Revista da Unidos de Vila Isabel 2008

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10 anaS de Ria. 10 anaS de (,arnaval. 10 anaS de Samba.



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Revista da Vila 2008 Publica,ao do Gremio Recreativo Escola de Samba Unidos de Vila lsab

Presidente Executivo: Wilson Vieira Alves Vice·Presidente Executivo: Evandro Luiz do Nascimento Superintendente Geral: Wi lson da Si lva Alves

Diretora das Alas da Comunidade: Lucimar Moreira dos Santos Edi~ao

Diretor da Ala Jovem: Vinfcius da Silva Alves

Bepe Damasco

Diretora da Ala das Baianas e

Dire~ao

de Arte Lucia Maldonado (Aleph Studio Design)

DeptO Feminino:

Diretor de Carnaval:

Ricardo Fernandes

Marlene Maria Braganya

Diretora Geral do Atelie: Rita de 'Cassia da Silva Alves

Dept" de Seguran~a e Controle do Patrimonio: Luis Renata Pereira Galvao Robson Clemente

Diretor do Barracao: Carlos Roberto de Castro

Reda'r30 e Pesquisa

Diretora de Finangas: Isabel Cristina Melo Dias Russo

OPT" de Patrimonio: Walter Fernandes Lobato

Diretora de Secretaria: Elizabeth de Souza Aquino

Diretora da Ala das Criangas: Nanci Conceic;ao

Diretor de Harmonia: Decio da Silva Bastos Junior

Diretor dos Destaques: Jorge Braz

Diretora Cultural:

Diretor de Quadra: Joaquim Xavier da p~va

Analimar Mendon9a Ferreira Ventapane Diretor da Ala dos Compositores: Sidnei da Silva Sa

Diretores Juridicos: Dr. Michel Assef! Dra. Sandra Regina Sanches Marques

Consultoria e Revisao Alex Varela

Diretora de Eventt>s: Delma Barbosa da Silva

Assessor: .; Vaulamir Perei~a de Assump,ao

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Pensar ComunicaC;3o Fotografia Edson Rosa Henrique Matos Fabio Rossi Diego Mendes Nando Neves Centro de Memoria da Escola Assistente de Arte Sergio Luiz Melo

Produ~ao

Delma Barbosa

Apoio Fabiano dos Santos e Gilva Olivei, Agradecimento Denise Carla Produ~ao

Gratica Ailton Barbosa

Impressao Grafica Minister

Tiragem

35 mil exemplares Distribui~ao

G.R.E.S. UNIDOS D E VILA ISABEL

Gratuita

Proibida reproduqoo sem autorizaryAo expressa dos autores . Venda proibids.

Quadra: Boulevard 28 de Selembro, 382 Vila Isabel . RJ • 20551·031 • Tels.: 2578-0077 Barraca o: Rua Rivadavia Correa, 60 Fobrica de Alegonas n' 5 • Cidade do Samba GambOa • RJ • 20220-90 • Tels.: 2263-3937

www.gresunidosdevilaisabel.com.br 4

REV ISTA DA VILA

Modelo da Ca Natalia Guimar,

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Fabio Rc


Que ven~a o melhor! Neste carnaval, 0 desfife do Grupo Especial conta com duas novidades: apenas 12 ÂŁScolas de Samba desfilarao, e nao 14 como nos outros anos, e 0 carnavalfoi antecipado por causa do calendario religioso,fato que hd mais de 50 an os nao acontecia. A disputa sera ainda mais acirrada e quem ganha com isso If 0 publico, que podera ver um espetliculo mais enxuto e de maior qualidade. "0 esforr;o das escolas de se aprimorarem, com 0 carnaval no infcio de fevereiro, jli foi 0 prenuncio do que veremos nos dias do desfile. o carinho, a dedicar;ao e 0 ~mpenho das escolas tern tudo para tornar 0 carnaval de 2008 um dos melhores", aposta 0 presidente da Liesa - Liga Independente das Escolas de ' Samba, Jorge Castanheira,

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debate lanyado na imprensa sobre a criayiio de um calendario fixe para 0 carnaval nao e um consenso ente os sambistas e os empresarios do turismo. Castanheira adianta que a diretoria da Liesa nao favoravel a ideia de criar um dia fix~ para os desfiles: "Em bora alguns setores, e ate mesmo 0 diretor cultural da Liesa, Hiram Araujo, defendam a ideia do ponto de vista pessoal, nos acreditamos que isso traria muita dificuldade de execuyao do ponto de vista pratico para a cidade do Rio", descarta. 0 fato e que, com ou sem antecipayao, 0 carnaval continua sendo 0 maior espetaculo da Terra. carnaval um evento tao surpreendente e mobilizador que ate mesmo os ensaios teonicos na Sapucai atrairam um publico expressivo. E nessa h~ra, a antecipayao ou nao e esquecida pelo foliao. No primeiro fim de semana apos 0 reveillon, 50 mil pessoas lotaram as arquibancadas para ver a apresentayao da Vila Isabel, do Salgueiro e da Mangueira na Sapucai. Uma trinca de bambas, com certeza. Castanheira acredila que este ano havera tambem um recorde de turistas na cidade por causa do carnaval. Mais uma vez, todos os ingressos fcram vendidos pela Liga e num tempo recorde: apenas 28 minutos, no caso das arquibancadas especiais e cadeiras individyais., Ha quatro anos, as vendas sao feilas por telefone, 0 que proporciona mais conforto para quem pretende assistir aos desfiles. Agora, restam apenas ingressos para 0 desfile das campeiis, que devem se esgotar logo apos 0 anuncio do resultado, na quarta-feira de cinzas. Com a profissionalizac;:ao constante do carnaval como atividade turistica, dois eventos foram tambem muito importantes para as Escolas nos ultimos anos: a construc;:ao e inaugurayao da Cidade do Samba e a realizac;:ao dos ensaios teonicos no Samb6dromo. Qs ensaios v~m surpreendendo a cada ano, trazendo inumeros beneficios as agremiayOes e auxiliando na revitalizac;:ao permanente do carnaval. Na Cidade do Samba, alem do novo espayo para confecyao de fantasias e alegorias e da visitayao dos barracOes, foi criado.o show Cidadao Sat'llba. . Visitar a Cidade do Samba e um bom programa nao so para 0 turista, mas para os cariocas: 0 espayo fica bem proximo a Rodoviaria, no centro do Rio. o parque tematico, onde estao instalados os barracOes das escolas, esta aberto a visitayao de terya a sabado, das 10 h as 17 h. Os ingressos custam R$ 10,00 e R$ 5,00 (meia-entrada para estudantes, professores e tereeira idade). Quem quiser saber detalhes da programayiio de 2008 pode ligar para 2213-250312546 ou acessar 0 site da Liesa: www.liesa.com .br

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Quando a politic a da samb

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Nada meLhor do que um beLo enredo e um excelente samba para embalar 0 bom foLiiio. Sempre foi assim ao Longo dos tempos e, este ano, a Vila retoma sua trajetoria 4f temas engajados de cun~o social. Nossa EscoLafez hist6ria com enredos memoraveis como "Kizomba: afesta da rara", em 1988. Agora vamos mostrar um panorama historico destacando a verdadeira riqueza do BrasiL: os trabalhadores que ajudam a construir a historia desse Pals.

A Vila vai questionar 0 mito da indolencia n~"inn~ construido pelo colonizador, que considera que 0 h",~il"i' e preguic;:oso e avesso ao trabalho. E vai mostrar trabalhador brasileiro como um sujeito ativo da hist6ria e • como vitima ou sofredor, que aceita tudo pa~;sivament( ,Dai, as lutas como a revolta dos negros males ou as dos metaltlrgicos do ABeD . 0 novo carnavalesco, • • de Souza, fala da retomada deste tipo de enredo p~r da Agremiac;:iio: "A ideia do presidente Moises era res!gat4 uma linha de enredo da Vila do final dos anos 80 e i I dos anos 90 de sambas engajados. Foram tres r."rn~"'~1 politizados, com uma marca de cunho social. Mas, com passar do tempo , essa linha havia side abandonada. outra caracteristica da Vila e ter enredos que, desde an os 70, realc;:am muito a cultura local, 0 bairro de Isabel, como 0 bairro de Noel Rosa, a boemia. I retomar faz com que se tente marcar essa que foi muito boa para a escola. 0 povo da escola e grandes sambistas. Sao muito animados, uma muito pra cima, uma escola que tem chiio". Alex de foi convidado por MoisEls, que ja tinha 0 enredo na vQU'Cyq e desenvolveu 0 tema para a Vila em parceria com historiador Alex Varela.

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TRABALHADORES DO


Se, no julgamento do carnaval for levado em conta pelos jurados 0 bom desenvolvimento da ideia central, nao vai faltar material para ser apreciado. Atraves dos elementos dramaticos, musicais e plasticos visuais, da fidelidade da letra do samba ao enredo, das fantasias das alas e dos destaques, 0 enredo ganha corpo na quadra e no barracao. Ou seja, tudo seguira fielmente a proposta de mostrar 0 povo trabalhador como protagonista, incluindo o indio, 0 negro e 0 imigrante como partes integrantes da classe trabalhadora do Pais. Ao resgatar essa tradi9ao historica com forte cunho social, 0 historiador Alex Varela explica que a Escola vai levar para a Avenida um carnaval engajado: "0 enredo e toda uma desconstru9ao da serie de p'reconceitos que marcam a historia do nosso Pais, em rela9ao ao povo e ao trabalhador brasileiro. Vamos mostrar que as lutas come9am na linha do tempo, ja com a chegada dos portugueses, e que nunca terminam. Dai a ideia de que a luta sempre continua. As conquistas do trabalhadores nao acabam",

Alex Varela, um dos responsc1veis pelo desnvolvi mento do en redo

justifica Alex Varela que trabalha fora do carnaval como pesquisador da Funda9ao Oswaldo Cruz e faz posdoutorado no Museu de Astronomia e Cielncias Afins. Eo trabalhador em dose dupla. Para Alex Varela, tratar do mundo do trabalho no Brasil significa lembrar, necessariamente, de dois governos importantes do passado: Vargas e JK, que foram representados em alas cri'3ti~'as I que vao resgatar 0 imaginario popular sobre os OrElSi(jerltcl mais populares que 0 Brasil ja teve nos ultimos 50 Fidelidade e criatividade andarao juntas em alas as dos fusquinhas, simbolo da industria r i da epoca, e a ala dos porta-estandartes com a foto Getulio Vargas, numa forte inspira9ao da Dr. Getulio, de Edu Lobo e Chico Buarque, refrao e "abram alas que Gege vai passar, olha , evolu9ao da historia. Abram alas pra Gege desfil, na Q1erT\0ria popular". o encerramento do desfile trara urn homenagem e uma curiosidade historica da propri I escola: um carnaval que nao houve. Em 1951 , IX causa de uma forte chuva, a Vila nao desfilou. Ai entr '0 espirito do carnaval de epoca, conforme conta Ale Souza: "Vamos fazer uma brincadeira com a carteir de trabalho: na frente vem a capa e no verso virao 8 fotos de Noel, do Presidente da Velha Guarda e d Martinho da Vila, que sao sambistas profissionais."

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Somas filhos de Macunafma ... Transformar a realidade num sonho que se passa em 80 minutos nao e tarefa facil. Mas, para Alex de Souza, principal desafio dos carnavalescos nao chega a ser enredo, mas a ilumina<;:ao da Passarela do Samba. "A gente trabalha com uma pessoa que antes de tudo e Vila Isabel de cora<;:ao, que e 0 Paulinho , iluminador, vibra muito. Naturalmente, quando se prepara a I al,eq(Jria e necessaria boa ilumina<;:ao para valorizar as pe<;:as. As fachadas, as esculturas, algumas 'Iuzes que sao colocadas de forma especial para dar um efeito extra. Entao ele ja tem conhecimento e procura dar 0 algo mais. No pr6prio desenho ja se imagina 0 que se quer, mas ele ' extrapola 0 trabalho da cria<;:ao" I Para Alex de Souza, 0 mais lamentavel para qualquer carnavalesco e a ilumina<;:ao da Marques de Sapucai: "E ~ma luz muito forte e chapada. Voce tem um investimento ent'lrme de ilumina<;:ao e 50% daquilo na hora morre. Mas terj que fazer porque nao pode passar apagada. A gente tenta,buscar efeitos de luz para brigar, superar a luz da Sapucai, e uma queda de bra<;:o. As vezes consegue fazer efeito de luz interna para valorizar as cores. E superar aquele clarao de estadio de futebol", critica. Alex se inspirou em muita pesquisa, para dar forma ao sonho que 0 carnaval da Vila deste ana precisa ter. Buscou elementos que pudessem se transformar em fantasia, alegoria, alern de trazer uma certa poesia para a imagem. Na abertura do desfile, vai procurar desmascarar a ideia da sombra e agua fresca, de que 0 povo brasileiro nao precisa fazer muito esfor<;:o para sobreviver. "Somos filhos de Macuanima, achavam que essa mistura de ra<;:as nao dava certo, que 0 indio e indolente, que 0 negro s6 trabalha debaixo de chibata, para o branco ate um certo momenta trabalhar era vergonhoso. E interessante ver 0 que 0 povo

enxergava em rela<;:ao ao outro. E e essa visao que da samba", explica. Com as aquarelas de Debret e possivel ter um retrato fiel do que era a vida no Rio de Janeiro, dentro e fora dos casar6es. Como era esse comportamento e como as coisas se sucediam: "Voce tem 0 trabalho em si, mas tinha tambem outras formas de trabalho, como os favores sexuais das mucamas, e os negros de aluguel e de ganho. negro era 0 taxi da epoca, carregavam redes, liteiras; vendiam passaros, • vassouras.

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carro aleg6rico dos imigrantes sera um navio a vapor trazendo as referâ‚Źmcias culturais de cada povo: leques espanh6is, nas laterais e na traseira dos carros temos fotos de familias que vieram e eram aprovadas para viverem aqui. A pesquisa foi feita no Memorial do Imigrante e os direitos que serao reproduzidos no carro fcram comprados: "Acho que vai dar um charme cenografico ao carro". Alex encontrou gravuras de epoca e im agens de mapas antigos, da caricatura que se fazia do Brasil, das Americas e transp6s para 0 carro abre-alas. Vai mostrar 0 imaginario do colonizador em relac;:ao ao nosso pais com a estetica de cad a epoca, para poder contar essa hist6ria nesses capitulos todos. E como sao 500 anos de hist6ria, scada um dos oito carros tera um visual completamente diferente um do outr~. Uma surpresa a cada ala. Alex de Souza, 42 anos, trabalhou duran quatorze, an os na Fabrica

Al ex de Souza: en redo da Vil a vai mostrar que a luta do t ra balh ador se mpre conti nua.

inicialmente a func;:ao assistente de estilo , e, de atuando como supervisor estilo e gerente de produto. Quando ainda atuava na refe . fabrica, Alex ingressou no curs~ de moda do SENAIICETI especializando-se na area de estilismo em confect; industrial. Morador de Padre Miguel, onde vive ate h desfilou na Mocidade Independente e conseguiu passar condic;:ao de foliao a assistente de fantasia. Desenhava p das fantasias para Renato Lage. De la passou por out escolas atuando como carnavalesco como a Academicos Rocinha, que levou ao Grupo Especial, a Leao de N Iguac;:u e a Em cima da hora.

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N egros

vended ores de frutas

Informalidade e pi rataria


Campeonato , af vamos nos! Uma familia un ida em torno da Vila

Duas coisas nlio saem da cabera de Wi/sinho, como If carinhosamente chamado Wilson da Silva Alves, 0 Superil1lendente Genii da Vila e integrallle do cOl1selho de carnaval: recuperar 0 campeonalO em 2008 e tornar realidade a nova quadra , um proj e/o de Oscar Niemeyer doado a escola . E est6 trabalhando muito por isso e buscando parcerias , j6 que a proposta If de tomar 0 esparo algo diferenciado, com museu e 6rea de esportes para os jovens que j6 slio atendidos nos projetos sociais.

Os irmaos tambem estao unidos pel a Vila, o irmao mais novo, Vinicius, e diretor da ala jovem e a irma Daniela adora desfilar: "Minha Superintendencia e uma continuayao do trabalho iniciado pelo meu pai. Acho que ja provamos que fizemos bem escola. Na nossa gestao, duas vezes do desfile das campeas, 0 que nao ocorria ha muito tempo. Acho que nao ha prova maior de eficiencia. 0 fato concreto e que estamos trabalhando serio; basta olhar para os resultados", afirma Wilsinho. \ Uma das melhorias da administrayao e Aos 22 anos, as res'ponsabilidades sao muitas e justamente 0 investimento na quadra de ensaios que fato de ser filho do presidente nao diminui a quantidade sofreu obras nos camarotes, banhei ros, palco e que ainda de tarefas e de cobranyas. Sempre foi foliao e interessadC( . devera ganhar novas melhorias. Alem de apontar 0 trabalho em carnaval e comeyou a trabalhar na Vila aos 18 an os, que foi feito para revitalizar 0 espayo, Wilsinho faz questao quando 0 pai era 0 Superintendente. de dizer que 0 resultado e fruto de um esforyo coletivo • • em que cada um faz a sua parte. 0 controle de todos os trabalhadores envolvidos no projeto do carnaval e dividido com outras diretorias como a de barracao' e do atelier. E, em termos de carnaval, ele nao:'mede elogios ao diretor Ricardo Fernandes, com quem aprendeu os segredos do carnaval ao acompanhar 0 trabalho no ana de 2006 (ano do campeonato) e conseguiu superar expectativas no enredo Metamorfoses, em 2007. "A Escola nunca havia tirado notas tao boas em evoluyao. Das 12 notas, conseguimos umas oito notas 10. AcMo que mostrei que aprendi bastante ao lade do Ricardo Fernandes. Infelizmente, em 2007, ele aceitou 0 convite do Salgueiro e ficamos com poucas opyoes no mercado. Meu pai achou que diante disso era melhor eu tentar mostrar 0 que havia aprendido. Acho que foi satisfatorio, mas fiz questao' de convidar Ricargo este ana porque tenho outra escola para me dedicar: a faculdade de direito na PUC - RJ que pretendo termi nar este ana ainda, se Deus quiser. Como diretor de carnaval isso teria side impossivel", garante Wilsinho. Ele nao se esquece de agradecer aos amigos Elmo da Mangueira e Guilherme Nobrega, exAcademicos do Salgueiro, que Ihe ajudaram com toques importantes quando foi diretor de carnaval em 2007. E para 2008 nao tem duvidas em relayao ao prognostico: "A Vila vem com tudo para recuperar 0 campeonato!"

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o atelie no barracao da

ViLa IsabeL, na Cidade do Samba , e 0 Lugar onde 0 ritmo de trabaLho na escoLa e mais forte antes do desfiLe . ALias, 0 nome barracao nao faz maisjus reaLidade de hoje, diante da grandiosidade do espa<;o. Mas e heran<;a que nao se apagou da epoca em que as escoLas maL tinham Lugar fixo para confeccionar fantasias e criar seus carros aLegoricos.

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Tecendo 0 camaval no capricho

Dona Rita no ateli e: t rabalho Intenso com a comunidade

No quarto andar da fabrica de alegorias da Vila, a diretora do atelie, Rita de Cassia da Silva Al ves, comanda uma equipe frenetica de 165 pessoas, a maioria vinda da comunidade do Morro dos Macacos: sao costureiras , bordadeiras. pintores, aderecistas, entre outros. "Nao sei ser dondoca, ponho a mao na massa", avisa logo. Primeira-dama da Escola, dona Rita - como e conhecida por lodos - conheceu 0 marido ainda na ado lescencia e foi quem 0 levou para a Vila. Rita tem tres fi lhos que tambem participam ativamente do carnaval da Escola. 0 mais atuante e Wilson da Silva Alves (Wilsinho), que e Superintendente Geral da Vila e esta term inando 0 curso de Direito na PUC. "Ele e 0 Superintendente, e no carnaval passado acumulou a Diretoria de Carnaval. Foi um desafio, ele mesmo diz que tudo deu certo porque aprendeu com a atual diretor Ricardo Fernandes, que e um expert em carnaval. Mas acho que Wilsinho tambem

Santidade "ativa


demonstrou que foi um aluno muito aplicado", elogia. Em meio a plumas e paetes, muito tecido colorido, Rita faz questao de cortar os moldes de todas as fantasias antes que partam para a confec9ao. A exigencia e 0 zelo sao uma heran9a das aulas de corte e costura que teve, ainda na adolescencia, estimulada pela tia, Ednalva . Rita e do tipo detalhista. Nao deixa passar nada que possa significar desleixo numa roupa, podendo ser uma fantasia ou um vestido de noiva. Ja foi dona de confec9ao e empresaria ramo de beleza. Agora, sua vida e a Vila Isabel: "No atelie, eles dizem: la vem a dona Rita passando pente fino" , diverte-se a diretora. 0 respeito que ela impoe e perceptivel a quem visita 0 espa90 pela primeira vez. Mas nada de gritos, ela !l'arante que tem paciencia para ensinar 0 olicio. A (mica coisa que pede e que nao deixem de dizer quando nao souberem 0 trabalho: "Eu digo a quem chega novo , para que nao tenha vergonha de nao saber fazer alguma coisa. 0 que precisar, eu ensino. E melhor porque evita 0 desperdicio de tempo e de material". Trabalho duro 0 ano inteiro A rotina de Rita como diretora do atalie come9a cedo no barracao e tem como responsabilidade 0 preparo das fantasias de todas as 30 alas e composi90es. Para isso, tem uma assessora bra90 direito, que controla todos os detalhes desse trabalho minucioso, Nana (Ana Claudia Colatino) . Rita come90u, como muitos no mundo do carnaval, como folia. Oesde quando desfilou na Vila pel a primeira vez, em 2002, gostava de dar "uma melhorada" tia costura das fantasias, como ela diz. Agora, nas i'5 bancadas de trabalho, ela exige tambem 0 melhor cfos alunos , estagiarios e funcionarios. Seus primeiros pa~sos em atelie de moda foram ensinados pela tia, mas quando come90u a trabalhar, costurar ainda nao era modismo. "Aprendi muito com tia Ednalva, que era grande costureira. E aqu i na Vila fa90 0 que amo . E tambem fa90 questao de cortar os moldes de todas as fantasias . Toda costureira sabe que 0 bom molde e 0 segredo da roupa e da fantasia tambem", com para. Com tanta experiencia, adquirida quando criou a propria confec9ao, Rita tenta imprimir 0 seu ritmo para garantir a entrega das fantasias: 3200 delas serao doadas pel a escola a comunidade. Quando 0 carnaval passar, para muitos sera tempo de descanso, para ela e 0 grupo de 24 pessoas que fazem parte do projeto social da escola no atelie, tudo esta so recome9ando: a maioria vem do Morro dos Macacos e trabalha no pos-carnaval reciclando fantasias e reaproveitando pe9as dos carros. "A propria comun idade nos devolve as pe9as, plumas e pedras." A comunidade da Vila agradece.


Com a profissionaliza~ao cad a vez maior do carnaval , onde poucos dacimos podem dar ou tirar 0 campeonato a uma Escola, Ricardo diz que hoje ata mesmo quem nao a da Igor ja Escola entende que deve haver comprometimento para nao prejudicar 0 desfile: "Antes, algumas pessoas que desfilavam nao entendiam que 0 carnaval era tambem uma competi9ao e campeao pela Vila em nao so uma diversao. Pensavam que era tudo na 2006 base do deixa a vida me levar, mas nao a assim. A vis1io de organiza~ao militar me ajudou muito no Ensaiar quase quatro mil pessoas nao a tarefa facil. Epreciso ter disciplina e senso de organiza~ao. Isso a mundo do samba, esta longe de me atrapalhar". o que nao falta a Ricando Fernandes, 40 anos, um A maior prova disso a que Ricardo marcou presen9a militar da Aeronautica, sim senhor, que nutre uma em carnavais importantes. Depois de 20 anos de paixao declarada pelas escolas de samba desde os Imperatriz, foi diretor geral de Carnaval e Harmonia da 13 anos de idade. E seus passos ja come~aram a ser Unidos da Tijuca, contribuindo, em 2004, para 0 viceseguidos pelo filho, 0 pequeno Igor, de nove ano~, • campeonato da Escola. Em 2005, como diretor geral do carnaval da Unidos do Porto da Pedra que ja fez a estraia no ana passado, ao lado do pai na ocasiao diretor geral do carnaval do SalgUeirO' conseguiu as notas maximas para os quesitos de harmonil!, conjunto e evolu9ao. E no A familia desfila unida, a mulher, Denise Fernandes carnaval do ana passado, no Salgueiro, foi um tambam vira como destaque num dos ctirro~ dos principais responsaveis pelo belissimo e alegoricos. f A missao de organizar os desfiles de can~aval a emocionante desfile da vermelho e branco. desempenhada com sucesso por Ricardo, que ja passou por outras agremia~6es e ficou 20 anos na Imperatriz Leopoldinense. Desfilando ha 28 carnavais como foliao, corne~ou em Ramos, organizando a propria ala em que desfilou e logo foi promovido a diretor de ala e depois a diretor de Harmonia, da Imperatriz. Para Ricando, 0 ponto forte da Vila a tradi~ao de bons sambistas e de gente que veste a camisa da escola: "A comunidade chega junto, porque se trata de uma vendadeira escola de chao", como se diz no mundo do samba. Ele atribui 0 sucesso da Vila ao investimento maci90 no povo da Escola, do bairro, que desfila gratuitamente. "Isto a uma aposta muito forte. E ainda contamos f om um conjunto tecnico e artistico muito definido e de alto nivel", avalia.

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Vila Isabel e CUT : urn narnoro que - acab a na quarta-,.' nao .[:' d ' ~elra

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Adeilson Teles, dirlgente da CUT

Tudo come<;:ou com 0 enredo, que levou a dire<;:ao da central sindical a se aproximar da Vila Isabel, colaborando com 0 carnaval deste ano. Mas o namoro deu "caldo", 0 noivado foi questao de tempo e tem grande chance de acabar em casamento. "Nossa rela<;:ao evoluiu muito e hoje existe uma grande possibilidade de fazer com que essa parceria se torne ainda mais forte a medio e longo prazos, tendo como base varios projetos sociais", diz Adeilson Teles, primeiro secretario nacional da Central Unica dos Trabalhadores (CU1). Adeilson, de 41 anos, e uma das principais lideran<;:as da CUT no estado, onde ocupou 0 cargo de diretor-tesoureiro por do is mandatos. Formado em Historia pela Universidade Federal Fluminense, ex-secretario estadual do Trabalho, em 2002, ele ve com muito otimismo 0 futuro da dobradinha Vila-CUT: "A Vila Isabel, a Escola de Noel, tem para nos, trabalhadores, uma for<;:a simbolica muito grande. A uniao entre 0 asfalto e morro em torno da Escola e um exemplo vivo de como acabal com a ciPad~ partida." 0 samba, como uma das maiol expressoes da cultura popular brasileira, pode e de' segundo Adeil son, ser instrumento promo<;:ao de justi<;;a social, beneficiando jovens, os trabalhadores e as trabalhadCl com projetos de gera<;:ao de emprego e renl "Venho defendendo ha muito tempo que a C nao deve se limitar as lutas e negocia<;:oes mundo do trabalho por melhores salaries beneficios para os trabalhadores. Ela deve alem e voltar sua atua<;;ao tambem para os espa<;;os onde 0 povo manifesta sua cultura e afirma sua cidadania". Como diz 0 samba da Vila:

"hoje e dia c;lo traballiador ! que conquistou 0 seu lugar! e vai nossa Vila, fazendo historia/ pra luta do povo etemizar" .



Carnaval

2008

, o jeito meigo e simples da nossa Rainha de Bateria ja conquistou definitivamente 0 corarao da escola e dos fas. Nathalia Guimaraes nao poderia fer sido escolha mais acertada entre tantas candidatas ao posto de rainha da azul e branco. Como boa mineira, ela chegou de mansinho . sem estrelismos apesar de aos.J.2 anos ja ostentar 0 tftulo de Miss Brasil - e conquistou 0 respeito e 0 carinho dos integrantes da Vila. Como'liisse 0 presidente Wilson Vietra Alves (Moislis) para a revista Isto Ii Genje, Nathalia Ii simples como 0 povo da Vila. Ela abra(:ou a Escola e a Vila a recebeu de bra(-'os abertos: "Ela Ii semfrescuras", resumiu 0 presidente Moislis. Precisa dizer mais alguma coisa? Agora Ii deixar a mineira mosfrar na avenida 0 que aprendeu nas aulas intensivas com a nossa passista . nota 10,. Dandara.

"Sou uma pessoa de sorte e me sinto abenc;:oada Deus. Toda vez que eu me encontro com 0 povo da Vila, seja no barracao ou nos ensaios, vejo que sao pessoas fantasticas." A frase da Rainha de Bateria da Vila resume um casamento que deu certo e que esta dando samba, com as ben9aOS de Wilson Moises, que bateu o martelo na escolha da mineira. Para alegria dos seus suditos, a bela Nathalia Guimaraes defendera a nossa Escola vestida de guerreira japonesa, "A ultima senshi", a frente da sensacional Bateria de Mug, cujos integrantes virao fantasiados de Samurais. p~r

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I:lospedada em Copacabana, no Hotel Othon, q ha tres arios faz parceria com a Escola, Nathalia e do ti de escolha que s6 trouxe alegrias comunidade azul branco: participou de todos os ensaios, surpreendem pel a simpatia e simplicidade. Ao contrario de outras celebridades, a Rainha ni fez grandes exigencias e se mostra encantada com carnaval carioca, feito por gente simples do povo que 10 as quadras da Vila aos sabados. "Agora me viciei niss Acho que nao vou querer mais largar esse neg6cio ( carnaval, nao", diz com seu sotaque mineiro.

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Nathalia teve aulas de samba com a no passista nota 10, Dandara Machado, Ouviu os consel da diretora da ala de passistas, Delma Barbosa, E, 0 resultado podera ser comprovado na avenida, Ainda t aulas complementares com a professora Carla Cam aconselhada pela modelo Luiza Brunet, que se tornou especie de madrinha da nossa Rainha, A estreia da nossa Rainha na Marques de Sap foi debaixo de chuva e ela se saiu bem , ja arranca~ elogios da imprensa q faz a cobertura

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VILA

nada quando cheguei Rio , Ir aos ensaios e ter aulas him sido revolu<;:ao pra mim, sei que ainda tenho 0 aprender muito, qua~ vejo as passistas, Pe menos, eu tenho fa de vontade e gosto rnu do samba da Vila, q me arrepia", Para manter a forma, nossa Rainha se dedico ~ • uma atividade intensa de malha9ao, "Quando nao da p malhar, abro mao do elevador e subo ate 0 m~ apartamento no 24° andar de escada, Eo um 6ti~ exercici<t. Tambem gosto muito de andar de bicicle quando estou no Rio". Nao come doces nem frituras e s~ prato preferido e sushi , que de cal6rico tem pouca cois A dieta e rigida e mantem 0 corpo esbelto ainda rna real9ado pelas curvas da mineira, A responsavel pelo preparo de Nathalia e a nos; passista Dandara, que come90u cedo, aos sete ano quando fez parte da ala das passistas da Vila, Aos 15 ganhava 0 trofeu "Estandarte de Ouro", concedido pe jornal "0 Globo " aos melhores sambistas do carnav 200;;. Estudante;. de fisioterapia, ela come90u a conviVi com 0 samba ainda no ber90. 0 pai, Claudio de Olivei ~ e compositor da Unidos de Vila Isabel, e, a mae, Elois Elena (sem H, que e 0 da senadora), e diretora de Harmon da Escola. P.ara que a miss nao se esque<;:a da alegria e c hospitalidade dos cariocas, a Vila fez questao c presentea-Ia com um mim~ , Alem da emo<;:ao de pisar pe primeira vez numa avenida, a beldade guardara corr recorda<;:ao da Vila um colar. 0 presidente da Escol Wilson Moises, a presenteou no dia da coroa9ao. A j6ia e formato de coroa, que e 0 simbolo da Vila, e banhada e ouro e cravejada de brilhantes. Ja na fantasia de guerreir ela adianta que nao buscara nada importado para comp a roupa. 0 produto e 100% nacional!


Liberdade para acessar seu ambiente de trabalho em qu~lquer lugar. "


A

Com 21 carnavais it frente da mesma bateria, o mestre Mug nascido no bairro de Bonsucesso, veio morar aos 16 anos com a irma na comunidade de Vila Isabel, e, como ele sempre diz, "apaixonou-se pela Princesa", a nossa Vila! No ana de 1974, foi convidado pelo Mestre Ernesto para ingressar como ritmista da bateria da Unidos de Vila Isabel. Quatro an os depois foi promovido ao cargo de Diretor de Bateria, ficando nesse bateria sustenta com sua posto ate 0 ana de 1987. Mas

marca<;iio a cadencia .

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tndlSpensavel ao desenvolvimento do samba, do canto e da evolu<;iio. .

E ISSO Mestre Mug sabe bem. Hd lantas decadas na Vila, ele jd tel'tou nos ensaios tecnicos novas sClpri:sas. .

aS e/'~aios jd mostraram que, a ftadencia dada pelo ritmo esta com uma marca<;iio cada vez mais firme e precisa, variada e diversificada atraves de breques e paradas.

a sua grande chance s6 surgiria quando 0 entao mestre da bateria Ernesto recebeu um convite da Academicos do Salgueiro: e, em 1988, Mug ja se consagrava mestre de bateria da Vila Isabel recebendo 0 premio maximo do carnaval carioca da epoca,

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Estandarte de Ouro. No ensaio tecnico, quando a chuva e 0 carro de som cnaram dificuldades, a Vila ja testou 0 seu potencial. Quando 0 som da Avenida acabou completamente, a batlerida passava pelo setor 5. Resu ta 0: os componentes come9aram a cantar 0 samba

tres vezes mais alto do que estavam cantando para nao atravessa,r. E conseg~iram. Comandados pelo diretor de carnaval , Ricardo Fernandes, e pelo diretor de harmonia, Decio da Silva, os outros diretores conseguiram manter a unidade do canto e deram um verdadeiro show de competencia. A bate ria de Mestre Mug apresentou paradinhas ousadas e no dia dq: desfile terao tudo para causar um efeito surpreendente.


REVTS"!:'\ DA VILA


TRABALHADORES DO

, Eo mais que um samba 0 que se criou Eo um hino ao povo trabalhador

Interprete: Tinga (foto)

A louvac;:ao a nossa gente Vista indolente, pelos olhos da ambic;:ao Nativa cor que foi presente Pintou as dores da escravidao A resistencia mudou de cor e renasceu Com a forc;:a e a fe do negro E ao quilombo ascendeu Nosso ideal de liberdade Cansado de ter nos ombros Descanso do senhor, ecoou .. .

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Que 0 brasileiro tern 0 seu valor! .. Meu deus ajude 0 trabalhador! . E a imigral?3o cruzou 0 azul do mar Em nosso campo ver a vida melhorar Voz de quem resistiu, a "era Vargas" ouviu Consolidar nossas conquistas, Em direitos trabalhistas, Comemora quem tanto lutou Tempo de industrializac;:ao, Candangos, entao, erguem brasilia Sindicato consciente, Terra para nossa gente cultivar democracia "Avante trabalhadores de Vila Isabel" "Quem faz a hora nao espera acontecer" Suor dessa gente, construiu est a nac;:ao Verdadeiros filhos deste chao Hoje e dia do trabalhador Que conquistou 0 seu lugar E vai nossa vila, fazendo historia Pra luta do povo eternizar. REVISTA DA V I LA

Autores do Samba-en redo: Andre Diniz, Evandro Bocao, Pingiiim, Professor Wladimir, Carlinhos Petisco, Dede Aguiar, Dinny, Miro Jr., Carlinhos do Peixe e Eduardo Katata.


I podera tambem levar nota maxima do juri. E, se na melodia sao consideradas as caracteristicas ritmicas pr6prias do samba, a riqueza dos desenhos musicais e sua capacidade de facilitar 0 canto e a dan~a dos passistas, entao a nota tem que ser 20!

Quando a sirene toear na avenida, vai ser pura emoriio. Quem assistiu aos ensaios da eseola, principalmente aos ensaios teenieos da Sapueaz, sabe dis so. Tinga e prata da casa e vem de uma linhagem de grandes sambistas. Morador da comunidade do MorrQ ' dos Macacos, ele vai levar 0 samba no gog6 serTj dificuldades porque e um dos mais conceituados interpretes do carnaval. Come~ou na escola mirim da,Vila e, em 1999, ja acompanhava 0 interprete princ!fpal. Ha quatro anos, Tinga e 0 puxador oficial de sua esc ~ a de cora,ao. A julgar pelos ensaios, quando ate r,nesmo problemas no carro-de-som nao tiraram a empolga~ao dos componentes da Escola na hora de cantar, a harmonia esta nota dez, 0 canto e a evolu~ao fluem sem esfor~o dos componentes, e facilita ainda a manuten~ao da cad en cia da bateria de Mestre Mug. Se uma letra precisa ter beleza poetica, bom gosto e estar em harmonia com 0 enredo, nesse item a Vila s6

BoeDo e linga, a

ra~a

da Vila

o resultado dos ensaios reflete a boa qualidade dos sambas que chegaram a final. A con correncia era tao forte que a Vila resolveu inovar este ana: uniu do is grupos finalistas . De um lado, a parceria dos veteran os Andre Diniz e Evandro Bocao, somadas ao talento de Carlinhos do Petisco, Pinguim e do Professor Wladimir. Do outr~ , a turma de Dede Aguiar, Eduardo Katata, Dinny, Miro Jr. e Carlinhos do Peixe. Para escolher o samba campeao, a escola contou com os votos de 19 pessoas, incluindo 0 presidente. Com um tema em que a hist6ria e 0 carro chefe, ninguerrt. melhor do que Mdre Diniz, que e professor de hist6ria, para emplacar uma boa letra. Diniz come90u na Vila Isabel ainda garcto, quando seu pai era presidente de ala. Desfila h8. 23 an os na Escola tendo passado pela bateria mirim e na ala dos compositores. De 1992 ate 0 carnaval de 2007, foram nove vitorias , 0 que 0 faz empatar com 0 grande Martinho da Vila entre Andre Diniz e Tings os vencedores. Com a vit6ria para 2008 , Diniz soltam a voz torna-se 0 maior vencedor de sambas da na Passarela do Samba hist6ria atual da Unidos de Vila Isabel. REVISTA DA VILA

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Outro nome de destaque e 0 de Evandro Luiz do Nascimento, 0 Evandro Boclio, com 20 anos dedicados il Unidos de Vila Isabel. Atualmente, ocupa 0 cargo de vicepresidente da escola. Desde 1991, Evandro faz parte da ala de compositores. Em parceria com Andre Diniz, ja foi vitorioso seis vezes e 0 enredo atual e para ele um casamento perfeito: "A Escola cantando 0 samba, nos ensaios, mesmo debaixo de chuva e com um defeito que deu no carro de som , todo mundo seguiu cantando e a bate ria acompanhando. Pela minha experiencia, quando isso acontece e porque 0 samba esta no sangue", aposta Boclio.

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Para 0 vice-presidente da Vila, a grande diferen9a de hoje para a epoca em que presidiu escola e a estrutura. "Eu nlio tenho problema de admitir nlio, hoje com 0 Moises a escola tem um grande administrador e esta disputando 0 carnaval de igual pra igual. Temos um barraclio forte, as fantasias estlio leves e funcionais e 0 povo da comunidade esta chegando junto. Assim vai ser dificil barrar a Vila Isabel", comemora Boclio.

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~~~arnaVal?00~

Muita hist6ria pra contar

Joel, Aladyr, Barbosa , Oani lo e Expe dito

Ele e do tempo em que 0 desfile de escola de samba s6 era assistido por quem era da familia. Alem dos parentes, ninguem dava muita bola. E foi assim que seu Aladyr Francisco Xavier, presidente da Velha Guarda da Vila (foto). viu 0 mundo do samba na Pra<;:a Onze e a Vila mudarem ao longo do tempo. Hoje, com 0 Samb6dromo levando um publico de 60 mil pessoas diariamente e com a Cidade do Samba entrando no roteiro turistico do Rio, pode-se dizer que muita coisa melhorou. "Mesmo com todas as mudan9as, a Velha Guarda ainda tem uma fun9aO importante: a de Ser a guard ia da escola. Ela pode vir em qualquer lugar, como coringa. Pode estar no enredo ou vir vest ida como Velha Guarda mesmo. Antigamente, vinhamos na comissao de frentEl, ' mas isso foi mudando com 0 tempo", conta seu Aladyr, anos de vida e 50 anos de escola. Ele desfila na Vila desde 1958, quando a Velha Guarda nao sonhava existir. , Este ano, a Vila traz 77 integrantes na ala, cOrrrUma media de idade de 76 anos e a mais idosa entre as mu~eres uma remanescente da ala das baianas, dona Elza Maria da Silva Matos, de 82 anos. 0 estatuto hoje define a idad~ de 50 anos como 0 limite minimo para entrar neste seleto grupo de representantes da escola. Dos fundadores, apenas Luiz Monteiro esta vivo, mas nao desfila mais. Figuram ainda na ata de funda9ao da Velha Guarda, no dia 15 de agosto de

1964: Rubens de Oliveira, Norival Marcelino da Silva, Waldir Foca, Mario Gamba e Palmeri Alves de Souza. Com tanta tarimba, seu Aladyr pede prudemcia aos foli6es: "Desfile e elei9ao nao se ganha de vespera. Tem que esperar a apura9ao, Esse neg6cio do decimo mata 0 cora9ao da gente, As vezes, por pouco voce pode perder ou ganhar 0 carnaval. No ana do "Soy Loco", ganhamos, e agora vai ser assim se Deus quiser" , preve seu Aladyr, com a voz da experiencia.

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"Seu" Aladyr (ultimo a direita): UA apuraftAo dos desfiles e urna tortura"


BENEMERITOS Todos os Ex-Presidentes • Aladyr Francisco Xavier . Amadeu Amaral Andre Pereira Diniz • Elizabeth de Souza Aquino Joel da Silva Costa . Luci Moreira da Silva Marlene Maria Bragan~a • Rita de Cassia da Silva Alves Walter Fernandes Lobato· Wilson Vieira Alves Affonsina Pires (Dinorah) (In memoriam) Irany de Souza e Silva (In rnamoriam) • Pery Aymore da Silva (In memoriam)

Vila Isabel: urn reduto de barnbas

BALUARTES Aladyr Francisco Xavier . Alzi,a Ribeiro Pinto Joel da Silva Costa • Walter Fernandes Lobato

A Vila come90u, no ana passado, a conceder oficialmente titulos aos baluartes e benemeritos da Escola. A ideia surgiu na atual i i quando se percebeu que, muitos dos colaboram com a Agremia9ao e ajudam a Entre os quatro tftulos de baluarte, 0 seu Joel da escrever a sua hist6ria, nunca haviam sido home- Silva Costa, 75 anos, conhecido por todos como Joel nageados nas gest6es anteriores. A solenidade de Tonelada, e 0 unico que esta na Escola desde a funda9ao, em entrega dos 42 tftulos aconteceu no dia 28 de julho 1946. Foi integrante da ala dos compositores, tendo vencido de 2007 e tamMm foram agraciados como quatro vezes, e agora integra a Velha Guarda. "Comecei benemeritos os 18 ex-presidentes da Vila Isabel, escondido dos meus pais, eles achavam que samba era inclusive 0 fundador da Escola, Antonip Fernandes coisa de marginal. Os ensaios eram la no morro, no da Silveira, 0 "seu" China. Terreirinho. Como eu era menor, 0 meu nome nao entrou na Para obter 0 tftulo e preciso passar pelo ata com 0 China, mas eu sou desse tempo. Sou Vila Isabel crivo da Assembh'lia Geral que bate 0 martelo sobre , de corpo e alma. E vamos entrar para ganhar esse os nomes. No grupo de benemeritos esta uma figura campeonato. A gestao do MoisEls devolveu a nossa alegria", muito conhecida e querida na Escola: Elizabeth de I resume 0 baluarte da escola.

Souza Aquino, a Beta, de 56 anos, que e diretora de administra9ao e secretaria da quadra ha 18 anos. Ela come90u cedo a desfilar, aos nove anos de idade. "A Vila e real mente uma familia. A maioria e do bairro e vive aqui ha muito tempo." Beta acabou sendo convidada para participar na administra9ao da Agremia9ao e nao saiu mais."Me emociono porque conhecemos muitas fases da Escola, mas nenhuma como agora, com essa organiza9ao que 0 Moises implantou. Antes a gente desfilava e rezava para ficar no grupo especial , agora todos sabem que a gente entra para disputar.

Beta traba lha


o casal de mestre-sala e porta-bandelra, Henrique Veras e Joselaine

Ter direito de ser crian<;a e poder aproveitar a infâ‚Źlncia 9 tudo 0 que eles querem. Com esse enredo, a Herdeiros da Vila, a Escola de samba-mirim da ./ Vila Isabel, vai lembrar que o maior direito de uma crian<;:a 9 poder curtir a infâ‚Źmcia. Algo que nao 9 a realidade da maioria, algumas for<;:adas a trabalhar em sinais de transito ou a pedirem esmolas) As fantasias da escola sao confeccionadas pelos adolescentes da comunidade e que vao desfilar. Eles fazem parte do projeto da Oficina de Carnaval da Herdeiros, com o' apoio da secretaria estadual de trabalho que fornece um, cesta basica a 60 adolescentes, al9m de uma bolsa auxilio de 60 reais. Qutros dez adolescentes recebem aju<!1 de custo do presidente de honra da Escola, Wilson Mois9~. Todas as fantasias sao gratuitas e a garotad<fvem, em sua maior parte, da comunidade do Morro dos Macacos. Mas para desfilar 9 preciso ter bom desempenho em outra Escola, a regular. Nada de nota baixa! "Para as crian<;:as ficar aqui 9 0 melhor coisa do

Ser •

crlan<;a e ...

mundo. Nao temos problemas com ensaio, com 0 decorar 0 samba. Mas ja tivemos casos daqueles que tiveram que ser afastados porque repetiram de ano ou tiveram que sair por mau comportamento", lamenta Luciano Ferreira, que esta em seu primeiro mandato como presidente depois de trabalhar dez anos na secretaria da Vila Isabel. Luciano 9 funcionario publico - e como na biografia de todo trabalhador que esta na Vila - ama carnaval e 9 foliao da escola ha dez anos. Q projeto s6cio-cultural da Escola-mirim Herdeiros da Vila esta em busca de parcerias para retomar as atividades que faziam antes. A Escola-mirim completa 20 anos em 2008 e sempre realizou a<;:oes espeQficas da pratica do coletivismo em prol do fortalecimento da cultura, esporte, cidadania e do bem comum com crian<;:as e adolescentes na comunidade do Complexo do Morro dos Macacos, Vila Isabel, sua area primaria de abrangencia. Agora, querem atrair apoio da sociedade local para retomar os projetos.


VILA TAMBEM E RESPONSABILIDADE SOCIAL o trabalho comefou em 2004, quando Moises era Superintendente da Vila e fez o convite ao dentista Marcelo de Andrade Rosa . De l6 para ca, ja passaram pelo centro odontologico oito mil pessoas . Ate tratamento de canal esta no pacote, que inclui obturafoes, limpeza, fluor e extrafao. Tudo para colocar a saude em dia. E de grafa. "Nos nao atendemos so caso de dor de dente. Tratamos coisas mais serias e orientamos as pessoas a manterem uma higiene bucal", explica 0 dentista.

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o horario do consult6rio e integral, vai de 9h as 13h e de 14h as 18h. E 0 principal: nao funciona apenas no periodo que antecede 0 carnaval, esta aberto 0 ana todo na quadra da Vila. "Conheci 0 Moises ha seis anos e ele sempre quis fazer esse projeto. Inicialmente seria na Baixada, mas quando ele veio para Vila decidiu trazer a ideia pra ca", lembra Dr. Marcelo. Alem de contar com material de boa qualidade, Dr. Marcelo recruta quatro dos oito estagiarios do consult6rio na Universidade Estadual do Rio de Janeiro, que e vizinha da quadra da Vila. Na outra ponta do Projeto Social, surge a figura conhecida da Escola, 0 cardiologista Wilson Jose Manso Vieira, que iniciou este ana um trabalho voluntario com as baianas. 0 medico se divide entre a rotina de chefiar 0 serviyo de hemodinamica do Hospital Geral de Bonsucesso e 0 consult6rio para atender as pacientes idosas nessa reta final para 0 carnaval. Ele e Vila Isabel ha 19 anos, alem de ser morador do bairro: "0 importante que as baianas devem ter em mente e que nao se pode comer com ida pesada no dia do desfile, nao se pode descuidar de monitorar a pressao, com os remooios adequados. Muita coisa mudou em relayao ao passado porque a midia hoje mostra a necessidade de se manter com saude. Por isso estou ate tendo pouco trabalho", diz com modestia.


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Isabel

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o esporte mudando ,

a ,vida das pessoas "E" muito melhor arriscar trazer para interior da Agremiac;:ao jovens carentes das coisas grandiosas, areas adjacentes a quadra da Vila Isabel e do complexo do Morro dos Macacos, com idade entre 6 e 16 anos, para Al . f I" . que possam praticar atividades esportivas, Com isso, can<;ar trlun os e g orlas, despertamos a pratica do esporte e tiramos esses adolescentes das ruas onde levam uma vida ociosa, e ficam mais Mesmo expondo-se a faceis de serem cooptad os para as praticas ilicitas. ,. A direc;:ao da Escola preocupada com futuro desses derrota jovens acredita que as atividades esportivas aliadas ao I , estudo contri~uirao para um futuro melhor. E o samba ~ Do q " ue formar fila com os esporte de maos unldas. t' o Centro Esportivo

do GRES Unidos de Vila Isabel e um projeto pioneiro na Escola, sonho do presidente em 0

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pobres de espirito, Que nem gozam muito, Nem sofrem muito, Por que vi vern Em uma' penumbra cinzenta E nao conhecem vit6ria nem ¡derrota." ¡" (Theodore Roosevelt) Local a ser implantado 0 Centro Esportivo

\' II \


Vila Isabel

Em abril de 2004 come<;;a a gestao de Wilson Alves Vieira (Moises) na Vila, como Superintendente Geral. Ja no carnaval do ana seguinte, a Vila consquista 0 seu primeiro titulo em 18 anos com o enredo "Soy Loco Por Ti America". Seria a primeira escola cam pea na Cidade do Samba. A gestao de Moises foi responsavel pelo saneamento financeiro e administrativo ja a partir do primeiro ano de mandato. Com uma nova concep,ao de carnaval, a Vila tem uma gestao profissional e administrativa. Mas tudo sem desprezar as raizes, com forte presen,a da comunidade. Os projetos sociais da Escola estao beneficiando mais pessoas a cada ano. S6 no atendimento odontol6gico fcram oito mil tratamentos. Pela primeira vez a escola fez a entrega oficial de titulos a baluartes e benemeritos, um reconhecimento a quem colabcra com a his\6ria da Vila.

Vila Isabel: em pO'ucos. .~ anos, grandes mudanc;as Os pr6ximos desafios para 2008 Fazer um bela espetaculo, manter a escola na elite das grandes campeas e quem sabe reconquistar 0 bi-campeonato da cidade do samba; construir a nova quadra, projetada pelo genio Oscar Niemeyer, que incluira um museu, area de esportes e a cria<;;ao de um local apropriado aos programas sociais. 0 grande desafio e 0 grande sonho: constru,ao de uma Vila Olimpica para a comunidade.

REVIS rA DA VILA

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r\ IlA VILA


Pois bem. Sempre considerei que e durante as grandes festas populares que as palavras de ordem devem se fazer ouvir, levando aos participantes protestos contra tudo que significa injusti<;:a social ou ofens a a nossa soberania. E lamento que isso nao ocorra com maior Carnaval do Rio ... Como tudo mudou! Lembro que, freqOencia, como uma resposta a este clima de miseria e quando garoto, era na esquina da rua das Laranjeiras que opressao em que vivemos. Muitos anos atras, lembro-me bem, estava sozinho viamos os blocos passar, todos vestidos de indios - alguns num hotel em Brasilia e assistia pela TV ao desfile da mals organizados, como 0 da Fabrica Alian<;:a. As vezes, 0 pai nos levava para assistir a passagem Escola de Samba Sao Clemente. Para 0 meu espanto, 0 dos pnistimos no hall de entrada do Clube de Engenharia, e tema era: "0 menor abandonado neste mundo de ilusao". ali ficavamos, trepados em bancos, proibidos de ir a rua, E fiquei a escutar 0 canto, triste, a lembrar a mise ria que acompanhando 0 espetaculo. Recordo que, numa noite, um corre pelo pais, as crian<;:as mais pobres a perambular senhor tentava acender um charuto, e eu, inadvertidamente, pelas ruas, dorm indo nas cal<;:adas, enquanto outras, em procurei apaga-Io com um lan<;:a-perfume. 0 fogo subiu numero muito menor, usufruem todos os privilegios que 0 pelo rosto do homem, que, furioso, bengal a na mao, se dinheiro permite. Mal havia desligado a televisao, uma amiga me aproximou do banco onde estavamos e inqagou: "Quem fez a brincadeira?". Ai, como tantas vezes acontece , a telefonou. FaleHhe do desfile, e ela me interrompeu: generosidade desapareceu, e uma senhora interveio, "Oscar, nao chore". Eo claro que eu nao chorava, em bora indignada, apontando para mim: "Foi esse menino, ai. Nao ia . quem sabe - pouco faltasse para isso. Nao era apenas a miseria que me magoava mas tambem a injusti<;:a imensa, falar, mas ele esta rindo". ' Depois de casado, nunca pensei em Carnaval~ que precisamos eliminar. quando, para surpresa minha, fui convocado por Brizola para '-udO isso explica 0 entusiasmo com que projetar 0 Samb6dromo do Rio. Uma aventura de qU9 me acompanhei a passagem da Escola de Samba Unidos de lembro com muita saudade, pela decisao com que ele e Vila Isabel no Samb6dromo. Era a concretiza<;:ao da ideia Darcy Ribeiro levaram adiante 0 projeto, contra todo ti~O de que sempre me acompanhou, de levar as festas populares obje<;:6es -nao haveria tempo para construir 0 Samb6dromo, as reivindica90es mais urgentes. Dessa vez, 0 tema era a a epoca das chuvas seria obstaculo impossivel de vencer... defesa da unidade e da integra<;:ao dos povos que e ate para um c6rrego, que diziam passar por baixo das compoem a America Latina. Nao podia haver assunto mais arquibancadas, apelaram. Mas Brizola e Darcy nao deram apaixonante neste momenta em qu~ vemos esse bola para tais provoca<;:oes, e 0 Samb6dromo foi inaugurado continente tao amea<;:ado. E senti que a campanha de defesa da America Latina na data prevista. Durante os tres meses que durou a constrw;:ao, atingia uma nova etapa, mais clara e vigorosa - como a muitas vezes visitei a obra, acompanhado de Darcy e Jose atua<;:ao surpreendente e corajosa de Chavez impoe. E 0 Carlos Sussekind, responsavel por sua estrutura, e, apesar desfile da Vila Isabel prossegu iu, com a escultura do prazo curto que tinhamos pela frente, Darcy nao se monumental de Bolivar a lembrar que as coisas se repetem, cansava de prop~r novas solu<;:oes. "Vamos fazer salas de que urgente a reorganiza<;:ao politica da America Latina, aula debaixo das arquibancadas?", sugeriu um dia. agora aTea<;:ada pelo imperi~ odioso de Bush. E la esta a escolinha que imaginou - e que ao Pouco conhecimento guardava daquela figura prefeito de Paris tanto espantou: "Nunca vi nada parecido", extraordinaria ... Artigos publicados, conversas politicas no disse. Recordo, com a obra quase concluida, Darcy a escrit6rio, sobretudo 0 livre de Gabriel Garcia Marquez, me pedir: "Oscar, faz qualquer coisa marcando 0 "0 General em seu Labirinto". 0 assunto me atraia, e recorri Samb6dromo". Trata-se do arco que projetei e que foi a enciclopedia. La estava a hist6ria desse her6i venezuelano, construido na pra<;:a da Apoteose, aplaudido com todo feito de coragem e desprendimento. E fiquei aver, emocionado, como 0 povo do Rio de entusiasmo por Brizola e Darcy. E no qual Cesar Maia resolveu pregar mais um dos inumeros anuncios da Janeiro participava de tudo aquilo com especial entusiasmo, prefeitura que espalha pela cidade - apesar de ser obra a se identificar com a luta politica que sentimos crescer em seus cora90es. realizada pelo governo de Brizola e tombada pelo Estado.

Lembrando 0 Camaval

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VILA


Vila Isabel

Ele carrega a Vila no nome e no corac;:ao. No carnaval dos trabalhadores do Brasil que vamos levar a Avenida, 0 nosso presidente de honra, Martinho da Vila, colaborou com sugest6es para 0 enredo. E, no lanc;:amento dos prot6tipos das fantasias, na . Cidade do Samba, a Vila compareceu em peso e ele . cantou com Tinga, para tornar a festa ainda mais emocionante. Valeu, Martinho!

"Serei Vila ate morrer" A dedicac;:ao de Martinho da Vi la a Vi la Isabel vem de longe, comec;:ou em 1965: sao mais de quatro • decadas de um casamento pra la de du radour01 Antes da Vila, participou da extinta Aprendizes da Boca do Mato. E por isso que ha mu ito tempo a hist6ria da Unidos de Vila Isabel se con fu nde cd'm a de Martinho da Vila. f Este ano , "Kizomba A Festa da Rac;:.a" faz aniversario de duas decadas e esta entre os mais memoraveis da hist6ria dos desfil es , garantindo para a Vila, em 1988, seu' consagrado titulo de cam pea do grupo especial. Mas 0 que era apenas um enredo transformou-se no grito "Valeu , Zumbi ", que e uma marca no lembranc;:a do povo. Sempre que se quer dizer que alguma coisa foi boa, que valeu, vale a pena dizer: "Valeu, Zumbi!". Caiu no gosto popular. Nosso maior sambista chega a ser modesto quando fala da sua contribuic;:ao hist6rica a Escola, mas todos sabem que tanto ele quanto a Vila tem uma trajet6ria em comum: " Penso que 0 que fiz de melhor pela Escola foi conseguir para ela 0 espac;:o onde ensaia hoje. Sou Vila de corac;:ao". Em um dos muitos sambas que Martin ho fez de exaltac;:ao a Escola, 0 "Grac;:a Divina" , ele ja dava 0 seu recado: "Agradec;:o a Ele do fundo do corac;:ao / Pel a grac;:a divina de a Vila eu pertencer / E repetirei sempre com toda minha emoc;:ao / Serei Vila Isabel ate morrer".

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Projeto Casa de Bamba executado desde os anos setenta e sempre foi patrocinado pela propria escola. No bairro de Vila Isabel, onde se tem a musica popular como elemento de agregayao da sociedade local, especial mente da parcela mais popular dessa sociedade, e se percebe a valorizayao de sua estima quando do reconhecimento de sua cultura, fazem da recuperayao permanente e do cultivo do samba atos de verdadeiras construyao e constituiyao social. Ainda mais, a boemia, na Vila Isabel de Noel e Martinho, se confunde com a propria historia do bairro. Ali, personagens ilustres se misturam com pessoas an6nimas na construyao dessa historia, das mais identificadas no cenilrio artistico nacional e internacional. Novos personagens surgem a cada dia nas rodas de samba, - formadas nas esq uinas e bares, nas quais composiyoes ineditas sao mostradas e sambas antologicos, que compoem 0 acervo dos autores jil consagrados, sao relembrados com reverEmcia. Compositores como Rodolfo de Souza e Paulo Brasao, entre outros grandes da nossa Agremiayao, se sentiriam felizes em ouvir suas canyoes entoadas e por poder presenciar as novas criayoes que hoje estaQ surgindo. E com esse espirito, entao, que a Unidos de Vila Isabel quer reapresentar uma das mais importantes tradiyoes da Escola, a Casa de Bamba. . Criado "nos anos setenta, denominou-se Casa de Bamba para notabilizar que acontecia num reduto tradicional do samba carioca e no qual os integrantes da Ala de Compositores buscavam uma maneira de divulgar su.!ls obras e de constituir um espayo proprio, que os identificasse. Hoje, a Casa de Bamba e um projeto onde a musicalidade desses autores, do passado e do presente, poden:! ser mostrada sem 0 estere6tipo que a midia impoe a nossa comunidade e ao publico em geral, que na sua grande maioria desconhece essas belas criayoes que fizeram e fazem parte da nossa escola.

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S6 quem viu pode contar A Vila e responsavel p~r capitulos inesqueciveis da historia dos carnavais. Desfiles como "Kizomba" e "Soy Loco per Ti America", entre outros, ficarao para sempre guardados nos corac;:i5es e nas mentes dos amantes do carnaval. Sao momentos magicos pintados de azul e branco.

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Na opiniao de Ricardo Kawa, 0 ideal seria transferir os desfiles para sabado e domingo a noite e ter 0 feriado na segunda feira. "Tudo isso tem 0 objetivo de fortalecer 0 carnaval como evento e tornar mais facil a venda dos pacotes turisticos desses periodos. Seria uma desvincula9ao da festa do calendario religioso" . l Outra paixao dos brasileiros , 0 futebol, tambem esta I1a mira dos empresarios da rede t' hoteleira: a Copa de 2014. Para que 0 evento seja um marco do ponto de vista turistico sera preciso investimento governamental em infrao carnaval ainda e 0 evento turistico que estrutura, 0 que 0 superintendente da ABIH mais atrai pessoas para 0 Brasil. E as Escolas de considera fundamental para colocar 0 Brasil definitiSamba sao conhecidas internacionalmente, vamente no cenario turistico mundial. "A Copa dara tornando esse periodo 0 mais rentavel no uma visibilidade que sera um divisor de aguas no nosso calendario turistico brasileiro. Para fortalecer ainda pais. Eo preciso fazer como a China esta fazendo, uma mais 0 carnaval uma proposta come9a a ganhar grande revolu9ao", compara Kawa. corpo, defend ida na imprensa pelo pesquisador Existem, ainda, medidas que podem ser tomadas Hiram Araujo: a cria9ao de um calendario fixe para para melhorar a qualidade do turismo, como a facilita9ao do os dias de carnaval. visto e 0 fim do sistema de reciprocidade para empresas A ideia come9a a ser debatida por aereas. Ainda hoje, segundo Ricardo Kawa, os turistas entidades como a Associa9ao Brasileira de Hoteis americanos que viajam ao Brasil vem, em sua maioria, (ABIH), que congrega 2,5 mil associados, e pela Liga a negocios, por causa da dificuldade de obter 0 visto. Independente das Escolas de Samba (Liesa). Mas "0 preside~te da nossa entidade, Alvaro Bezerra de Mello, e para que se torne realidade e preciso que passe pelo um ferrenho defensor da revisao desta polilica dos vistos. Congresso Nacional, atraves de um projeto-de-Iei: Nao podemos receber, num pais da dimensao do Brasil, "0 ideal seria que 0 carnaval fosse no primeiro final de menos lurislas do que Buenos Aires. 0 Brasil, com loda sua sel .lana de mar90. Assim, 0 periodo turistico terminaria beleza, lem resultados considerados pifios. Recebemos 8 mais tarde, gerando maior receita. Mas 0 mais milh6es de turistas no ano passado enquanlo a cidade de importante e permitir aos turistas brasileiros e Paris recebeu 40 milh6es. Esle ano, 0 50° Congresso estrangeiros possam organizar suas viagens com maior Nacional dos Holeis, que acontecera no Rio de Janeiro em antecedencia", explica Ricardo Kawa, superintendente agosto, vai debater justamente 0 tema da hotelaria no terceiro milenio", completa 0 superintendente. da ABI H nacional.

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Agosto de 2008 - Rio de Janeiro - RJ


Nossos agradecimentos a todos os parceiros que ajudaram a Vila a construir seus carnavais nos ultimos anos, que acreditaram na nova filosofia administrativa da Escola, que apostaram nas tradic;oes e, sobretudo, no grande protagonista da nossa Agremiac;ao: sua gente simples, batalhadora e que traz 0 azul e branco no corac;ao.

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Se 0 samba ja era imortal, imaginem agora que e Patrimonio Cultural Imaterial. A partir de um pedido do Centro Cultural Cartola, que realizou uma extensa pesquisa sobre 0 ritmo com auxilio de varios integrantes das ¡ Vel has Guardas das Escolas de Samba, 0 governo "Foi por meio de suas matrizes, Lula acaba de resgatar uma o samba de terreiro, partido alto divida historica. Com a deciou enredo, que 0 samba se sao do Iphan, as matrizes do tornou eco para sociedade. samba do Rio de Janeiro titulo de patrimonio imaterial foram registradas oficialWilson Moises e Mug recebem 0 titulo das maos de Lula e a coroa que falta a quem uniu, mente no Livro de Registro sem olhar cor ou ra9a, que das Formas de Expressao. A cerimonia contou com, a celebrou sem perguntar 0 nome ou profissao, e alegrou presen9a dos sambistas de diversas Escolas e 0 Preside1te gera90es pelo simples e arrebatador prazer de cantar a vida", Luiz Inacio Lula da Silva, entregou os titulos pessoalmente. afirma Nilcemar }jtmo agora figura ao lade de 11 bens culturais como Patrimonio Cultural do Brasil: Arte Kusiwa dos indios Wajapi, do Amapa; Oficio das Paneleiras de Goiabeiras, em Vitoria (ES); Samba de Roda no Reconcavo Baiano; Cirio de Nazare, no Para; alicio das Baianas de Acaraje; Modo de Fazer Viola-de-Cocho; Jongo do Sudeste; Cachoeira de lauarete, do Amazonas; Feira de Caruaru (PE) , Frevo de Pernambuco e Tambor de Crioula, do Maranhao. a Programa Nacional do Patrimonio Imaterial do Governo Federal reline uma serie de medidas para a i.dentilica9ao,. reconhecimento, salvaguarda e prom09ao Julinho e Ruth com 0 dos bens culturais de natureza imaterial, ou seja, das presidente Neta do sambista Cartola, a vice-presidente do expressoes populares que nao sao consideradas bens Centro Cultural , Nilcemar Nogueira, foi a responsavel pelo moveis. Atraves dessa medida, 0 governo Lula procura valorizar e proteger a prodU9aO de todas as forrnas de pedido da titula9ao do samba expres~ao artistica da arte popular. carioca. A pesquisadora, que

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ja loi diretora do Museu da Imagem e do Som, considera que a prom09ao a Patrimonio Cultural e importante para 0 brasileiro conhecer melhor a propria identidade. o grupo Velha Guarda Musical Nilcemar: autora da proposta

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REVISTA DA V I LA

canta na solenidade


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Vila Isabel

Seis decadas de saIllba o Gremio Recreativo Escola de Samba Unidos de Vila Isabel loi lundado no dia 4 de abril de 1946, por Antonio Fernandes da Silveira, popularmente conhecido como "Seu" China. A ideia de criar a Escola surgiu, no Domingo de carnaval, quando "Seu" China conversando com um grupo de amigos em um bar situado na Prac;:a Sete teve a sua atenyiio despertada para 0 lado do Bloco Academicos da Vila, que por ali passava, com os seus componentes lantasiados e isolados por uma corda, parecendo uma pequena Escola de Samba. Essa imagem despertou em "Seu" China 0 desejo de lundar uma Escola de Samba. Os componentes vieram de bloc6s da regiao, como a Academicos da Vila, 0 Dono Maria Tataia e 0 do Morro dos Macacos. A Unidos de Vila Isabel repetiu as cores da Escola de Samba Azul e Branco, da qual "Seu" • China lizera parte. Os primeiros ensaios aconteceram ntt quintal de sua propria moradia na rua Senador Nabuco. loi ele 0 primeiro presidente da Escola. D,1ntre fundadores liguravam: Antonio Fernandes da Sil,veira, Cleber, Antonio Rodrigues (funinho carpirleiro), Barbosa, Cesso da Silva, Joaquim Jose Rodrigues Osmar Mariano, Paulo Gomes de Aquino Brazao) e Servan Heitor de Carvalho.


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Em seu primeiro desfile, no ana de 1947, a Escola desfilou com 0 enredo De Escrava a Rainha, tendo apenas cem componentes: 27 ritmistas, 13 baianas e mais 50 pessoas, sendo, algumas delas, da diretoria. Em 1956, com 0 enredo Tres Epocas , foi vicecampea, subindo para 0 primeiro grupo. A Escola foi campea pela primeira vez em 1960, no Grupo 3, com 0 samba Poeta dos Escravos , de Geraldo Babao. Inicialmente, integravam 0 Grupo de Compositores Paulo Brazao , Tiao Grauna, Severo Gomes de Aquino (irmao de Paulo Brazao, con hecido nas rodas de samba como Birica), Rosario, Zeze Fonfon , Simplicio , Rodolfo de Souza e Djalma Fernandes da Silveira. Acompanhando 0 crescimento da Escola, surgiu a Ala: dos Compositores, integrada por Martinho da Vila, Ailton Rocha, Paulinho da Vila, Gemeu, Jonas Rodrigues, Jarbas Fernandes da Silveira, Ciro Baiano, Mariano Luz, Ze Branco, Irany (Olho Verde), Hilton Alfinito (Guadalupe), Aluisio Machado, Arroz e David da Vila. Em 1967, com 0 enredo Carnaval de lfus6es , a Unidos de Vila Isabel introduzi u a varia<;:ao de cores nas fantasias, proporcionando um espetaculo visual de bom gosto, sem fugir das cores basicas da Agremia<;:ao. Antonio Fernandes da Silveira "Seu" China, faleceu em 1976, com 76 anos de idade. Tres an os depois, 1979, a Vila Isabel seria campea' com 0 enredo as Dourados Anos de Car/os Machado, nil Grupo 1B. No ana seguinte, ficou em 2° lugar no grupo 1-A, com 0 enredo Sonho de um Sonho.

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VILA

Mas, foi em 1983, que 0 entao presidente Ailton Guimaraes Jorge (Capitao Guimaraes, um dos fund adores e, par diversas vezes presidente da LlESA-Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro, idealizador das grandes transforma<;:6es do carnaval carioca elevando 0 mesmo ao maior espetaculo da terra e tambem idealizador da Cidade do Samba), com 0 apoio dos diretares Helio Mota, Wagner Tavares Araujo e Jorge Perlingeiro, iniciOu um processo de reestrutura<;:ao, culminando com 0 enredo Raizes, de 1987, contemplado com grande numero de Estandartes de Ouro, fato que colocou a Vila Isabel na elite do Grupo especial, alem de ter side aclamada cam pea moral. Em 1988, a Unidos de Vila Isabel foi, pel a primeira vez, cam pea do Grupo Especial com 0 enredo "Kizomba, Festa da Raqa ". Um desfile memoravel e saud ado ate os dias de hoje. Dezoito anos ap6s 0 seu primeiro campeonato, no carnaval de 2006, na primeira gestao do presidente Wilson Vieira Alves, mais conhecido como Moises, a Unidos de Vila Isabel conseguiu 0 seu segundo campeonato. o enredo "Soy Loco por ti, America: a vila canta a latinidade ", do historiador Alex Varela e do carnavalesco Alexandre Louzada, foi um grande sucesso na Marques de Sapucai, contagiando a todos. No carnaval de 2007 , a Agremia<;:ao do bairro de Noel levou para a Marques de Sapucai 0 enredo "Mefamorfoses: do Reino Natural Corte Popular do Carnaval". C4 desfile foi luxuoso, bonito e bastante elogiado pelo publico e pela imprensa, fato que credenciou a escola a retornar no sabado das cam peas entre as principais for<;:as do carnaval carioca.

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Vila Isabel Nao existe bairro no Rio mais ligado as tradi<;:6es de liberdade e democracia do que Vila Isabel. A come<;:ar pelo nome, uma homenagem do Barao de Drummond a abolicionista Princesa Isabel. Na sua principal avenida, a 28 de setembro, escreve-se a hist6ria da aboli<;:ao da escravatura homenageando a data da assinatura da lei do ventre livre. Com uma heran<;:a como essa, a Vila nao poderia ser um lugar diferente 0 que influenciou fortemente na constru<;:ao de ~m reduto do samba. E nada mais democratico do que ser imortalizado por Noel Rosa, um cidadao de classe media que tinha prazer em viver 0 samba junto dos mais simples da Vila, bairro onde Noel nasceu, em 11 de dezembro de 1910.

Quem nasce hi na Vila ...

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Muitos outros val ores foram revelados ali: Orestes Barbosa, Pixinguinha, Braguinha, Martinho da Vila, Antonio Nassara, Joao de Barro, Guilherme de Brito, Margarida Ottoni, Aldir Blanc e Nei Lopes. Pelas cal<;:adas onde surgiram algumas das mais famosas composi<;:6es da MPB, varias delas, alias, pod em ser encontradas no chao, em partituras desenhadas na cal<;:ada com pedras portuguesas. 0 autor da ideia foi 0 arquiteto Orlando Madalena, em 1964, para comemorar os quatrocentos anos do Rio de Janeiro. Coube ao compositor Almirante escolher as 20 _ _ __ ..J musicas que ficariam gravadas no chao da Vila Isabel, algumas marcantes como "Pelo telefone" (Donga e Mano de Almeida), Feiti<;:o da Vila (Noel Rosa e Vadico) , "Aquarela do Brasil" (Ary Barroso), "Carinhoso" (Pixinguinha e Joao de Barro), "Luar do sertao" (Catulo da Paixao Cearense e Joao Pernambuco) , entre outras. Com uma hist6ria assim , a Vila s6 mostra que tem "umJeitic;:o sem farofa, sem vela e sem vintem, que nos faz bem. Tendo nome de princesa, transformou 0 samba num feitic;:o decente, que prende a gente."


Foi ele quem mudou nao s6 a hist6ria do samba para sempre, mas a da musica popular brasileira. Noel Rosa foi sambista, cantor, compositor e bandolinista. Apesar de ser fortemente identificado com a Vila, ele morreu em 1937, muito antes de a Escola de samba ser criada, em 1946. Ele partiu aos 26 an os deixando inumeros sucessos que sao regravados ate hoje. Com um filho tao ilustre, 0 bairro de Vila Isabel receberia, em 1934, uma especie de previsao feita por Noel com a musica "Feitir;:o da Vila": "Sao Paulo da cafe, Minas da leite e a Vila Isabel da samba!" o queixo enterrado do cantor, sua caracteristica mais marcante, foi resultado do afundamento da mandibula causado par um parto diffcil. E esta seria a sua marca registrada para sempre. Filho de classe media, estudou medicina, mas acabou nao se formando. Ele abrar;:ou com maestria a musica popular e nao a erudita, como seria 0 prov8vel por sua condir;:ao financeira, e fez parte de grupos como 0 Bando dos Tangaras, ao lado de Braguinha e Almirante, Alvinho e Henrique Brito. o sucesso s6 chegaria em 1930 com 0 lanr;:amento de "Com que roupa? ", um samba bem-humorado que sobreviveu decadas e hoje e um classico. Noel revelou-se um talentoso cronista do cotidiano, suas musicas sao marcadas pelo humor e pela veia critica. 0 compositor ja foi retratado como personagem no cinema e na televisao, interpretado por Chico Buarque no filme "0 mandarim" (1995) e Rafael Raposo no filme "Noel 0 poeta da Vila" (2006) .• Ele .tambem foi enredo da nossa escola e sempre e relembrado nos desfiles. Esse ano, a figura de Noel encerra 0 desfile como um dos profissionais do samba na ala Avante Trabalhadares do Brasil. Afinal, 0 sambista e ou nao e um exemplo do trabalhador brasileiro?

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