Revista Primaz - 7ª edição

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Ano 02 | Nº 7 | Ago/2019 a Out/2019

A revista da Arquidiocese de São Salvador da Bahia

Ela será SANTA! (2 Sm 13)

Irmã Dulce será elevada à honra dos altares, no Vaticano, em 13 de outubro; Em Salvador, a primeira missa pós-canonização acontecerá no dia 20. 1

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Foto: Daniela Andrade

CAPELA SAGRADA FAMÍLIA CONFISSÃO E DIREÇÃO ESPIRITUAL

MISSAS Domingo, às 7h e às 18h Segunda-feira, às 7h Terça-feira, às 7h Quarta-feira, às 7h Quinta-feira, às 7h e às 11h Sexta-feira, às 7h e às 12h Sábado, às 7h

ADORAÇÃO AO SANTÍSSIMO SACRAMENTO

Sexta-feira após a Missa das 7h

Quinta-feira, às 9h

*Para a direção espiritual é necessário agendar através do telefone (71) 4009-6612 ou pelo Whatsapp (71) 99179-0648

SECRETARIA

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Segunda a sexta-feira das 8h às 12h e das 13h às 17h


Sumário

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Palavra do Pastor

A Herança de Irmã Dulce

Notícias da Igreja

Congresso Arquidiocesano da Pastoral Familiar acontecerá em outubro

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Entrevista

Confira depoimentos de quem vive com alegria a vocação abraçada!

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Curiosidades

Você conhece os elementos que formam o brasão da Arquidiocese de São Salvador da Bahia?

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Pensando bem

Em artigo, catequista aborda a “Espiritualidade dos Crismandos”

Principal

Fábrica de hóstias possibilita geração de emprego e renda para jovens da Estrada do Cia

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Conheça a Arquidiocese

Associação dos Médicos Católicos reúne profissionais e estudantes da área de saúde

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Nossas Igrejas

Na Arquidiocese de Salvador, quatro paróquias estão localizadas na região das ilhas

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Editorial

Sara Gomes Jornalista

Expediente A Revista PRIMAZ é uma publicação da Arquidiocese de São Salvador da Bahia, produzida pela Pastoral da Comunicação (Pascom). Arcebispo Dom Murilo Sebastião Ramos Krieger, scj. Bispos Auxiliares Dom Marco Eugênio Galrão Leite de Almeida Dom Estevam dos Santos Silva Filho Dom Hélio Pereira dos Santos Assistente eclesiástico da Pascom Padre Valter Ruy Cordeiro Gonzaga Jornalista Responsável Sara Gomes (DRT/BA 3757) Estagiários da Pascom Alessandro Servilho Emilly Lima Redação Sara Gomes Emilly Lima Edição Sara Gomes Revisão Marize Pitta Diagramação Agência Hesed Impressão Gráfica XColorum Imagens Inteligentes Periodicidade Trimestral Tiragem 6.500 exemplares Endereço Av. Leovigildo Filgueiras, 270, Garcia Cep: 40.100-050 Salvador - BA Fale com a Redação revistaprimaz@arquidiocesesalvador.org.br Tel.: (71) 4009-6604

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com alegria que chega às suas mãos mais uma edição da Revista PRIMAZ, preparada com muito carinho e com o coração cheio de gratidão pela equipe da Pastoral da Comunicação da Arquidiocese de Salvador (Pascom). Este veículo impresso tem como capa o Anjo Bom da Bahia, a nossa querida e amada Irmã Dulce, que será canonizada no dia 13 de outubro deste ano. Na foto, ao lado da imagem, está o maestro José Maurício Bragança Moreira, que voltou a enxergar após receber o milagre por intercessão da freira, que será a primeira santa brasileira desta época. Irmã Dulce, que, no coração de muitas pessoas, já era santa, ajudou inúmeras pessoas, sempre, sem levar em consideração de onde elas vinham e o que elas tinham. Para ela, o que importava era fazer a vontade de Deus. Este amor tão forte e tão presente na vida de Irmã Dulce continua ecoando nos corações de outros fiéis, deixando cada vez mais visível que é possível ser santo nos dias de hoje. Se olharmos para a nossa Arquidiocese, por exemplo, veremos homens e mulheres de fé que dedicam o tempo e a vida para cuidar do próximo. Algumas dessas pessoas são leigas consagradas da Associação das Missionárias da Fraternidade Cristã (MFRAC), que voltaram os olhares para os moradores, de modo especial as crianças e os jovens, da região do Cia/Ceasa. Ao chegar ao local, as missionárias constataram que muitas vidas poderiam ser transformadas se houvesse uma creche para que os meninos e meninas pudessem passar o dia enquanto os pais trabalhavam. Com o passar dos anos, perceberam que era necessário mais do que uma creche e, assim, foram surgindo os projetos do Recanto da Transfiguração. Muita gente não sabe, mas lá existe uma fábrica de hóstias onde trabalham jovens do entorno e que é um dos braços responsáveis por manter algumas iniciativas. Nesta edição, nós também temos notícias da nossa Igreja Particular: missa em ação de graças pelo aniversário natalício de Dom Murilo, informações sobre o Dia

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Central de Ajuda ao Seminário (DICA), sobre o aniversário da Legião de Maria, sobre a Festa “Na Praça com Maria”. Também trouxemos informações sobre a assembleia geral do Setor Juventude e sobre a Assembleia Missionária Arquidiocesana, realizada pelo COMIDI. Ah, e quer saber mais informações sobre o Congresso da Pastoral Familiar? É só dar uma olhada na página 11! Vocação é sempre um tema abordado por nós com muito carinho. Por isso, nós colhemos depoimentos de diferentes pessoas, com a seguinte pergunta: “Como você descobriu a sua vocação e o que ela mudou em sua vida?”. Esta pergunta você também pode fazer a si mesmo! Você conhece os elementos que formam o brasão da Arquidiocese de São Salvador da Bahia? Sabe os significados? Sabe o porquê de o brasão ser, em sua maioria, amarelo e azul? Não?! Que tal aprender um pouco mais nas páginas 22 e 23? Em nossa Arquidiocese existe a Associação dos Médicos Católicos. Formada por médicos e por estudantes de medicina, a Associação leva a Palavra de Deus aos ambientes hospitalares. Para falar um pouco sobe este assunto, nós preparamos uma matéria nas páginas 24 e 25. Evangelizar através da música é possível? Claro que sim! E é assim que crianças e jovens vão aprendendo um pouco mais sobre Jesus, na Catequese Musical. Confira nas páginas 26 e 27. Outro assunto destacado nesta edição está na editoria “Nossas Igrejas”. Para quem não sabe, na região das Ilhas, quatro paróquias fazem parte da Arquidiocese de Salvador e na editoria “Nossas Igrejas”, nós falamos sobre elas. Nesta edição, temos, também, artigos. Um deles foi escrito pelo seminarista Rafael de Freitas Pereira, e o outro pelo catequista Matheus Galdino. Vale a pena conferir! E não para por aí! Nós preparamos um breve registro sobre a dedicação do altar e da capela militar Sagrada Família, na Base Naval de Aratu. Boa leitura!


Palavra do Pastor

A Herança de Irmã Dulce

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antificai em vossos corações o Senhor Jesus Cristo, e estai sempre prontos a dar a razão da vossa esperança a todo aquele que vo-la pedir.” Essa sugestão do apóstolo Pedro (1Pe 3,15) é uma síntese do que a Bem-aventurada Dulce dos Pobres procurou realizar ao longo de sua vida. Pedro estava preocupado com a perseguição que começara contra os primeiros cristãos e queria lhes ensinar como reagir, quando perseguidos. Recomendou-lhes dar um lugar especial a Cristo em seu coração, cultivando com ele uma profunda amizade, mesmo porque não era contra eles que nascia o ódio dos perseguidores, mas contra o Senhor Jesus. Irmã Dulce não foi perseguida, não foi caluniada e, longe de sentir nascer contra si o ódio da sociedade, era admirada, louvada e procurada por multidões. Sabemos que a causa de seu longo martírio – e uso aqui essa palavra no seu sentido original, referindo-me à pessoa que dá testemunho de Jesus Cristo, mesmo que isso lhe traga sofrimento – teve outras motivações: (1ª) Deus lhe deu um coração sensível, capaz de se condoer com a situação dos pobres. Ela, então, sofria porque, por mais que os ajudasse, via que mais lhe restava por fazer. (2ª) Deus permitiu que sua saúde fosse frágil. Como ela sentia a força de Cristo em seu coração, esquecia-se de seus próprios sofrimentos físicos, para debruçar-se sobre a dor dos pobres que encontrava ou que a procuravam. (3ª) Deus lhe concedeu um coração ousado, capaz de dar passos que o bom senso humano não recomendaria; por isso mesmo, ela precisou enfrentar incompreensões e sofrimentos. A síntese de seu martírio, contudo, foram os últimos dezesseis meses de sua vida – meses de agonia, meses de Calvário. Nessa última etapa de sua caminhada, passou por sofrimentos tais que nos fazem concluir que Deus não poupa em nada os seus amigos e amigas – antes, espera que lhe demonstrem seu amor também dessa forma e nessa hora, e o demonstrem especialmente aos necessitados. Nos pobres que Irmã Dulce acolhia, nos doentes que abraçava, nas crianças que encontrava abando-

Dom Murilo S.R. Krieger, scj Arcebispo de São Salvador da Bahia – Primaz do Brasil

nadas, tinha a capacidade de ver o rosto de Jesus. Por isso, não lhe era difícil socorrê-los; era, antes, uma oportunidade de demonstrar ao seu grande amigo o quanto lhe queria bem. Ela mesma testemunhou isso: “Não há maior alegria neste mundo que entregar-se totalmente a Deus, servindo-o na pessoa de nosso irmão mais necessitado, mais sofredor.” (Summarium, p. 580) Na proximidade de sua canonização, cabe-nos fazer a pergunta: Qual a herança que Irmã Dulce nos deixou? Ela nos deixou uma importante obra social e legou à Igreja uma nova congregação religiosa. Creio, contudo, que sua maior herança consiste na motivação que orientou sua vida, que a levou a fazer as escolhas que fez e que determinou a direção dos seus passos. Essa motivação tem o nome e o rosto de Jesus de Nazaré. Para Irmã Dulce, conhecer a Jesus Cristo pela fé foi a fonte de sua alegria; segui-lo foi uma graça, e transmitir o amor que dele recebeu, e com o qual se enriqueceu, foi a tarefa que sentia ser sua obrigação levar adiante. (Cf. Conferência de Aparecida, 18). Cabe-nos, pois, acolher essa herança e nos aprofundar nela. Para quem Irmã Dulce deixou sua herança? Ela a deixou para todos nós. Além de sermos responsáveis pela continuidade de sua Obra Social, somos herdeiros das motivações que orientaram e deram vida a seus passos. Contudo, não nos esqueçamos: será necessário, sim, ir ao encontro daqueles que foram a razão de ser dos trabalhos de Irmã Dulce. Mas, como ela, não lhes levemos apenas pão, remédio e cura física. Somos chamados a dar aos necessitados aquele pelo qual Irmã Dulce viveu, trabalhou e sofreu: Jesus Cristo. Em outras palavras: Irmã Dulce não nos deixou uma ONG para cuidar dos pobres. Deixou-nos, sim, uma missão: a de colocar esses nossos irmãos e irmãs que sofrem em contato com Jesus Cristo, para que tenham um encontro pessoal com ele e possam, então, segui-lo. Fazendo isso, estaremos demonstrando ter compreendido e acolhido a rica herança que a Bem-aventurada Dulce dos Pobres nos deixou. Ano 02 | Nº 7 | Ago/2019 a Out/2019

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Foto: Arquivo OSID

Vida da Igreja Sara Gomes

Irmã Dulce, o Anjo Bom da Bahia, será elevada à honra dos altares emoção que toma conta dos corações dos brasileiros desde o dia 18 de maio deste ano, quando foi anunciado, oficialmente, que Irmã Dulce será santa, é ainda mais forte nos corações dos soteropolitanos que aguardam, com ansiedade, o momento em que o Anjo Bom da Bahia será elevado à honra dos altares: 13 de outubro de 2019, durante celebração que será presidida pelo Papa Francisco, no Vaticano, em Roma. Neste dia, além de Irmã Dulce, outros quatro beatos serão canonizados. Enquanto, em Roma, o anúncio da data da canonização (13 de outubro) era feito pelo Papa Francisco, durante o Consistório Ordinário Público, realizado em 1º de julho; em Salvador, inúmeros fiéis se uniram aos jornalistas, durante coletiva de imprensa realizada no Santuário da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, para ouvir a emocionante notícia dada pelo Arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil, Dom Murilo Krieger. “Quero lhes dizer que foi oficialmente declarado que a canonização da nossa Bem-Aventurada Dulce dos Pobres será no dia 13 de outubro de 2019. Neste dia, às 10h, no Vaticano, numa celebração presidida pelo Papa Francisco, a nossa Irmã Dulce passará a ser, oficialmente, chamada de santa e, a partir daí, poderão ser celebradas missas e a oração particular. No dia seguinte, portanto, 14 de outubro, às 10h, na Igreja Santo Antônio dos Portugueses, em Roma, nós teremos a missa da Santíssima Trindade, agradecendo este dom que a Igreja receberá no dia anterior. No dia 20 de outubro, às 16h, na Arena Fonte Nova,

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Ela será a primeira santa brasileira de nossa época. É o terceiro processo de canonização mais rápido da Igreja Católica afirmou Dom Murilo. em Salvador, será a primeira missa oficial no Brasil”, disse Dom Murilo. Não faltaram lágrimas, sorrisos e aplausos quando os fiéis receberam a notícia sobre a data da canonização, mas eles se multiplicaram quando Dom Murilo anunciou o nome pelo qual Irmão Dulce passará a ser invocada: Santa Dulce dos Pobres. “Ela será a primeira santa brasileira de nossa época. É o terceiro processo de canonização mais rápido da Igreja Católica. O primeiro foi o do Papa São João Paulo II, que foi canonizado 9 anos após a sua morte; depois, madre Tereza de Calcutá, que foi canonizada 19 anos após a sua morte; e, agora, veio Irmã Dulce dos Pobres,


que será canonizada após 27 anos de sua morte e no ano que esta Obra Social [Obras Sociais Irmã Dulce] comemora 60 anos”, disse o Arcebispo, completando que o dia litúrgico da Santa Dulce dos Pobres será celebrado em 13 de agosto.

O miraculado Para que Irmã Dulce pudesse ser canonizada, era preciso a comprovação de um milagre. Entre os muitos relatos e testemunhos de fé, um passou a ser estudado pelo Vaticano: o do maestro José Maurício Bragança Moreira. Vítima de um glaucoma, José Maurício ficou cego durante 14 anos. De acordo com ele, os médicos afirmavam que a situação era irreversível. Porém, no dia 10 de dezembro de 2014, um milagre mudaria por completo a vida de José Maurício. Após quatro dias sem dormir, devido a uma conjuntivite viral, o maestro pegou a pequena imagem de Irmã Dulce que estava sobre o criado-mudo, ao lado da cama, colocou-a sobre os olhos e pediu que ela intercedesse para que ele conseguisse dormir. Quase que de imediato, José Maurício sentiu sono e adormeceu. Pela manhã, ao fazer nos olhos uma compressa com gelo, pouco a pouco ele foi enxergando a própria mão. “Eu ouvi de médicos que eu nunca ia voltar a enxergar porque a visão perdida do nervo ótico não se recupera. Eu nunca pedi para voltar a enxergar, pois eu tinha consciência de que era impossível. O que Irmã Dulce me deu foi muito mais do que a cura da conjuntivite ou o alívio da dor. Ela atendeu a minha oração. É uma gratidão infinita, pois eu nunca imaginei que isso ia acontecer em minha vida”, disse o miraculado. Embora tenha voltado a enxergar, os exames clínicos do miraculado continuam como sendo de um paciente cego. Foto: Sara Gomes

Após 14 anos cego, o maestro José Maurício Bragança Moreira voltou a enxergar graças ao milagre por intercessão de Irmã Dulce.

O que Irmã Dulce me deu foi muito mais do que a cura da conjuntivite ou o alívio da dor. Ela atendeu a minha oração. É uma gratidão infinita, pois eu nunca imaginei que isso ia acontecer em minha vida. disse o miraculado.

Preparativos Após a canonização, no dia 13 de outubro, Dom Murilo presidirá a primeira missa em honra à Irmã Dulce - que já será Santa Dulce dos Pobres –, no dia 14 de outubro, na Igreja Santo Antônio dos Portugueses, também em Roma, na Itália. Enquanto isso, em Salvador, milhares de fiéis estarão se preparando para o domingo seguinte, 20 de outubro, quando acontecerá a primeira missa à Santa Dulce no Brasil, às 16h, na Arena Fonte Nova. A Celebração Eucarística será presidida por Dom Murilo e concelebrada por bispos e padres da Arquidiocese de Salvador e de outras Arquidioceses e dioceses. Para organizar esta Celebração, a Arquidiocese de Salvador instituiu a Comissão Arquidiocesana para a Celebração Pós-Canonização da Bem-Aventurada Dulce dos Pobres. Entre as homenagens que acontecerão neste dia, uma será especial: 500 crianças do Centro Educacional Santo Antônio (CESA), conhecido como a escola de Irmã Dulce, farão uma apresentação. “As crianças estão se preparando para apresentar uma grande peça musical contando a história dos 60 anos das Obras Sociais. A minha sensação é de dever cumprido, missão cumprida. Os sonhos continuam e eu quero continuar realizando os sonhos dela na ajuda aos mais pobres, porém, a minha missão foi cumprida”, disse Maria Rita, sobrinha de Irmã Dulce. “É uma emoção muito grande, de graças, de bênçãos. Ter uma fundadora como santa é uma graça muito grande, são bênçãos de Deus. Eu não a conheci, mas cheguei na Congregação no mesmo mês em que ela faleceu. Pelos testemunhos e pela história, é como se eu tivesse conhecido Irmã Dulce. Eu bebo dessa fonte a cada dia, aqui, no hospital, é como se eu estivesse caminhando junto com ela. É um momento muito forte, de graça e de alegria”, afirmou a Irmã Josinete Maria Costa, da Congregação Filhas de Maria Serva dos Pobres, fundada por Irmã Dulce. Ano 02 | Nº 7 | Ago/2019 a Out/2019

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Foto: Arquivo OSID

O maior hospital da Bahia - Hospital Santo Antônio - teve início em um galinheiro. Atualmente, a entidade filantrópica abriga um dos maiores complexos de saúde 100% SUS do Brasil.

É possível ser santo nos dias atuais! “Irmã Dulce foi em nossa frente para dizer: a santidade em nossa época é possível; a santidade em nossa época não é algo irrealizável, não é para um grupinho de pessoas privilegiadas: é para todos. E ela veio nos mostrar isso amando, amando a Jesus, servido a Jesus nos pobres. É possível sermos santos! Nós vamos ter um exemplo muito concreto de como agradar a Deus. Agrada a Deus quem faz a Sua vontade, a vontade de Deus é que a gente O ame sobre todas as coisas, e ame ao próximo de forma muito concreta. Então, agora, nós vamos seguir com mais carinho, com mais disposição, nos voltar para os necessitados, que são muitos em nossa cidade, em nosso país, cada um fazendo o que estiver ao seu alcance. Muitos, talvez, em números fizeram mais do que Irmã Dulce, mas poucos fizeram com tanto amor e é isso o que caracteriza o trabalho dela: o amor que ela colocou naquilo que ela fez”, afirma Dom Murilo.

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Foto: Sara Gomes

Notícias da Igreja Por Sara Gomes

Arquidiocese de Salvador celebrará o aniversário natalício de Dom Murilo ara louvar e agradecer a Deus pelos 76 anos de vida do Arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil, Dom Murilo Krieger, uma Missa em Ação de Graças será celebrada no dia 19 de setembro, às 7h30, na Capela Sagrada Família (Avenida Leovigildo Filgueiras, 270, Garcia – antiga Dorotéias). A Celebração Eucarística será concelebrada pelos bispos auxiliares e por padres da Arquidiocese de Salvador. Também estarão presentes religiosos, religiosas, leigos e leigas e familiares do Arcebispo.

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Foto: Divuolgação

D om M u r i lo com p le t a rá 7 6 a n os de vida COMIDI realizará Assembleia Missionária Arquidiocesana Conselho Missionário Diocesano (COMIDI) realizará, no dia 15 de setembro, a Assembleia Missionária Arquidiocesana. O evento acontecerá das 8h às 12h, no auditório do Centro de Pastoral, localizado na Cúria Bom Pastor (Avenida Leovigildo Filgueiras, 270, Garcia). Podem participar os representantes dos institutos religiosos, missionários e missionárias, grupos de missão, COMIPAS e coordenadores de pastorais e movimentos. Mais informações pelo telefone (71) 4009-6605.

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Para este encontro, o COMIDI pede que cada paróquia e capelania envie dois representantes de grupos que atuam na dimensão missionária.

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Jornada de Espiritualidade dos Crismandos reunirá centenas de jovens Pastoral Catequética da Arquidiocese de Salvador promoverá, no dia 15 de setembro, mais uma edição da Jornada de Espiritualidade dos Crismandos. Este ano, o encontro acontecerá na Universidade Católica do Salvador (UCSal) – Campus da Federação, das 13h às 17h. A Jornada de Espiritualidade dos Crismandos tem como objetivo reunir os jovens que se preparam para receber o sacramento da Crisma. Na ocasião, os crismandos poderão fazer perguntas ao Arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil, Dom Murilo Krieger, que abordará o tema central e também presidirá a Missa de encerramento. O investimento é no valor de R$ 5 e para saber mais informações, o interessado pode entrar em contato através do e-mail: catequesearquidiocesana@ gmail.com ou pelo telefone (71) 4009-6628.

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Legionários participam de encontro para celebrar o aniversário da Legião de Maria ara comemorar os 98 anos de evangelização no mundo, 68 no Brasil, 63 na Bahia e 33 anos de elevação do Senatus de Salvador, a Legião de Maria realizará um encontro no dia 7 de setembro. A atividade, que reunirá os legionários de toda a Arquidiocese de Salvador, acontecerá na Universidade Católica do Salvador – Campus da Federação, a partir das 7h30. O ponto alto do encontro será a Missa, que terá início às 11h30. Mais informações pelo telefone (71) 3241-4594.

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Jovens participarão da Assembleia Geral do Setor Juventude om o objetivo de organizar as atividades para o ano de 2020, o Setor Juventude realizará a Assembleia Geral no dia 28 de setembro. A atividade acontecerá a partir das 9h, no Centro Arquidiocesano de Pastoral – Cúria Bom Pastor (Avenida Leovigildo Filgueiras, 270) e contará com representações dos grupos pastorais, movimentos, congregações e foranias que compõem o Setor.

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Congresso Arquidiocesano da Pastoral Familiar acontecerá em outubro mês de outubro terá início com um evento especial, que é o Congresso Arquidiocesano da Pastoral Familiar. A atividade acontecerá a partir das 19h do dia 4 outubro e seguirá até às 12h do dia 6, no Colégio Nossa Senhora das Mercês, localizado na Avenida Sete de Setembro (Centro, Salvador) e terá como tema central “A família como vai?” – o mesmo que foi abordado há 25 anos pela Campanha da Fraternidade. O evento marca a Semana da Vida em Salvador.

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A atividade marcará a caminhada da Legião de Maria 10

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DICA: Seminário São João Maria Vianney abrirá as portas para a comunidade o dia 25 de agosto, o Seminário São João Maria Vianney, localizado na Federação, abrirá as portas para que a comunidade possa conhecer e ajudar a Casa de Formação dos futuros padres. Conhecido como Dia Central de Ajuda ao Seminário (DICA), o evento terá início com a missa, às 8h, e seguirá até às 18h com shows, brincadeiras para as crianças e barracas com diferentes iguarias da culinária italiana, portuguesa, espanhola e nordestina, além de outros pratos que garantirão um cardápio variado. Em outros stands, será possível encontrar à venda artigos religiosos e bazar. A entrada é gratuita e, para saber mais informações, o interessado pode conferir o perfil do Seminário no Instagram: @seminario.central ou entrar em contato pelo telefone (71) 2201-2411.

Foto: arquidiocesesalvador.org.br

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Um aplicativo que conecta a paróquia ao fiel O app integrado ao melhor sistema de gestão eclesial

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2ª edição da festa “Na Praça com Maria” animará Paróquia N. Sra. da Assunção Foto: Reprodução

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elo segundo ano consecutivo, a Paróquia Nossa Senhora da Assunção promoverá o evento “Na Praça com Maria”, como parte dos festejos em homenagem à padroeira. Em 2019, a festa será realizada nos dias 30, das 18h às 22h, e 31 de gosto, das 11h às 22h; e 1º de setembro, das 11h às 20h, na praça que leva o nome da paróquia, localizada no Caminho das Árvores, próxima à Matriz. Nesta edição, a expectativa é que 6 mil pessoas participem durante os três dias da festa, que tem como objetivo arrecadar recursos para projetos sociais voltados à terceira idade, para a doação de cestas básicas, além da construção do centro comunitário onde serão oferecidas inúmeras atividades. Na ocasião, estarão disponíveis stands com comidas italianas, alemães, portuguesas, espanholas, árabes, baianas, gaúchas, além de tortas, bolos e salgados, hambúrgueres, guloseimas, sucos, sanduíches, pizzas e tapiocas. Para participar, o interessado deve adquirir um ingresso na secretaria paroquial (Rua das Rosas, 467, Parque Nossa Senhora da Luz, Caminho das Árvores), ou no local do evento. Toda a programação e as novidades podem ser acompanhadas através do perfil no Instagram: @napracacommaria

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Foto: Edna Vieira / Adora Comunicação

Entrevista Por Emilly Lima

Vocação: chamado do Pai que chega aos corações dos filhos acerdotal, matrimonial, religiosa, leiga ou catequista. Já sabe sobre o que vamos falar? Se pensou em vocações... acertou! Etimologicamente, a palavra vocação significa “chamado”, mas é necessário entender que cada pessoa é um vocacionado. E não se trata de qualquer chamado, mas sim, de um chamado vindo do próprio Deus, já que Ele nos chamou a viver em plenitude. Em entrevista à equipe da Revista Primaz, o padre Lourival da Cruz, responsável pela Pastoral Vocacional da Arquidiocese de Salvador, explicou que a inquietação do jovem para descobrir qual caminho seguir não pode ser entendida simplesmente pelo uso da razão, porque o chamado é direcionado ao coração de cada indivíduo para dar sentido à sua vida. Portanto, é preciso estar em equilíbrio com dois elementos: a razão e a fé. O padre afirmou, ainda, que não há uma fórmula pronta para descobrir as vocações: é necessário deixar Deus falar. “Nem sempre Aquele que fala é escutado. Então, o primeiro passo seria deixar Deus falar, ouvir e acolher tudo o que lhe é dito. É preciso estar atento aos sinais que se revelam por meio das pessoas e dos acontecimentos, sobretudo, na profunda intimidade com o Senhor, por meio de uma vida de oração”, orienta. Diante desta certeza de que é preciso deixar Deus falar e abrir o coração para ouvir a Sua voz, nós queremos saber: Como você descobriu a sua vocação e como ela mudou a sua vida? 14

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Foto: Arquivo pessoal

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Elieuda Gonçalves, Catequista da Paróquia Sant’Ana “Em 1976, recebi o sacramento da Confirmação e o padre pediu para que cada crismando assumisse uma tarefa na Igreja; então, eu comecei ajudando na preparação das crianças da Primeira Comunhão. Senti muita alegria em realizar os encontros e descobri que ser catequista é um chamado de Deus na minha vida, uma missão”.


Foto: Arquivo pessoal

Foto: Emilly Lima

Irmão Victor Cerqueira, Leigo consagrado “Descobri minha vocação aos 12 anos, quando participei de um retiro do grupo de Perseverança. Lembro que a Irmã Andréia, da Comunidade Anawim, falava sobre sua renúncia e, também, sobre sua satisfação e grande alegria em servir a Jesus. Após sair do encontro, com uma inquietação no coração, fui atrás do padre Reginaldo Moraes para conversar e, depois, fui atrás da Comunidade das Irmãs Leigas de Santo Agostinho e conheci as Irmãs Damiana e Marília, que me ajudaram muito a fazer o meu de discernimento vocacional. Elas já sabiam o motivo da minha procura, e disseram: “Isso é um sinal para você pertencer à família religiosa”, e eu fiquei tão feliz. E, a partir daí, comecei todo o processo”.

Irmã Alexsandra Araújo, religiosa da Congregação das Irmãs Paulinas “Minha vocação surgiu com o impulso motivador da minha realidade paroquial, no qual percebia que necessitava de pessoas para motivar e colaborar nas pastorais da comunidade. Através desse apelo de Deus, suscitou em meu coração a vontade de me dedicar totalmente a uma missão específica. Conheci as Irmãs Paulinas na Universidade da minha cidade (Recife), pois as Irmãs estudavam teologia, e, partir de então, fiz meu discernimento vocacional e ingressei na Congregação. Hoje, com grande alegria, testemunho que esta escolha mudou e me transformou profundamente. E é nesta alegria e doação diária que comunico a minha experiência com Jesus”.

Foto: Sara Gomes

Emília Navarro de Brito, leiga da Paróquia Nossa Senhora da Vitória “Sempre fui uma pessoa de fé, oração e de participação nas missas e em todas as cerimônias da Igreja, mas era uma fé intimista. Gostava de sentar no fundo da Igreja. Meu pároco, padre Luís Simões, sempre me convidava para me engajar na Pastoral, enfim, ajudar na Igreja. Quando decidi e me comprometi com o serviço, foi um mundo novo que se abriu para mim. Eu me encontrei, descobri minha vocação. O serviço na Igreja é uma bênção, uma alegria permanente, descobrem-se os dons, o acolhimento, a escuta, a liturgia, o dízimo. Todos nós temos dons, ninguém tem todos, nem ninguém não tem nenhum. Descubra os seus dons, a sua vocação e sirva à sua Igreja”. Ano 02 | Nº 7 | Ago/2019 a Out/2019

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Foto: Sara Gomes

Principal Por Sara Gomes

OPORTUNIDADE DE TRANSFORMAÇÃO SOCIAL No Recanto da Transfiguração, Fábrica de Hóstias Papa Francisco gera emprego e renda para jovens a região do Centro Industrial de Aratu, próxima à Estrada do Cia, não é difícil encontrar quem conheça o Recanto da Transfiguração do Senhor. O sítio é uma referência para as famílias do entorno, de modo especial para os pais e para as mães que possuem filhos pequenos e, precisando trabalhar, não sabem com quem deixá-los. Porém, mais do que uma creche, o local é marcado pela união entre a espiritualidade e a transformação social por meio de gestos concretos. Embora se tenha muita coisa para escrever sobre o Recanto da Transfiguração, ao marcar a entrevista, a equipe da Pastoral da Comunicação Arquidiocesana (Pascom) tinha como objetivo mostrar a iniciativa da fábrica de hóstias, pouco conhecida, como oportunidade para os jovens do entorno. Mas, ao chegar ao sítio, a pauta inicial foi modificada diante da grandeza que envolve os projetos sociais, até chegar à fábrica de hóstias. Formado por leigas consagradas da Associação das Missionárias da Caridade (MFRAC), o Recanto da Transfiguração deu início às ações voltadas para a comunidade dois anos após a chegada das missionárias. “Nós estamos aqui há 17 anos. Dois anos depois que chegamos, nós ouvimos o grito do nosso entorno através de uma mãe que, aos 17 anos, estava grávida. Percebemos que não adiantava apenas dar o enxoval e, olhando a realidade de outras meninas como ela, construímos uma creche para 60 crianças, para que as mães pudessem trabalhar. Tudo foi feito com do-

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Nós estamos aqui há 17 anos. Dois anos depois que chegamos, nós ouvimos o grito do nosso entorno através de uma mãe que, aos 17 anos, estava grávida. Percebemos que não adiantava apenas dar o enxoval e, olhando a realidade de outras meninas como ela, construímos uma creche para 60 crianças, para que as mães pudessem trabalhar. Tudo foi feito com doação.

afirma Gisa Maia, Coordenadora do MFRAC na Arquidiocese de Salvador


ação”, afirma Gisa Maia, coordenadora do MFRAC na Arquidiocese de Salvador. O amor pelas crianças e a preocupação com a difícil realidade enfrentada por cada uma delas foram além do que, inicialmente, se pensava. Após dois anos do início do funcionamento da creche, as leigas consagradas viram que era necessário dar passos maiores. “Quando as crianças que entraram no início da creche completaram 5 anos, era o momento de saírem daqui e entrarem na Rede Municipal de Ensino, mas elas se recusaram e vieram falar comigo: ‘vovó, a gente não quer sair daqui, não! A gente quer continuar aqui. A gente vai fazer o quê em casa? Vai comer como?’”, recorda Gisa. As palavras das crianças motivaram as consagradas e, com a ajuda de um jornalista amigo, prepararam um curta-metragem. O objetivo do vídeo era mostrar, em um encontro que aconteceria na Suíça, a realidade das crianças e, assim, pedir ajuda para as atividades do Recanto. “No curta-metragem nós fomos ouvir o que as crianças tinham a nos dizer. Perguntamos qual era o sonho delas e elas começaram a responder: um queria ser médico, outo queria ser jogador de futebol, outro queria uma biblioteca, ou-

tro queria uma lan house e assim por diante. Depois, eu estive em um encontro numa paróquia da Suíça e lá nós passamos o vídeo. Eles choraram muito ao ver a realidade daqui. Foi então que teve início um movimento muito lindo e, com as doações, nós demos início ao Projeto Talitha Kumi”, conta Gisa. As palavras Talitha Kumi significam “Menina, eu te digo, levanta-te”. Foi o que disse Jesus à filha de Jairo, que era um dos chefes da sinagoga. Ao ouvir Jesus, a menina, que já estava morta, tornou a viver. “Eu dizia para os suíços que a menina só dorme, ela não morreu. Se a gente fizer as coisas certas, ela vive: além de dar alimento, precisamos tirar estas crianças do gueto. Nós percebemos que a favela é muito mais grave pela falta de perspectiva, de sonho, de oportunidade”, diz Gisa. Inicialmente, foram sendo criadas oficinas, com o apoio de outras instituições, como a Universidade Católica do Salvador (UCSal), para as crianças que já estavam com mais de cinco anos. “Então, as nossas crianças cresceram, surgiu um posto de saúde aqui, porque nós trabalhamos saúde e educação. Enquanto as crianças estão aqui, elas têm todo o suporte de dentista, pediatra, medicação, exames. Fazemos

Foto: Sara Gomes

Fábrica de Hóstias ajuda a manter projetos sociais do Recanto da Transfiguração. Ano 02 | Nº 7 | Ago/2019 a Out/2019

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Foto: Sara Gomes

Gisa Maia, coordenadora do MFRAC na Arquidiocese de Salvado, fala com amor sobre os projetos desenvolvidos junto às crianças e jovens da região.

aqui, pois sabemos que não encontramos este respaldo na sociedade, na rede municipal. Porém, quando elas estavam com 13 anos, terminava o tempo delas aqui”, conta. Neste momento, as missionárias se perguntaram: o que vamos fazer? Foi então que, para dar uma melhor qualidade de vida aos meninos e às meninas, as leigas consagradas iniciaram mais um projeto: o Efatá, voltado para adolescentes com idades entre 14 e 17 anos. Porém, para que a iniciativa pudesse ter início, era necessário pensar em algo que a pudesse manter. Foi então que o MFRAC pensou em montar uma padaria: ao mesmo tempo em que seria um ‘braço’ para a sustentabilidade do projeto, ela seria a possibilidade de os adolescentes aprenderem um ofício. “Quando a padaria já estava para ficar pronta, a gente percebeu que não poderia colocar os meninos em quase nenhum serviço, por causa da lei. Neste período, aconteceu aqui uma série de assaltos e, por causa disso, nós pensamos em outra coisa, foi então que surgiu a ideia de uma fábrica de hóstias”, afirma Gisa. Com a produção das hóstias, um novo momento começou no Recanto da Transfiguração: a iniciativa, além de dar sustentabilidade ao Efatá, também colabora na transformação social dos jovens da comunidade.

Foto: Sara Gomes

A mistura feita com água e farinha de trigo é colocada na prensa térmica a 150º e em 1 minuto e 20 segundos a hóstia fica pronta. 18

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Foto: Sara Gomes

“É graças a este projeto que eu estou realizando os meus sonhos”, afirma Daniele Souza de Jesus. A jovem, atualmente com 19 anos, foi aluna dos projetos e hoje é funcionária da Fábrica de Hóstias.

A fábrica Mesmo quem entra no sítio Recanto da Transfiguração não consegue imaginar que ali, em algum espaço, existe uma fábrica. Com carinho, Gisa conduziu a nossa equipe e, logo na entrada, já foi possível ver pacotes com hóstias de diferentes tamanhos, embaladas para distribuição. O nome da fábrica? Fábrica de Hóstias Papa Francisco. Na sala de produção, todo o cuidado e respeito das funcionárias na produção das hóstias. Para quem não sabe, a hóstia é feita com água e farinha. A mistura é colocada na prensa térmica a 150º e em 1 minuto e 20 segundos a hóstia – em formato de um grande disco – fica pronta. É nesta mesma máquina que o símbolo litúrgico é impresso. Mas o trabalho não para por aí. Em seguida, o disco é levado para a estufa, onde permanece por 15 minutos. Após este tempo, ele é retirado, as bordas são aparadas e o disco é levado para a máquina de corte, podendo ter 3,6 cm ou 4cm, para consumo dos fiéis, ou 8cm, 12cm ou 14cm para o consumo sacerdotal. Para manter a qualidade das hóstias, elas são encaminhadas para o processo de separação das partículas. As que estão com pequenos defeitos são descartadas. Para esta produção, cinco funcionárias e inúmeros

Aqui, para mim, vai para além de ser um trabalho, pois também envolve a minha religião. Para mim, como católica, trabalhar na fábrica de hóstias é uma satisfação enorme. afirma Laiane Oliveira, 24 anos, funcionária da fábrica. voluntários se dedicam diariamente. “Aqui nós temos as adolescentes que fazem parte da comunidade, algumas foram nossas alunas e, agora, estão voltando como primeiro emprego. Ao invés de estar do lado de fora, expostas a qualquer outro tipo de coisa, elas estão aqui dentro, produzindo as hóstias. Aqui elas adquirem a experiência para o futuro delas”, afirma a gerente da fábrica, Ana Lúcia Sacramento de Almeida. Segundo ela, por dia são produzidos 20 pacotes de hóstias, cada um deles com 500 a 600 hóstias. Uma dessas meninas que fazia parte do projeto e atualmente é funcionária da fábrica é Daniele Souza Ano 02 | Nº 7 | Ago/2019 a Out/2019

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Foto: Sara Gomes

Depois de prontas, as hóstias são empacotadas de acordo com o tamanho

de Jesus, de 19 anos. “É graças a este projeto que eu estou realizando os meus sonhos, além de ser gratificante saber que eu faço algo que ajuda outras pessoas também”, diz. Embora as dificuldades para manter a fábrica sejam muitas, as leigas consagradas do MFRAC não desistem. Em uma destas dificuldades, elas sentiram, ainda mais forte, a mão de Deus, sobre este projeto. “Uma das nossas máquinas dava muito problema, o povo pedindo as hóstias e a gente sem conseguir entregar. Eu rezei e disse a Jesus que não aguentava o que estava acontecendo e, neste mesmo dia, nós recebemos uma jovem, que era uma Irmã Clarissa Franciscana de Mato Grosso. Ela nos viu rezar e, logo depois, me disse que o convento onde morava havia recebido uma doação de um maquinário completo que tinha chegado da Alemanha e ainda estava embalado. Ela me disse que, só para tirar o maquinário da alfândega, havia sido 40 mil reais e me pediu para falar com a madre. Eu liguei, expliquei o projeto e disse à madre que só tinha 30 mil. E ela me respondeu: ‘está vendido, porque nós temos o mesmo objetivo de servir a Cristo’”, conta Gisa. Aos poucos, a Fábrica de Hóstias Papa Francisco vai se tornando conhecida e já é procurada por paróquias da Arquidiocese de Salvador e da Diocese de Camaçari. “Aqui, para mim, vai para além de ser um trabalho, pois também envolve a minha religião. Para mim, como católica, trabalhar na fábrica de hóstias é uma satisfação enorme”, afirma Laiane Oliveira, 24 anos, funcionária da fábrica.

Quer conhecer o Recanto da Transf iguração e também ajudar, de alguma forma, os projetos sociais? Então, entre em contato pelo telefone (71) 4102-2816

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Curiosidades

O Brasão da Arquidiocese Primaz do Brasil eja em documentos oficiais ou em peças gráficas, com certeza, você já deve ter visto o brasão da Arquidiocese de São Salvador da Bahia. Embora não se tenha registro do ano em que foi confeccionado, a criação do brasão é atribuída ao Irmão Paulo Lachenmayer, OSB (1903 - 1990) e somente em 2011 – mesmo ano da posse de Dom Murilo como Arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil – a peça original foi resgatada pelo ex-aluno do monge, Victor Hugo Carneiro Lopes, especialista em heráldica, que é a arte de desenvolver brasões.

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Em um manuscrito datado de 1955, Irmão Paulo o descreveu da seguinte maneira: “Brasão de Armas da Arquidiocese Primacial do Brasil, “SSmi. Salvatoris”. Criada Diocese aos 25-II-1551 e elevada à categoria de Arquidiocese aos 16-XI-1676. Escudo: Partido de azul e ouro, com um mundo entre-cambado. Insígnias: Mitra, cruz patriarcal e báculo. Comentário: Na terminologia heráldica, entende-se por mundo um globo com um cinto, e um arco na parte superior, rematado com uma cruzeta, que é o símbolo do Salvador do Mundo. Como tal, já foi aplicado nos pórticos laterais da antiga Sé primacial. Salvador, 27 de junho de 1955 – Ir. Paulo Lachenmayer, o.s.b.”

Para a melhor compreensão dos elementos que formam o brasão, é importante observar: 22

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1. “Os matizes do escudo, de azul e de ouro, cores das suas vestes, evocam Nossa Senhora, Maria Santíssima, Mãe de Cristo e da Igreja, Rainha do Universo, Guia da Nova Evangelização e Advogada nossa. 2. Centrado sobre o campo partido do escudo, destaca-se, entre-cambado, um mundo cintado e arqueado, encimado por uma Cruz, que representa Jesus, Filho unigênito de Maria Santíssima, Salvador do universo, Padroeiro desta Arquidiocese. O globo terrestre, rematado pela Cruz da Salvação, é sempre apresentado em azul, cintado e arqueado de ouro, rematado com uma Cruz do mesmo metal. 3. A mitra, a cruz e o báculo formam um conjunto que constitui o múnus do bispo, sucessor dos apóstolos e pastor da diocese. 4. A mitra ostenta três cruzetas de prata, por ser Arquidiocese Primacial. 5. Abaixo da mitra, está o pálio, que é uma vestimenta litúrgica que consiste em uma faixa de lã branca utilizada somente pelo Papa, pelos cardeais e pelos bispos metropolitanos e primazes. O Pálio simboliza a missão pastoral e, no caso dos arcebispos metropolitanos, como Dom Murilo, de jurisdição em comunhão com a Santa Sé. *Texto com informações dos especialistas em heráldica Victor Hugo Carneiro e José Valmeci de Souza (Atta).


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Foto: Arquivo da AMC/BA

Conheça a Arquidiocese Por Emilly Lima

Associação dos Médicos Católicos faz ressoar a Palavra de Deus nos ambientes hospitalares star atento aos problemas do mundo contemporâneo; lutar pelo reconhecimento, respeito do direito e pela defesa da vida natural e humana; defender e promover a visão cristã da família; e promover a Evangelização na área da saúde. Estes são alguns dos objetivos propostos pela Associação dos Médicos Católicos da Arquidiocese de São Salvador da Bahia (AMC/BA), que busca reunir os profissionais da medicina que desejam exercer a profissão à luz dos princípios do Evangelho.

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Embora não seja muito conhecida, a AMC foi fundada no ano de 2001, quando o médico obstetra Elias Darzé, falecido em fevereiro deste ano, foi convidado pelo então Arcebispo de Salvador, Cardeal Dom Geraldo Majella Agnelo, para participar do Congresso Nacional dos Médicos Católicos. Ao retornar para Salvador, muito entusiasmado, junto com Dom Geraldo e com o padre Henrique Pérez, o médico deu início aos trabalhos da Associação. Além do caráter formativo, o atual presidente da Associação na Bahia, Dr. Alberto Brandão Siqueira, destaca mais dois pontos da iniciativa. “Esta Associação também tem o intuito de exercer a função médica e zelar pela vida humana dentro dos planos de Deus”, explica. Outro objetivo da AMC é a criação de núcleos, nos ambientes hospitalares e clínicas de Salvador, para que os médicos possam estar juntos, 24

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É muito importante nós, médicos, estarmos próximos aos estudantes e motivá-los a serem concretos na fé católica também nesse período da faculdade explica Dr. Alberto. discutir sobre as dificuldades e ler a Palavra de Deus. Mas o trabalho dos médicos católicos não para por aí! A Associação também está à disposição da sociedade com cursos e palestras que visam formar o público interessado. “Nossas reuniões, este ano, inicialmente, são bimestrais. E nós achamos importante ter esse momento juntos de formação médica, de formar sobre a Igreja, sobre a nossa espiritualidade católica e, também, aliado aos temas médicos que, muitas vezes, passam pela nossa fé”, afirma Dr. Alberto. Atualmente, 35 médicos fazem parte da associação. Também participam jovens católicos que estão


Foto: Emilly Lima

no período de formação universitária e que compartilham vivências e experiências para se tornarem mais humanos. “É muito importante nós, médicos, estarmos próximos aos estudantes e motivá-los a serem concretos na fé católica também nesse período da faculdade”, explica Dr. Alberto. Os encontros acontecem na Cúria Bom Pastor (Garcia) e abordam temas diversos - como espiritualidade, liturgia e vivência em comunidade - que contribuem para que os médicos e os estudantes tenham o entendimento de que não é somente utilizar medicamentos e procedimentos, mas ter a sabedoria de que a vida em comunidade e a espiritualidade também ajudam na recuperação do paciente. Para a vice-presidente da Associação dos Médicos Católicos, Dra. Jurene Britto Ferreira, que também é médica oftalmologista, a abordagem com o paciente precisa ser cuidadosa. “Nós, médicos, atendemos pessoas de várias segmentações religiosas e, naturalmente, temos esse cuidado com a abordagem. Mas, em geral, os pacientes se colocam à disposição para ouvir a Palavra de Deus quando estão diante do sofrimento”, finaliza.

Dr. Alberto e Dra. Jurene, presidente e vice-presidente da AMC na Bahia

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Fotos: Arquivo da Catequese Musical

Cultura Por Sara Gomes

Evangelizar através da música

A Catequese Musical consiste em atividade de orientação pastoral com instrumentos musicais rianças e adolescentes com idades entre 3 e 22 têm uma oportunidade única: aprender a tocar instrumentos musicais como forma de evangelização, no projeto Catequese Musical. A iniciativa faz parte das ações do Instituto Comunitário de Iniciação Musical e Arteducação Alice (ICIMA) e, em Salvador, é desenvolvida na Paróquia Espírito Santo e no espaço ICIMA, ambos em Tancredo Neves; e na Paróquia São Miguel de Cotegipe, no município de Simões Filho.

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Atualmente, 121 crianças e adolescentes fazem parte do projeto que, além de Salvador e Simões Filho, também será desenvolvido em Cabaceiras do Paraguaçu, a partir dos jovens que aprenderam percussão em Salvador e passaram a ser multiplicadores da arte musical. “A cada ano, nós temos a alegria de ampliar a nossa rede de atuação, pois, na Catequese Musical, nós temos algumas frentes e mobilizações com as crianças e adolescentes como protagonistas. A Catequese Musical é uma rede de ações com serviços pastorais”, afirma Jean Costa, fundador do ICIMA. O desejo de aproximar as crianças do Evangelho, por meio da arte-tocada (música), teve início em 2008, quando Jean começou a utilizar os seis violões que haviam sido doados pela missionária Simone Alice, em 1996, ano em que ela foi apre26

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Projeto é realizado em Salvador e em Simões Filho, conta com a participação de 121 crianças e adolescentes


sentada pelo padre Maurício Abel à comunidade Santo Estevam, da Paróquia São Gonçalo do Retiro. “A Catequese Musical é um conjunto de valores. Ela começou em 2008, quando eu percebi a falta de pessoas com competências e habilidades musicais nos instrumentos da Igreja”, recorda Jean. Com o passar dos anos, o projeto foi recebendo outros instrumentos musicais e, hoje, conta com 150, divididos em três categorias: cordas, arcos e percussão. “Quem participa pode aprender a tocar violão, guitarra, contrabaixo, ukulele, cavaquinho, guitarra baiana, violino, viola, flauta doce, saxofone, flauta, transversal, bateria, timbal, pandeiro, clave e cajon”, diz Jean. “A Catequese Musical é um experimento incrível, que aconteceu em minha vida, de alguns anos para cá. Comecei aos 4 anos e estou até hoje. Esta iniciativa representa tudo sobre a música, bem como sobre o modo de lidar com a sociedade”, disse a aluna Alessandra Cruz, que, aos 13 anos, já é baterista e multi-instrumentista.

Ficou interessado em participar? Então, veja como é simples fazer a matrícula: Em Salvador, a inscrição pode ser realizada a qualquer época do ano. Basta que o pai e/ou responsável entre em contato com a secretaria da Paróquia Espírito Santo (Tancredo Neves) através do telefone (71) 3230-9027. Já para quem mora em Simões Filho, as novas vagas são ofertadas, sempre, no mês de janeiro e o interessado deve entrar em contato pelo telefone (71) 3296-4335. Não há um valor fixo para o participante, porém as famílias podem contribuir, financeiramente, com o que estiver ao alcance de cada uma.

Fotos: Arquivo da Catequese Musical

Na Catequese Musical os participantes aprendem a tocar os mais diversos instrumentos Ano 02 | Nº 7 | Ago/2019 a Out/2019

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Nossas Igrejas Por Emilly Lima

Do outro lado da Baía de Todos os Santos: Igrejas da região das ilhas têm muita história para contar

uitas pessoas acham que Salvador e a Ilha de Itaparica estão ligadas apenas pelo mar da Baía de Todos os Santos, mas basta passear pelo Centro Histórico das duas cidades que dá para perceber que, na realidade, os municípios compartilham, também, um vasto patrimônio histórico material. São palácios, residências e igrejas que conectam a Capital baiana à Ilha. Após pegar o Ferry Boat, no Terminal Marítimo de São Joaquim (Cidade Baixa), o visitante viaja por volta de 60 minutos até chegar ao Terminal Bom Despacho, no município de Itaparica. De lá é possível conhecer lindas praias, mas também Igrejas que guardam histórias pouco conhecidas. Nesta região, quatro paróquias pertencem à Arquidiocese de Salvador e formam a Fornaia 10. Vamos conhecê-las? A primeira parada é na Igreja Matriz do Santíssimo Sacramento, situada no centro de Itaparica. Construída no final do século XVII, à base de cal, pedra e óleo de baleia, a Igreja possuía um estilo barroco, apesar de, nas linhas atuais, estarem traços do neoclássico, além de possuir painéis ornados pelo pintor José Teófilo de Jesus, que reproduziu a ceia e os milagres do Santíssimo. Padre Manoel Cerqueira Torres foi o responsável pelas obras do templo, que foi inaugurado no dia 21 de outubro de 1794. Quase 21 anos após a abertura, em 1814, Dom João VI, ainda na condição de Príncipe Regente de Portugal, deu ao templo o nome de Santíssimo Sacramento de Itaparica, desmembrando-o da Matriz Nosso Senhor da Vera Cruz.

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Você sabia que a Arquidiocese de São Salvador da Bahia é composta por 100 paróquias e 01 Diaconia Territorial? Das 100 paróquias, 92 estão localizadas em Salvador, cinco na Região Metropolitana, três na Ilha de Itaparica e uma em Salinas das Margaridas.


Foto:Arquivo da Paróquia

Importantes momentos da história do Brasil foram protagonizados nesta Igreja, a exemplo da aclamação à Majestade Imperial, Dom Pedro l, que os itaparicanos fizeram em outubro de 1822, com uma celebração do Te Deum (A Ti, Deus!), em agradecimento pela Independência do Brasil que fora conquistada. Em 1826, a Matriz do Santíssimo Sacramento recebeu a visita de Dom Pedro I, e em 1859, do seu filho sucessor, Dom Pedro II. Em 1830, após 14 anos de criação da Irmandade do Santíssimo Sacramento, o compromisso foi reformado pelo então Arcebispo Romualdo Antônio de Seixas que aprovou a Irmandade. Atualmente, a Matriz é composta por duas capelas e 13 comunidades. Foto:Arquivo da Paróquia

Igreja Matriz da Paróquia Sagrado Coração de Jesus, em Mar Grande, Vera Cruz

Matriz da Paróquia Santíssimo Sacramento, em Itaparica

Após conhecer a beleza histórica do centro de Itaparica, a segunda parada será na Igreja Matriz da Paróquia Sagrado Coração de Jesus, localizada na Praça da Matriz, em Mar Grande – Vera Cruz. O templo, que levou cerca de 16 anos para que ser totalmente construído e entregue ao culto público, foi idealizado por veranistas e doutores residentes do local, além do capelão, à época, padre Manoel Souto Lemos, que desejaram e realizaram a construção da Igreja, já que, antes, as missas eram celebradas na Capela Estação de Férias do município. A construção da Igreja contou com a colaboração de toda a comunidade, pois o padre Lemos iniciou a construção junto com o “Livro de Contribuições

Mensais”, e passava de porta em porta para receber as doações dos fiéis. Uma curiosidade: esse livro, com os nomes dos contribuintes, ainda está guardado em uma urna adrede localizada sob o sacrário, recordando sempre ao Sagrado Coração de Jesus o nome e a generosidade de quem doou de coração. Ainda em Vera Cruz, é hora de conhecer a Igreja Santo Amaro de Jiribatuba, localizada na Rua das Flores, que foi construída no século XVII e até hoje preserva grandes elementos históricos em sua fachada, além de um sino trazido de Portugal. A Igreja foi edificada no alto de uma colina, onde os primeiros habitantes chamavam de Catu, palavra de origem indígena que tem como significado “bonito”. Porém, em 1934, o prefeito da cidade achou que os primeiros moradores haviam errado o nome da terra, e sugeriu outro nome: Santo Amaro de Itaparica, mas não vingou. Anos depois, foi chamado de Santo Antônio de Jiribatuba, que significa quantidade de peixe-cobra (Jiriba = peixe-cobra; tuba= quantidade). Ano 02 | Nº 7 | Ago/2019 a Out/2019

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Foto:Arquivo da Paróquia

O nome Santo Amaro foi dado por causa de um frade que foi visto por três crianças falando com um passarinho debaixo de uma cajazeira. Os meninos correram para contar aos pescadores e, quando eles chegaram ao local, o frade havia se transformado numa imagem. A imagem foi levada a uma residência, mas, no dia seguinte, foi encontrada debaixo da cajazeira e isso se repetiu por diversas vezes. Então, o povo concluiu que o frade queria que criassem uma Igreja no alto da cajazeira. Semanas depois, um frade beneditino foi pregar missão na região e reconheceu a imagem, era de Santo Amaro, da Ordem de São Bento; a partir deste encontro, o local ficou conhecido como Santo Amaro de Catu. Foto:Arquivo da Paróquia

Matriz da Paróquia Nossa Senhora do Carmo, em Salinas da Margarida

Matriz da Paróquia Santo Amaro de Jiribatuba, na Rua das Flores, Vera Cruz 30

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Da Paróquia Santo Amaro de Jiribatuba até a Paróquia Nossa Senhora do Carmo, em Salinas das Margaridas, são 29 Km. Esta Igreja, que também pertence à Arquidiocese de Salvador, também possui uma rica história por trás de sua fundação, em 1914. O comendador Manoel de Souza Campos organizava para que os atos religiosos de Salinas fossem realizados em sua residência, já que ele possuía no coração o desejo de construir uma Igreja, mas não conseguia. Após a morte do comendador, em 1910, seu filho Manoel de Souza Campos Filho resolveu realizar o desejo do pai e da mãe, Guilhermina Merelin Souza Campos, então, em 1912 começou a construir o templo. Os religiosos interessados em ajudar na construção eram guiados pelo Irmão Manoel Eufêmio, que fazia penitência carregando pedras e tijolos utilizados na obra. Os moradores da região ajudaram doando materiais de construção e mão-de-obra, durante dois anos, até que, em 1914, a Igreja ficou pronta. Após o comunicado de que a Igreja estava pronta, Guilhermina Merelin retirou da capela de sua casa a imagem da santa de quem era devota, Nossa Senhora do Carmo, e disse: “Esta imagem de Nossa Senhora do Carmo será a padroeira de Salinas e agora pertence a todos os salinenses”. A mesma imagem está até hoje no altar da Matriz.


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Pensando bem

Rafael de Freitas Pereira Seminarista da Arquidiocese de Salvador

Deixei tudo para te seguir Foto: Sara Gomes

Seminário tem o nome do padroeiro dos sacerdotes

vocação é um chamado à realização plena da vontade de Deus. Todos somos vocacionados a realizar o desejo de Deus, cuja intenção é unir a si todos os homens, em profunda comunhão. Vocação acertada é sinal de felicidade plena. Essa expressão: “deixar tudo” possui muito significado, não se trata somente de sair de uma realidade, ou mudar a dimensão da vida, mas de encontrar-se com esse Tudo que é o Cristo, aventurar-se, deixar tudo para encontrar o Tudo.

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No evangelho de São Mateus, vemos a expressão de Pedro: “Nós deixamos tudo para te seguir. Que proveito tiramos disso?” (Mt 19, 27). A análise de realidade dos discípulos levava-os a compreender o chamado na perspectiva terrena, a reação de Pedro é muito comum aos homens no processo de amadurecimento vocacional. A vocação vai se consolidando a partir da experiência de intimidade com Cristo: é na escuta e na contemplação que vamos, dia após dia, compreendendo os seus sinais. Deixar tudo não resultará em perder tudo, não é o abandono perverso de algo que ficou para trás, mas 32

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é o desprendimento de tudo o que nos impede de realizar a vontade de Deus. Deixar pai e mãe, pode ser duro de ouvir, até mesmo duvidoso, “que Deus é esse que nos pede algo tão duro?”, mas é realizar, em minha vida, os planos d’Ele. A promessa de Deus é certa e precisa, a experiência da vocação é, sem dúvida, um caminho de realização e de acréscimos, nada nos será tirado, mas será dado ainda mais. É perder para ganhar ainda mais. O chamado de Jesus é para a santidade. Cabe a nós uma resposta semelhante à de Maria, Pedro e João. A misericórdia de Deus se antecipou a nós. Ele conhece o nosso coração, sabe de nossas fraquezas. Temos a consciência das nossas limitações, não fomos chamados por sermos os melhores, mas somos chamados para sermos melhores, no sentido de configurar toda nossa vida em Deus, e deixá-Lo ser o centro. Deixar tudo é confiar que Ele tudo fará, que Ele é o Senhor de nossas vidas e nos capacitará para vivermos a vocação com empenho e lisura. Santo Agostinho nos diz que as grandes exigências da vocação são a escuta e a obediência.


Seguir verdadeiramente a Cristo significa que Ele se tornou tudo para nós; seguir verdadeiramente a Cristo significa que não seguimos qualquer outra coisa, mas Aquele que é amor, que por amor criou tudo. Para dizer “sim” a Jesus, é preciso dizer “não” a muitas coisas, o seguimento a Ele exige renúncia de si mesmo, das vontades e do querer. O grande problema no seguimento vocacional é tentar seguir a Deus apenas por nossas próprias forças, pois nossa individualidade gera uma deficiência na relação com Cristo. Os fariseus são exemplos claros de individualismo na fé, aqueles que se acham bons o suficiente, que dominam grandes habilidades e, por isso, acham que suas práticas os levarão a realizar, com perfeição, a vontade de Deus. Na vivência da vocação, o segredo é confiar n’Ele, entregar a Ele a direção de nossas vidas. Seguir a Jesus significa se esforçar para ser como Ele. Ele sempre obedeceu ao Seu Pai, então, é isso que devemos nos esforçar para fazer (João 8,29; 15,10). O destino daqueles que deixaram tudo são as núpcias do cordeiro; alvejarão suas vestes no sangue do cordeiro (Cf. Ap 7, 14), estes que tiveram a santidade como meta. Deixar tudo é escolher a santidade. Deus não muda os seus planos para conosco, como nos diz são Paulo, na Carta aos Romanos “Por-

que os dons e o chamado de Deus são sem arrependimento” (Rm 11,29). São irrevogáveis os desígnios de Deus para com os homens. Qualquer que seja a vocação, ela sempre nos levará à felicidade e à realização, Deus não nos escolhe para uma vida infeliz e sem sentido, mas para uma vida cheia de sentido e alegria. O grande fruto da vocação é a alegria de alguém que encontrou um grande tesouro, e que não abre mão dele, mas que preservará e guardará com toda proteção aquela dádiva preciosa. É preciso ter coragem e seguir adiante, o coração de um vocacionado, muitas vezes, é perpassado pelo medo de uma decisão incerta. Deus respeita nossa liberdade, não exige de nós o que não temos condições de dar, mas age na gratuidade de nossos corações. Deixar tudo é uma decisão livre de nossa parte, o coração do vocacionado deve ser livre, aberto a acolher tudo o que vier da parte de Deus. Na dúvida, é preciso parar, escutar mais a si mesmo, pois Deus sonda os nossos corações. Nada melhor que a experiência daqueles que acolheram com amor o chamado de Deus como o Santo Cura D’Ars, exemplo daqueles que mergulharam no mistério do amor de Deus: “Eu Vos amo, Senhor, e a única graça que Vos peço é a de amar-Vos eternamente. Eu Vos amo, meu Deus, e desejo o céu para ter a felicidade de Vos amar perfeitamente”.

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Espiritualidade

Matheus Souza Galdino*

A espiritualidade da Crisma Crisma é um dos sacramentos da iniciação cristã, e deve ser tratada em unidade com os sacramentos do Batismo e da Eucaristia (CIC, 1285). Exemplos de iniciação cristã são relatados pelos evangelhos e nos permitem aprender com o próprio Mestre. Entre eles, o encontro de Jesus com a samaritana (Jo 4, 4-42) nos dá um caminho a trilhar. Trata-se de uma das páginas do evangelho em que a iniciação cristã deve buscar inspiração (CNBB, Doc. 107).

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A espiritualidade, em uma preparação para o sacramento da Crisma, deve ser o momento onde o crismando se dirige ao poço de Jacó para ENCONTRAR com o Mestre (Jo 4-7). Apenas face a face, Jesus pode lhe apresentar Sua sede (Jo 4, 8). Nesse poço, um frutuoso DIÁLOGO (Jo 4, 10) ocorre e Jesus se dá a CONHECER (Jo 4, 26). Ao sair desse poço, o que já não importa fica para trás (Jo 4,28), pois agora é preciso ANUNCIAR. Quem, de fato, conhece Jesus, tem sede de anunciar e TESTEMUNHAR (Jo 4, 39). Se a preparação espiritual do crismando não alcança cada um desses momentos, pode ter faltado o mais importante. Em resumo, a espiritualidade na Crisma deve permitir: a) Um local onde é possível ENCONTRAR Jesus: não reuniões, aulas, palestras ou diversão. A preparação deve proporcionar um encontro entre Jesus e o crismando. O catequista, o ambiente, o roteiro, o tema, as músicas, as orações, as leituras bíblicas tudo deve confluir para isso. Especial atenção deve ser dada aos momentos de oração, leitura orante da Bíblia, adoração eucarística e compreensão da santa missa. b) Um encontro onde é possível DIALOGAR com Jesus: Jesus não fica horas palestrando, não utiliza quadro, slides ou muitos recursos para prender a atenção de seu interlocutor. Jesus escuta, com atenção e misericórdia. O crismando precisa ser levado a se abrir a um diálogo com o Mestre, a reconhecer sua pequenez e clamar pela água viva. O uso de recursos tecnológicos, os muitos manuais e conteúdos são secundários e devem ser trazidos com o cuidado de não impedir esse diálogo. A catequese e a liturgia devem unir-se para proporcionar um ambiente mistagógico, que seja o suporte adequado a este diálogo. 34

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c) Um diálogo em que é possível CONHECER um Jesus que se revela como Deus e Salvador: como se revelou à Samaritana, a Zaqueu, a Bartimeu, à Maria Madalena, a Paulo e a muitos outros, é hora de se revelar a um novo alguém. Jesus é um amigo, é um defensor dos pobres, é alguém que nos ama, tudo isso é verdade. Mas, acima de tudo, Jesus é Deus e Salvador. Esse aspecto querigmático deve ser o fio condutor de toda a espiritualidade na preparação para a Crisma, um Deus que se revela como meu Salvador, aquele que morreu e ressuscitou para me dar a vida eterna. Se muitos são os conteúdos da espiritualidade de uma preparação para o sacramento, esse é o principal e não deve jamais ser negligenciado.

A espiritualidade, em uma preparação para o sacramento da Crisma, deve ser o momento onde o crismando se dirige ao poço de Jacó para ENCONTRAR com o Mestre (Jo 4, 7)

d) Um conhecimento pessoal sobre Jesus, do qual decore a inevitável urgência e alegria em ANUNCIAR e TESTEMUNHAR: pela doutrina da Igreja, no sacramento da Crisma nos tornamos verdadeiras testemunhas de Cristo, para difundir e defender seu reino tanto por palavras como por obras (CIC, 1285). Quem verdadeiramente conhece a Jesus, sente a urgência e a alegria em anunciar seu reino enquanto discípulo-missionário (DAp, 32). Essa é a medida pela qual percebemos que ocorreu uma conversão verdadeira, que um cristão se vinculou mais perfeitamente à Igreja e que foi enriquecido pela força especial do Espírito Santo. O crismando, agora, começa a anunciar e a testemunhar para quem ainda não se encontrou com Jesus! Esse é o ponto de chegada e de partida no ciclo da iniciação cristã. *Matheus Souza Galdino é bacharel e mestre em Direito. Catequista e Ministro da Eucaristia na Paróquia São João Evangelista, Mussurunga. Ex-aluno/membro da coordenação da Escola Bíblico-Catequética Dom Jairo (CNBB, Regional NE3). Esposo de Crisley e pai de João Pedro.


Foto: Sara Gomes

Breve registro Por Sara Gomes

Dom Murilo Krieger presidiu a dedicação do altar e da capela militar Sagrada Família, na Base Naval de Aratu Arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil, Dom Murilo Krieger, presidiu, no dia 31 de julho, a Missa em ação de graças pelo Jubileu de Ouro da criação da Base Naval de Aratu e a Dedicação do Altar e da Capela Sagrada Família, localizada na Vila Naval da Barragem. A Celebração Eucarística foi concelebrada pelo capelão da Aeronáutica, padre Osório Soares de Freitas, o capelão do Exército, padre José Carlos de Freitas; o capelão da Marinha, padre Érico Pitágoras, e o pároco da Paróquia Nossa Senhora da Conceição (Valéria), padre Jairon Batista. Logo no início da Missa, Dom Murilo explicou a origem e o significado da palavra júbilo. “Quero dizer que a Celebração de hoje, pelos 50 anos da Base Naval, significa uma alegria. A palavra júbilo vem de um instrumento que era um chifre de carneiro que os hebreus usavam em grandes festas. Assim como temos o berrante, eles usavam aquele instrumento musical em ocasiões de grandes festas, especialmente de 50 em 50 anos como lemos no livro do Levítico. Tocavam para dizer: é um ano jubilar, de júbilo, de alegria. E hoje é uma alegria celebrarmos os 50 anos da Base Naval. E, como expressão desse jubileu, como marca que ficará para sempre, teremos a dedicação do altar e da Igreja. Dedicar ou consagrar significa dizer ao Senhor: ‘este altar, esta casa é para a Vossa glória’”, afirmou o Arcebispo.

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Em seguida, Dom Murilo aspergiu água benta sobre os fiéis, em sinal de penitência e em lembrança pelo batismo, e também nas paredes e no altar da Igreja para purificá-los. Após a homilia, os fiéis cantaram a Ladainha de Todos os Santos. Dois casais conduziram ao altar as relíquias da Bem-Aventurada Lindalva Justo de Oliveira, religiosa das Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo, assassinada em 9 de abril de 1993, em Salvador; e da beata Celestina Donati, falecida em 18 de marco de 1925, na cidade de Florença, na Itália. As relíquias foram colocadas permanentemente na mesa do altar. Seguindo o rito litúrgico, Dom Murilo ungiu o altar com o óleo do Santo Crisma, consagrado na manhã da Quinta-feira Santa, durante a Missa da Unidade. As paredes da Igreja, através das 12 cruzes que representam os 11 apóstolos e Paulo, o Apóstolo das Nações, também foram ungidas. Em seguida, o altar foi incensado como espaço sagrado, que representa Cristo Sacerdote, Altar e Cordeiro. Também foram acesas, pelos diáconos, as velas que haviam sido colocadas sobre o altar após a incensação. Após o rito de Dedicação, a Missa continuou com o rito sacramental. Junto com o Pão e o Vinho, foi levado ao altar um símbolo que recorda os 50 anos da Base Naval de Aratu. Antes da bênção final, foi lida e assinada a ata de Dedicação do Altar e da Capela Sagrada Família. Por fim, uma placa, na entrada da capela, foi descerrada. Ano 02 | Nº 7 | Ago/2019 a Out/2019

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