idas e vindas foi encantado pelo cavalo e começou a montar. Sempre encontrou muita facilidade no contato com as pessoas que gostam do cavalo e os resultados vieram rápido. Em 1977 foi chamado para dar aulas no Centro Hípico, para Andrea e Juliane, filhas do Dr. Marcos Mendes. Pouco depois veio o convite para montar a escola Cepel que, desde então formou nomes como Pedro “Pinduca” Nolasco, Bernardo Alves e Sérgio Marins, além de muitos outros campeões no esporte. Tivemos o prazer de acompanhá-lo em algumas provas, eventos e trabalhos e fomos testemunhas do respeito e carinho das pessoas com ele. E o encontro com os ex-alunos é sempre muito festejado por eles, que o reconhecem como um grande mestre e ser humano ímpar. Nas aulas e competições seus cavalos são bem equilibrados e o bom treinamento dado aos alunos garante boas colocações. Em cima do cavalo, Pelé mostra sentimento e desenvoltura e, quando julga que o trabalho já causou efeitos positivos no animal, vai para o obstáculo e salta, com a mão na cintura. Domínio total. O QUE MELHOROU DESDE SEUS PRIMEIROS GALOPES? O nível dos cavalos melhorou demais. Antigamente tínhamos muita dificuldade em conseguir bons cavalos. Tínhamos que recorrer a importações da Argentina. Hoje temos muitos haras em todo o Brasil e é possível encontrar bons animais localmente, como a Estância Mourada e a Fazenda Camarão. Chama-me atenção o poder aquisitivo, que ficou bem maior. Os meninos chegam com condições de comprar bons cavalos. No passado eu vi grandes talentos, mas que tivemos que apoiar para que continuassem no esporte. Deu certo, alguns brilharam. Agora, o que nunca vai mudar são os pilares da boa montaria: simplicidade, humildade e disciplina. Os que seguem esta linha têm êxito. Nesses anos eu busquei evolução, na maioria dos casos foram alguns nomes que mudaram, mas o ensinamento é o mesmo. Hoje temos a possibilidade de treinar com vários instrutores diferentes, vindos de escolas européias, americanas. Participamos de clínicas com cavaleiros renomados. Os materiais evoluíram muito. Sinto um pouco de falta das tradições, como a casaca vermelha. Atualmente temos um concorrente muito forte, que é a tecnolo-

Arquivo Pessoal

Sendo homenageado por Antonio Anastasia Arquivo Pessoal

Presidente João Figueiredo com Claudinho e Dr. Marcos Revista Esporte Equestre | 2017

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Arquivo Pessoal

Dr. Marcos Mendes, Pelé e os alunos do Cepel

gia. As pessoas vinham com muita vontade para a hípica. Muitas vezes a criança nem dormia na noite anterior ao treino, de tão ansiosa para chegar a hora de montar o cavalo. Hoje elas preferem ficar em casa no computador. Os pais precisam fazer força para eles virem para a aula. E, no reconhecimento, tem atleta que fica olhando o celular. Hoje falta um pouco de compromisso dos jovens e, talvez por isso, temos visto menos cavaleiros se destacarem. DOM DE MONTAR X ESFORÇO? Quem nasceu com talento, e acredito ser 5% das pessoas, evolui naturalmente. Todas as outras pessoas, desde que interessadas, podem aprender a montar bem. Para mim é preciso, primeiro, que o aluno se torne meu amigo, que confie em mim para que eu possa retribuir e juntos expandirmos minha capacidade de ensinamento. É praticamente impossível um professor ensinar algo a alguém que não tenha simpatia a ele. Cada aluno tem suas qualidades e dificuldades e o bom relacionamento entre as partes me aproxima e faz com que eu preencha corretamente as necessidades individuais. Quando o aluno vai bem ele se sente bem. E responde melhor a sequência de treinamentos. O cavalo percebe esse envolvimento. 24

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COMO VOCÊ PREPARA OS CAVALOS DE ESCOLA? O QUE ELES PRECISAM TER DE ESPECIAL PARA A INICIAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DO ALUNO? Devido a estar muitos anos na escola, aprendi que eles tem um preparo físico elevado até em relação a cavalos de competição. Por quê? Cavalo de competição, quando termina seu trabalho diário, vai tomar banho e segue para a baia descansar. O cavalo de escola faz aulas repetidas e, em provas, faz o percurso com três ou quatro alunos diferentes, algumas vezes até sem sair da pista. Você não vê um cavalo de porte maior fazer isto. Ele só pula uma vez na competição. Então o cavalo de escola tem um preparo físico maior. Sendo assim, um dia que esse cavalo descansa já acumula energia porque está acostumado a ter três, quatro alunos diariamente. E é essa energia que o faz ficar rebelde com os cavaleiros iniciantes. Sem falar que o cavalo consegue distinguir quem o está montando: se tem mais ou menos controle da situação. Quando percebe que há pouco controle, começam as brincadeiras e os possíveis tombos e é aí que as pessoas passam a ficar intimidadas pelo animal. É por isso que cada cavalo de escola precisa ser cuidadosamente trabalhado diariamente. Outro aspecto muito importante é a alimentação, que deve ser equilibrada

para não haver um ganho extra e indispensável de energia. COMO VOCÊ INICIA SEUS ALUNOS NO SALTO E EM COMPETIÇÕES? Como tudo na vida é preciso dar um passo de cada vez. A primeira qualidade é aprender a saltar com confiança, a ir para o obstáculo confiante, mesmo que não tenha boa postura, posição do pé correto, acertar os lances... Essas qualidades vão ser trabalhadas depois.

No passado eu vi grandes talentos, mas que tivemos que apoiar para que continuassem no esporte. Deu certo, alguns brilharam. Agora, o que nunca vai mudar são os pilares da boa montaria: simplicidade, humildade e disciplina. Os que seguem esta linha têm êxito.


COMO DEVE SER O DESENVOLVIMENTO DE UMA PESSOA NO HIPISMO? O aluno deve subir de etapa se ele tiver condições técnicas, se ele quiser, se a família concordar. Se as respostas forem positivas ele deve seguir em frente, pois um talento pode estar nascendo. Do outro lado, a antecipação desta condição pode terminar uma carreira no hipismo. Cabe ao instrutor ter a percepção de cada aluno e, nunca descartar aquele que tenha dificuldades, pois ele pode ser um talento tardio. Existem muitos casos assim, de cavalos e cavaleiros. E existem casos que todos concordaram que seria um sucesso e não foi. Se o aluno quiser saltar 0,60 cm quatro anos seguidos, qual o problema? A quem ele está incomodando? Deixe-o desenvolver no seu tempo. Base bem feita é muito importante para qualquer pessoa na vida. No hipismo não é diferente. Os bons atletas e instrutores fizeram bem suas bases, sem saltar etapas. Todo mundo quer ser só grande, ninguém quer ser criança e isso é um erro. O QUE PRECISAMOS PARA FOMENTAR O HIPISMO? O que o cavaleiro do hipismo transmite para outras pessoas? Poderio financeiro, elitismo... Ele afasta as pessoas. Acredita-se que é um esporte que o público em geral nem pode assistir. Que só compra cavalo quem é milionário... Não é obrigatório comprar cavalo. As escolas possuem mensalidades que equiparam a cursos diversos, as pessoas podem frequentá-las o tempo que quiser. Não queremos só um competidor, queremos pessoas do cavalo! Vamos deixá-los ter a experiência de montar, de poder participar deste esporte maravilhoso, fazer amigos. Evolução é isso: acolher mais as pessoas, dar liberdade de viver o hipismo.

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Ivel Alves Junior, Pelé, Renata Carvalho e Ricardo Moura: amizade duradoura

E O DR. MARCOS MENDES? Acho que tudo acontece no seu tempo. Estava em São Paulo e o Dr. Marcos foi atrás de mim para dar aula para as filhas dele. Nem o conhecia pessoalmente e ele me pediu para ir ao seu escritório. Chegando lá ele disse: “te observo há algum tempo e quero saber se você pode dar aula para minhas filhas. Quanto você quer ganhar?”. Negociamos e voltei para Belo Horizonte. Fomos para uma competição em Brasília. Lá vi o Vítor (Alves Teixeira) montando e disse ao Dr. Marcos: “menino bom de cavalo. É um desses que temos que pegar. Quem sabe montamos uma equipe?” Daí veio Marquinhos, Pedro Paulo... Ele tinha um terreno, uma capineira. Mudei para lá e montava seus cavalos. Depois pedi que fizesse cinco cocheiras.

“Dr. Marcos, porque você não compra esse lote para eu colocar os cavalos na guia?” E assim foi nascendo o Cepel. Sem projeto, tudo riscado na mão. Dr. Marcos foi um grande ser humano. Um verdadeiro amante dos cavalos. Pelé se intitula um “computador ambulante” e conta alegremente muitos casos hípicos envolvendo seus alunos, como com Pedro Nolasco e o cavalo do Presidente Figueiredo, ou do comprimento do rabo do cavalo do Sérgio Marins. Encontrá-lo é reviver e conhecer boas lembranças de nosso hipismo. Pelé agradece a todos os pais que confiaram seus filhos a ele durante todos esses anos e aos alunos e alunas que o deram a oportunidade de ensinar sobre esse animal magnífico, o cavalo.

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POR FALAR EM ALUNOS, CONVIDAMOS ALGUNS DELES PARA MANDAR UMA MENSAGEM AO MESTRE:

“Falar do Pelé é sempre uma emoção muito grande porque remonta a memórias antigas e aos melhores momentos de minha vida. É falar de honestidade, perseverança, disciplina, alegria. É falar de um mestre! De um mestre a quem eu devo boa parte de minha formação. Sempre me faltam palavras para enaltecer a importância que o Pelé teve em minha vida. Eu só tenho uma frase para dizer a ele: “Muito obrigado”

Sérgio Marins, cavaleiro olímpico,

contribui tão grandiosamente a mim e ao nosso esporte! Obrigado por tudo mestre PELÉ! Sérgio Marins, cavaleiro olímpico, Equipe SM/ hípica Corumi

Ricardo Moura, presidente da Associação dos Criadores do Cavalo Brasileiro de Hipismo. “Falar do Pelé é falar de uma lenda do nosso esporte! E melhor ainda: falar de uma lenda viva! Que está entre nós e nos brinda a cada encontro com sua simpatia, seu carisma e, principalmente, com seus conhecimentos, sua sabedoria e seu amor e entusiasmo com os cavalos, alunos e amigos que ele construiu ao longo de sua vitoriosa carreira! E como eu tenho orgulho de ser um de seus “discípulos” e ter aprendido tantos e preciosos ensinamentos! Aprendi o respeito pelo cavalo e fazer com que possamos compreendê-los em suas dificuldades e inseguranças, mas principalmente exaltar suas qualidades e dar confiança e estímulos para que possam dar o melhor para seu cavaleiro! Enfim: nosso grande Pelé é um verdadeiro mestre na arte de ensinar cavalos e cavaleiros a superar os obstáculos de dentro e fora das pistas! Eu só tenho a agradecer por tudo que ele significou e ainda 26

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Falar do Pelé é, no mínimo, uma responsabilidade, pois ele, para mim e para vários outros alunos, foi mais do que um simples professor de hipismo. Ele é um exemplo, uma referência! Foi responsável pela construção do caráter de várias pessoas, é realmente um educador. Eu e meus contemporâneos temos a certeza que o convívio que tivemos com ele em nossa infância foi fundamental para sermos as pessoas que somos hoje, independente de qual atividade exercemos profissionalmente. Seus ensinamentos vou levar para o resto da minha vida. Ao meu eterno e querido mestre muito obrigado!

Flávio Trombino, restaurante Xapuri.

O Pelé foi um professor muito especial para mim. Quando eu comecei com ele, aos seis anos de idade, tinha medo e só queria montar o “Ki Susto” que era o cavalo mais dócil da escolinha, mas com jeito ele foi me dando confiança e logo consegui montar qualquer cavalo. O Pelé não só foi o meu primeiro professor, com ele ganhei a minha primeira competição de Mini Mirim, mas também virou um amigo para ser lembrado sempre e a quem dedico uma boa parte do sucesso da minha carreira!

Bernardo Alves, cavaleiro olímpico.


“Pelé, quem vou montar hoje?” Quem você quer montar hoje? “O Delito, Pelé!” Então vai lá e pega o Capoeira.

Pedro Nolasco

Flávia Lage.

Fui aluno do Pelé e cheguei aonde cheguei graças a ele. Tudo que sei: técnicas, jeito de montar e trabalhar um cavalo aprendi com ele. Pelé é o instrutor que formou grandes cavaleiros da nossa história no hipismo. Sou profissional aqui na Europa há vários anos e não encontro aqui instrutor melhor que ele foi para mim. Tem um conhecimento enorme. Ele está presente no meu dia a dia de trabalho, pois foi com ele que aprendi tudo que sei e me tornei. Obrigado Pelé por tudo!

Pedro Nolasco, o “Pinduca”. Fez a égua HH Azzur que participou da RIO2016 com a seleção americana.

Ahhhh Pelé, meu querido professor de equitação! Sempre impecável, elegante, com seu bonezinho branco, camisa social pra dentro do culote e um óculos escuro... Como minhas filhas falam nos dias de ho-

je: “mega boy”. Professor querido por todos, sempre escolhendo os cavalos que adaptavam melhor para cada pessoa. Na pista da es-

colinha, sempre bem humorado. Tenho saudades demais desta época. Obrigada pelos seus ensinamentos, Pelé.

Andréia Wanderley

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FESTIVAL EQUESTRE

DE INVERNO

BRASIL GANHA DESTAQUE NO FESTIVAL EQUESTRE DE INVERNO COM PÓDIO INÉDITO NA COPA DAS NAÇÕES E CAVALEIROS VENCENDO GP’S

O

Festival Equestre de Inverno, que acontece em Wellington, nos EUA, é destino certo para muitos brasileiros mostrarem seu talento durante o primeiro trimestre do ano. Nesta temporada não foi diferente, mas a participação do Brasil ficou marcada por resultados excelentes de nomes, até então, pouco conhecidos no cenário internacional. Logo no início da competição, o cavaleiro paulista Pedro Muylaert venceu o GP do CSI3* a 1.60m. Montando Prince Royal Z MFS, o brasileiro foi o mais rápido na pista com um duplo zero e 37s27 no desempate. O conjunto irlandês Paul O’ Shea / Machu Picchu ficou com o segundo lugar também sem faltas em 37s59 e o americano Jimmy Torano com Day Dream garantiu a terceira posição com uma falta em 36s94. “Meu plano era fazer uma prova limpa e rápida o suficiente para estar entre os três melhores, porque eu sabia que só eram quatro conjuntos no desempate. Mas eu não podia imaginar que poderíamos ganhar. O cavalo é novo, o comprei no mês passado e vim direto para a competição. Essa é a nossa primeira semana competindo juntos, então estou muito feliz”, disse Pepê, que está na sua terceira temporada na Flórida. Na prestigiada Copa das Nações, a equipe do Brasil, em sua primeira competição do ano, ficou com a medalha de bronze. Eduardo Menezes / Quintol (16/8), Yuri Mansur / Babylotte (0/4), Pedro Muylaert / MFS Prince Royal Z (0/4) e Luiz Francisco de Azevedo / Comic (0/12) integraram o time brasileiro que somou 16 pontos perdidos e garantiu o terceiro lugar, ficando na frente das tradicionais equipes do Canadá e Grã Bretanha. A Irlanda foi a campeã com 4 pontos e os Estados Unidos ficaram com a prata com 28

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José Roberto, grande vencedor


Pedro Muylaert e Prince Royal Z. - Foto By Jennifer Wood Media 13 pontos. “Foi a primeira vez que uma equipe brasileira conquistou um pódio na Copa das Nações aqui em Wellington. Terminamos o primeiro percurso na liderança empatados com a Irlanda e na segunda passagem acabamos ficando em terceiro, mas estamos muito contentes com o resultado. O ambiente da equipe e a vontade de todos de fazer o melhor pelo time foi muito importante para o resultado final”, disse Pedro Paulo Lacerda, diretor de Saltos da CBH e chefe de equipe. Em sua estréia no Festival Equestre de Inverno, o cavaleiro olímpico José Roberto Reynoso Filho venceu o GP do CSI3* com Galip. O conjunto bateu seis concorrentes no desempate, com um duplo zero em 35s57, incluindo o medalhista de prata por equipe nos Jogos Rio 2016, o americano Kent Farrington com Creedance, que ficou com o segundo lugar também sem faltas em 36s23. Em terceiro chegou a jovem amazona Eve Jobs, filha do lendário Steve Jobs, montando Tiny Toon Semilly com pista limpa em 37s80. “Estou muito, muito feliz. É um sonho estar aqui, vir do Brasil e ter uma vitória como esse GP. Eu sabia que o Kent é um cavaleiro muito rápido, então eu só ten-

José Roberto Reynoso tei ser o mais rápido”, disse José Roberto. “Eu adquiri o Galip há seis meses. Desde então ele está cada vez melhor e no dia do GP ele foi fantástico”, finalizou. Reynoso cresceu em uma família tradicional do hipismo brasileiro. Seu pai, José Roberto Reynoso Fernandez, o saudoso

Alfinete, foi um dos maiores cavaleiros do país conquistando o Campeonato Brasileiro quatro vezes e integrando a equipe campeã dos Jogos Pan-Americanos do Canadá, em 1967. Zé Roberto representou o Brasil nos Jogos Olímpicos de Londres-2012 e desde então investe no fomento de cavalos no alto rendimento. A participação no Festival Equestre de Inverno pela primeira vez, para competir contra os melhores do mundo, é mais um passo para o desenvolvimento de José Roberto Reynoso no esporte. “Eu vim para Wellington por causa de um sonho. Tudo que eu podia fazer no Brasil eu já fiz e eu só quero tentar algo novo. Eu gostaria de ficar aqui com um bom proprietário e ter mais cavalos porque eu realmente gostei daqui e sei que ainda tenho muita coisa para realizar”, finalizou Zé Roberto. www.cbh.org.br

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veia de campeões as promessas do hipismo Brasileiro

AMAZONA

MARIANA FRAUCHES CHAVES

Meu nome é Mariana Frauches Chaves, tenho dezesseis anos e comecei a montar cavalo desde criança, durante as férias, na fazenda do meu avô. Para compensar a espera do período de férias, montava todos os dias, do nascer ao por do sol. Para diminuir essa ansiedade, antes mesmo de completar meus cinco anos, entrei no Centro Hípico Chevals. E na escolinha comecei a treinar o hipismo de salto com o professor Capitão (João Pinto da Fonseca), até que ganhei meu primeiro cavalo, o Nickel Star. Incentivada pelo meu mais querido professor, Marcos da Silva Fernandes, o Marquinhos, que desde então sempre esteve comigo. Ele não só me ensinou praticamente tudo que sei hoje no hipismo, mas também a amar mais ainda esse ser fascinante, o cavalo. Ensinou que a paciência, determinação e treino são atributos importantes que devemos ter para crescer cada centímetro de altura neste esporte. E que, em uma prova, em menos de 90 segundos, temos que mostrar tudo que 30

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sabemos e, por isso, precisamos ser precisos e focados. Meus babies, como eu chamo meus cavalos, são mais que companheiros. São meus confidentes a quem confio muitas vezes os maiores dos meus segredos. É só dar amor que eles lhe retribuem, seja com um belo percurso ou mesmo com um simples relincho. Depois do Nickel, ainda tive oportunidade de montar cavalos que chamamos de “cavalos escola”, como Achin e Record 3k. Nunca vou esquecer deles. Hoje tenho dois cavalos: Serena do Camarão e La Divine W Z e, de vez em quando e sempre, também roubo a égua da minha irmã, Double C CarvallaEx, que já me deu muitas vitórias. Treino pelo menos quatro dias por semana, mínimo de 3 horas por dia. Não é fácil equilibrar estudos e hipismo, mas tenho um combinado com meus pais e eu sei que os estudos estão em primeiro lugar. Por isso o meu tempo tem que ser muito bem planejado. Buscar o aperfeiçoamento da técnica de montaria é fundamental para não ter

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medo de montar qualquer cavalo e adquirir confiança e, é claro, ter bons resultados até que em um determinado momento você e o cavalo passam a ser um só ser, completo e indivisível. Determinada a crescer no esporte, o ano de 2016 foi de desafios para mim. Tinha como meta buscar um melhor posicionamento no Ranking Nacional, meta atingida com o Vice-Campeonato. Foi uma maratona, pois em um intervalo de um mês foram duas competições fora do estado, Rio de Janeiro e Brasília, e uma competição em Minas Gerais, onde conquistei em todos eles o 1o lugar da categoria. Estou subindo para a categoria de Jovens Cavaleiros, altura de 1,20m, em busca de novos resultados como este e para não perder tempo, estive em Wellington em janeiro fazendo uma clínica com Ivan Camargo, Lucia Santa Cruz, Paulo Santana e com a supervisão do Marquinhos. Agradeço aos meus pais, minha irmã Déborah e ao Marquinhos pelo apoio incondicional que sempre me foi dado.


veia de campeões as promessas do hipismo Brasileiro

AMAZONA

LETÍCIA DANIELLE ZOPPEI Arquivo Pessoal

Minha paixão pelos cavalos começou quando eu era muito pequena. Meu primeiro contato com eles foi aos dois anos de idade, mas apenas aos 10 anos entrei em uma escola de equitação. Comecei a treinar e logo em seguida a participar dos campeonatos. Nem tudo são flores em nossas vidas, por isso o apoio da família e de meus amigos sempre foi fundamental para que eu continuasse no esporte. Confesso que já pensei em desistir do esporte diversas vezes, tive todos os motivos do mundo para deixar esse sonho de lado. Ouvi de muitos que não chegaria aonde queria e conquistei muito para quem não sairia nunca das competições de base. O amor pelo hipismo vai muito além do que treinar e participar de provas. Tenho prazer em cuidar de minha égua, Lady Dhara. Gosto de dar banho, escovar, levá-la para um passeio descontraído... Isso nos une ainda mais. A confiança mútua é conquistada através de respeito, carinho e cuidados que, na verdade, acabam sendo parte essencial no esporte e no dia a dia de treinos, provas e aprendizados que acontecem a cada dificuldade encontrada. A parte mais dolorosa desse esporte é enfrentar a dor da perda de nossos cavalos, o que quase me fez desistir quando perdi meu Nutreal Erick, mas minha Lady Dhara me fez seguir em frente e com ela venho aprendendo cada dia mais.

A dor da perda de meus cavalos Real (2011), Klackson (2012) e Nutreal Erick (2014), foram as piores consequências que o hipismo me causou. Nunca comprei um cavalo. Sempre houve uma maneira de chegarem a minha mão. Eles nos escolhem quando precisam de nós e foi por isso que não quis parar de montar depois de perdê-los. Acredito que sempre vai aparecer algum precisando da nossa ajuda. O Erick, por exemplo, foi um dos que mais me identifiquei, era um cavalo de 22 anos, muito manco, que não saía de dentro da cocheira, mas sempre tratava e cuidava dele quando podia, até que os donos pediram que eu o assumisse e me deram o cavalo. Uma semana depois ele parou de mancar, começamos os treinos, fomos para as provas de salto e ninguém acreditava no que via: o cavalo que só me traria prejuízos vencendo todas as competições que entrava. Quem planta o bem, colhe o bem...Venho ouvindo essa frase muitas vezes ultimamente. Principalmente depois que tive a notícia de que minha única égua, que eu amo saltar nas competições, estava lesionada e não poderia mais participar de provas ou até mesmo ser trabalhada na hípica durante seis meses, com a possibilidade de nunca mais voltar para as pistas por conta de sua idade, 18 anos. Ela é tudo que tenho. Teria que deixar de competir, o que mais gosto de fazer, e isso me deixou muito desanimada, mas minha dedicação com

ela continua a mesma, o amor que tenho pela minha égua é inexplicável. Não posso mais saltá-la por esse tempo, mas o que eu não esperava foi a proposta de algumas pessoas para que eu saltasse seus cavalos em prova, emprestados. O que me deixou muito feliz, já que não teria mais que abandonar as pistas. Se depois de tudo que passei e continuei nesse meio, não seria agora que desistiria. Fui campeã da Regional ABC Paulista de todas as categorias de salto iniciante, campeã do ranking brasileiro da CBH em 2015, Jovens Cavaleiros B, e em 2016, Jovens Cavaleiros A, além de ser vice campeã do ranking Paulista 2015 e terceiro lugar em 2016. Minha maior conquista em 2016 foi ter sido campeã do CSN Longines Rio Equestrian Festival e campeã do CSN Indoor de Brasília em 2015. Acredito que a harmonia entre minha instrutora Carolina Mendonça e todos da equipe fazem a diferença para o conjunto e bom andamento nas provas. A dedicação faz com que na maioria das vezes eu deixe de sair e participar de festas como a maioria de meus amigos, mas é preciso abrir mão de muitas coisas para alcançar nossos objetivos. Por isso me dedico cada dia mais em meus treinos, estamos em um constante aprendizado, mas quando isso é feito por amor tudo se torna mais fácil. Revista Esporte Equestre | 2017

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HORA DO DESCANSO? ENTREVISTAMOS DENISE BICCA SOBRE UM MOMENTO MUITO PECULIAR NA VIDA DO CAVALO: A APOSENTADORIA PARA ANIMAIS DE PERFORMANCE.

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Como se define esta “hora”? Por idade? Não é por idade. A hora certa é aquela que ainda é possível sair com alguma dignidade. Principalmente aqueles que tiveram bons resultados nas pistas. E vejo esta preocupação nos grandes cavaleiros que adquirem um grande respeito pelos cavalos atletas. Mas cada caso é um caso a ser analisado, sempre colocando em primeiro lugar o respeito à integridade física do animal. Como deve ser feita 32

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esta aposentadoria? Seria muito bom o cavalo poder voltar a viver como cavalo, em rebanho. É preciso uma pessoa com boa sensibilidade para fazer uma boa adaptação ao pasto e aos outros animais, bom pasto, piquete, companhia e a assessoria de um bom veterinário periodicamente. O cavalo estranha e sente esta mudança? Toda troca, toda mudança de rotina é percebida. Os cavalos mais experientes

Cavalos têm boa memória. Aprendem rápido. O que o qualifica não é a repetição, mas o interesse e a saúde. Cuidado com o excesso de treino de saltos. Chama-me a atenção o excesso de saltos na distensão. Querem treinar na distensão o que não fizeram o mês inteiro em casa?


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conseguem ter mais habilidade para enfrentar as novidades. O que pode ser feito para retardar esta aposentadoria. Pensar no médio e longo prazo. É preciso investir nas pessoas que irão fazer o trabalho de base do cavalo (tratadores e domadores). Diminuir os erros de treinamento, evitando lesões e problemas comportamentais. Respeitar os momentos do cavalo. Procurar os problemas enquanto eles são pequenos. Tratar cada enfermidade ou necessidade dentro do tempo de resposta do animal. Vale observar também o calendário de provas, evitando a sobrecarga do animal. Na Europa o cavalo tem uma vida mais longa no esporte. Por quê? Porque há respeito ao tempo do cavalo. Respeito ao nível técnico, a condição física e alimentação. A mão de obra é muito especializada. Aqui no Brasil vejo pessoas investindo em caminhões, sela nova, roupa nova e achando caro o trabalho de um domador, de um tratador. Na Europa é tudo caro e se você estragar um cavalo você perdeu muito dinheiro. O trabalho é feito com muita seriedade, com busca de resultados no médio e longo prazo.

Como deve ser feito o trabalho no dia a dia? Cavalos têm boa memória. Aprendem rápido. O que o qualifica não é a repetição, mas o interesse e a saúde. Cuidado com o excesso de treino de saltos. Chama-me a atenção o excesso de saltos na distensão. Querem treinar na distensão o que não fizeram o mês

inteiro em casa? Distensão é só para aquecer o cavalo. Não é a quantidade de saltos que faz que um cavalo seja bem sucedido. Denise Bicca será nossa colaboradora a partir da próxima edição com o quadro “Denise Bicca responde”. Acompanhe sua home Page no Facebook e faça perguntas! Revista Esporte Equestre | 2017

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Mari? C O N H E C E

A

POR MAURA ALESSANDRA SERRA AZEVEDO (MÃE DA MARI) FOTOS FÁBIO BARBERO

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“A Mari? Aquela menina de tranças que está sempre sorrindo?” Se perguntarem no meio hípico se conhece a Mari é essa a resposta. Sempre sorrindo, sempre dentro da pista, ajudando, treinando ou competindo ela traz a qualidade daquelas pessoas raras que sabem aproveitar cada minuto da vida. Sem reclamar de nada ela vai seguindo seus sonhos, com a certeza de quem já superou obstáculos gigantes. Mariana nasceu com uma doença genética chamada S-Beta Talassemia (junção de duas anemias hemolíticas, a Talassemia + a Falciforme). Com seis meses de vida já apresentava dores, palidez e uma imunidade tão baixa que internava toda semana com início de pneumonia e fortes dores. Mudamos da grande São Paulo para a cidade de Guararema, para dar qualidade de vida, ar puro, contando com

os animais. Pensando no bem estar e na sobrevivência da Mari. Começou uma grande luta em busca de bons médicos e tratamentos. A Mari já apresentou todas as complicações da doença, passou por inúmeras internações, várias transfusões sanguíneas, início de AVC aos três aninhos, STA (síndrome torácica aguda), alguns sequestros esplênicos e muitas crises de dor vaso-oclusivas. Desde julho de 2011 a Mari faz o tratamento no Boldrini, em Campinas, hospital referência em leucemias e anemias. Ela tem um amor imenso por cavalos, e pedia incansavelmente para fazer aulas de hipismo. Eu confesso que tinha muito medo. Como uma menina tão fraquinha iria conseguir segurar um cavalo tão forte? E nesse período começou a dor nos ossos, no fêmur... Infelizmente a necrose do fêmur é um agravante da doença. Eu então cedi ao hipismo, imaginan-

do apenas que seria um excelente exercício para fortalecer a musculatura das pernas e costas e aliviar as dores. Conversamos com a doutora que acompanha a Mari no hospital Boldrini. A indicação no início era apenas trotar, sem galope, sem salto. A Mari concordava, sorrindo, balançava a cabeça que seria só trote. Doce inocência nossa, eu e a doutora nem imaginávamos o que estava por vir. E então, em outubro de 2013, a Mari participou de sua primeira competição em varinha no chão pela Hípica Ribeirão dos Anjos Sapucaia. Desde 2013 vem evoluindo rapidamente no hipismo. Se ela está cansada ou pálida, volta radiante da aula, volta corada! E então o esporte se tornou o principal motivo de alegria na vida da Mari. As dores pararam e está há três anos sem precisar de transfusão. A cada subida de obstáculo, um novo exame de Revista Esporte Equestre | 2017

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sangue comprova a sua melhora. Tudo isso poderia ser apenas um histórico médico, mas a Mari vai além: superou todos os obstáculos da pista e da vida, e já está na saltando um metro. Conquistando prêmios em campeonatos, ela se destaca pela alegria e coragem. Nem tudo é fácil nesse esporte. Em 2015 os avôs da Mari deram um cavalo de presente, foi a realização de um sonho, a felicidade em forma de cavalo. Ela evoluiu muito com seu amigo e professor. Mas em outubro do ano passado descobrimos uma lesão antiga e a certeza que ele não iria conseguir mais saltar tão alto. Foi uma cena muito triste, a Mari ama o cavalo mais que tudo nessa vida e sentia que o seu sonho tinha se despedaçado. A difícil situação do país abalou a minha casa também. Comprar outro cavalo, impossível! Adeus competições e saltos de um metro. Mas a vida segue. A Professora da Mari, Carolina Mendonça e os amigos da hípica não deixaram a Mari desmotivar, e ela trabalhava até cinco cavalos por dia e assim foi superando a tristeza sem parar de treinar. E no primeiro dia desse ano, ela contou sua história para alguns amigos, e esses amigos abraçaram esse sonho e fizeram uma arrecadação. Compraram um novo cavalo para a Mari treinar e competir. Eles deram muito mais que um cavalo, devolveram seu sonho e esperança. Mari e Skalibur formam um novo conjunto cheio de energia e alegria! Ela ainda está nas nuvens, só consegue mesmo dizer “Ele é tão fofoooooo!” Para a Mari o hipismo é mais que um esporte, é a sua VIDA! Um fraterno abraço da equipe Esporte Equestre para a valente Mariana Serra Azevedo, amazona de 12 anos, extensivo para sua irmã gêmea Julia Serra Azevedo, seu pai, Ricardo Martins Azevedo, mãe Maura Alessandra Serra Azevedo e sua professora Carolina Mendonça. Nossos parabéns ao time da hípica Ribeirão dos Anjos Sapucaia.

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I N F O R M E

P U B L I C I TÁ R I O

EQUIPE SM-CORUMI NOVO ANO, NOVOS PROJETOS... 2017 COMEÇA A TODO VAPOR!

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Nem bem começou 2017 e a Equipe SM - Corumi apresentou ao meio Hípico uma gama de novidades em suas instalações e serviços. Em busca de constante evolução técnica e estrutural, o ano de 2017 deu-se início com uma grande reformulação não só no contexto físico, mas principalmente no contexto didático, pedagógico e metodológico da nossa Escola de equitação. 38

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Graduado em educação física e com pós-graduações nas áreas de saúde e ensino, o prof. Fred Almeida, conhecido preparador físico de cavaleiros e amazonas em Minas Gerais, agora integra a Equipe SM, coordenando e ministrando aulas na Escola de Equitação SM Corumi. Sob a supervisão do cavaleiro e coordenador Sérgio Marins e apoio dos jovens talentos do nosso esporte, Gabriel Kayan e

Felipe Ferreira, a escola de equitação vem se qualificando e proporcionando a seus professores e instrutores a participação em cursos e clínicas de aperfeiçoamento por todo o Brasil. Além, é claro, da aquisição de animais de alta qualidade e performance para competições e provas da escolas de base. Sem esquecer a evolução técnica e formação de cavaleiros, princípios básico para


o fortalecimento do nosso esporte, tivemos também o já conhecido “Carnacurso”, clínica que foi realizada no período de carnaval e ministrada pelo cavaleiro Sérgio Marins. Nessa edição, já de casa nova, cavaleiros e amazonas de todo o Brasil puderam vivenciar o que de mais moderno e inovador existe no mundo hípico, possibilitando assim um desenvolvimento técnico na formação de cavalos novos e cavaleiros, sem se esquecer da descontração e confraternização dos mais de 30 conjuntos participantes. E não para por aí: as instalações apresentam novidades esse ano. Reformas em cocheiras, pistas, cercas, piquetes e acesso. A Hípica SM-Corumi inovou e apresenta junto ao já conhecido e aconchegante restaurante da hípica, um excelente espaço Kids Country, com diversas atividades infantis que possibilitam o contato com a natureza e com os cavalos através de diversas brincadeiras, gincanas, cavalgadas e até hipismo rural. Portanto, convidamos todos a conhecer as novas instalações e vivenciar nosso estilo country de curtir nossos cavalos e amigos. A Equipe SM tem trabalhado fortemente para alcançar a excelência. E excelência para nós é o bem estar de nossos cavalos, amigos, parceiros e crianças! Queremos que a hípica SM-Corumi seja um local de encontro familiar, onde nossos clientes e amigos possam aprender a arte da equitação, mas também possam brincar, se divertir e, principalmente, ver seus cavalos serem “cavalos” de verdade!

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Hípica SM Corumi: lugar de cavalos e pessoas felizes! Revista Esporte Equestre | 2017

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I N F O R M E

P U B L I C I TÁ R I O

FLEXIBILIDADE

UM IMPORTANTE ALIADO NA BUSCA PELA EXCELÊNCIA P O R

Como em todo e qualquer esporte, músculos e articulações bem alongados e aquecidos contribuem de forma fundamental para uma melhor execução dos gestos técnicos. No Hipismo Clássico não poderia ser diferente. Esporte olímpico, onde centenas de estudos são realizados com o intuito de maximizar os resultados (desde o desenho da cela, resistência e leveza dos estribos, eficiência das embocaduras, etc.), o cavaleiro não poderia ficar de fora dessa evolução. Na busca incessante por tornar-se uma peça quase que anatômica no animal, o gesto técnico do cavaleiro sempre foi algo de suma importância para bons resultados nas pistas. Após alguns estudos, percebemos que 40

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F R E D

A L M E I D A

Alongamento dos posteriores da coxa, com auxílio de uma corda ou fita elástica


dentre as valências físicas que podem auxiliar nesses resultados, a flexibilidade de determinados grupos musculares se tornam fundamentais para o desenvolvimento da equitação. Desde o início de nossas aulas de equitação, costumamos ouvir nossos instrutores nos lembrando constantemente: “ponta dos pés nos estribos e calcanhares para baixo!”. Após anos montando, sabemos a real importância desta postura básica dos membros inferiores para o nosso equilíbrio em várias situações, como por exemplo, no auxílio das posições esporte, entrada, fase suspensa e recepção do salto. Se o cavaleiro ou amazona tiver um encurtamento muscular da musculatura dos gastrocnêmicos e sóleos ( comumente conhecidos como panturrilhas ou “batatas da perna”) esse simples gesto técnico se tornará elemento dificultador no equilibro dessas posições citadas acima, obviamente contribuindo negativamente na evolução do conjunto. Continuando nossa análise, no momento da projeção de salto, temos diversos músculos envolvidos nesse gesto, possibilitando desde uma melhor execução do equilíbrio dinâmico até músculos que irão auxiliar na postura e estética do salto. Se estiverem bem alongados, os músculos posteriores da coxa, glúteos e os paravertebrais possibilitarão ao cavaleiro uma perfeita projeção de seu salto, não havendo a necessidade de afastar-se de maneira demasiada seu assento da sela, além de uma melhor conexão das pernas junto ao dorso do animal e, com isso, não permitindo que as pernas “corram para trás”, como comumente ouvimos falar. Já os músculos internos da coxa, conhecidos com adutores, possuem também sua importância na montaria. Além de auxiliar no contato do cavaleiro junto a sela, eles são acionados no momento que

Alongamento dos posteriores da coxa, paravertebrais e glúteos

montamos o animal. Ao passarmos a perna direita por cima da garupa do animal, acionamos esse músculo de forma exagerada, acima do limite que os usamos no dia a dia. Caso não estejam devidamente alongados e aquecidos, lesões como estiramentos e distenções podem ocorrer de forma muito mais comum do que imaginamos. Além de aumentarmos a possibilidade de tocar de forma brusca a garupa do animal, gerando assim a possibilidade de um leve susto ou até outra reação do animal (muito comum em alunos de escola). Portanto, atividades que possibilitem o aumento e aprimoramento da capacidade elástica dos músculos são sempre bem-vindas antes e após nossos treinos de equitação e saltos. Pilates,Reeducação Postural Global (RPG), alongamentos balísticos, ativos e passivos, além de treina-

mento funcional personalizado ao nosso esporte podem ser estratégias interessantes a serem utilizadas em prol de uma melhor equitação.

FRED ALMEIDA Personal Trainer - Preparação física para cavaleiros e amazonas Atendimento individual ou grupos - Treinamento funcional Atividade física para grupos especiais - CREF 016.013 MG (31) 98419-1699 - @fredalmeida79 fredalmeida1979 www.fredalmeida.com.br

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CUIDADOS BÁSICOS COM O

P

CASCO

ara os amantes do esporte equestre, manter o animal em perfeita saúde e boa forma é fundamental para garantir um bom ano de competições. Os cavalos devem estar aptos às provas e capazes de obter máximo rendimento. Em sua grande maioria, cavaleiros e amazonas, já passaram por situações em que o médico veterinário tenha indicado a suspensão das atividades físicas do animal mediante o surgimento de claudicação. Tal fato é considerado um inconveniente e, mesmo que possa ser solucionado dentro de alguns dias ou até meses, compromete a continuidade do treinamento e os resultados cumulativos. Grande parte das claudicações* ocorre nos membros anteriores e, em especial, envolvem as estruturas abaixo da articulação do carpo (joelho). Os problemas de casco têm porcentagem significativa nesses casos e, por isso, merecem atenção especial. Os cuidados de higiene e manutenção são fundamentais para que o casco exerça suas funções de forma satisfatória e preserve sua saúde. O casco é uma estrutura biomecânica responsável pelo contato do membro com o solo, amortecimento de impactos, proteção de estruturas internas e sustentação do peso. Sua saúde e equilíbrio estão diretamente relacionados ao manejo higiênico, casqueamento ou ferrageamento, nutrição e genética, portanto, é necessário uma interação entre proprietário, veterinário, ferrador e tratador. As rachaduras, podridão de ranilha e “brocas” são problemas frequentes ocasionados por manejo higiênico deficiente. Essas afecções provocam desconforto e até mesmo quadros álgicos**, prejudicando o desempenho do cavalo durante a prática de exercícios. O manejo adequado 42

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O tratador Gonçalo realizando a higiene dos cascos durante a duch

Barbara Corrêa Toleto


Barbara Corrêa Toleto

Tratador Pompeu realizando a limpeza do casco antes de retirar o animal da cocheira

Cama com manejo adequado Barbara Corrêa Toleto

do ambiente e o tipo de cama (pó de serragem, maravalha, areia, entre outros) em que o equino é mantido, influenciam diretamente na saúde do casco.

Tendo isso em vista, alguns cuidados básicos de higiene e manutenção devem ser adotados para garantir o bom estado dos cascos: 1 - Limpeza da sola e ranilha ao retirar o animal da cocheira; 2 - Limpeza dos cascos durante a ducha; 3 - Uso de graxa específica para cada tipo de casco; 4 - Casqueamento ou ferrageamento a cada 30 a 40 dias; 5 - Manter a cama sempre limpa, evitando o acúmulo de urina e fezes. Estes procedimentos considerados básicos visam reduzir a ocorrência de problemas e favorecem a inspeção frequente do casco. Dessa forma, quando qualquer alteração se estabelece é rapidamente percebida e as devidas providências podem ser tomadas antes que o processo se agrave. *Claudicação: manqueira ** Quadros álgicos:quadros de dor

Casco bem cuidado

Bárbara Corrêa Toledo

Formada pela Universidade Federal de Minas Gerais Médica Veterinária na empresa ClinEq veterinários associados Instagram: barbaracorreatoledo Facebook: Bárbara Corrêa Revista Esporte Equestre | 2017

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CASQUEAMENTO

A IMPORTÂNCIA DO CASQUEAMENTO CORRETO E O IMPACTO DAS FERRADURAS TERAPÊUTICAS NA PERFORMANCE DOS CAVALOS ATLETAS Ferraria é uma arte antiga, cujas origens se perdem no tempo. Desde que o homem conquistou o cavalo para o seu próprio meio de transporte, ou para a realização de várias outras tarefas, o cuidado e atenção com os cascos deste animal se fez necessário. A partir daí os ferreiros têm aprimorado o trabalho e o conhecimento tanto na área de anatomia e desenvolvimento do casco quanto na área de ferrageamento, com o propósito de preservar o bem-estar, melhorar o desempenho

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e prevenir problemas de saúde do animal. A prática de casqueamento e ferrageamento é complexa, pois envolve não apenas o conhecimento sobre ferradura e casco, como também sobre a anatomia e fisiologia da locomoção e até mesmo da nutrição do equino. O bom ferrageamento pode evitar diversos problemas de saúde de um cavalo e é de extrema importância que esse serviço seja executado com frequência (cerca de uma vez por mês) por um profissional com-


Ferradura fechada em alumínio.

petente. O desequilíbrio dos cascos é um importante causador de claudicação em cavalos atletas, principalmente nos membros torácicos. As causas mais comuns de claudicação em equinos estão relacionadas as alterações que envolvem principalmente os cascos dos membros anteriores. O casqueamento e o ferrageamento agem sobre o casco e membro proximal, influenciando a distribuição do peso sobre o membro, assim como as forças aplicadas sobre os ligamentos e tendões. A função do casco é amortecer e igualar as forças que ocorrem entre o casco e o solo. Quando essas forças não forem

uniformes, o suprimento sanguíneo estará comprometido e um remodelamento da falange distal acontecerá, bem como uma distorção na simetria do casco. Acredita-se que o casco cresce simetricamente quando o peso é distribuído igualmente sobre o membro. A dinâmica da locomoção de um equino é influenciada por inúmeros fatores, como saúde do animal, nutrição, treinamento, forma física e conformação, sendo que a conformação é o único fator que não pode ser alterado por completo, pelo simples fato de ter sido herdado. A conformação do membro que leva o desvio deste em suspensão é herdada

Ferraduras terapêuticas em alumínio.

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e deve ser considerada indesejável na escolha do animal. Entretanto, quando se observa um animal com tal problema desde a fase de potro, a utilização da prática do casqueamento se torna adequada para tentar minimizar esse desvio, possibilitando melhor conforto desse momento em diante durante sua vida.

CLASSIFICAÇÃO DAS FERRADURAS:

as ferraduras podem ser classificadas de diversas formas e seus tamanhos va-

riam de acordo com o tamanho do casco. Em relação ao material, existem ferraduras de ferro, alumínio, borracha ou plástico. Podem ser encontradas de vários tamanhos, formas e peso, sendo que a extra leve é a mais utilizada, no caso da ferradura de ferro. Além de poder comprar ferraduras prontas ou semi-prontas, existe a possibilidade de se forjar a ferradura, isso é, a partir de uma barra de alumínio ou de ferro, o ferreiro produz uma ferradura ideal para uma confor-

Para ferrar corretamente um cavalo é necessário considerar vários aspectos. Deve ser um trabalho bastante criterioso, feito em parceria com o médico veterinário, para que se possa tomar a melhor decisão para o bem-estar e desempenho do cavalo atleta. Trata-se de um trabalho em equipe. MV Pedro Lorenzo Dalarossa Amatuzzi CRMV SP 24992 Ferrador Júlio César Trovato Craveiro

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mação específica de casco. Em relação a forma, existem as ferraduras corretivas, que são utilizadas em diversos tipos de problemas. Como por exemplo, a ferradura com “pinça rolada”, a qual é utilizada para facilitar a passada do animal (“break over”), isso é naqueles animais que demoram a movimentar os membros anteriores. A técnica também ajuda a evitar que o animal toque os membros torácicos com os pélvicos, se ferindo muitas vezes.


YOUNG RIDERS Entre começar e chegar ao topo existe a fase de maturação onde cavaleiros e amazonas de qualidade se firmam e conseguem dar o próximo passo para se tornarem atletas completos. ARQUIVO PESSOAL

BERNARDO BRAGA DE ALBUQUERQUE PEREIRA Bernardo foi um dos Veia de campeões de nossa primeira edição e, seguindo no esporte com grande talento, é o nosso homenageado na seção Young Rider. Conversamos com ele sobre a categoria, acompanhe a seguir. Quais as principais diferenças entre a disputa da categoria Young Riders de alta performance para a categoria de Jovens Cavaleiros? Nas categorias de alto rendimento a competitividade é maior, a quantidade de atletas com bons cavalos, boa instrução e boa equitação também, deixando assim a categoria mais difícil. O que precisou melhorar para disputar esta categoria? Qual a maior dificuldade? E o que foi fácil para você? Precisei ter mais atenção nos detalhes dos percursos, pois eles são mais delicados e mais altos do que nas primeiras categorias. A minha maior dificuldade foi deixar a minha égua em uma boa forma física para poder disputar as provas. Por conta da sua idade era tudo um pouco mais difícil. Tive mais facilidade em me adequar as dificuldades dos percursos, pois tenho um bom conjunto com minha égua. Quais qualidades busca no cavalo para dis-

putar esta categoria? Busco um cavalo que me dê condições para estar na altura e na velocidade da prova, uma combinação de potência e limpeza. Qual seu principal cavalo hoje? É o mesmo que disputava outras categorias? Minha principal montada hoje se chama Valtellina do Rioacima, mesmo animal que saltei pelas outras categorias de base que disputei. Qual trabalho é feito para busca da melhor performance nesta categoria? Para atleta e cavalo? É importante que o cavaleiro esteja sempre treinado para poder ter uma distância “em dia”. Só que nessa altura de prova não dá para utilizar o mesmo cavalo para todos os treinos e ainda saltar prova, então é quase que essencial que se tenha outro ou outros cavalos para poder montar e se manter treinado. Além do animal estar na altura da prova é necessário que ele realize um bom trabalho com o fôlego para conseguir chegar ao fim do percurso com energia e disposição. Em quem você se espelha? Eu me espelho no meu chefe, instrutor e

compadre José Cabral de Araujo Neto, que sempre está me passando importantes lições para o esporte e para a vida. Procuro sempre acompanhar o cavaleiro André Américo de Miranda, cavaleiro que sempre está disposto a me ajudar e que já foi campeão Brasileiro de cavalos novos sete anos com minha égua. Quais títulos recentes alcançados na categoria? Campeão sul americano por equipe na categoria Junior; Vice-campeão Sul americano Individual na categoria Junior e 3º Lugar no campeonato Brasileiro de Junior. Deixe uma mensagem para os Jovens Cavaleiros que pretendem chegar nesta categoria. Acredito que para chegar a qualquer categoria do esporte, tanto as de alto rendimento quanto as categorias iniciais, deve-se ter muita dedicação e perseverança, pois é um esporte com muitas vitórias, mas também com muitas derrotas. Dedicação, honestidade e perseverança é a fórmula para qualquer coisa na vida. Revista Esporte Equestre | 2017

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COMISSÁRIO DE PISTA ENTREVISTA COM

CAROLINA G. BUHLER

Comissário é a mesma coisa que juiz de paddock? Sim, já estamos usando o termo Comissário há algum tempo, porém em algumas localidades ainda se usa juiz de paddock. Fale um pouco de você e de sua relação com o esporte. Comecei a montar aos 12 anos no interior de São Paulo. Saltei até a categoria de proprietários (atual amador). Ingressei no quadro de juízes da CBH como comissária em 2000 pelo estado do Rio de Janeiro. Morei na Espanha por seis meses trabalhando no Club Nueva Cartuja com cavalos. Retornando ao Brasil tive uma parceria em um cavalo novo da raça BH que se tornou grande sensação, pois tinha 1.58m

e era muito rápido, chamado Adelino da Lagoa, ganhador em diversas alturas do 1.10m até 1.50m, sendo o 11º colocado no mundial de cavalos novos em 2002 em Lanaken na Bélgica, categoria 7 anos. Hoje integro o quadro da CBH como Juíza de Salto Nacional, Comissária da CBH habilitada a ministrar cursos para a formação de novos comissários pelo Brasil. Integro o quadro da FEI como Steward de salto nivel 2 e Dressage nível 1.

ARQUIVO PESSOAL

Ronaldo Bittencourt

Quais suas obrigações durante um campeonato? Como deve proceder? Dependendo do nível do concurso temos a inclusão no quadro de oficiais do Comissário Chefe, que é o chefe da equipe de comissários. Normalmente encontramos coVoluntária nas Paralimpíadas Rio 2016

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ARQUIVO PESSOAL

Equipe de Comissários e veterinários oficiais do CSIW RJ Longines 2014 na Sociedade Hípica Brasileira

missários chefes nos concursos CESs, CSNs, CBSs e CSIs. O comissário chefe e os demais comissários são escolhidos pelo CO de cada evento. Gosto de usar o termo que uma grande Juíza, Elaine Zander, usa sobre os comissários: somos os olhos do presidente do júri de campo fora da pista de provas, pois trabalhamos em todos os locais do evento. Existem eventos que utilizam os comissários desde o momento que os cavalos chegam, trabalhando no desembarque dos animais e organização dos mesmos nas cocheiras e distribuição de quarto sela. Os comissários ajudam a organização do local da inspeção veterinária, contribuem com o veterinário para ter um bom andamento, o que é importantíssimo em concursos com um alto número de inscritos. É de suma importância ter comissários nas cocheiras para que possam verificar o bem estar dos animais, no caso de abuso ou mal trato poder informar ao comissário chefe, verificar as instalações elétricas, se os extintores estão devidamente posicionados, se há sinais de proibido fumar. No caso de competições internacionais existem as cocheiras restritas onde há um controle de pessoas autorizadas a entrar. Durante a ronda nas cocheiras é lembrada a importância do uso do ID (que é o nº de identificação do animal durante o evento) que deve ser usado todo momento após a inspeção veterinária. Atuamos nas áreas de treinamento cuidando

dos obstáculos e do trabalho dos animais, na distensão das provas durante o aquecimento dos cavalos, no padock vistoriando os materiais dos animais e dos cavaleiros e nos exames antidopings. Quais as dificuldades que um comissário enfrenta? Em meu ponto de vista a dificuldade maior é que em muitos lugares os comissários não são valorizados. Se você pensar em todo nosso trabalho durante um evento, trabalhamos igual ou mais que o armador de pista, pois somos os primeiros a chegar ao evento e só vamos embora depois que se encerra o trabalho dos animais. Com isso, ao longo desse tempo todo que trabalho, já tive jornadas de trabalho de 16, 18 horas em um dia. Outra coisa que também dificulta bastante é a equipe escolhida, pois o comissário tem que ser um oficial completo, pois ele precisa chamar o concorrente no microfone, ficar no sol ou chuva olhando os obstáculos, andar nas cocheiras, olhar o material... Imagina se em uma equipe de cinco trabalhando cada um só faz uma das funções? Sobrecarrega bastante os outros. Existem muitos lugares onde o comissário trabalha sozinho o dia inteiro, sem ter ninguém para substituí-lo para ir ao banheiro ou almoçar, sem ter água para beber, tendo que ficar no sol ou na chuva. Já passei por tudo isso, como também já fui muito bem recebida. Acho

que os comitês organizadores têm que entender que o comissário está ali para que possa ser cumprido o regulamento e que ele também deve ser bem tratado, porque os membros do júri podem ser bem tratados e os comissários não? Não somos os olhos do júri de campo do lado de fora? Como os atletas podem e devem proceder para ajudar no seu trabalho? Primeiramente se atualizando quanto aos regulamentos tanto na área de trabalho, quanto nas distensões; saber quais materiais podem e não podem ser utilizados, visto que esses regulamentos mudam e tem atualizações. Outro ponto é saber que estamos ali para ajudá-los, fazer seguir o regulamento e para manter o bem estar dos cavalos acima de tudo. Um atleta pode ser eliminado de uma prova por comportamento inadequado no paddock? Existe punição pelo mau uso do espaço? Pode dar exemplos? E realmente acontecem? Qualquer conjunto pode ser eliminado a qualquer momento por mau comportamento, descumprimento das regras em qualquer local do evento, porém deve se estar ciente que o comissário não tem poder em eliminar nem desqualificar qualquer conjunto. No caso de algum problema que fuja das regras, o comissário passará os fatos para o comissário chefe que levará Revista Esporte Equestre | 2017

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o acontecido para o Presidente do Júri de Campo tomar as atitudes cabíveis. Em CSIs o Comissário Chefe (Chief Steward) tem ao seu favor o Yellow Card (cartão amarelo) que em alguns caso pode dar ao conjunto nessas situações. Temos sempre vários problemas. Nas áreas de trabalho (locais destinados a trabalhos antes de prova) já tive um conjunto que estava saltando indevidamente um obstáculo de largura da forma invertida, fazendo assim um off set. Nesse caso o júri de campo recebeu as denúncias e desqualificou o conjunto do evento. Na distensão de prova já vi um cavalo ser retirado do concurso pelo veterinário oficial por não estar apto a competir, visto que o animal estava nitidamente diferente de como passou na inspeção veterinária. No paddock das provas, durante a vistoria dos materiais, temos muitos casos de materiais não permitidos como caneleiras nos pés do cavalo pesando 1.250gr (nessa época ainda eram permitidas serem usadas nos pés, porém cada uma devia ter no máximo 500gr); marcas de esporas com sangue, cavaleiros com loros ou estribos presos a barrigueiras; loros presos por dentro da manta, botas presas ao estribo por um elástico; cavaleiros corrigindo cavalos com agressividade após não ter um bom resultado na pista...

(muitos de cabeça branca) estavam todos unidos por uma paixão ao Cavalo. Preservar o bem estar do animal acima de tudo e de todos. Independente da idade, todos trabalhavam no sol, na chuva, fazendo o

que fomos contratados para fazer... Que as regras fossem seguidas, independente se fosse o cavaleiro da Tunísia ou um cavaleiro alemão. Todos cavaleiros eram tratados igual! Fiz grandes amigos!

ARQUIVO PESSOAL

Marcio Jorge e Coronel MCJ, conjunto campeão do Evento Teste Rio 2016 ARQUIVO PESSOAL

Quando ocorre um choque e o cavaleiro machuca, é dado a ele tempo para se recuperar? Qualquer problema com o cavaleiro durante o aquecimento deve ser relatado ao júri de campo, para providências possam ser tomadas sem que haja prejuízo ao conjunto. Quando o choque é mais grave e necessário o atendimento médico, o júri aguarda o retorno do médico que fez o atendimento para saber se o concorrente está apto para seguir na prova. Muitas vezes, nesse caso, um comissário pode ficar encarregado de ficar junto ao cavaleiro para passar esse feedback ao júri. Se positivo voltamos ao caso acima, encaixa-se da melhor maneira possível o conjunto. Como foi seu trabalho nas Olimpíadas? Uma experiência inesquecível que é difícil de explicar e mensurar. Para mim o melhor de tudo foi saber que mesmo sendo de outros países, culturas diversas e idades bem diferentes entre os comissários 50

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Stewards responsaveis pela distensaão da prova de Salto Nas Olimpiadas 2016


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E NTR E V I S TA

C O M

Guilherme DUTRA FORONI

REVELAÇÃO DO NOSSO ESPORTE, QUE VEM SE DESTACANDO PELA POUCA IDADE E ENORME SUCESSO EM PREPARAR E FORMAR CAVALOS LEVANDO-OS A NÍVEL DE GP. ARQUIVO PESSOAL

Guilherme conta pra gente o início da sua história no hipismo, como começou, quem te incentivou, quais as dificuldades iniciais... E o que considera importante para os primeiros contatos com o nosso esporte. Iniciei no esporte através do meu pai que foi cavaleiro de hipismo rural, comerciante e criador. Assim, com três anos de idade, já montava sozinho as duas pôneis emprestadas por Rowin (Xuxinha e Branca de Neve). Este primeiro contato com a modalidade já me apresentou o que é uma amizade verdadeira com o seu par52

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ceiro, o cavalo. Em sua opinião o que é uma regra eterna neste esporte? O que não pode faltar para o cavaleiro e para o cavalo? Acho importante o início ser feito com profissionais reconhecidos na área, pois vícios adquiridos são mais difíceis de tirar do que ensinar algo do zero. Para o cavaleiro: disciplina, dedicação e respeito. Para o cavalo: bem estar e lealdade. Qual foi a importância de você não ter pulado etapas e ter feito todas as categorias?

Para mim o resultado de ser um atleta formado por uma base completa de etapas é como um profissional de medicina ter feito a parte acadêmica inteira até poder fazer uma cirurgia de sucesso. Capacita o indivíduo com muita experiência, o deixando preparado para chegar ao alto nível de igual pra igual. Algum ídolo? Admiro as qualidades de cada cavaleiro. Em destaque sigo muito a carreira de Yuri Mansur, Luciana Diniz, Ludger Beerbaum e Marcus Enhing.


ARQUIVO PESSOAL

Você é a revelação do nosso esporte, que vem se destacando pela pouca idade e enorme sucesso em preparar e formar cavalos levando-os a nível de GP. Como é feito este trabalho que tem garantido excelentes resultados? Meu trabalho é iniciado com muito estudo sobre a morfologia dos meus cavalos e análise das virtudes e dificuldades. Após este diagnóstico vou começando meu caminho na pirâmide: - 4 anos: trabalho muito a cabeça do animal e começo a apresentar as ajudas, buscando sempre o relaxamento e a retidão. - 5 anos: foco na formação muscular correta para que lá na frente as exigências maiores possam ser concluídas com menos esforço. Nesta idade já apresento mais ensinamentos no adestramento como contato, retidão e reunião nível 3 de 10. - 6 anos: encaro o cavalo como se estivesse na faculdade. Direciono o animal para onde sei que ele vai chegar e, na parte do plano, começo a mudar seu equilíbrio para o posterior atingindo uma reunião 7. - 7 anos: nesse ponto já tenho que estar com o animal formado na base com ajustes finos a serem feitos. Ajustes que vão aparecendo conforme as exigências da idade. - 8 anos: iniciamos a parte final do longo trajeto, que é ter um cavalo pronto nas ajudas e estruturado para aguentar as exigências da fase profissional, competições, velocidade, técnica e outras. Existem cavalos tardios e cavalos precoces. Assim, meu trabalho é administrar e ter muita psicologia na formação deles.

Pode citar os principais animais feitos por você? Ef Bartholomeu, Ef Hanna, Cerana Jmen, SL Implacável, SL Opio, Foxy TW, CS Zigmund, Cassilana Jmen, SL Chin Sari. Todos, com exceção do Zigmund, que infelizmente morreu, saltaram 1.50m.

Em um momento em que os atletas buscam cavalos prontos, o que significa para você iniciar cavalos novos? Significa muito, pois ver um cavalo feito por você fazendo um cliente feliz ou me proporcionando oportunidades internacionais e títulos é muito gratificante. Sou uma escola de cavalos.

Como é o apoio da sua família? Minha família me apóia com unhas e dentes! São apaixonados pelo esporte! Família do cavalo!

Destes, um grande destaque é o SL Implacável, montado por Rodrigo Pessoa em Wellington. O que chamou a atenção de Rodrigo sobre este cavalo? SL Implacável é um cavalo muito especial, criado por uma família muito tradicional e por um amante do animal que é o Roberto Souza Leão. Com dois anos foi comprado por meus grandes amigos e sócios Marcelo Caruso (Tati Caruso), mas quem o escolheu foi Rosana, mãe da Tati. Quando completou três anos e meio meu pai fez uma parceria adquirindo uma porcentagem do animal. Implacável sempre foi muito equilibrado, inteligente e espetacular. O iniciei nas competições aos cinco anos já conquistando o título brasileiro. Foi um cavalo classificado em todos os anos da categoria novos. Sempre chamando atenção com seus saltos incríveis. Fiz seu coração ter bastante confiança e assim chegamos no 1.60m atraindo muitos especuladores. Paulo Santana o levou para uma temporada nos EUA e por um período foi cedido para Rodrigo Pessoa o apresentar. Hoje está sendo apresentado novamente comigo. Nelson Pessoa afirma sua grande chance de ser um garanhão importante para criação mundial, pois o cavalo moderno precisa da sua elasticidade e limpeza.

Quais seus projetos futuros? Meu projeto é continuar evoluindo a cada dia e me aperfeiçoando até ser uma referência mundial por meus resultados. Revista Esporte Equestre | 2017

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OLÍMPICOS DO AMANHÃ

O CAMPEONATO DE CONCURSO COMPLETO DE EQUITAÇÃO É UMA AÇÃO DA CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE HIPISMO EM PARCERIA COM O CENTRO HÍPICO GUEGA ARQUIVO PESSOAL

N

os dias 25 e 26 de março Ribeirão Preto sediou um grande evento que visa formar uma nova geração de atletas e popularizar o CCE - Concurso Completo de Equitação. Trata-se da etapa regional do Campeonato de CCE do Projeto Olímpicos do Amanhã. O projeto é uma ação da Confederação Brasileira de Hipismo em parceria

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com Centro Hípico Guega, local onde ocorreu a etapa regional, em prol das categorias de base e cavalos novos. O campeonato é aberto a cavaleiros e amazonas de todas as idades que queiram dar os primeiros saltos ou estão iniciando na modalidade, que é conhecida como o “triatlo da equitação”. “Queremos desmistificar o esporte e a modalidade. São provas rápidas, de 1 ou 2 dias no máximo, o que é uma

grande oportunidade para aqueles que querem entrar no CCE”, explica o cavaleiro Serguei Fofanoff, o Guega, um dos coordenadores do projeto e dono de três medalhas pan-americanas na modalidade, sendo uma delas de ouro, nos Jogos de Mar del Plata, na Argentina, em 1995. O campeonato “Olímpicos do Amanhã” terá cinco etapas, sendo duas delas no Centro Hípico Guega e as de-


mais na Sociedade Hípica de Ribeirão Preto, no Centro Hípico Diamante, de Orlândia, e no Haras Horse Cross, de Barretos (SP). Não há limite de idade para participar da competição. Os cavaleiros e amazonas serão divididos de acordo com a experiência, em quatro categorias: nível Base, iniciantes, avançados e cavalos novos, e nível 1. De acordo com a diretora da CBH – Confederação Brasileira de Hipismo, Ana Paula Perracini, o campeonato “Olímpicos do Amanhã” surgiu da necessidade de fomentar o concurso completo no Brasil. “Procuramos motivar as crianças promovendo uma interação entre elas e os cavaleiros que já representaram o Brasil. Fazemos no final do campeonato uma prova onde cada equipe tem um líder olímpico. Para as crianças isso muitas vezes é a realização de um sonho”, afirma Ana Paula. Paralelamente ao Projeto Olímpicos do Amanhã, também no Centro Hípico Guega, no sábado, dia 25, aconteceu a 1ª etapa do Circuito Adestramento do Interior e no domingo, dia 26, a 2ª etapa do Ranking Guega de Salto.

ARQUIVO PESSOAL

SOBRE O CCE O Concurso Completo de Equitação (CCE) é uma modalidade hípica que reúne provas de adestramento, salto

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ARQUIVO PESSOAL

e cross-country, que são realizadas individualmente por conjuntos cavalo/ cavaleiro, que não podem ser trocados no decorrer da competição. Cada etapa tem a sua pontuação, que somada determina a classificação final. SOBRE O CENTRO HÍPICO GUEGA Localizado em uma área de 40 mil metros quadrados, o Centro Hípico Guega é a realização de um sonho do cavaleiro olímpico Serguei Fofanoff, o Guega. Considerado referência nacional o Centro reúne diversas atividades como a escola de equitação, criada pelo cavaleiro há 20 anos, o Centro de Treinamento, o Haras Guega, onde são criados cavalos de salto clássico e CCE (Concurso Completo de Equitação), o Equocenter, centro de Equoterapia dedicado a crianças portadoras de necessidades especiais e a Loja Guega. 56

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I N F O R M E

P U B L I C I TÁ R I O Mariana Tavares

AMAZONA DO CENTRO HÍPICO CHEVALS, IARA CONSTANTINO, FILHA DE ROBERTO E FÁBIA COMPLETA SEUS 15 ANOS E É HOMENAGEADA. Um adeus à infância e um sorriso à juventude... Desde pequena, Iara sempre foi apaixonada pelos cavalos. Começou a fazer hipismo com apenas quatro anos de idade e até hoje o tem como seu esporte favorito. Por ser tão querida para nós e por vermos o quanto é dedicada e comprometida, fazemos essa homenagem para você guardar com muito carinho nessa data tão

importante e especial para todos nós. Parabéns pelo exemplo de perseverança e amor pelo que faz, continue assim. Parabéns pela sua vida. Parabéns pelos seus 15 anos. Jesus te abençoe, Com carinho, Tia Dani e família.

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TUTORIAL: CONHEÇA O BÁSICO DO ANIMAL E DO HIPISMO Entenda a sua máquina e melhore seu desempenho.

CABEÇADAS

MANUAL DE EQUITAÇÃO DO SR. ÊNIO MONTE.

CABEÇADAS DE BRIDÃO

1 CACHACEIRA 2 FACEIRAS 3 CISGOLA 4 TESTEIRA 5 FOCINHEIRA 6 BARBELA 7 ARGOLA 8 BRIDÃO 9 RÉDEA 10 CONTROLE PARA MARTINGAL

1 4

5 2 7

3

8 6

10

9

FOCINHEIRA DE BRIDÃO

Focinheiras são destinadas a impedir que o cavalo abra a boca tentando livrar-se da ação do bridão ou freio. Permitindo assim um perfeito flexionamento do maxilar e da nuca, com elevação do pescoço transferindo o peso para os posteriores.

Cachaceira Testeira

Focinheira Cisgola “Afogador”

FOCINHEIRA NORMAL ACIMA DO BRIDÃO

FOCINHEIRA ITALIANA ABAIXO DO BRIDÃO CABEÇADA COM BRIDÃO ELEVADOR

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Dê o melhor para seus cavalos. Rações Agromix.

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