Guia da Copa do Mundo de 2022

Olá, meu nome é Pedro Bueno, tenho 21 anos, sou natural de São Gotardo -MG, mas moro em Uberlân dia-MG e estudo Jornalismo na Universidade Federal de Uberlândia - UFU. Este é o meu sétimo guia sobre fu tebol e a ideia surgiu por que sou um apaixonado pe las revistas da Placar, GE e etc, as quais li na infância. O futebol é a minha vida, simples assim. Além dis so, sou estagiário do Su peresportes, site de es

portes do Jornal Estado de Minas. Enfim, espero que goste deste Guia da Copa do Mundo. Falar sobre um mundial sempre foi um so nho e confesso que estou realizando bem mais cedo que imaginava. Estou re alizado. Qualquer conse lho, dica ou ideia, entre em contato. Estou à disposi ção. Caso curta o trabalho e queira valorizar o jorna lismo independente, o meu pix está ao lado. Um abra ço e obrigado pela leitura!

Entrou como favorita e venceu a Copa do Mundo. Nem sempre isto ocorre, mas foi o roteiro de 2018. E você pode até alegar que outras seleções estavam tão preparadas quanto a França antes do mundial, mas nenhuma estava acima, tanto que ninguém venceu o time de Didier Deschamps na Copa da Rússia: foram seis vitó rias e um empate em uma campanha que tornaram os franceses bicampeões do mundo. Só que a gran de curiosidade em torno da trajetória do último campeão da Copa é que foi justamente na fase de gru pos que a França teve mais dificuldades e demonstrava uma instabilidade - ou seja, se os franceses tropeçarem no início do torneio no Ca tar, não os menosprezem. Logo na estreia, a equipe europeia enfrentou a Aus

trália e só venceu devido a um gol contra aos 36 da etapa final. O placar de 2 a 1 foi o primeiro de três placares simples na fase inicial. Na segunda parti da, contra o Peru, Mbappé marcou o seu primeiro gol em mundiais e a França venceu, porém, não con venceu com o 1 a 0. Já clas sificada, a seleção duelou com a Dinamarca com um time misto e empatou por 0 a 0, ou seja, o único tro peço do país no mundial da Rússia foi com uma es calação alternativa. Indo ao mata-mata como pri meira colocada do grupo C, a França já encontrou uma enorme pedreira: a Argentina. Os hermanos haviam se classificado em segundo do grupo D e não passavam muita confiança, mas os franceses também

não tinham encantado o mundo do futebol ainda e o confronto estava aberto. Sim, o duelo teve diversas possibilidades durante 90 minutos, sendo este o gran de jogo da Copa do Mundo de 2018. A França abriu o placar com Griezmann, mas a Argentina virou, co locando muita tensão sobre os ombros da equipe de Di dier Deschamps. Só que um golaço de Pavard e o grande brilho individual de Kylian Mbappé fizeram com que a França fizesse três gols em 11 minutos e o jogo estava 4 a 2 aos 23 da segunda eta pa. Um jogaço. A Argentina

até diminuiu nos acrésci mos, mas o placar de 4 a 3 levou os franceses às quar tas de final, onde enfrentou o Uruguai. Mais um cam peão mundial. Mais um sul -americano. Todavia, desta vez, sem grandes emoções. Varane e Griezmann marca

ram para o seu país, que se classificou com tranquilida de contra os uruguaios, em um jogo que ficou marcado pelas chegadas duras. Já na semifinal, os futuros cam peões mundiais enfrenta ram a Bélgica, que acabara

de eliminar o Brasil. E foi um grande embate técni co, mas com vantagem dos franceses que souberam aproveitar um lance de bola parada e se fecharam muito bem. A defesa foi sólida lá atrás e ainda decidiu: Um

titi fez o gol que colocou a sua nação na final da Copa do Mundo. E assim, por in crível que pareça, a decisão contra a Croácia foi bem tranquila para a França. O bicampeonato foi conquis tado com uma vitória por 4 a 2, onde a seleção não esteve atrás no placar em nenhuma oportunidade. Griezmann, Pogba, Mbappe e Mandzukic, contra, mar caram para os franceses, que levantaram a segunda taça de Copa do Mundo da

sua história. Enfim, uma trajetória vitoriosa até o patamar mais alto do fu tebol mundial. A França se tornou bicampeã e o sur gimento e afirmação de Mbappe chamou a atenção, ainda mais após o desem penho frente à Argentina, mas o grande jogador da quela campanha foi Antoi ne Griezmann, que teve brilhantes atuações des de a fase de grupos até a grande final. E assim, como você pode observar na foto, todos os 23 jogadores que foram campeões estão presentes e ele não. Sim, o melhor jogador do mun do de 2022, Karim Benze ma, não foi para a Copa de 2018. Se o último campeão já era forte e conquistou a Copa desta forma, imagina em 2022 com Benzema…

Na primeira edição de Copa do Mundo, em 1930, obvia mente, a sede, Uruguai, estava estreando. O mundial seguinte, em 1934, foi disputado na Itália, que também não tinha partici pado ainda. Depois disso, em to das as 19 copas, os países-sedes já haviam ido a pelo menos um mundial. Até que chegamos ao Catar, país que fica no Oriente Médio, mas que estava conec tado à Inglaterra até 1971 e só depois da independência apa receu no cenário do futebol. É verdade que tem pouca tradi ção, mas tem muito dinheiro envolvido e a Copa do Mundo será sediada no país por isso. E vale destacar: a escolha por parte da Fifa acarretou uma série de protestos, visto que o Catar desrespeita diversas questões dos direitos humanos, envolvendo principalmente a liberdade básica das mulheres, além do extremo e inacreditá vel preconceito com homosse xuais. Trata-se de uma esco lha controversa e até mesmo algumas seleções protestaram contra o mundial no país árabe.

C atar

Reclamar da escolha da sede é justo, só que é importante des tacar que os atletas não tem li gação com esta situação e só representam o Catar. E como representaram de 2018 a 2022. Durante o ciclo, a seleção foi quem mais vezes entrou em campo - 67 jogos -, aproveitan do que não estava disputando as Eliminatórias por ser país -sede. Indo além dos amisto sos, o Catar esteve na Copa da Ásia, Copa América, Copa do Golfo, Copa Árabe, Copa Ouro e Eliminatórias da Europa - no torneio europeu, o país só par ticipou do grupo A, sem intuito competitivo. Enfim, foram vá rias partidas nestes torneios e um interessante intercâmbio tático, porém a seleção venceu no ciclo somente cinco países que estão no mundial: Equador, Suíça, Arábia Saudita, Coréia e Japão. E estes últimos três ri vais foram vencidos na Copa da Ásia de 2019, quando o Catar foi campeão com sete vitórias em sete jogos. A seleção domi nou o continente recentemente e quer surpreender o mundo.

o M entário do espe C ialista

O Catar tem um grande trun fo: a continuidade de um tra balho que moldou o time por vários anos. Como não são muitas as opções, a escalação pouco muda. Nenhuma outra seleção teve tanto tempo de preparação. Será suficiente para competir nesse nível? O trabalho de Félix Sánchez tem muitos méritos, mas não parece viver seu melhor mo mento. Para piorar, o grupo é desafiador, pois os rivais po dem explorar as fragilidades físicas e defensivas. Com bola, o Catar aceita o risco de ini ciar a saída com os defenso res, buscando inversões para acelerar com os alas. Akram Afif é a grande referência téc nica e esperança de jogadas individuais a partir das arran cadas na esquerda. O título asiático dá confiança, mas vencer um jogo já seria lucro.

o BJ etivo ou o B ri G ação ?

Historicamente, os países -sedes fazem boas cam panhas. Em 20 das 21 edições, os donos da casa foram à fase final. Somente a África do Sul não se classificou, mas fez uma campanha justa que contou com uma vitória e um empate. Até por isso, um anfitrião nun ca passou uma Copa do Mundo sem vencer um jogo. Portanto, derrotar algum rival em casa é o objetivo ou a obrigação do Catar? Obviamente, o país está em um nível abaixo que os seus rivais, mas usa fatos his tóricos para sonhar com faça nhas frente à sua torcida. Ou tra questão é que nenhum país perdeu no seu primeiro jogo na edição em casa: são 16 vitórias e seis empates. E o Catar irá encontrar justamente o seu ri val mais modesto, o Equador. Para dar continuidade aos fa tos sobre anfitriões, o país quer competir e brilhar. É possível?

Com o objetivo de pelo menos vencer um jogo, o Catar se am para na sua longa preparação e Félix Sánchez é o rosto disto. O treinador espanhol chegou ao Catar em 2006 e comandou pro jetos de base antes de assumir a seleção, em 2017. Técnico du rante todo o ciclo, Sánchez pôde organizar o time em diferentes situações para chegar bem pre parado no mundial em casa. E uma curiosidade é que tem mui to de Barcelona neste time cata riano. Sim, Barcelona. O técnico esteve em La Masia, categoria da base do clube catalão, por dez anos, antes de ir ao Catar, e aprendeu muito por lá. Além disso, Xavi Hernández treinou o Al Sadd por duas temporadas e deixou um legado no futebol do Catar. Obviamente, a seleção não dominará os jogos como o Barcelona, no seu auge, fez, mas será interessante observar alguns traços no estilo de jogo.

a u M passo da história

Já pensou se tornar o maior artilheiro de um país em um jogo de Copa em casa? Almoez Ali terá essa chance. O atacante está a um passo da história, pois precisa de um gol para se isolar como golea dor do país que abrigou a sua família. Ali nasceu no Sudão e, ainda criança, foi para o Catar, onde deu os seus primeiros passos no fute bol nos projetos de base. Ele até foi para a Europa após se profissio nalizar, mas voltou para casa. É a sua casa, assim como é a casa de milhões de estrangeiros. Estudos indicam que 80% da população do Catar é imigrante e, consequentemente, a seleção também é compos ta por ‘estrangeiros’. Eles possuem as suas histórias, mas também são catarianos. Eles foram atraídos por outras razões e hoje repre sentam o país na Copa, como Almoez Ali, que pode se tornar o maior goleador do Catar no maior palco possível. Histórias inexplicáveis.

e quador

Existem

maldições e mais maldições no futebol. Não há dúvidas sobre isso. Porém, uma resposta negativa em 1930 acarretou algo que só a virada de século corrigiu. Na primeira Copa do Mundo da história, há 92 anos, o Equador foi convida do e recusou o convite. Depois disso, o país lutou pela vaga di versas vezes e não participou de nenhuma edição no século XX. A primeira aparição em uma copa foi em 2002, mas, para o alívio dos equatorianos, o time esteve presente nova mente em 2006, 2014 e estará no Catar neste ano. E mesmo com uma história curta e re cente, o Equador se orgulha de sempre vencer uma partida em mundiais, mesmo que tenha se classificado apenas em 2006. Na ocasião, após derrotar Po lônia e Costa Rica, o país foi para as oitavas e caiu para a Inglaterra. Foi uma campanha marcante e os equatorianos sa bem que é até possível sonhar com o mata-mata novamente, visto que está no grupo com o cabeça de chave mais modesto.

Com uma história curta em mundiais, a simples classifica ção já é digna de comemorações para o Equador, principalmente quando se faz uma campanha consistente nas Eliminatórias. O país venceu três dos quatro pri meiros jogos do torneio e este ve entre os quatro classificados para o mundial desde o início. Até por isso, teve tranquilidade na reta final, tropeçou algumas vezes e mesmo assim garantiu a vaga no Catar, deixando para trás seleções que participaram recentemente como Chile, Co lômbia e Peru. Inclusive, o auge da trajetória foi a goleada por 6 a 1 diante dos colombianos. O objetivo é que a regularidade vista nas Eliminatórias perma neça nas próximas competições, como a Copa América. No tor neio continental, o Equador tem o quarto lugar em 59 e 93 como melhor resultado, estando jun to da Venezuela como os únicos participantes não-campeões. Nas últimas sete edições, o time soma somente duas vitórias. É hora de melhorar e tem uma jo vem geração pronta para isso.

O Equador chega com perspec tivas de ir às oitavas. Está em um grupo acessível. A Holanda é favorita, enquanto o país bri ga pela outra vaga. O técnico conta com jovens jogadores do atual campeão da Sul-Ameri cana, o Del Valle, como o late ral Chávez e o meia Angulo. É interessante ressaltar como os times equatorianos tem feito melhor figura nas competições continentais, o que, natural mente, aumenta o potencial de exportação dos atletas para a Europa e também a competi tividade da seleção para tor neios como a Copa. O Equador é um time de imposição física e velocidade. Não deve ven der fácil seus resultados para ninguém. De quebra, viu a rá pida recuperação do zagueiro Arboleda e contará com um de seus mais experientes jo gadores no mundial do Catar.

o M entário do espe C ialista

o ‘ tapetão ’ F i C ou no quase

Tentaram. E tentaram nova mente. Mas não consegui ram. O Equador se classificou para a Copa do Mundo dentro de campo, porém o Chile ten tou, por meio de ações judi ciais, herdar a vaga. Só que o ‘tapetão’ ficou no quase. Os chilenos entraram com um processo argumentando que o defensor Byron Castillo havia apresentado uma documenta ção falsa e pedindo que todos os 14 pontos conquistados pelo Equador com o atleta em cam po fossem retirados. Por con sequência, o Chile iria ao mun dial. Porém, a FIFA, em duas instâncias, e o TAS negaram os pedidos aos chilenos, já que não entenderam desta forma e o TAS puniu apenas o Equa dor, que começará a próxima Eliminatórias com três pontos a menos. Situação resolvida. Byron Castillo e os equatoria nos no Catar e o Chile em casa.

E a campanha que colocou o Equador de volta aos mundiais é responsabilidade de um ar gentino. Gustavo Alfaro está no comando da seleção desde 2020, justamente antes do iní cio das Eliminatórias, e faz um bom trabalho. Mesmo com 30 anos de carreira, Alfaro estreou no futebol de seleções, disputa rá a sua primeira Copa do Mun do e tem méritos no desenvol vimento dessa jovem geração. O Equador conta com peças promissoras que já estão se destacando no futebol europeu, como Hincapié, Moisés Caicedo e Estupiñán. Porém, a seleção merece críticas em relação aos jogos recentes: nas últimas dez partidas, o time empatou sete vezes. É verdade que não foi vazado nos últimos cinco jogos - que foram amistosos -, mas a equipe fez apenas dois gols. Um time com potencial, mas que ainda necessita de ajustes.

C aso si G a nesta M édia …

Maior artilheiro do país em Copa do Mundo. Ou melhor, maior arti lheiro da história do país. Enner Valencia tem números impressio nantes pelo Equador e sabe que este pode ser o seu último mundial. O atacante de 33 anos é o líder deste elenco, e esteve na Copa do Mundo de 2014, onde marcou três gols em três jogos, tendo assim o rendimento de uma bola na rede por partida. Caso siga nesta mé dia, o atacante fará os equatorianos ainda mais felizes. E a torcida pode acreditar nisto ao ver a atual fase do atleta do Fenerbahçe. Na Liga Turca, até o início de novembro, Enner Valencia é o artilheiro isolado com 12 gols em 11 jogos. E o mais curioso é que ele não é um centroavante fixo, mesmo tendo faro de gol. Enner se movimenta bastante, principalmente pela esquerda, e terá o importante su porte de Moisés Caicedo e Estupiñán pelo setor. Olho no camisa 13!

l ista de C onvo C ados

h olanda

Tradição. No futebol, títulos não são obrigatórios para ser respeitado. Para obter tradi ção, fazer história é o requisito básico. E eles já fizeram, mesmo com vices perturbadores. Até por isso, todos que observam uma camisa laranja em campo sabem de qual país se trata. Se leção que mais vezes ficou em segundo sem conquistar um tí tulo mundial - três vices -, a Ho landa tem dados chamativos no torneio. Em dez participações, a seleção nunca caiu na fase de grupos, ou seja, quando disputa, é certo que estará no mata-ma ta e em cinco vezes esteve na semifinal, uma fase frequente para os holandeses. No século XXI, o time participou de três edições e só perdeu dois jogos, tendo terminado invicto a Copa de 2014 - foi eliminado nos pê naltis na semi pela Argentina. É uma camisa bem pesada, princi palmente na fase de grupos, já que venceu todos os três jogos iniciais nas suas duas últimas participações. E tem qualida de para repetir isto, principal mente pela ‘sorte’ no sorteio.

Com a possibilidade de enfren tar grandes cabeças de chave, como os favoritos, a Holanda caiu justamente no grupo da sede do torneio, que tem um elenco bem modesto. Além dis so, o fato de estrear frente a Se negal, que pode estar sem Mané devido a uma lesão, aumenta o favoritismo holandês sobre a li derança da chave. E quem tem que ficar atento com isso é o Brasil. O confronto entre brasi leiros e holandeses é o jogo de cisivo mais frequente da histó ria das copas sem ter sido uma final. Em cinco oportunidades, Brasil e Holanda duelaram em mata-mata e os europeus ven ceram três vezes, contra duas classificações do nosso país. É um time que tem tradição. A camisa laranja realmente pesa. Por exemplo, na Eurocopa, a se leção disputou dez edições, foi campeã em 1988 e chegou à se mifinal em cinco oportunidades, ou seja, a Holanda chegou en tre as quatro melhores em me tade das suas participações na Euro e na Copa. É um país que compete e como compete bem!

A Holanda não perde des de que Van Gaal assumiu. O experiente treinador deu uma cara ao time enquan to tratava um câncer. A as censão da Laranja, garanti da na fase final da Nations League, animou a torcida holandesa, mas há muitas dúvidas. Não se sabe quem será o goleiro titular. Cil lessen ficou de fora, assim como Botman, Gravenber ch, Danjuma e Malen. Van Gaal não teve medo de dei xar alguns jogadores bem cotados de lado e apostar no Xavi Simons, talento so jogador de 19 anos que nunca havia sido chamado para a seleção principal. Wijnaldum é baixa por le são. Van Dijk, Frenkie de Jong e Memphis Depay são os craques, embora o último não esteja 100%.

C o M entário do espe C ialista por r odri G o B ueno

Mudanças Forçadas pelo ‘suMiço’

Por onde andou a camisa la ranja entre 2014 e 2021? Mesmo com toda a tradição, a Holanda ficou sete anos longe dos grandes torneios. Ausência na Eurocopa de 2016 e na Copa de 2018, a seleção só retornou aos grandes torneios no ano passado, na Euro. É verdade que não foi um vexame não ter par ticipado do último mundial, até porque ficou atrás de seleções como a França, que foi campeã, e Suécia, que chegou às quartas, mas foi uma ausência sentida na Rússia. Por conta disso, o time passou por mudanças, que foram forçadas por este ‘sumi ço’. Por exemplo, logo após não se classificar para a Copa de 2018, Robben se aposentou da seleção, iniciando uma impor tante renovação, a qual conta com ótimos nomes, como Gak po, Gravenberch e até mesmo o já experiente Frenkie de Jong, que também estreará em copas.

Esta nova geração até fez uma boa fase inicial de Eurocopa, com três vitórias, mas a queda nas oitavas para a República Tcheca acarretou a demissão do técnico Frank de Boer. Com isso, um velho conhecido foi chama do. Responsável pela inespera da entrada de Tim Krul apenas para defender pênaltis contra a Costa Rica nas quartas de 2014, Louis van Gaal iniciou a sua ter ceira passagem pela Holanda em agosto de 2021 e vive um momento animador. O técnico comandou o país em 15 parti das e conquistou onze vitórias, empatou quatro vezes e ainda não perdeu. Na Nations League, o time se classificou com a me lhor campanha, visto que foram cinco triunfos em seis jogos. Es tará no final four em 2023, mas antes tem a chance de surpreen der o mundo do futebol no Ca tar, já que não está entre os fa voritos. E isso é ótimo para eles!

experiente, poréM estreante

Em meio aos jogadores holandeses que irão estrear em copas, al guns são vitoriosos e já consolidados, mas, mesmo assim, podem sentir o ‘friozinho na barriga’ ao disputar pela primeira vez o gran de torneio do futebol. É o caso dele. Muito experiente, porém estre ante. Virgil van Dijk é um zagueiro que dispensa comentários, pois consegue aliar força, velocidade e talento, sendo assim o grande lí der e destaque da Holanda. Porém, o defensor de 31 anos só estreou pela seleção em 2015 e nunca esteve em uma Copa do Mundo. Para tudo se tem a primeira vez e para ele vai ser curioso, visto que Van Dijk já é acostumado a marcar grandes atacantes, mas terá uma ex periência nova junto de uma brilhante promessa. Olho em Jürrien Timber, zagueiro do Ajax nascido em 2001, que deve ser titular, deixando como opção os renomados zagueiros De Ligt e De Vrij.

l ista de C onvo C ados

s ene G al

Não

existem dúvidas: a atu al campeã da Copa das Nações Africanas é a seleção africana mais preparada para se destacar neste mundial. A expectativa existe pelo título recente, o bom desempenho e, principalmente, pelos gran des jogadores. Para justificar este posto de possível surpresa do mundial, vale destacar que Senegal foi o único país desta Copa do Mundo que alcançou a incrível marca de 41 vitórias desde o fim do mundial da Rús sia. Por outro lado, é justamente a Copa de 2018 que diminui um pouco a confiança no time, pois no torneio passado, os senega leses estiveram no grupo H e poderiam ter ido ao mata-mata, mas perderam para a Colômbia na última rodada e ficaram em terceiro, com os mesmo núme ro de pontos, gols feitos e gols sofridos do segundo colocado Japão. A eliminação do Senegal se deu por número de cartões. Uma queda dramática, mas que mostrou que um simples gol em uma Copa do Mundo é crucial para ir à fase final.

A ‘sorte’ de Senegal é ter encon trado, mais uma vez, um cabe ça de chave modesto no grupo: a Polônia, em 2018, e o Catar, neste ano. Novamente, a seleção tem chances de classificação e, desta vez, ainda mais reais pelo nível de algumas peças. Édou ard Mendy sequer tinha des pontado há quatro anos e, neste ciclo, chegou até a ser eleito o melhor arqueiro do mundo, em 2021, quando foi campeão eu ropeu com o Chelsea. Inclusive, é no time inglês que está Kou libaly, excelente zagueiro que carrega a experiência de 2018 para não repetir neste mundial, assim como Gana Gueye, que precisa de quatro jogos para se tornar o senegalês com mais jogos pelo país, ultrapassando Henri Camara, que tem 99 par tidas. Logo, Gueye deve buscar o quarto jogo no torneio para alcançar a marca, ou seja, tem como meta as oitavas de final. Mas a realidade é que o objetivo senegalês tende a ser as quartas de final, ponto máximo da his tória dos africanos. Ou dá para sonhar com façanhas maiores?

Que baque para a seleção de Senegal ter perdido o grande líder, que é Sadio Mané. Sadio Mané é líder, não da seleção, e sim de um país. E se você observar até mesmo o jogo, ele, ape sar de ser um jogador mais adiantado, ele é um jogador procurado o tempo inteiro. Uma seleção que muitas vezes usa a ligação direta para tentar encontrar o Sa dio Mané. O que isso quer dizer? Significa que devi do à lesão que o tirou da Copa do Mundo de 2022, a seleção vai ter que se rede senhar e tem pouco tempo pra isso. É uma seleção lo tada de bons jogadores, que jogam nas principais com petições do mundo, mas é, talvez, a que mais dependa do seu principal jogador. Essa é a seleção de Senegal.

a inspiração está ali, no BanCo

Camarões em 1990. Senegal em 2002. Gana em 2010. Equipes africanas que chegaram próximas da semifinal da Copa do Mundo, mas que ficaram no quase. Mesmo assim, são cam panhas marcantes e a trajetória senegalesa conta com um per sonagem que está sempre pre sente. Se o atual time precisa de um estímulo, a inspiração está ali, no banco de reservas. O téc nico Aliou Cissé era o capitão da equipe que disputou a Copa de 2002 e, logo na estreia do país em mundiais, derrotou a atual campeã França. Depois disso, Senegal empatou com Dina marca e Uruguai, alcançando as oitavas, onde venceu a Suécia. Todavia, nas quartas, a seleção caiu para a Turquia na prorro gação. Uma campanha histórica e que chegou bem próximo da semi. Cissé estava no maior mo mento em copas e pode ver este filme repetir. Assim ele espera.

E ninguém tem mais experiência com Senegal do que ele. O capi tão de 2002 assumiu o coman do do time em 2015, classificou o país para as copas de 2018 e 2022, ou seja, as três únicas participações de Senegal tem o ‘dedo’ do atual técnico, que tam bém conseguiu o grande título do país neste ano. Após ser vice em 2019, Senegal venceu o Egito nos pênaltis e conquistou a Copa das Nações Africanas em feve reiro. No mês seguinte, contra o mesmo rival e também decidin do nos pênaltis, o time senegalês garantiu a vaga no Catar. A clas sificação e o título inédito foram tratadas como alívio por Aliou Cissé. O ex-capitão da seleção perdeu o pênalti decisivo na final das Copa das Nações em 2002 e carregava o peso da falha. Não carrega mais. Foi campeão e agora, sem pressão, sonha com uma façanha maior do que o seu time de 2002. Cissé merece.

e le vai F azer ( M uita ) F alta

O fato que mais entristeceu os fãs do futebol antes da Copa foi a le são de Sadio Mané. A sua história, a determinação pelo seu país e a qualidade fazem o atleta merecer mais um mundial. Com uma lesão, o senegalês chegou até a ser convocado, mas dias depois foi cortado. Ele vai fazer (muita) falta, porque é diferente. Até por isso, Mané foi mantido como destaque de Senegal no Guia. É importante destacar que, recentemente, na premiação da Bola de Ouro, Mané foi eleito o segundo melhor jogador do mundo pelo que fez dentro de campo, mas as suas ações fora das quatro linhas também foram premiadas. Mané, felizmente, é genial em todos os lugares. O senegalês recebeu o prêmio Sócrates, que destaca atletas ligados às causas sociais. Mané fez muito pelo país Senegal e faz, nos gramados, muito pela seleção Senegal. Ele merecia estar na Copa. Mas não estará. Infelizmente.

l ista de C onvo C ados

e stados u nidos

Ficar

fora do último mundial doeu. Os Estados Unidos ti nham se consolidado no mais alto nível do futebol de sele ções com as sete participações seguidas em copas, entre 1990 e 2014, e a ausência em 2018 re almente machucou. Porém, para dar uma volta por cima de vez, o time mira os seus melhores de sempenhos. A melhor colocação ocorreu em 1930: terceiro lugar. Sim, isso mesmo. Certamente, poucos sabem, mas o time ficou entre os melhores na primeira edição, mesmo não tendo um desempenho brilhante, pois até venceu os dois jogos iniciais, mas sofreu uma goleada por 6 a 1 na semi, na curta edição que só contou com 13 países. Já em uma Copa mais moderna, os EUA realmente foram bem. Em 2002, a seleção caiu nas quartas e também conseguiu dois triun fos, sendo este o recorde de vi tórias em uma edição, visto que as outras oito participações só contaram com uma ou nenhum triunfo. É um retrospecto que preocupa, mas é um tabu que serve de meta à nova geração.

Entretanto, o atual elenco sabe que pode conseguir retornar ao mata-mata mesmo sem vencer dois jogos logo na fase de gru pos. Em caso de uma vitória e dois empates, uma seleção, praticamente, se classifica para a próxima fase, ainda mais em um grupo acessível como o dos Estados Unidos, já que a segun da vaga não possui um favorito. E a provável liderança da Ingla terra não é algo certo para os estadunidenses, visto que, em 2010, as seleções estiveram no mesmo grupo e os colonizados ficaram à frente dos seus colo nizadores - uma leve reparação histórica. Só que, mesmo com esta boa memória da Copa da África, os EUA desejam mudar as suas aparições recentes em mata-mata, caso se classifi que. Nas últimas duas parti cipações, em 2010 e 2014, o time disputou as oitavas e foi eliminado dramaticamente na prorrogação. É esperado que a presença massiva de atletas na Europa proporcione um equi líbrio na questão física para isto não ocorrer novamente.

entário do

ialista

Acredito que essa Copa do Mundo seja um processo de evolução dos Estados Unidos pensando na Copa de 26, que eles vão jogar em casa. Eles tem jogadores, hoje, em ligas importantes da Europa e cada vez mais jovens estão fazendo esse caminho, mas tem o pro blema de muitos não estarem jogando nos seus clubes, com falta de minutos. Como o caso do Dest no Milan e do Pulisic no Chelsea. Caso também dos goleiros, onde a maioria são reservas nos seus clubes, e isso pode atrapalhar um pou co, além dessa falta de experi ência. O grupo permite sonhar, mas a princípio é uma etapa do processo após ficar fora em 2018. E entendo também que o trabalho do Gregg Berhalter poderia ser melhor em alguns aspectos. Então, acho que é um processo pensando em 2026.

p reparar para ser an F itrião

Onze estádios na próxima edição. A sede que mais terá jogos, incluindo a final. Os Estados Unidos tem uma meta: brilhar na Copa de 2026. Até por isso, o mundial do Catar é uma ótima chance de preparar a jovem geração para ser anfitriã. Como exemplo da juventude, no último jogo oficial antes do mundial, em junho de 2022, os EUA estavam com um time com a média de idade de 24 anos. E estes jovens, na sua maioria, estão nos campeonatos euro peus. Felizmente para a seleção, a Major League Soccer deixou de ser uma liga de futebol que só atrai veteranos e atualmen te é um berço de revelações, tanto estadunidenses quanto sul-americanas, aumentando o número de observações no país e elevando a qualidade. Esta é a primeira aparição em copas depois desta evolução e o re sultado pode sim ser diferente.

Contudo, além de experiência, este grupo precisa de confiança. Até mesmo os atletas consolida dos, como Pulisic, do Chelsea, e McKennie, da Juventus, não têm regularidade. Já jovens talento sos como Reyna e Timothy Weah sofrem com lesões e não conse guem a sequência ideal - inclu sive, o zagueiro Miles Robinson é uma ausência importante por contusão. Unindo todas estas questões, está formada a pres são que está sobre as costas de Gregg Berhalter. Ex-zagueiro es tadunidense nas copas de 2002 e 2006, o técnico assumiu os EUA em 2019 e tem a missão de colocar o time nos trilhos. Mes mo sendo campeão da Nations League de 2019/20 e da Copa Ouro de 2021, ambas contra o México, os Estados Unidos tive ram um ciclo que até cumpriu obrigações, mas não encantou. As mudanças ocorrerão já nes ta edição ou ficam para 2026?

Capitão aMériCa seM ConFiança

Amor à pátria. Força. Protagonismo. Isso define o Capitão América, herói que representa os Estados Unidos. Já no futebol, o capitão vive um momento diferente. Christian Pulisic é um Capitão América sem confiança, vamos dizer assim. O atleta é o grande nome da geração e se tornou o primeiro estadunidense a atuar em uma final de Cham pions. Porém, mesmo estando em alto nível, Pulisic não consegue emplacar uma boa sequência e as duas participações em gols em 13 partidas de Premier League em 22/23 evidenciam isso. O curioso é que, mesmo sendo citado há anos, Pulisic tem apenas 24 anos e estará no auge físico na Copa de 2026. Mas para brilhar em casa e já no Catar, deve recuperar a sua confiança. As lesões e os erros atra palharam o atleta a se desenvolver. Pulisic tem talento, mas tem que ser estável para ser protagonista, como o ‘outro’ Capitão América.

i n G laterra

lugar

Foi semifinalista da última edição, mas a boa campa nha não é ‘comum’, mesmo com toda a tradição. A Inglaterra ficou entre as quatro melho res em 2018, tendo alcançado este posto apenas pela tercei ra vez em 15 participações - fi cou em quarto lugar em 1990 e no mundial da Rússia, e foi campeão da Copa do Mundo de 1966. Logo, em média, é uma ida à semi a cada cinco edições. No entanto, a seleção ficou en tre as oito melhores em 11 das 15 aparições em mundiais, evi denciando que o grande proble ma inglês é passar das quartas. Na verdade, o problema da In glaterra é a falta de confiança gerada pela ausência de títulos. A Copa de 66 é a única taça do time masculino e a seca de con quistas só encerrou neste ano com a equipe feminina, campeã da Eurocopa. Falando na Euro, a Inglaterra conseguiu a sua melhor campanha na última edição ao chegar à final, mas se tornou vice-campeã, em casa, diante da Itália. Traumas e mais traumas para os ingleses.

Porém, ao olhar a parte do ‘copo meio cheio’ dos feitos recentes é possível ver que alguns dos melhores resultados da história do país estão concentrados nos tempos atuais, o que demons tra o potencial do elenco. É real mente muito forte, mas, dentro de campo, a Inglaterra sabe que está devendo. Após uma ótima campanha na Copa do Mundo, quando perdeu para a Croácia na semi, e na Eurocopa, a sele ção conseguiu a façanha de ser rebaixada na Nations League e não disputará a elite do torneio europeu no próximo ciclo. Uma decepção. E decepcionar é algo que acontece frequentemente com a seleção inglesa. Exem plos possíveis são a não-clas sificação para a Eurocopa de 2008, com a brilhante geração de Gerrard e Lampard, que não chegou perto de conquistar um título sequer, e a eliminação na fase de grupos da Copa do Mundo de 2014 com apenas um ponto conquistado. Obviamente, trata-se de uma nova geração, mas a história tem o seu valor e pode se tornar um peso contra.

entário do espe C ialista

A melhor Inglaterra possível no pior momento dos últimos anos. É na busca por um equi líbrio desse contraste que os 26 convocados por Southgate tentam algo novo no Catar: aliar os bons resultados recen tes - semi na Rússia e vice na Euro - com jogar bem. Será di fícil. Mas o já natural clima de pessimismo, praticamente um traço da personalidade ingle sa, foi aliviado com uma con vocação popular. É claro que pode-se (e deve-se) notar as ausências de Tomori, Abraham ou Ward-Prowse, mas o fato é que eles dificilmente teriam chances. A lesão de Reece Ja mes evitou a polêmica ausên cia de Arnold e a presença de Maddison acalmou o clamor por um jogador que terá pou cas oportunidades. Porém, a vocação ofensiva desse elen co pouco será vista no Catar.

l i G a F orte , seleção F orte ?

Sem dúvidas, a Premier Le ague é a liga mais forte do mundo. E isto é ótimo para a Inglaterra, já que até mesmo os atletas dos times menores atuam em alto nível. Porém, ter uma liga forte não significa necessariamente que a seleção será forte. A construção de um time sólido no futebol de sele ções passa pela organização da equipe e o treinador tem muita responsabilidade nisto. E esta é a crítica em relação aos ingleses. Gareth Southgate foi muito con testado pelas escolhas recentes e sabe que tem que evoluir, princi palmente pelo número de peças qualificadas à disposição. E o irônico é que justamente o fute bol inglês conta com os melhores treinadores do mundo, mas, por exemplo, dentre os seis times mais poderosos do país, apenas o Chelsea tem um técnico inglês, deixando claro a intensa inter nacionalização do futebol local.

No comando desde 2016, Sou thgate, curiosamente, teve mais feitos do que boas atuações. O time ainda não encantou como esperado. Mas por que esperar tanto deste time? A resposta é clara: tem muito potencial em vários setores, como nas alas e no ataque. Por exemplo, na parte ofensiva, a disputa entre os bri lhantes Foden, Mount e Saka por uma vaga chama a atenção. Por outro lado, a zaga passa por pro blemas. A enorme confiança em Maguire é preocupante para o futuro da seleção, mas pelo me nos a fase de grupos tende a ser tranquila para a Inglaterra fazer ajustes, já que não tem nenhum grande rival no início. Porém, isto é bom ou ruim? É melhor duelar com os melhores logo na fase inicial para testar ou tentar se encaixar contra os piores e se classificar tranquilamente em meio às mudanças? O desempe nho da Inglaterra responderá.

F az por M ere C er u M a taça

Talvez uma das grandes ironias do futebol é ele não ter gritado ‘é campeão’ em toda a sua carreira. Nunca venceu um título sequer. Uma pena. Harry Kane faz por merecer uma taça há anos e, certa mente, está magoado com os dois vices europeus - a Champions de 18/19 pelo Tottenham e a última Euro pela Inglaterra. E ele merece porque é um jogador diferenciado. A dois gols de igualar Rooney como maior artilheiro da história da Inglaterra, Kane foi o artilhei ro da Copa do Mundo de 2018 com seis gols. A título de exemplo, a seleção inglesa fez cinco gols somando os mundiais de 2010 e 2014, ou seja, só Kane marcou mais que a seleção nas participações an teriores. O centroavante não sabe o que é ser campeão de um tor neio, mas sabe como finalizar muito bem e ainda gerar jogo para o time, como um bom armador que também é. Kane é completo.

l ista de C onvo C ados

i rã

Fase de grupos em 2018

Presidente da FIFA, Gianni Infantino enviou uma carta no início de novembro pedindo para todas as seleções ‘focarem apenas no futebol’, a fim de não deixar questões políticas interferirem na Copa do Mun do. Mas Infantino, diretamente do seu ar condicionado da sede da FIFA, responda: como os ira nianos entrarão em campo sem pensar no que está acontecen do no seu país? O Irã enfren ta há dois meses uma onda de protestos após a morte de uma jovem de 22 anos que suposta mente violou as regras rígidas do país, que exigem que as mu lheres usem um lenço no cabe lo. Já são mais de 300 mortes nos protestos contra o regime político que vai contra os direi tos humanos e várias persona lidades iranianas pediram o banimento do país na Copa do Mundo, como uma forma de re taliação ao governo. No fim das contas, o Irã estará no mundial, mas como comemorará os fei tos? É possível representar uma nação sem pensar justa mente na situação do seu povo?

E o irônico é que os jogadores, que são proibidos pela própria federação de falar sobre o as sunto - mas que tendem a se manifestar de outras formas no mundial -, possuem uma grande chance de protagonizar a melhor campanha da história do Irã. A seleção asiática par ticipou de outras cinco edições de Copa do Mundo, mas nunca se classificou para o mata-mata. O país estreou em 1978, partici pou de 1998 e 2006, e só está se consolidando atualmente com a terceira classificação seguida, porém ainda são poucas vitórias em mundiais: venceu os EUA em 98 e Marrocos em 2018. Com dois triunfos em 15 jogos, o Irã fez a sua melhor campa nha na Rússia ao somar quatro pontos em um grupo complica do, que contava com Espanha, Marrocos e Portugal, e sabe que terá uma chave mais acessível neste ano, visto que a segunda vaga não tem um grande favo rito. O desafio é se impor ofen sivamente, já que nunca mar cou mais do que dois gols em uma edição de Copa do Mundo.

A preparação do Irã tem um plano de fundo muito deli cado que são os crescentes protestos sobre o tratamento das mulheres no país, com alguns jogadores inclusive se envolvendo ativamente. Não sei que tipo de consequência pode haver para eles, mas o fato de eles se manifestarem é muito corajoso. Dentro de campo a gente já sabe o que esperar. Carlos Queiroz vol tou para a terceira Copa do Mundo dele à frente do Irã. É um time que vai apostar em uma defesa sólida, tentar não levar gols e ganhar os jogos pela contagem mínima. E o fato de terem jogos acessíveis, contra EUA e País de Gales, acho que é possível, sim, so nhar com a classificação. Tem alguns bons jogadores e dá para ser otimista, pelo menos com a parte dentro do campo.

G estão à B rasileira

Ao acompanhar o futebol bra sileiro, a impressão é que um técnico será demitido por semana, e um ídolo será contra tado em seguida para ‘apagar o fogo’. Curiosamente, o Irã utili zou esta tática dois meses antes da Copa do Mundo. A seleção ira niana, aparentemente, tem uma gestão à brasileira. Após exata mente 100 jogos, Carlos Quei roz, técnico com mais partidas pelo país, deixou o comando do Irã em 2019 e a seleção apostou em nomes como Marc Wilmots e Dragan Skocic. Mas não deu cer to. Os técnicos tentaram substi tuir o português e até consegui ram garantir a vaga na Copa do Catar, mas o clima não era bom e Skocic foi demitido em setem bro. Sim, dois meses antes do início do mundial, o Irã trocou de técnico e buscou o ídolo para ‘arrumar a casa’. Carlos Queiroz foi acionado e comandará a sele ção na terceira copa consecutiva.

E com Queiroz, o Irã deve vol tar a contar com a sua famosa ‘linha de seis’, que é quando os pontas retornam e fecham a li nha de defesa. Após uma boa campanha defensiva na Copa de 2018 - sofreu dois gols em três jogos -, a estratégia repercutiu bastante, visto que é uma ideia bem conservadora, mas que dá resultados. Sim, realmente fun ciona. Por exemplo, nas últimas quatro edições da Copa da Ásia, o Irã não chegou à final, mas fez campanhas consistentes e sofreu 11 gols em 18 jogos, com uma média de 0,6 gols por partida. E este bom rendimento defensi vo já foi visto nas duas únicas partidas com Queiroz depois do seu retorno: em setembro, o Irã venceu o Uruguai por 1 a 0 e empatou com Senegal por 1 a 1, mostrando que tem um time que pode brigar por uma vaga no mata-mata. Raça e comprome timento defensivo não faltará.

quatro anos laMentando

48 do segundo tempo. O Irã tinha acabado de empatar com Portu gal e a bola sobrou nos pés do centroavante, dentro da área, que fi nalizou e a rede balançou. Seria o gol da classificação iraniana e da eliminação do rival europeu da Copa de 2018. Todavia, a rede ba lançou pelo lado de fora. O chute de Mehdi Taremi poderia ter sido histórico, mas o atacante errou a direção e, certamente, passou quatro anos lamentando. Porém, o atleta de 30 anos chega em al tíssimo nível e bem confiante nesta Copa. Taremi marcou 13 gols e deu seis assistências nas 19 partidas do Porto até o início de novem bro. O atacante é o líder técnico do Irã ao lado de Azmoun, atletas que atuam no mesmo setor. Por isso, a missão de Queiroz é adaptar o seu sistema, aproveitando a polivalência de Taremi, que pode jogar pela esquerda e, com certeza, quer corrigir o erro de 2018.

p aís de G ales

Aochegar no Catar, a seleção galesa pode se apresentar com uma ‘célebre’ frase: ‘Não imaginam o prazer que é es tar de volta’. E será um prazer acompanhar a caminhada deste país que só esteve no mundial de 1958. O País de Gales ficou 64 anos sem participar de uma Copa do Mundo, mas a já his tórica geração comandada por Gareth Bale conseguiu o retor no do país ao torneio. E é im portante destacar: o torcedor que tinha 20 anos no mundial que Gales participou, hoje em dia tem 84 e, possivelmente, al guns netos. E o curioso é que os galeses passaram por uma situ ação histórica na Copa de 1958. Após vencer um jogo e empatar três partidas, o país chegou às quartas de final e foi derrotado por 1 a 0 para os futuros cam peões do mundo, o Brasil. Mas não era um simples Brasil. Era o Brasil de Pelé, que marcou o seu primeiro gol em copas jus tamente contra País de Gales. Algo histórico e Gales estava lá. Esta seleção sempre foi predes tinada a grandes momentos.

O ímã que Gales tem para fa çanhas é algo digno de estudos. Após chegar às quartas em 58, o país só retornou a uma gran de competição em 2016, já com esta geração. E, de forma ina creditável, foi semifinalista da Eurocopa. A vitória sobre a Bél gica por 3 a 1 nas quartas foi o ápice de uma campanha que im pressionou o mundo - Gales caiu na semi para Portugal, que foi o campeão. Em 2020, em uma nova participação na Eurocopa, o time voltou à fase final, mas, desta vez, caiu nas oitavas. Mas assim, o País de Gales sempre esteve no mata-mata e sabe que pode conseguir isto no Catar, principalmente porque está em um grupo acessível. A tendência é que os galeses disputem a se gunda vaga com Irã e EUA, mas eles têm um motivo particular para crer até mesmo na lideran ça da chave: na Euro de 2016, Gales deixou a rival britânica, Inglaterra, para trás e foi líder do seu grupo. Repetir isto é uma enorme façanha, mas nada que assuste ao olhar o retrospecto galês em torneios de expressão.

Foi na cidade de Gotembur go, na Suécia, onde os ga leses sentiram pela última vez o cheiro de uma Copa do Mundo. No meio do segundo tempo, um tal de Pelé, aos 17 anos, marcou o único gol da partida. Eliminado nas quar tas de final, o País de Gales teve que esperar 64 anos para voltar ao maior torneio de futebol do planeta. O re torno de Gales coincide com o possível último suspiro nos grandes palcos de Gareth Bale, o Pelé deles, que can sou do futebol de clubes para depois rir das críticas com cinismo quando em campo pela seleção. Há real chance de classificação neste grupo em que a segunda vaga pa rece aberta. Gales promete o mais legal de uma Copa do Mundo: jornadas em que qualquer acerto é histórico.

‘quando tá valendo, tá valendo’

Afrase acima resume o de sempenho galês no ano. Em nove jogos em 2022, a sele ção conseguiu só duas vitórias. ‘Ironicamente’, o País de Gales teve duas partidas de repesca gem para a Copa do Mundo nes te ano. Sim, foi realmente isto que aconteceu. O time venceu os dois duelos mais importantes e tropeçou nos outros compro missos. O lema do ‘quando tá valendo, tá valendo’ foi segui do à risca contra a Áustria em março e diante da Ucrânia em junho, na semi e na decisão da vaga para o mundial do Catar. No entanto, as atuações ruins em 2022 não devem ser roman tizadas devido à classificação. Com quatro derrotas e um em pate nas últimas cinco partidas, a seleção chega sem confiança no mundial, principalmente na defesa - são seis gols sofridos nos últimos três jogos. A mística vale mais do que o momento?

O desempenho em 2022 rendeu a ida à Copa. Por outro lado, acarretou um rebaixamento na Nations League. O país subiu para a Liga A na penúltima edi ção, mas foi rebaixado após cin co derrotas em seis jogos nes te ano. O País de Gales somou apenas um ponto e teve o pior desempenho dentre todos os pa íses das ligas A e B da Nations. As atuações acabam gerando contestações em torno do trei nador Rob Page. O ex-jogador de Gales assumiu a seleção após o técnico Ryan Giggs ser denun ciado por violência doméstica contra a ex-namorada e a irmã dela. Até então auxiliar, Page assumiu e teve a missão de co mandar o time na Euro e conse guiu a classificação para o mun dial, mas ainda falta futebol. O País de Gales compete bastan te, mas poderia estar melhor organizado. O técnico tem cor reções para fazer até no Catar.

G ales . G ol F . e nada M ais

Uma das grandes atrações da Copa. O atleta que sempre colocou o seu país como prioridade fez história - de novo. Gareth Bale chama a atenção pela irreverência e pelo alto nível quando veste a camisa de País de Gales. Agora no LAFC, time estadunidense, Bale não precisa esconder que representar o seu país é a sua obsessão e que as suas prioridades sempre foram Gales, o seu ‘esporte favorito’, o golf, e só depois o Real Madrid. Porém, vale destacar que o atleta está em queda física e sequer é titular na MLS - teve média inferior a 30 minutos por partida em 2022. Portanto, a tendência é que ele atue como armador, sem as suas brilhantes arrancadas, e que a Copa do Mundo seja a despedida do galês do futebol de alto nível. Daqui alguns anos, veremos ele somente no golf. Portanto, fique de olho nele. Bale sempre gostou de jogos grandes. E terá alguns.

l ista de C onvo C ados

a rá B ia s audita

Oitavas em 1994

Para onde você viaja de carro e gasta menos de seis horas? Seria para o interior ou para a capital do seu estado? No caso, os moradores de Riad, capital da Arábia Saudita, percorrem menos de 600km para chegar ao país vizinho, onde será dis putada a Copa do Mundo. A tí tulo de exemplo, entre o estádio do Al Hilal, time saudita, e o Lu sail, palco da final da Copa do Catar, são precisamente 576km. Ninguém está tão perto de visi tar a sede do mundial quanto os sauditas. Até por isso, junto dos EUA, a Arábia Saudita é o país que mais procurou ingressos. Só que isso está conectado com a parte geográfica e não com o âmbito esportivo. O país sabe que a sua realidade no mundial é complicada e pontuar já será um grande feito. Talvez a meta da Arábia seja sorrir mais do que os seus vizinhos. A rivali dade com o Catar existe, já foi muito forte na política e tende a ganhar força durante a Copa, mesmo sem duelos. Vencer um jogo no estádio feito pelo rival pode sim ser o objetivo saudita!

A falta de confiança na Arábia Saudita passa pela sua histó ria. A seleção estreou em copas em 1994 e até venceu Bélgica e Marrocos, disputando o ma ta-mata, porém não conseguiu nem chegar próximo de repetir este feito. A queda nas oitavas de 94 foi o ápice de uma óti ma geração das décadas de 80 e 90, mas não houve renova ção, tanto que o país árabe só foi vencer um jogo de Copa do Mundo novamente em 2018, contra o Egito - não triunfou nos mundiais de 1998, 2002 e 2006. Em resumo, são três vi tórias, dois empates e 11 der rotas no torneio. E o curioso é que destes cinco jogos em que pontuou em mundiais, quatro rivais eram africanos, ou seja, a Arábia Saudita tem dificuldade ao enfrentar países de outros continentes. E a realidade do grupo C bate na porta: contra dois americanos e um europeu, a Arábia Saudita tentará rever ter esta história, mas sem obri gações. Qualquer gol já será muito comemorado pela sua apaixonada e presente torcida.

A Arábia Saudita deixou uma imagem muito negativa na Copa de 2018. Escolhas pre cipitadas e inúmeras trocas de comando atrapalharam a construção de um time mais competitivo. E foi o que Her vé Renard conseguiu no ciclo para 2022. Com um estilo mais flexível, foi, em diversos mo mentos, o melhor futebol das Eliminatórias. Não é o melhor elenco e nem tem as principais estrelas do continente, mas re úne nomes de qualidade téc nica, como Al-Faraj e Kanno. Al-Dawsari é a estrela, com habilidade e liberdade para criar, e tenta repetir a parceria de sucesso que faz com o late ral Al-Shahrani no corredor es querdo do Al-Hilal. A Argentina está em outro nível, mas a se gunda vaga parece aberta. Dar trabalho para Polônia e Méxi co não seria uma surpresa.

n as C e , C res C e e vive por aqui

Os passos naturais da vida do ser humano são enve lhecer e procurar os seus pró prios caminhos. Faz parte do amadurecimento. E os joga dores sauditas até buscam os seus rumos, mas internamente, sem abandonar as suas raízes e a forte cultura árabe. Todo o elenco convocado por Hervé Renard atua na Arábia Saudita. Sim, 26 dos 26 atletas jogam no país e isto não é algo recen te. O maior artilheiro da his tória do país, Majed Abdullah, craque das décadas de 80 e 90, é ídolo do Al-Nassr e nunca tro cou de time. Eles nascem, cres cem e vivem na Arábia Saudita. E é uma opção deles, até por que o mercado do futebol se in ternacionalizou de uma forma que os jogadores conseguem desbravar o mundo. Mas eles não querem. E é uma escolha legítima. Até por isso, não falta o amor à camisa dos sauditas.

Só que este bonito sentimento não vence partidas, principal mente em uma Copa do Mundo. É preciso progredir dentro de campo, ao mesmo tempo que é importante destacar: a Arábia Saudita fez um bom ciclo pré -mundial. Treinado pelo fran cês Hervé Renard desde 2019, a seleção sobrou nas Eliminató rias, terminando na liderança e com apenas uma derrota - fren te ao Japão, fora de casa. Po rém, algo que preocupa no time árabe são os números ofensi vos. Até o fim de outubro, a Arábia estava em uma sequên cia de 15 jogos seguidos sem marcar mais do que um gol na partida. Números alarmantes, já que, sem gols, sem come moração e sem sonhar com qualquer façanha. Pode até ser difícil furar o bloqueio saudi ta, mas também é crucial que os árabes façam gols. Missão urgente para Renard no Catar!

experiênCia externa para liderar

A bola tem que passar por ele e isso faz sentido. Ele tem talento. Na seleção, Salem Al-Dawsari é o capitão, camisa 10 e muito mais. O meia é o grande líder da geração e, aos 31 anos, deve estar na sua última Copa em ótimas condições físicas. É a sua chance de brilhar. Mas Al-Dawsari já teve a sua oportunidade de tentar a carreira fora da Arábia Saudita e esteve por seis meses no Villarreal, porém a origem falou mais alto e ele voltou ao time que o revelou, o podero so Al Hilal, que, felizmente para Al-Dawsari, consegue buscar joga dores renomados, como Carillo, que jogou a última Copa pelo Peru, Ighalo, ex-Manchester United, e Marega, ex-Porto. Certamente, o atleta saudita já absorveu bastante conhecimento destes estran geiros. Artilheiro da Arábia nas Eliminatórias com sete gols, Al -Dawsari aproveita a experiência ‘externa’ para liderar os sauditas.

l ista de C onvo C ados

a r G entina

Não

existem dúvidas: a Argentina está entre as melhores seleções do mundo e é sim favorita no Catar. E os hermanos não chegaram a este posto somente por causa de Messi e cia, mas sim pela chegada de um treinador es pecial. Lionel Scaloni colocou este time em outro patamar e sabe que pode fazer história. Porém, mesmo com tanta con fiança, o nível de competição de qualquer não-europeu pre ocupa antes de um mundial e a Argentina, mesmo em ótima fase, pode não estar tão segura de si. Ainda mais ao lembrar a última vez que foi tão favorita quanto neste ano. Em 2002, os nossos vizinhos tinham uma geração extraordinária, com Batistuta, Crespo, Riquelme e outros, mas sequer passaram da primeira fase, sendo elimi nados nos grupos pela primei ra vez desde 1962. Uma grande decepção de um time que exa lava favoritismo e bom futebol pré-copa. E supersticiosos, os dois mundiais ocorreram na Ásia. Então, fiquem de olho!

Só que pela regularidade do time e os rivais do grupo C, dificilmente os argentinos fi carão fora do mata-mata. Ob viamente não é um grupo fácil, pois tem a Polônia de Lewan dowski e o sempre complicado México, que gosta de aprontar, mas a tendência é que a Argen tina consiga voltar às oitavas. E está aí uma questão interessan te: a possibilidade de repetir o confronto da última Copa do Mundo na mesma fase. Segun do lugar na sua chave em 2018, atrás da Croácia, os hermanos duelaram com a França e a fu tura campeã do mundo ven ceu por 4 a 3, no grande jogo do mundial da Rússia. Com os franceses e a Dinamarca no grupo D, existe a possibilidade de um reencontro nas oitavas em caso de um tropeço de um dos grandes favoritos. Toda via, é necessário destacar que trata-se de uma seleção com pletamente distinta. O time de Sampaoli, em 2018, era desor ganizado e tinha problemas in ternos, diferente da Scaloneta, que é o xodó do povo argentino.

A Argentina chega ao Catar com toda a pinta de 'time'. Scaloni arrumou taticamente a equipe, praticamente defi niu a base titular, e acima de tudo, trouxe paz nos bastido res, o que outros técnicos não se mostraram capazes em co pas recentes. O título da Copa América tirou o peso da ne cessidade de voltar a levan tar um troféu depois de tan tos anos, o que também pode ajudar psicologicamente. Será 'the last dance' de Lionel Mes si em mundiais, mas diferente de outros momentos, ele não está 'sozinho'. A Argentina não tem o melhor elenco das convocações, mas traz figuras importantes que podem ser fundamentais para que o 'me lhor Messi' apareça. Não será fácil, mas a paz e firmeza tá tica podem levar os argenti nos ao tri da Copa do Mundo.

t irara M o peso das C ostas

Se passaram 28 anos. Após quase três décadas, a Argen tina soltou o grito de ‘é cam peão’, que estava entalado na garganta, ao vencer o Brasil na final da Copa América de 2021. O fim de um jejum. Um alívio. Depois de um segundo lugar no mundial de 2014, quatro vices em Copa América e algumas decepções, os hermanos tira ram um peso das costas. E a consequência deste título foi uma empolgação que não era vista há tempos. A Argentina vive um dos melhores momen tos da sua história e quer coro ar os belos números com a taça da Copa. Com 35 jogos seguidos sem derrota - a última foi con tra o Brasil em 2019 -, a seleção quer alcançar o recorde históri co da Itália, que é de 37 duelos invictos. Inclusive, em junho, os argentinos conquistaram a Finalíssima sobre os italianos. Abriu a porteira para as taças?

O título da Copa América no Maracanã foi muito comemo rado pelos argentinos, mas foi ainda mais especial para o res ponsável pelo ressurgimento da seleção. Lionel Scaloni era auxiliar de Sampaoli e assu miu o comando da Argentina logo após a Copa da Rússia. E tudo mudou. O time está mais confiante, as peças funcionam e um estilo de jogo, chamado de Scaloneta, surgiu. A princi pal alteração é que atualmen te a Argentina tem um meio -campo muito sólido, físico e inteligente, com grande des taque para Rodrigo De Paul, o melhor jogador da última Copa América. Além disso, o entro samento de Lautaro com Messi e Di María, e o surgimento de bons nomes defensivos, como Emiliano Martínez, Cristian Romero e Lisandro Martínez, credenciam a Argentina para ir longe. Tem time para o tri!

a G rade C i M ento ao xará

Gracias, Lionel. Esta frase é usada por todos os amantes do futebol para agradecer Lionel Messi pela sua genialidade há anos, mas deve ter sido usada pelo próprio craque para agradecer o seu xará. Os ‘lionéis’ conseguiram encerrar o jejum e Messi deve ter reco nhecido a importância de Scaloni neste processo. O gênio respirou aliviado ao conquistar um título e está jogando mais ‘leve’ pelo seu país. Agora é hora de mostrar a força na sua última Copa e apagar uma marca negativa em mundiais: Messi nunca marcou gols em mata-mata. Com seis bolas na rede em quatro edições disputadas, Lionel sabe que é um dos maiores da história do futebol e pode che gar ainda mais perto do posto de Maradona na Argentina, até por que Diego é um Deus para os torcedores. Será que a primeira Copa sem Maradona será a passagem definitiva de bastão para Messi?

M éxi C o

Uma

nova realidade. A au sência de Carlos Vela e, principalmente, Chicharito Hernández na Copa do Mundo indica uma transição de gera ções no México. Por exemplo, no amistoso contra o Peru, em setembro, a equipe entrou com apenas um jogador de linha com mais de 30 anos - o expe riente zagueiro Héctor More no, de 34 anos. O símbolo deste atual elenco mexicano é Edson Álvarez, meio-campista com pleto de 25 anos do Ajax. No mundial de 2018, o volante só não foi titular na estreia, mes mo sendo o jogador mais jovem daquele elenco. E a experiência de Álvarez na Copa da Rússia será importante para não re petir a quebra de expectativa de 2018: o México venceu Ale manha e Coréia nas rodadas iniciais, mas perdeu para a Su écia na última rodada do gru po F, classificou em segundo e, em vez de duelar com a Suíça, enfrentou o Brasil nas oitavas - perdeu por 2 a 0 e foi elimi nado. Um ótimo início e uma sequência que decepcionou.

E é importante destacar que ao deixar jogadores históricos do México de lado, Gerard Marti no está assumindo uma grande responsabilidade, ainda mais ao notar que o técnico ainda não encontrou o centroavante ideal e o seu ataque deve evo luir na Copa do Mundo. Na te oria, Raúl Jiménez é o sucessor de Chicharito, mas o atacante não vive boa fase e preocupa os mexicanos, que sentem fal ta do seu maior artilheiro da história. Javier Hernández está há dois anos no LA Galaxy e o nível abaixo do futebol estadu nidense, em relação à Europa, pode ser um fator que afastou o atacante de 34 anos do mun dial. Autor de pelo menos um gol em cada uma das três copas que disputou, Chicharito mar cou 18 gols na última edição da MLS e segue balançando as re des, mas não faz parte do elen co mexicano. Escolhas feitas e os substitutos devem suprir a ausência de um dos maiores jo gadores do futebol mexicano. Qualquer finalização errada será uma lembrança do ídolo…

O México é tradicional em Copa do Mundo e vai tentar ultrapassar a marca das oita vas no Catar. A seleção confia na experiência de Tata Mar tino como técnico para ten tar surpreender no Grupo C. O estilo de jogo é baseado no 4-3-3 e costuma explorar sempre a velocidade na cone xão de meio-campo e ataque. A equipe oscila, mas pode causar estragos com esse jogo vertical. Tecatito Coro na será um grande desfalque por lesão e o grupo não terá nomes pesados como os de Chicharito e Carlos Vela, mas a Seleção conta com atletas de qualidade como Ochôa, Jorge Sánchez, Edson Álva rez, Guardado, Héctor Her rera, Lozano, Funes Mori e Raúl Jiménez. Acho que briga pela segunda vaga do grupo diretamente com a Polônia.

M entário do espe C ialista

a M aldição real M ente assusta

Disputar o mata-mata de to das as últimas sete edições de Copa, ou seja, desde 1994, é uma façanha, certo? Sim. Po rém, é um pouco decepcionante ver que, em todas as oportuni dades, o México foi eliminado nas oitavas. Todas, sem exceção. A maldição do quinto jogo existe e realmente assusta os torcedo res. O México só disputou cinco partidas ao chegar às quartas de final na Copa de 86, em casa, no seu melhor resultado em mun diais, ou seja, ‘como visitante’, o time sempre para nas oitavas e não consegue evoluir. Contudo, esta maldição tem uma contra partida, chamada de ‘Vengan za de Moctezuma’ por alguns mexicanos: nenhum time que desclassificou o país nesta se quência de sete eliminações nas oitavas conseguiu chegar à final. O México não vai longe, mas quem o elimina também não. A maldição é realmente pesada.

Para superar este fantasma, o México conta, desde 2019, com um técnico ‘cascudo’, que treinou recentemente Newell’s, Barce lona, Atlanta e duas seleções. Pela Argentina, Gerard Martino foi vice da Copa América duas vezes. Já com os paraguaios, o treinador tem uma trajetória que serve de inspiração para os mexicanos. Em 2010, o Para guai de Tata Martino chegou às quartas da Copa do Mundo so frendo apenas dois gols, sendo um tento da futura campeã Es panha no mata-mata. Um time sólido, duro e que fez história. Mesmo contestado no México pelo futebol abaixo do esperado, Tata Martino tem experiência e pode potencializar este elenco. A classificação para o mata-ma ta é provável, mas os passos se guintes preocupam a torcida. A possibilidade de enfrentar Fran ça ou Dinamarca nas oitavas de final fortalece a maldição…

s i M

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é ele nova M ente

Não, ele não joga apenas pelo México, mas, sim, ele se destaca, pra ticamente, só pelo seu país. Guillermo Ochoa é, definitivamente, o ‘jogador de seleção’. Com 37 anos, o goleiro mexicano estará na sua quinta Copa e quer seguir chamando a atenção. Em 2014, o arquei ro fez um jogo inesquecível contra o Brasil. No mundial seguinte, Ochoa foi eleito o segundo melhor goleiro, atrás apenas de Courtois. E é importante destacar: mesmo com a idade avançada e ‘surgindo a cada quatro anos’, Ochoa segue em boa fase. O arqueiro foi o des taque da Copa Ouro de 2019 e se tornou o único mexicano a vencer quatro vezes o torneio. Ele já é histórico e, certamente, fará defesas inacreditáveis na Copa. Sempre bom acompanhar Ochoa, princi palmente no seu possível último mundial. Porém, não duvide do goleiro participar do torneio de 2026 em casa, mesmo com 41 anos.

p olônia

Uma

época dourada entre as décadas de 70 e 80. Depois disso, praticamente, nada mais. Em mundiais, a Polônia se re sume às ótimas campanhas da geração do brilhante Grzegorz Lato, que comandou a seleção até o terceiro lugar em 1974 e 1982. Inclusive, em 74, a Polô nia foi o primeiro país da his tória a encerrar uma Copa do Mundo com seis vitórias, mas sem o título - a Itália em 1990, a Holanda em 2010 e a Bélgica em 2018 também conseguiram isso. As medalhas de bronze nos mundiais são os únicos bons re sultados futebolísticos da histó ria da Polônia, que teve outras seis participações: foi elimina do na fase de grupos quatro ve zes e, em duas oportunidades, caiu nas oitavas, sendo que, em 1938, os times iniciavam nes ta fase. Esta história curta fica ainda mais evidente ao analisar que, tirando as copas em que Lato estava presente, a Polônia nunca venceu mais do que um jogo. É claro que Lewandowski tem uma missão: vencer, no mínimo, dois duelos no Catar.

E é importante destacar que não é exagero tratar as ter ceiras colocações conquista das por Lato e companhia nas copas de 1974 e 1982 como os únicos resultados marcantes da Polônia no futebol profis sional. A seleção europeia re almente deixa a desejar nas competições. A título de exem plo, a Polônia só estreou na Eurocopa em 2008, ou seja, se ausentou das 12 edições ante riores do principal torneio con tinental. No entanto, após duas eliminações na fase de gru pos, foi bem em 2016, já com a geração de Lewandowski. O time chegou às quartas de fi nal e caiu, nos pênaltis, dian te dos portugueses, que foram campeões da competição. Já na última Euro, a Polônia de cepcionou e ficou em último na fase de grupos. Por conta destas lembranças negativas, o país não entra na Copa do Mundo com obrigações e uma ida ao mata-mata já é digna de comemorações. E neste grupo com a segunda vaga ‘aberta’, a Polônia sabe que tem chances.

A Polônia foi uma grande de cepção na Euro, mas vai para briga pela vaga nas oitavas no Catar. O grupo não é dos mais fáceis, mas os poloneses chegam com boa possibilida de de classificação. O traba lho de Czeslaw Michniewicz é curto e ainda não conven ce, mas o grupo conta com a lenda Lewandowski e o cra que do Barcelona já cansou de mostrar a sua capacidade de definição. Szcezesny, Bed narek, Glik, Marty Cash, Kry chowiak, Zielinski, Zalewski, Milik e Piatek são outros no mes conhecidos dessa gera ção. O time costuma jogar com linha de três na defesa e com bloco mais baixo. A incapacidade de criar para Lewa é um grande problema que precisa ser solucionado no Mundial. Acho que não vai muito longe na competição.

a M aior queda te M dono

De cabeça de chave a figuran te. Ninguém teve uma tra jetória tão insana quanto o time polonês entre as copas. Antes do sorteio para o mundial da Rús sia, a Polônia estava na sexta colocação do ranking da FIFA e, por isso, foi definida como ca beça de chave. Contudo, o time fracassou no mundial. Em um grupo com Colômbia, Japão e Senegal, a Polônia foi eliminada antes mesmo da última rodada, quando venceu o Japão e saiu, pelo menos, com um resultado positivo. Desde então, o time não conseguiu resultados ex pressivos e está na 26ª posição no ranking. Por isso, dentre as seleções que estarão no Catar, a Polônia é a seleção que teve a maior queda na classificação feita pela FIFA entre as vés peras das últimas copas. Mas este cenário possibilita que os poloneses surpreendam. E eles tem material humano para isso.

Além de Lewandowski, a Po lônia conta com bons atletas que dão equilíbrio ao time. O experiente Szczesny, da Juven tus, segue na meta da seleção, enquanto Zielinski vive grande fase no Napoli. Outro nome in teressante é Milik, centroavante da Juve, que pode atuar junto de Lewa. Mas irá? Quem responde rá é Czesław Michniewicz, téc nico polonês que assumiu em janeiro de 2022, após a saída de Paulo Sousa - aquele mesmo! - para o Flamengo. O segundo compromisso do treinador foi logo a repescagem para a Copa do Mundo e a Polônia derrotou a Suécia por 2 a 0, conquistan do a vaga no Catar. Mas a se quência não foi tão animadora e o time chega contestado no mundial. É esperado que par tidas como a goleada de 6 a 1 aplicada pela Bélgica, com cin co gols no segundo tempo, te nha deixado recados à Polônia.

suportar

Jogos: 47

Vitórias: 21

Empates: 12

Derrotas: 14

Aproveitamento: 53,2%

Gols feitos: 76

Gols sofridos: 41

Média de gols feitos: 1,62/ jg

Média de gols sofridos: 0,87 /jg

Jogos que fez gol: 34 (72,3%)

Jogos sem sofrer gol: 14 (29,8%)

o peso e Corresponder

É quem mais vezes vestiu a camisa da Polônia. É quem mais mar cou gols pelo país. É, sem dúvidas, o maior jogador da história polonesa ao lado de Grzegorz Lato. Prazer, Robert Lewandowski. O melhor jogador do mundo pela FIFA em 2020 e 2021 vive a sua me lhor fase e, talvez, a Copa do Mundo seja a grande missão dele nes tes últimos anos de carreira. Lewa ainda não marcou gols em mun diais e é cobrado por boas atuações pela sua seleção em grandes competições. Na Euro de 2016, o atleta marcou só um gol. Na edi ção seguinte, ele marcou três dos quatro gols de uma Polônia que decepcionou, ou seja, ele não conseguiu fazer com que o seu país fosse longe. Logo, o atacante de 34 anos tem uma meta: escrever o seu nome no futebol de seleções. Com esta ‘pressão’, Lewa terá que suportar o peso e corresponder. Mas ele consegue, pois é um gênio.

a ustrália

Umaseleção que passa por uma renovação a longo prazo. A Austrália não conta mais com Tim Cahill e Kewell e ainda não encontrou peças do mesmo nível. No entanto, mesmo nesta ‘entressafra’, a seleção alcançou a sua quinta participação seguida em Copa do Mundo e disputará o seu sexto mundial. Sim, antes de 2006, a primeira Copa desta sequência, a Austrália só ha via participado do mundial de 1974. A participação frequente só ocorreu após a mudança na confederação: a equipe deixou de disputar uma vaga na re pescagem por meio da Oceania e agora compete na Ásia. Só que estar na Copa não signifi ca ir bem no torneio. Nas cinco edições já disputadas, a Aus trália caiu na fase de grupos quatro vezes e só se classificou em 2006, quando Tim Cahill estava no auge físico. E vale destacar: o ídolo australiano marcou gols nas duas únicas vitórias da Austrália na histó ria das copas. A saudade que a torcida sente dele é enorme!

E é justamente a campanha de 2006 que serve de objetivo para os australianos. Na oca sião, o país venceu o rival mais fraco - o Japão -, empatou com a segunda força - a Croácia - e até perdeu para os favoritoso Brasil. Com esses resultados em 2022, a Austrália se apro ximaria da classificação, mes mo que dois fatos não animem os torcedores. O primeiro mo tivo é que a segunda força do grupo em 2022 é a fortíssima Dinamarca. A segunda razão é que a Austrália passa longe de um bom momento. Depois de somar apenas um ponto na Copa da Rússia, em um gru po com Dinamarca, França e Peru, a equipe caiu nas quar tas de final da Copa da Ásia para os Emirados Árabes e não fez um bom ciclo pré-Co pa de 2022. O baixo número de jogadores atuando de forma regular e em um nível aceitá vel no futebol europeu preju dica a evolução australiana. Em resumo, é um time bem limitado que sonha. Porém, praticamente, apenas sonha.

A Austrália chega para a Copa do Mundo com um time sem referências, mais jovem que o comum, e ainda assim, com um jogo sólido. O gran de nome do time é o volante Mooy, do Celtic, que funciona como um regista na defesa: ele articula jogadas, busca a bola dos zagueiros, arma o time. Apesar disso, por um grupo que tem a Dinamarca e a França como times do minantes com a bola, é de se esperar que o 4-3-3 da Aus trália vire sempre um 4-1-41 sem a bola, com a defesa fechada e alinhada na área. O jogo que os comportamen tos ofensivos serão exibidos será contra a Tunísia. É um time que não tem tantos destaques individuais e che ga sem pretensão na Copamas, como o futuro é incerto, com certeza pode aprontar.

a os tran C os e B arran C os

Os últimos classificados para a Copa costumam sofrer mais do que os outros. Mas poucas campanhas foram tão dramáticas quanto a australia na. Mesmo com quatro vagas diretas, divididas em duas para cada grupo das Eliminatórias da Ásia, a Austrália não conse guiu se dar bem. A seleção fi cou em terceiro, atrás de Ára bia Saudita e Japão, e teve que disputar uma repescagem para conseguir uma vaga na repes cagem. Sim, uma classificatória continental contra os Emira dos Árabes Unidos possibilitou uma disputa intercontinental com o Peru. Depois de um 0 a 0, a vaga na Copa foi para os pênaltis e o técnico tirou o ca pitão Ryan e colocou o goleiro Redmayne. A substituição sur tiu efeito e a Austrália se clas sificou. Faltou até fôlego ao contar esta história. Foi real mente aos trancos e barrancos.

O drama foi enorme, mas o re sultado foi positivo e a estra tégia de trocar os goleiros foi responsabilidade de um ex-jo gador histórico: o treinador da Austrália é Graham Arnold, 10º jogador com mais gols pelo país. No comando desde 2018, o técnico tenta reconstruir o moral australiano e as classi ficações por meio de playoffs foram importantes para sanar um trauma antigo do treinador. Graham Arnold foi eliminado em repescagens em 1985, 1993 e 1997, sempre ‘batendo na tra ve’ para levar a Austrália aos mundiais. Agora como técnico, ele conseguiu, mesmo que de forma turbulenta. Foi um passo importante para o trabalho do treinador que sabe que não terá vida fácil. A Austrália venceu apenas uma dos dez encontros com europeus em mundiais. Se isso não mudar, a elimina ção na fase inicial é iminente.

Jogos: 33

Vitórias: 21

Empates: 06

Derrotas: 06

Aproveitamento: 69,7% Gols feitos: 69 Gols sofridos: 29 Média de gols feitos: 2,09/ jg Média de gols sofridos: 0,88 /jg Jogos que fez gol: 26 (78,8%) Jogos sem sofrer gol: 18 (54,5%)

e M no M e da sua F a M ília

“Eu já sabia que ia marcar. Era a única maneira de agradecer a Austrália em nome da minha família”. Essas foram as palavras de Awer Mabil após fazer o último gol de pênalti, que, com o erro do adversário, classificou a Austrália para a Copa. Um gol com mui tos significados. Os pais do atleta nasceram no Sudão do Sul e Ma bil foi criado no Quênia, mas, aos 11 anos, foi como refugiado para a Austrália. Seis anos depois, estreou na liga australiana e o talen toso ponta-esquerda é o único dos convocados que está em uma das grandes ligas do futebol - atua no Cádiz, da Espanha. Ainda segundo Mabil, o seu quarto de hotel, quando está com a seleção, é maior que a cabana que a sua família vivia. Uma oportunidade única de representar o país que mudou a vida da sua família. É certo que não faltará raça e vontade de honrar a camisa amarela.

Quartas em 1998

Não

d ina M ar C a

está entre os favoritos.

Não tem a obrigação de li derar o seu próprio grupo. Mas depois de ser semifinalista de uma Eurocopa, desprezar esta equipe é uma insanidade. A Di namarca tem potencial para fazer história no Catar e este posto foi conquistado após a campanha na Euro disputada no ano passado. Em 2021, a se leção dinamarquesa chegou à semifinal do torneio e chamou a atenção do mundo do fute bol. E assim, a Dinamarca não sabe brincar em competições oficiais. Em cinco copas dispu tadas, o país esteve na fase de mata-mata em quatro oportu nidades, duelou com o Brasil nas quartas de final de 1998 e sempre venceu, no mínimo, um jogo em mundiais. Já na Eurocopa, a Dinamarca parti cipou de nove edições e alcan çou um dos quatro primeiros lugares quatro vezes, incluin do a semi da última edição e o incrível título de 1992. Não é favorita e nem tem tanta his tória, mas quando disputa dá trabalho. Prazer, Dinamarca.

E são justamente os feitos desta geração da década de 1990 que o atual grupo de atletas mira. Há 30 anos, a Dinamarca con quistou, de forma surpreen dente, a Eurocopa e, seis anos depois, disputou as quartas de final do mundial da Fran ça, tendo sido este o melhor desempenho da sua história. Estas façanhas são notáveis e coroam o grande elenco di namarquês, comandada pe los irmãos Laudrup. Até por isso, o atual plantel sonha em conseguir feitos marcantes para se igualar a esta geração histórica e a Copa do Catar é uma grande chance. No últi mo mundial, a Dinamarca caiu nas oitavas de final em duelo com a Croácia. Depois disso, o país subiu de divisão na Na tions League e, já na elite do torneio, terminou as duas edi ções seguintes na segunda po sição, chegando próximo do fi nal four. Eliminada na Copa da Rússia pela surpreendente vi ce-campeã, a Dinamarca, cer tamente, quer seguir os passos croatas e ir longe no mundial.

A questão é saber qual é a sua definição de sucesso? Eu aposto em sucesso na seleção da Dinamarca. É uma equipe muito forte, muito boa e mui to bem treinada. Também é forte fisicamente, tem muita qualidade no sistema defensi vo e jogadores muito conhe cidos. O trabalho do Kasper Hjulmand é sólido, é uma se leção que acabou de ganhar da França. Tenho dúvida em re lação ao Schmeichel que tem uma queda de produtividade, mas é altamente confiável. Os dois Christensen's na defesa, um pela lateral, e o outro mais famoso, do Barcelona. Ander sen é muito bom jogador, as sim como Maehle, pelas late rais. Assim como Hojbjerg e Eriksen, no meio. Para mim, a inquietação está no ataque. É preciso que os atacantes estejam acima do que jogam.

p oten C ial para ser a ‘ ze B ra ’

Oargumento que “A Dina marca já foi zebra em uma grande competição e não será azarão de novo” pode até ser usado, mas perde força a par tir do momento que é possível listar, no mínimo, oito seleções que têm mais favoritismo. Por isso, o país tem potencial para ser a ‘zebra’ da Copa. Um gru po sem jogadores tão renoma dos, mas com um jogo coletivo que é raro no futebol de sele ções. Atletas como Schmeichel, Kjaer, Delaney, Damsgaard e Skov Olsen deixam o elenco da Dinamarca bem completo, mas as peças fundamentais do time são outras. Escalada em um 3-4-2-1, a Dinamarca conta com o ótimo Hojbjerg na saída de jogo, o ala invertido Maehle - destro que joga na esquerda - e o craque Eriksen com muita liberdade na arma ção. Por meio destes atletas, o país nórdico pode surpreender.

E o responsável por este jogo coletivo dinamarquês é Kasper Hjulmand. No comando desde 2020, o treinador estreará em mundiais e tem a missão de se guir empolgando a sua torcida, principalmente porque o técni co ‘possui’ o antídoto contra a França, rival no grupo D. Na última edição da Nations Lea gue, os países se enfrentaram duas vezes e a ‘Dinamáquina’ venceu dentro e fora de casa. Os dois triunfos e o empate por 0 a 0 no mundial de 2018 dão prosseguimento ao jejum de 22 anos sem vitórias dos franceses sobre os dinamar queses em torneios oficiais. O último triunfo ocorreu na Euro de 2000. Já na Copa de 2002, quando a França era a atual campeã, como neste ano, os países duelaram na fase de grupos e a Dinamarca venceu por 2 a 0. A história se repe tirá e o jejum permanecerá?

Jogos: 50

Vitórias: 31

Empates: 09

r enas C eu para B rilhar

12 de junho de 2021. O mundo parou. Um simples jogo entre Di namarca e Finlândia tomou conta do noticiário, pois todos que riam saber como estava o jogador que teve um mal súbito dentro de campo. E, felizmente, Christian Eriksen renasceu. Renasceu para seguir brilhando. O meia se recuperou, voltou vagarosa mente e já está atuando pelo Manchester United. Um ano e meio depois do ocorrido, Eriksen está bem, vive boa fase nos Red De vils e liderará a Dinamarca em busca de uma semifinal inédita de Copa do Mundo. Polivalente, o atleta pode jogar como se gundo jogador de meio-campo ou como criador, visto que exala criatividade e visão de jogo. Olho nele. A Copa do Catar pode ser o auge de alguém que esteve próximo de nos deixar. E, felizmen te, deve nos deixar boas lembranças com o seu ótimo futebol.

Umelenco que dispensa comentários. Em quase todos os grandes clubes da Europa, no mínimo, um joga dor da França se destaca, tanto que todas as finais de Cham pions League desde 2010 con taram com franceses em cam po. É um plantel invejável que conquistou o mundo em 2018. Mas a seleção deve ser anali sada pelos nomes à disposição ou pelas atuações recentes? A dúvida fica porque são situa ções bem diferentes. Enquanto os atletas estão no mais alto patamar do futebol mundial, a França não vive uma boa fase. A equipe até foi campeã da Na tions League de 2020/21, mas venceu apenas um jogo na edi ção seguinte do torneio - con tra a Áustria - e foi eliminada pela Suíça nas oitavas da últi ma Eurocopa, competição em que a equipe também derrotou apenas um adversário - a Ale manha. É indiscutivelmente um grande time, que carrega o favoritismo, mas o momento não é tão favorável. Talvez o vento não esteja ‘à francesa’.

F rança

Só que duvidar destes atletas por causa da instabilidade não é uma boa opção, até porque eles já provaram o seu talento, principalmente sem encantar com grandes atuações, como foi na Copa de 2018. Campeão mundial há quatro anos, a França busca o tricampeona to e o bi consecutivo, feito que não ocorre desde o Brasil de Garrincha e Pelé em 1958 e 62. Mas, para isso, os franceses devem colocar um ponto final em uma maldição: os últimos três campeões caíram na fase de grupos da Copa do Mundo seguinte - Itália em 2010, Es panha em 2014 e Alemanha em 2018. E isto não é uma novi dade para os Les Bleus, já que eles foram eliminados na pri meira fase em 2002, logo de pois do título de 1998. E a Fran ça tem um dado assustador: em oito das 15 edições de Copa que participou (53,3%), a se leção jogou três ou menos jo gos. Com três duelos já garan tidos, a França tem time para ir ao mata-mata, mas a su perstição assusta os europeus.

A Seleção Francesa tem a geração mais talentosa do futebol atual. O número de jogadores, principalmente do meio campo para frente, que o Didier Deschamps poderia convocar para essa Copa do Mundo é impressionante, to dos atuando em grandes ligas da Europa. Mas eles estão sofrendo muito com lesões e com problemas internos. Isso me faz pensar que a França não é a favorita para vencer o mundial. Ela está ali entre aquelas seleções que podem chegar à semifinal, mas per de forças por causa das le sões do Kanté, Pogba, Kim pembe, Nkunku, e o Varane que chegou 'meio' machuca do no Catar. Eu não acredito que a França vai conseguir ganhar essa Copa fazendo um bicampeonato seguido, alcan çando o tri na sua história.

quer o tri, Mas seM os três Meias

Durante a Copa do Mundo de 2018, a França contou com uma trinca de meio-campistas: Kanté, Pogba e Matuidi, que atuou aberto pela esquerda. A ‘meiuca’ francesa estava bem sólida e funcionou bas tante. Porém, em busca do tri campeonato, Deschamps não contará com nenhum deles, já que os jogadores de Chelsea e Juventus estão lesionados e Matuidi está sem clube de pois de uma passagem apaga da pelo futebol dos EUA. Por tanto, a França será obrigada a jogar com um meio-campo renovado no mundial, só que, mesmo sem os três meias ex perientes, a solução é evidente e madrileña. Deschamps pode rá escalar Camavinga e Tchou améni, atletas de 20 e 22 anos, respectivamente, que atuam juntos no Real Madrid. A dupla já se conhece e pode dar muito fôlego aos campeões mundiais.

E quem terá a missão de orga nizar este meio-campo é um es pecialista da posição. Volante e capitão no mundial de 98, Des champs fez história ao se tor nar a terceira pessoa a ganhar a Copa como atleta e treinador - junto de Zagallo e Beckenbauer - e sonha com a taça para igua lar o feito de Vittorio Pozzo, téc nico da Itália de 1934 e 38, como o único a vencer dois mundiais como treinador. No coman do desde 2012, Deschamps fez mudanças táticas - de um 4-23-1 em 2018 para um 3-4-1-2 atualmente - e se prepara para um mundial que deve ser ainda mais complicado logo na fase de grupos. Na Rússia, a França duelou com a Dinamarca, mas o país europeu evoluiu muito. A tendência é se classificar, mas a França tem que ficar esperta para não ficar em segundo, já que é possível mais um confron to com a Argentina nas oitavas…

Jogos: 49

Vitórias: 31

Empates: 12

Derrotas: 06 Aproveitamento: 71,4%

feitos: 96

sofridos: 33 Média de gols feitos: 1,96/ jg Média de gols sofridos: 0,67 /jg Jogos que fez gol: 38 (77,6%) Jogos sem sofrer gol: 20 (40,8%)

o M elhor do M undo sonha

Talvez a sua memória te engane, mas ele não foi campeão do mundo pelo seu país. Por indisciplina, Karim Benzema não esteve na Rússia em 2018 e nunca conquistou uma Copa do Mundo. Porém, ele sonha. E sonha no melhor momento da sua carreira. Mesmo com 34 anos, o atacante do Real Madrid vive o seu auge e recebeu a Bola de Ouro, se consagrando como um dos grandes atletas do século XXI. Benzema é um atacante completo e ainda é um ótimo meia ‘nas horas vagas’. Na criação junto de Griezmann, o atacante tem uma função diferen te do pivô Giroud, titular na última Copa, e deve ajudar a municiar Mbappé. Enquanto isso, no banco de reservas, a França conta com Dembélé e Coman, por exemplo, e ainda teria Nkunku, mas o atleta se machucou e está fora da Copa. Mesmo assim, olho neles e princi palmente em Benzema. Viciado em taças, ele quer o título que falta!

Umcurto retrospecto em mundiais de um país que nunca passou da fase de gru pos, ao mesmo tempo que tem uma bela história ao ser a pri meira seleção africana a ven cer um jogo de Copa do Mun do. Enfim, a Tunísia. Mesmo passando longe de ter tradi ção, os tunisianos se orgulham de ter conseguido vencer o Mé xico no mundial de 1978, pro porcionando o primeiro triun fo do seu continente. Porém, os africanos só foram vencer novamente na última partida da Copa de 2018, diante do Pa namá, ou seja, a Tunísia derro tou o primeiro e o último dos seus 15 rivais nas cinco copas disputadas. Este desempenho ruim dentro de campo expli ca porque é a seleção africana que mais vezes participou de mundiais e nunca chegou ao mata-mata. Falta isso. E para se classificar, a Tunísia deve melhorar os números contra europeus: em dez confrontos, empatou três e perdeu sete. Se não melhorar, o resultado de 2022 não será diferente…

t unísia

Contrariando o histórico de eliminações, a Tunísia sempre incomodou e arrancou pontos dos rivais: em todas as copas que participou, a seleção mar cou no mínimo um gol e con quistou pelo menos um ponto. Diante de Dinamarca e França, principalmente, talvez estes sejam os objetivos, ainda mais ao olhar o elenco tunisiano. A equipe conta com atletas espa lhados em ligas menores e não tem um líder técnico. Por isso, a Tunísia praticamente se resume em defender bem e atacar pou co. Campeã da Copa Africana de Nações em 2004, a seleção foi eliminada nas quartas em 2021, mas mostrou a sua caracterís tica de jogo ao ficar no 4º lu gar em 2019 com somente uma vitória em sete jogos. É difícil que a Tunísia vença os jogos, mas também é difícil derrotar os tunisianos, tanto que a se leção sofreu somente três gols nos 12 primeiros jogos de 2022 - o 13º duelo foi diante do Brasil e a goleada por 5 a 1 foi atípica. Partidas ‘amarradas’ são aguar dadas no mundial do Catar.

Os jogadores da Tunísia são conhecidos como os italianos da África porque é um time que se organiza da defesa para o ataque e tem siste mas defensivos muito fortes. O que a gente viu contra o Brasil, aquela goleada por 5 a 1, é incomum na trajetória da Tunísia para essa Copa do Mundo e historicamente em jogos importantes contra grandes adversários. Eles têm um jogador no sistema defen sivo que é muito bom, que é o Talbi, que atua no Campeona to Francês, e o Khazri, que é o grande articulador de jogadas e também joga no Francês. Ele é um jogador que chama atenção pela qualidade téc nica e capacidade de orga nização de jogo, mas eu des tacaria o sistema defensivo dos tunisianos, de fato como o grande ponto deste time.

soMa de sorte CoM praGMatisMo

Asobrevivência da Tunísia

na Copa tende a ser com plicada, mas até a classificação foi sofrida. Nas Eliminatórias da África, as dez melhores se leções disputam um playoff fi nal e a seleção duelou com o Mali: venceu por 1 a 0 fora de casa e segurou um empate sem gols em casa. Porém, vale des tacar dois fatos. O primeiro é que o gol tunisiano foi contra, marcado pelo defensor do ri val. A segunda questão é que, além do claro pragmatismo nos duelos, a Tunísia teve muita sorte no sorteio para esta fase final. Devido ao ranking da FIFA, o país poderia ter encon trado as classificadas Gana e Camarões, ou o Egito de Salah, que foi eliminado por Senegal, mas derrotou o modesto Mali e estará no Catar. É certo que não jogará bonito, mas a sorte e o pragmatismo podem fazer a Tunísia surpreender na Copa.

E é importante ressaltar que esse pragmatismo é uma ca racterística tunisiana e não uma obra do atual treinador, até por que ele não teve tempo para tra balhar. Após a eliminação para Burkina Faso em janeiro deste ano na Copa das Nações, o téc nico Mondher Kebaier foi demi tido e o seu auxiliar, Jalel Kadri, assumiu o comando da seleção e teve o importante duelo com o Mali logo na estreia. Se clas sificou e estará no Catar, mas Kadri só teve oito jogos com os seus comandados até o mundial. É muito pouco, mas o curioso é que foram sete jogos sem so frer gols, tendo sido vazado só pelo Brasil no último amistoso. E nestas partidas, a Tunísia der rotou seleções medianas, como Chile e Japão, ou seja, é possível competir, ao mesmo tempo que o técnico entendeu que será ne cessário mais concentração para enfrentar favoritos como Brasil.

Jogos: 58

Vitórias: 34

Empates: 10

Derrotas: 14

Aproveitamento: 64,4%

Gols feitos: 85 Gols sofridos: 40

Média de gols feitos: 1,47/ jg

Média de gols sofridos: 0,69 /jg

Jogos que fez gol: 42 (72,4%)

Jogos sem sofrer gol: 29 (50%)

d esa F o G o C o M experiên C ia

Em uma seleção que se defenderá bastante durante a Copa, seria interessante ter um jogador para ser o desafogo. E se esse atleta tivesse experiência em grandes ligas e estivesse jogando uma competição continental ajudaria ainda mais. Então, em meio a um elenco modesto, a Tunísia conta com Ellyes Skhiri. O volante do Colônia é responsável pela saída de jogo e a marcação à frente da área. Com um número alto de desarmes, Skhiri é titular absoluto do time alemão, disputa a Bundesliga e a Conference League, e é até especulado em clubes maiores. Em um time que não terá a bola, Skhiri terá a responsabilidade de desarmar e conectar, buscando atletas qualificados’ como Khazri no ataque. O atacan te não vive a sua melhor fase, mas, com dois gols em 2018, já é o maior artilheiro tunisiano na história das copas. Olho neles!

tabela da Copa do Mundo feito para o mundial da África do Sul. Bueno, fiquei fascinado pela tabela Copa. Em 2014, sem a assinatura minha tabela. Oito anos depois, produzir esta tabela na minha revista.

a le M anha

Eles querem apagar a imagem do último mundial. A Alema nha é tradicionalíssima, mas foi muito mal na Copa da Rússia. O time caiu na fase de grupos ao perder para México e Coréia, tendo assim o pior desempenho da sua história junto das campa nhas de 1938 e 1978. Só que este desempenho há quatro anos não representa a máquina alemã. O país, que só ficou fora da edi ção de 1930, é quem mais vezes chegou à final: são quatro títu los e quatro vices. Além disso, a Alemanha chegou em 13 semifi nais nas 20 edições que partici pou, tendo um momento incrí vel entre 66 e 90, quando ficou entre as três melhores em seis das sete copas. Sobra tradição para a seleção que só não este ve em meio aos oito melhores times em três mundiais. A his tória fala por si. Até por isso os brasileiros devem ficar de olho, porque a Alemanha é a única que pode alcançar o penta nes te ano. Só que o Brasil tem uma memória positiva em uma Copa na Ásia contra alemães: gols de Ronaldo e título de 2002.

Até por esta tradição, a Alema nha é quem mais entrou em campo na Copa do Mundo, com 109 partidas, mesmo número do Brasil, ou seja, quem se destacar no Catar assume a liderança. E dependendo do desempenho, os países podem se encontrar nas quartas de final. Isto depende da provável liderança brasileira e de uma complicada primeira posição da Alemanha. O time é extremamente favorito para se classificar, mas o duelo com a Espanha deve resolver quem será o líder da chave. A questão é que o desempenho recente do time em competições preocu pa a torcida. Além da Copa de 2018, a Alemanha foi rebaixada na Nations League, na primeira edição, mas o regulamento foi alterado e o país permaneceu na elite, onde disputou mais duas vezes e apenas se manteve, sem se destacar - na edição mais re cente venceu apenas um dos seis jogos. Já na última Euroco pa, a seleção venceu só um jogo e foi derrotada pela Inglaterra nas oitavas. Para ir bem no Ca tar, a camisa deve voltar a pesar.

C o M entário do espe C ialista

Com nove vitórias, cinco empates e uma derrota nos 15 jogos sob o comando de Hansi Flick, a Alemanha está longe de convencer, sobretu do nos jogos grandes, e ainda apresenta muita vulnerabili dade defensiva. No ataque, chega desfalcada do seu arti lheiro na ‘Era Flick’ – Werner fez 8 gols e está lesionado. Apesar disso, há talento de sobra e um bom entendimen to entre os atletas, com o se tor ofensivo sendo dominado por nomes do Bayern (Sané, Gnabry, Müller e Musiala), o que faz com que a seleção figure no segundo grupo de favoritas ao título. Há ainda histórias individuais bem le gais, como a volta de Mario Götze após 5 anos e a pre sença de Youssufa Moukoko, que tem 17 anos e jamais atuou pela seleção principal.

‘ e lá ve M eles de novo ’

Julho de 2014. Um jogo para a eternidade. A maior goleada sofrida por uma campeã mun dial. Maior placar em uma semi de Copa. 7 a 1 no Mineirão. E sim, ‘lá vem eles de novo’, como diria Galvão Bueno, mas agora com um elenco rejuvenescido. Alguns craques como Kroos se aposentaram da seleção e ape nas quatro campeões em 2014 estarão no Catar: Neuer, Ginter, Götze e Müller. A nova geração já está indo bem há alguns anos, com destaque para Kimmich, mas existe uma safra ainda mais nova brilhando. Os jovens Adeyemi, Bella-Kotchap e Mou koko ganharão experiência nes te mundial, mas a grande joia da vez é Jamal Musiala. Fiquem de olho nele, pois é favorito ao prê mio de revelação da Copa, mes mo já brilhando no Bayern: nove gols e seis assistências no atu al Alemão. Musiala é um meia completo e chamará a atenção.

Musiala deve popularizar o seu talento no Catar, e a convoca ção de Götze, por exemplo, foi uma tentativa de mesclar essas joias com atletas experientes.

O treinador não pôde contar com Reus, mais uma vez lesio nado, e convocou o autor do gol do título de 2014, que não era chamado desde 2017. Uma opção curiosa, mas que eviden cia a confiança do ex-membro da comissão técnica em Götze. Flick assumiu a Alemanha após 15 anos de comando de Joachim Löw, histórico treinador que o atual técnico foi auxiliar entre 2006 e 2014. Löw deixou o time após a última Eurocopa e pas sou a responsabilidade para o seu pupilo, que acabara de bri lhar pelo Bayern. Flick já mos trou qualidade, mas terá uma grande responsabilidade no Catar: reescrever a história ale mã em mundiais, deixando de lado as lembranças da Rússia.

Jogos: 48

Vitórias: 25

Empates: 15

Derrotas: 08

Aproveitamento: 62,5%

feitos: 108 Gols sofridos: 48 Média de gols feitos: 2,25/ jg Média de gols sofridos: 1,00/jg Jogos que fez gol: 37 (77,1%) Jogos sem sofrer gol: 16 (33,3%)

d e olho nos re C ordes

Cinco gols e três assistências em 2010, apenas com 20 anos. Em 2014, ele repetiu os ótimos números. Após passar em branco em 2018, Thomas Müller está de olho em alguns recordes no mundial do Catar. Com dez gols e seis assistências na história do torneio, Müller precisa de seis bolas na rede para alcançar Klose, maior artilheiro da história das copas masculinas. Já nas assistências, al guns historiadores indicam que Pelé é o líder do ranking com 10 passes para gols, ou seja, Müller pode alcançar o Rei. E isto mostra o tamanho do alemão, que nunca foi o mais brilhante ou o que atrai mais a mídia. Na verdade, o meia é subestimado por jogar simples. E como joga. Thomas Müller é extremamente inteligente, pois se movimenta bem e ajuda o time. Mesmo com 33 anos, ele terá fome de recordes e de façanhas. É diferente. É completo. É Thomas Müller.

Odds para a alEManHa

C osta r i C a

Quartas em 2014

Simplesmente impossível fa lar da Costa Rica na Copa do Mundo e não pensar na cam panha surpreendente no Brasil. Porém, a história em mundiais vai além disso e faz com que o país dispare como melhor re presentante da América Cen tral. A título de exemplo, só Cuba, em 1938, e a Jamaica, em 1998, conseguiram ven cer. As outras cinco vitórias da história do continente são de responsabilidade da Costa Rica. Caminhando para a sua sexta participação, a seleção já par ticipou do mata-mata em duas oportunidades - 1990 e 2014e sabe que isso é uma grande façanha, visto que os seus con correntes de Concacaf, os paí ses da América do Norte, tam bém não conseguem ir além na fase final, tanto que a melhor campanha do México é chegar às quartas em 86 e os EUA os tentam um terceiro lugar, mas em um mundial com só 13 pa íses, em 1930. O grande feito da Concacaf em copas no sécu lo XXI tem nome: Costa Rica. E eles querem repetir a dose.

Para isso, a seleção ainda con ta com remanescentes da Copa de 2014, como Bryan Ruiz, Joel Campbell e Navas, e é válido destacar que rejuvenesceram o elenco com atletas como Jewi son Bennette, nascido em 2004 - olho nele. Porém, mesmo com estes jogadores, a vaga foi con quistada de forma complicada. Nas Eliminatórias, México e EUA confirmaram o favoritismo, o Canadá ascendeu, e a Costa Rica foi à repescagem intercontinen tal. Valendo uma vaga no Catar, o time enfrentou a Nova Zelân dia, chutou só quatro vezes, teve 33% de posse de bola e, mesmo assim, venceu por 1 a 0. A obje tividade colocou a Costa Rica no mundial, enquanto os erros na marca da cal tiraram o time das quartas de duas edições de Copa Ouro. Em 2019, perdeu para o México, e, em 2021, caiu para o Canadá nos pênaltis. O time não chega à final desde 2002 e foi campeão pela última vez em 1989. O desempenho conti nental não empolga e idealizar feitos maiores é só um sonho distante baseado na história.

Sensação da Copa de 2014, é difícil imaginar que a Costa Rica volte a repetir o roteiro na chave com Alemanha e Es panha agora. O último lugar no grupo em 2018 mostrou que o que ocorreu no Brasil tinha sido algo fora da curva, e a perspectiva para o Catar é de que a seleção fique nova mente na lanterna, ainda que tenha vivido um ciclo de mui to poder de recuperação. Após terem somado cinco pontos nos sete primeiros jogos das Eliminatórias, os Ticos fe charam a segunda metade da competição com seis vitórias e um empate, indo à repesca gem, fase em que venceram a Nova Zelândia, com gol de Joel Campbell, que segue uma referência no time. Chama atenção a grande presença de jovens, com nove dos 26 atle tas tendo 23 anos ou menos.

quer reviver o Conto de Fadas

Nunca na história das copas houve uma chave tão pesa da quanto o grupo D de 2014. De forma inédita, Itália, Inglaterra e Uruguai, três campeões mun diais, foram reunidos, porém, um país roubou a cena, fez histó ria e, agora, quer reviver o con to de fadas. A Costa Rica venceu Uruguai e Itália, empatou com a Inglaterra e se classificou ao ma ta-mata, onde passou pela Grécia e caiu para a tradicional Holanda na disputa de pênaltis. Após en frentar três campeões mundiais e a maior seleção não-campeã, o time chegou às quartas e dei xou o mundial de forma invicta e com só dois gols sofridos. Jus tamente por isso, a Costa Rica tem boas lembranças de grupos pesados em copas, e tentará usar esta experiência em mais uma chave complicada. Com Alema nha e Espanha, o time joga sem pressão e sabe que um ponto arrancado preocupará os rivais.

E para os supersticiosos, uma boa notícia: em 2014, a Costa Rica era comandada pelo colom biano Jorge Luis Pinto e, depois disso, seis técnicos diferentes passaram pela seleção, porém nenhum se firmou e só em 2021 que o comando retornou para as mãos de um colombiano, Luis Fernando Suárez. Após uma se quência terrível de 11 jogos sem vencer, entre novembro de 2019 e junho de 2021, o técnico Ro nald González foi demitido. Por estas atuações, a Costa Rica, no ciclo entre copas, teve o pior aproveitamento em meio a todos os países que estarão no Catar e foi a única seleção que perdeu mais do que venceu. A missão de corrigir isso é de Luis Fernando Suárez, que esteve em dois mun diais: levou o Equador às oitavas em 2006 e comandou Honduras em 2014. A tarefa agora será bem difícil, mas eles gostam de surpreender. Vale ficar de olho!

Jogos: 53

Vitórias: 18

Empates: 14

Derrotas: 19

Aproveitamento: 42,8%

Gols feitos: 51

Gols sofridos: 56

Média de gols feitos: 0,96/ jg

Média de gols sofridos: 1,06 /jg

Jogos que fez gol: 31 (58,5%) Jogos sem sofrer gol: 15 (28,3%)

s e M rit M o , M as C o M B rilho

Um dos grandes nomes da Copa de 2014. Tricampeão da Champions e eleito melhor goleiro da UEFA em 17/18. Porém, reserva. O exce lente currículo de Keylor Navas não bastou para o atleta ser titular em vez de Donnarumma. O arqueiro não atua pelo PSG desde 23 de julho. Já a última partida oficial foi justamente a repescagem pela Costa Rica, em 14 de junho. E não é a primeira vez que o costa-rique nho foi, sem razões, preterido em relação a um goleiro europeu. Isso aconteceu no Real Madrid, onde era ídolo. É inexplicável. Porém, a Costa Rica não precisa se preocupar. Navas está sem ritmo, mas com brilho. O goleiro, que esbanja reflexos, fez quatro defesas cruciais na repescagem. Já em 2014, Keylor foi eleito o melhor em campo em três dos cinco jogos da Costa Rica e surgiu para o mundo do futebol. Tal vez esta seja a oportunidade de Keylor Navas ressurgir. Ele merece.

e spanha

Não

está entre as favoritas. No entanto, é importante prestar atenção porque pode surpreender e envolver adver sários com o seu estilo de jogo único - e vitorioso. A Espanha se renovou quase completamente e busca responder uma pergun ta: por onde anda a Fúria de pois de fazer história? Com os títulos europeus de 2008 e 2012 e a Copa do Mundo de 2010, a Espanha se tornou a primeira seleção da história a conquis tar três grandes competições em sequência, mas o país ‘su miu’ desde então. No mundial seguinte, a Espanha foi elimina da na fase de grupos vencendo apenas um jogo, igualando os desempenhos de 1962 e 1966, que são os piores da história es panhola. Já em 2018, passou da fase inicial com dois empates e um triunfo, mas acabou caindo nas oitavas contra a modesta Rússia nos pênaltis. Na Euro de 2016, a eliminação para a Itália logo nas oitavas também agra vou a situação pós-conquistas, a qual, felizmente para os espa nhóis, deu indícios de melhora.

A última grande competição aliviou a torcida espanhola. Na Eurocopa do ano passado, a Es panha não estava entre as favo ritas, porém disputou a semifi nal e por muito pouco não foi finalista. Após dois empates e uma goleada na última rodada, a seleção foi para o mata-mata e suou para eliminar Croácia e Suíça nas oitavas e quartas, res pectivamente. No entanto, estas duas boas atuações deram mo ral para o time que enfrentou a futura campeã Itália e só foi eliminada na marca da cal. A expectativa é que o desempenho realmente esteja melhorando e o time possa fazer o seu primei ro grande mundial pós-título. A classificação para a fase final é esperada pelo nível dos rivais, mas não deixar a Alemanha com a liderança é a meta espa nhola. E o ciclo entre as copas traz uma boa lembrança neste confronto: em 17 de novembro de 2020, a Espanha recebeu o time alemão e goleou por 6 a 0, na grande atuação da equi pe nos últimos anos. Os espa nhóis querem a repetição disto.

ialista

Entre todas convocações, a que mais gerou contestações em seu país foi a espanhola, sem dúvida alguma. Sem sur presas também, afinal, Luis Enrique manteve suas esco lhas mais contestáveis, pelo nível de jogo desta temporada (Sarabia, Koke, Carlos Soler…) e deixou outros nomes de im pacto fora (Sérgio Ramos é o principal exemplo, mas há ou tros como Iago Aspas). O trei nador, aliás, cultiva uma rela ção terrível com a imprensa local. Houve novidades, como Ansu Fati, que ajuda a forta lecer a imagem de juventude desta equipe, cujo principal jogador tem sido Pedri e apos ta alto em Gavi. A Espanha não está entre as favoritas ao título, mas possui identidade de jogo e talento suficiente para, avançando e evoluin do no torneio, sonhar alto.

a vida após o au G e do tiki - taka

No futebol, fracassos repe tidos resultam em uma mudança brusca de filosofia, mesmo depois de títulos. Os re sultados indicaram uma ruptura do estilo de jogo, mas isso não aconteceu na Espanha. A vida após o auge do tiki-taka passa pela reformulação do elenco que segue atuando da mesma forma. Obviamente, com ajustes, mas a ideia está viva. Por isso, uma Espanha reformulada estará no Catar, mas com muitos toques, troca de posições, marcação alta e domínio. E o curioso é que isto passa pela Espanha há anos e in depende dos atletas. Por exem plo, apenas Alba, Azpilicueta, Busquets, Carvajal, Koke e Asen sio estiveram na última Copa do Mundo - sendo os cinco primei ros os mais velhos da Espanhae, mesmo com a baixa média de 24 anos do restante do elenco, o estilo de jogo é bem consolidado. Eles nasceram para jogar assim.

Só que a reformulação ainda carece de duas análises sobre o ataque e as estrelas. A questão ofensiva é que nenhum espanhol que estará no Catar marcou gols em copas, ou seja, é um setor inexperiente e contestado, prin cipalmente o atacante Morata. O outro tópico é o desapareci mento das estrelas, pois Iniesta, Piqué e Sergio Ramos ainda es tavam na última Copa. Inclusi ve, Ramos faz parte da lista de ausências mais citadas, junto de Thiago e De Gea. Qualquer tro peço no mundial ‘será culpa’ do treinador, mas ele tem respaldo. E como tem. Luis Enrique é, sem dúvidas, um dos grandes técnicos do futebol de seleções, até pelo triplete pelo Barcelona em 2015. O treinador até deixou a Espanha em meio ao ciclo por questões pessoais, mas voltou e tem nas mãos um elenco com carências, contudo, com solidez e bem con victo do que fazer. Olho neles!

Jogos: 50

Vitórias: 30

Empates: 14 Derrotas: 06

Aproveitamento: 69,3%

Gols feitos: 104

Gols sofridos: 32

Média de gols feitos: 2,08/ jg

Média de gols sofridos: 0,64 /jg

Jogos que fez gol: 40 (80%)

Jogos sem sofrer gol: 20 (40%)

ConFundido CoM uM veterano

Como foi o seu aniversário de 20 anos? Um certo atleta, que é o destaque de uma campeã mundial, comemorará o seu aniversário se preparando para duelar com a Alemanha. Em 25 de novembro de 2002 nasceu um jovem que é confundido com um veterano pelo estilo de jogo. Pedri ainda impressiona. O meia surgiu há poucos anos no Las Palmas - não, ele não é da base do Barcelona -, mas pa rece um veterano pela calma e pela forma que dita o ritmo. Mesmo ainda como promessa, o jogador assumiu a responsabilidade de ser o organizador e o craque da Espanha, e não sentiu, até porque ele sabe que está preparado para ser o símbolo da nova geração do país. Sobra talento, inteligência e entendimento do que é necessário fazer. Está em todos os lugares do campo. Prazer, Pedro González López, mas pode chamar de Pedri. Ele deixará marcas no futebol.

Oitavas em 2002

Participar de mundiais é algo recente e recorrente. O Japão não havia disputado de nenhum até 1998, mas, após estrear, o país se tornou presença certa e esteve em todas as seis copas. Indo à sétima participação, o Japão sonha em quebrar uma escrita, mesmo estando em um grupo difícil. Desde que come çou a sua trajetória em mun diais, a seleção é eliminada na fase de grupos em uma edição e cai nas oitavas no torneio se guinte. Em 1998, 2006 e 2014, os japoneses sequer venceram um jogo e caíram na fase inicial. Já em 2002, quando foi sede, 2010 e 2018, o Japão disputou as oitavas, que já seria uma enor me façanha. Porém, a questão histórica indica uma queda pre coce. Em mundiais, a seleção só duelou com campeões mundiais duas vezes: Argentina em 1998 e Brasil em 2006. Com duas der rotas, o Japão sequer pontuou contra estas seleções. Se não ar rancar pontos de Alemanha ou Espanha no Catar, a eliminação está praticamente decretada. Para sonhar, tem que se superar!

J apão

E a participação na Copa da Rússia anima a torcida. Em 2018, a seleção quase chocou o mundo do futebol ao eliminar uma favorita. É verdade que, na fase de grupos, o Japão somou só quatro pontos e se classifi cou no critério de cartões frente ao Senegal, porém duelou com a Bélgica nas oitavas e esteve eli minando os europeus por mais de 20 minutos. O time japonês abriu 2 a 0 no início do segundo tempo e poderia ter desclassifi cado quem viria a ser terceiro lugar, mas sofreu a virada no minuto 94. Uma enorme frus tração, assim como o vice na Copa da Ásia no ano seguinte. O Japão fez uma campanha per feita, com 100% de aproveita mento, até ser derrotado pelo Catar na final. Já na Copa Amé rica, também em 2019, onde participou como convidada, a seleção sequer venceu um jogo e os bons números no ciclo fi cam por parte da classificação tranquila para a Copa do Mun do. Foram só dois tropeços em um grupo que forçou a Austrá lia a disputar a repescagem.

entário do

C ialista

Hajime Moriyasu está no co mando da Seleção Japonesa desde 2018. Era assistente técnico e assumiu logo após o mundial na Rússia, quando o Japão caiu nas oitavas de final em virada incrível para a Bélgica. Sofreu mais do que deveria nas Eliminatórias para a Copa, mas o time re agiu e terminou muito bem. Há uma boa base “europeia” na equipe, com oito jogadores que atuam na Bundesliga, por exemplo. O destaque indivi dual é o jovem meia-atacante Takefusa Kubo, de 21 anos, da Real Sociedad. Daichi Kama da, do Eintracht Frankfurt, vem jogando em alto nível há algumas temporadas. E há ainda veteranos frequentes, como Yuto Nagatomo (36) e Eiji Kawashima (39), que for mam um bom time, mas sem grandes pretensões na Copa.

e les ‘ C onhe C e M ’ os ale M ães

Esta frase já foi usada em um contexto diferente - e trau mático para os brasileiros -, mas encaixa no elenco que due lará com a Alemanha na fase de grupos. O Japão conta com oito convocados inseridos no futebol alemão, podendo conhecer me lhor os rivais - obviamente, isto não significa que terá resultado. Mesmo assim, é curioso que a Alemanha seja o país que mais forneça convocados japoneses, até mais que a própria liga. Isso faz parte da exportação e renovação da seleção. Apenas seis dos 26 atletas estiveram na Rússia em 2018, só que 12 es tiveram em Tóquio, na Olimpí ada disputada no ano passado, ou seja, o time tem uma base de jogadores jovens: 11 atletas que irão ao Catar nasceram pelo menos em 1997, recorte mínimo para ter disputado os jogos olím picos. Trata-se de uma seleção rejuvenescida e que se conhece.

No comando do time olímpico e da seleção está Hajime Moriya su. E que personagem é o treina dor. Com o Japão desde 2018, o ex-jogador possui uma conexão triste com o Catar. Ainda como meia, Moriyasu esteve em campo em Doha, em outubro de 1993, em um estádio que fica a apenas 10km do palco da estreia do Ja pão. Esta partida ficou conheci da como a ‘Agonia de Doha’ pelo drama. O time japonês precisava vencer o Iraque para se classifi car pela primeira vez para um mundial, mas sofreu um gol no minuto 91 e viu o seu sonho de sabar. Gol e apito final: 2 a 2 no placar. Fim do sonho de jogar uma copa para Moriyasu, que não foi mais chamado depois de 1996. Porém, aqui está ele. Ago ra técnico, ele estreará em uma Copa depois de todo o trauma justamente na mesma cidade. O mundo e as suas voltas. O futebol e as suas histórias. Inexplicáveis.

Aproveitamento: 73,1% Gols feitos: 126 Gols sofridos: 39

Média de gols feitos: 2,21/ jg Média de gols sofridos: 0,68 /jg Jogos que fez gol: 45 (78,9%) Jogos sem sofrer gol: 34 (59,6%)

vivendo uM MoMento úniCo

Não faz sentido ele ter poucas chances na seleção. Sem grandes des taques atualmente, o Japão se acostumou a revezar as peças ofensi vas, mas um jogador despontou neste ano. Nenhum japonês chega rá tão confiante quanto o atleta de 26 anos. Daichi Kamada está em grande fase. Na Liga Europa de 21/22, o atleta do Frankfurt se des tacou e balançou as redes na disputa de pênaltis na final, ajudando a garantir a taça europeia. Porém, ele está brilhando ainda mais nesta temporada. Titular absoluto do time alemão, o polivalente Kamada, que atua como segundo meio-campista, meia ou ponta, é o artilheiro do Frankfurt na Bundesliga, com sete gols em 13 jogos. Já na Champions, o japonês marcou gols nas três rodadas finais e ajudou o clube a garantir uma inesperada vaga no mata-mata. Está vivendo um momento único. E merece o protagonismo do seu país.

2º lugar

3º lugar em 2018

Seria frustrante, se não fosse marcante. Foi histórico, mes mo sem a taça. A Bélgica venceu seis das sete partidas na última Copa do Mundo - só perdeu para a França na semifinal -, garan tiu o terceiro lugar e repetiu o feito da Polônia em 1974, Itália em 1990 e Holanda em 2010: seleções que venceram seis ve zes, mas saíram do torneio sem o título. Porém os belgas real mente saíram da Rússia felizes, até porque venceram campeões mundiais como Inglaterraduas vezes - e, principalmente, o Brasil. A meta deste time é, pelo menos, repetir o desem penho. Ficar entre os quatro melhores colocados no Catar seria uma consolidação de um ótimo trabalho da seleção, mas não será fácil. Alguns jogadores da Bélgica, como Alderweireld, Hazard e Mertens, não estão jogando em alto nível e defi nitivamente envelheceram. A defesa, por exemplo, não foi renovada e a dúvida é: atuar com os novatos ou com os de fensores experientes, contudo, lentos? Dúvidas e mais dúvidas.

B él G i C a

E o curioso é que esta geração, que é cobrada por títulos, che gou bem próximo de uma taça, mas ‘provou do próprio veneno’ de 2018. Na Copa da Rússia, a Bélgica teve um confronto inu sitado com o Japão nas oitavas, onde saiu perdendo por 2 a 0, mas virou no minuto final e se classificou. Este roteiro ocorreu da mesma forma em um jogo durante o ciclo, porém contra a seleção belga. Na semifinal do Final Four da Nations Lea gue, o time abriu 2 a 0 contra a França, contudo sofreu a vira da aos 90 e ficou fora da deci são. Seria um alívio ter vencido este título, mas não aconteceu. Já na última Eurocopa, a Bél gica foi bem na primeira fase e eliminou Portugal nas oita vas, contudo caiu para a Itália nas quartas, sem conseguir se aproximar do título. Mesmo as sim, o país esteve durante boa parte do ciclo na liderança do ranking da FIFA. Sim, não re sulta em títulos, mas o primei ro lugar representa que está entre os protagonistas. E isso já é importantíssimo para eles.

Essa é a última chance da famosa “geração belga” conquistar algo a mais na Copa do Mundo - que sig nifica disputar uma final, como a Croácia. O técnico Roberto Martinez segue montando um 3-4-3 que tira o melhor dos expe rientes Toby Alderweireld e Jan Vertonghen, que jo gam girando e encontran do Eden Hazard, Kevin De Bruyne e Youri Tielemans na entrelinha, com Romelu Lukaku se projetando na defesa. Se De Bruyne, des taque do Manchester City, encontra espaço pelo lado direito e aciona os alas, é um time que consegue criar várias chances. A campa nha que fez nas Elimina tórias faz esse time chegar maduro e quase em seu auge no Mundial do Catar.

voCê é MesMo inCrível, Geração?

Certamente, você já viu al guém ironizar esta definição. Mas sim, é uma incrível geração de um país bem pequeno. Após perder a Nations, De Bruyne destacou: “Somos apenas a Bél gica. Não somos França ou Itá lia com 22 jogadores no topo”. A declaração foi vista por alguns como menosprezo, mas o craque ressaltou apenas a realidade do seu país. A Bélgica tem 11,5 mi lhões de pessoas - menos que a cidade de SP -, tem 30.000 km de área - menor que 24 estados do Brasil - e, mesmo assim, se tornou protagonista na última década. Este grupo de jogadores é tão especial para a história bel ga que, dos dez atletas com mais partidas pela seleção, oito esta rão no Catar, enquanto Lukaku tem o dobro de gols que qual quer outro compatriota. É uma geração que fez a história da Bél gica no futebol se tornar incrí vel. Não questionem e apreciem.

Esta geração colocou a Bélgica no mapa do futebol. Até a década passada, o país tinha participado de 11 copas e ficado entre os oito melhores só em 1986 - terminou em quarto. Inclusive, em cada uma destas edições, a seleção tinha vencido no máximo duas partidas. A mudança pós-2014 é impressionante. No Brasil, eles venceram quatro jogos e caíram nas quartas, enquanto na Rússia triunfaram incríveis seis vezes, alcançando o inédito terceiro lugar. Já na Eurocopa, a sele ção caiu nas quartas em 2016 e 2020, mas conseguiu vencer mais do que um jogo nestas edi ções, algo também inédito para a modesta história belga. A re alidade foi transformada e isso também passa pelo trabalho de Roberto Martínez. O espanhol assumiu em 2016, já se tornou o técnico com mais vitórias na his tória da Bélgica e deseja repetir os feitos de 2018. Será possível?

Aproveitamento: 76,2%

Gols feitos: 117 Gols sofridos: 35

Média de gols feitos: 2,39/ jg

Média de gols sofridos: 0,71 /jg

Jogos que fez gol: 43 (87,8%) Jogos sem sofrer gol: 20 (40,8%)

a zar da B ola de o uro ...

Nem sempre os melhores atletas são reconhecidos, até pela função dentro de campo. E na situação dele, caso encerre a carreira sem o prêmio de jogador do mundo, não é azar dele, mas sim azar da Bola de Ouro de não pertencer a um gênio. Kevin De Bruyne é o grande organizador do futebol mundial na atualidade. Cria, dita o ritmo e encontra espaços de uma forma inacreditável. Sem dúvidas, o meia vive o seu auge. Sorte da Bélgica. Em caso de uma boa Copa do Mun do junto de títulos no City, o terceiro melhor jogador do mundo no último ano tem chances reais de ser premiado, mas pode acabar sen do preterido devido aos números de Haaland, por exemplo. Mas, cer tamente, ele não liga. De Bruyne segue encontrando passes e liderará uma geração belga que deve estar a caminho dos seus últimos atos. Talvez tenha chegado a hora do meia e da seleção serem premiados.

C anadá

Não

existe um país que co memorou tanto este ciclo. Tabus foram quebrados, jejuns foram encerrados e o Canadá, após 36 anos, voltará a jogar uma Copa do Mundo. Nesta trajetória até o Catar, a seleção aproveitou para interromper al gumas sequências sem vitórias. Após quase 30 anos, o time vol tou a vencer os Estados Unidos, enquanto, diante do México, o jejum era de mais de 20 anos. Estas marcas quebradas fazem parte da histórica campanha ca nadense nas Eliminatórias, onde a seleção liderou a fase final do início ao fim, ficou invicta du rante os 11 primeiros jogos, com sete vitórias, e só perdeu na reta final, quando estava pra ticamente com a vaga no Catar garantida. O Canadá dominou e impressionou. Por isso, o país, que esteve em 122º em 2014, está atualmente em 41º no ranking da FIFA e vive o melhor momento da sua história. No ano de 2021, por exemplo, ga nhou 32 posições no ranking e foi até premiado. É uma geração que realmente merece prêmios.

Para se ter uma ideia do desem penho canadense neste ciclo, é válido destacar que no início de 2018, quando John Herdman as sumiu o comando, o país esta va em 94º no ranking da FIFA. Esta evolução se deve também às campanhas nas duas edições na Copa Ouro. Em 2019, o Ca nadá caiu nas quartas diante do Haiti, mas em 2021 chegou à semifinal, após desclassificar a Costa Rica, e foi eliminado pelo México com um gol no mi nuto 99 - sim, nos acréscimos. Bicampeão em 1985 e 2000, a atual geração deve sonhar com uma nova conquista de Copa Ouro, mas uma taça possível de alcançar já em 2023 é a Na tions League. Para se classifi car para o Final Four, o Canadá deve vencer Honduras e pelo menos empatar com Curaçao, ou seja, é possível estar entre os melhores e competir. E esta geração quer. E é importante destacar: é um elenco que vai muito além de Davies, visto que conta com jogadores que bri lham na Europa como Stephen Eustáquio e Jonathan David.

Apesar da grande campa nha nas Eliminatórias, o Canadá não entra na Copa do Mundo do Catar como favorita a passar da fase de grupos. O ótimo tra balho do treinador John Herdman proporcionou à seleção chegar ao mundial e, pelo visto, o desempe nho de sua equipe já che gou ao limite máximo. O time circula em torno de Alphonso Davies, atleta do Bayern de Munique, que tem muita liberdade para circular por vários setores do campo, sempre partindo da meia esquerda. A estru tura tática permite que o time mantenha a organiza ção para que seu principal jogador tenha essa liberda de, mas não é o suficiente para fazer frente aos fa voritos Bélgica e Croácia.

Basta uM Gol para Fazer história

Balançar as redes já será mo tivo para comemoração dos canadenses por dias. Basta um gol para fazer história. E isso não quer dizer que o Canadá não irá além de um gol e pode sim incomodar os rivais, mas os fatos descritos mostram que o país já está vibrando só por participar. O único mundial que a seleção esteve foi em 1986: no grupo C, o Canadá perdeu para França, Hungria e União Sovié tica, encerrando a sua partici pação com três derrotas, cinco gols sofridos, zero pontos e zero gols. Logo, qualquer gol ou pon to arrancado, principalmente, no Catar fará parte da história do futebol canadense. É verdade que o país teve azar no sorteio e encontrará o segundo e o tercei ro colocado da Copa da Rússia, mas o Canadá não tem nada a perder e esta participação servi rá de experiência para a próxi ma edição, a qual o país sediará.

E a campanha canadense é tão especial que até o treinador al cançou feitos individuais. John Herdman se tornou o primeiro técnico da história a classificar um país para os mundiais femi nino e masculino. O inglês co mandou o Canadá feminino entre 2011 e 2018, ganhou dois bronzes olimpícos e deixou um legado, tanto que o país foi campeão em Tóquio. Após sete anos no femi nino, o técnico assumiu a missão de alavancar a equipe masculina e conseguiu. Obviamente, Herd man conta com uma das mais brilhantes gerações do Canadá, mas o seu talento será visto no time que tentará aproveitar os contra-ataques e os espaços dei xados pelo rival. E uma curio sidade deste Canadá é que só empatou quatro vezes no ciclo, menor número entre os países do mundial. Vai ganhar ou vai perder, mas tentará surpreen der em vez de segurar o empate.

Jogos: 45

Vitórias: 31

Empates: 04

Derrotas: 10

Aproveitamento: 71,9%

Gols feitos: 124

Gols sofridos: 31

Média de gols feitos: 2,76/ jg

Média de gols sofridos: 0,69 /jg

Jogos que fez gol: 38 (84,4%)

Jogos sem sofrer gol: 24 (53,3%)

r epresentante de M ilhões

Em campo, ele não só representará os 38 milhões de canadenses, mas também os 80 milhões de refugiados. É um atleta diferenciado. Alphonso Davies é o grande destaque da seleção e também brilha em questões sociais, sendo o primeiro jogador a se tornar embaixador das Nações Unidas em relação aos refugiados. Ele prometeu que será a voz destas pessoas. Davies nasceu em Gana, em um campo de refugiados, enquanto os seus pais fugiam de uma guerra civil na Libéria. Não se esquecendo da sua origem, mas também agradecendo o país que o abrigou, Davies será o representante de milhões de pessoas. E ele re presenta bem. O símbolo desse Canadá é veloz e habilidoso, sendo cru cial nas transições, e atua como meia, com muita liberdade. O primeiro canadense a ganhar a Champions tem só 22 anos e sabe que pode fa zer história por estas milhões de pessoas. E ele não poupará esforços.

C roá C ia

Final em 2018

Ninguém

esquecerá a faça nha deles na Copa de 2018. A Croácia chocou o mundo do fu tebol no último mundial e deixou claro que já é uma seleção tradi cional. Sim, eles possuem tradi ção mesmo com um curto his tórico. Trata-se do finalista que menos tem participações em co pas e do país que menos esteve em mundiais, mas chegou mais de uma vez às semifinais, até porque os feitos na Rússia não foram um caso isolado. A Croácia ficou em terceiro em 1998, logo na sua estreia em mundiais, com uma campanha também mar cante. Mas então, por que dizer que o país é tradicional, mesmo indo à sua sexta participação? Uma questão histórica responde. A Croácia surgiu no futebol em 1994, dois anos após a dissolu ção da Iugoslávia. Desde então, o país só não participou de dois grandes torneios - a Eurocopa de 2000 e a Copa de 2010 - e este ve em duas semis, feito que só Alemanha, Brasil, França e Ho landa conseguiram desde o sur gimento da Croácia. É ou não é um grupo de países tradicionais?

Entretanto, após o vice de 2018, a Croácia não conseguiu dar continuidade ao momento bri lhante e teve um choque de rea lidade logo na data FIFA seguin te: a Espanha goleou por 6 a 0 pela Nations League, competi ção em que a seleção foi muito mal nas primeiras edições. O time até foi rebaixado em 18/19, mas a mudança no regulamento fez com que a Croácia sobrevi vesse para uma segunda edição que o país não caiu por um gol de saldo. O desempenho aquém pós-copa também foi visto na Euro. Sem brilho, a seleção caiu logo nas oitavas diante da Espa nha, algoz recente que pode ser rival nas oitavas. O ponto posi tivo para os croatas é a recupe ração depois da Euro: em 15 jo gos, o país venceu dez, empatou quatro e perdeu só para a Áus tria, já na edição mais recente da Nations, a qual a Croácia bri lhou. Com triunfos sobre Dina marca e França, o time se clas sificou para o Final Four e chega em ótima fase no mundial. A recuperação será tão boa que acarretará um nova façanha?

entário do

ialista

Atual vice-campeã, a Seleção Croata tem motivos para acre ditar em uma nova grande campanha, dessa vez em solo asiático. Para isso, terá que entender como dosar a inten sidade de um grupo experien te e bem parecido com o que perdeu a final para França. Quatro anos mais velhos, os jogadores fortalecem o cole tivo mas geram alguma pre ocupação em relação a idade. Modric e Kovacic continuam como as grandes referências desse meio campo, que conta também com a consistência de Brozovic. O técnico Zlatko Dalic ainda tem alguns jovens buscando afirmação, como o valorizado Gvardiol, sempre comentado nas janelas de transferências. É um time sólido e que promete aprovei tar as brechas das favoritas e aprontar na Copa do Mundo.

s e deixar passar , vai lon G e

Adica para as seleções é não deixar a Croácia crescer. O país se transforma em mundiais. É um fato: se deixar passar, vai longe. A Croácia ficou na fase de grupos três vezes - 2002, 2006 e 2014 - e foi para a fase final em 1998 e 2018, quando chegou à semi. Não podem deixar os cro atas sonharem, até porque eles se tornam pesadelo de gigantes. Quatro campeões mundiais já foram derrotados pela Croácia, mas os maiores traumas são de Alemanha e Argentina que per deram por 3 a 0 nas copas de 98 e 18, respectivamente. Mesmo sem os ‘seus algozes preferidos’ - obviamente é uma brincadeira, pois qualquer time tenta evitar os campeões -, a Croácia sabe que terá trabalho para voltar à fase final. A sua chave é bem equilibrada, com três rivais que sabem competir. E é cla ro: existe uma pressão sobre os atuais vice-campeões mundiais.

A missão de tirar a pressão dos ombros dos atletas é de Zlatko Dalić. O treinador assumiu em 2017 e teve apenas nove meses para organizar a sua equipe para a Copa da Rússia. E deu certo. Dalić conseguiu entregar um tra balho brilhante: 100% na fase inicial, em um grupo que conta va com a Argentina, classificação sobre Dinamarca e Rússia nos pênaltis e uma eliminação heroi ca diante da Inglaterra na semi. A única derrota croata foi justa mente na final contra a França, mas a façanha já tinha sido feita. Agora, após um ciclo completo no comando, Dalić teve que en caixar o time sem Mandzukic e Rakitic, que se aposentaram da seleção, além de mesclar a experiência de remanescentes, como os ótimos meio-campis tas Brozovic, Kovacic e Modric, com jovens que surgiram, como o brilhante zagueiro Gvardiol. O resultado será visto no Catar.

Jogos: 50

Vitórias: 25

Empates: 11

Derrotas: 14

Aproveitamento: 57,3%

Gols feitos: 93

Gols sofridos: 59

Média de gols feitos: 1,86/ jg

Média de gols sofridos: 1,18 /jg

Jogos que fez gol: 38 (76%)

Jogos sem sofrer gol: 11 (22%)

ú lti M a dança de u M G ênio

Ele já anunciou: serão os seus últimos jogos pela seleção. O maior croata da história parará após o mundial. O atleta que mais vezes vestiu a camisa quadriculada se despedirá da Croácia. Trata-se da última dança de um gênio. Luka Modrić é um dos grandes nomes do século XXI e o seu esforço e talento foram recompensados com as premiações individuais depois da Copa de 2018. Sim, ele mereceu. O melhor jogador do mundo há quatro anos é um meio-campista com pleto que serve de exemplo de técnica, raça e disposição para estar em todos os lugares do campo. Poucos jogadores são tão dispostos e inteligentes quanto o croata, que soma ‘apenas’ 21 grandes títulos pelo Real Madrid. Aos 37 anos, Modrić segue em altíssimo nível, aca bou de conquistar a sua quinta Champions e liderará uma Croácia que deseja que os ventos indiquem uma nova zebra quadriculada.

M arro C os

Foi importante trocar de téc nico em agosto, a fim de me lhorar o clima interno e contar com o retorno de atletas como Ziyech, porém, para ir bem no mundial, são necessários al guns ‘ajustes’ com a sorte. Na Copa de 2018, Marrocos estava em um grupo com Espanha, Irã e Portugal, e só fez um ponto, mesmo duelando bravamente contra os favoritos. Neste ano, o sorteio não ajudou de novo: está em uma chave com o segundo e o terceiro colocado do último mundial. E quando não é azar no grupo, é azar no chaveamen to. Em cinco edições disputa das, o país se classificou para o mata-mata somente em 1986, sendo um feito até então inédito para os africanos. Mas, mesmo em primeiro, Marrocos duelou com a poderosa Alemanha de Matthäus, enquanto a segunda colocada do grupo, Inglaterra, enfrentou o Paraguai. Não foi uma boa ‘opção’ ser líder. Clas sificação inglesa e eliminação marroquina contra os alemães, que foram vice em 86. O azar de Marrocos deve ser estudado.

O pior para os marroquinos é que os fatos recentes seguem contando com azar, mas tam bém com uma pitada de inca pacidade. Nas oitavas da Copa das Nações de 2019, a seleção foi eliminada nos pênaltis pelo modesto Benin. Na edição se guinte, neste ano, Marrocos caiu nas quartas diante do Egi to, na prorrogação. Já na Copa Árabe, o país foi derrotado pela Argélia nas quartas, também nos pênaltis. Portanto, foram três eliminações no tempo ex tra ou na marca da cal contra seleções que não estão na Copa do Mundo. Um dos únicos pon tos positivos - para não dizer único - do ciclo foi a tranqui lidade para se classificar para o mundial. Oito dos dez jogos dos playoffs das Eliminatórias da África terminaram em 0-0, 1-0 ou 1-1, mas Marrocos foi a grande exceção ao derrotar a República Democrática do Con go por 4 a 1 e garantir o seu segundo mundial seguido. Ago ra é hora de pensar em como se livrar deste azar no Catar e ‘aprender’ a cobrar pênaltis.

A Seleção Marroquina che ga como uma incógnita por conta da troca de treinador às vésperas do mundial. Wa lid Regragui chega com um bom trabalho no Wydad Ca sablanca, campeão da Cham pions League africana, mas não tem experiência com seleções. Conta ao seu fa vor uma ótima geração de jogadores, com um sistema defensivo muito técnico, encabeçado pelos laterais Hakimi e Mazraoui, além Amrabat, volante com óti ma distribuição de jogo, e do talentoso Ziyech, que de sistiu da aposentadoria da seleção para ser o protago nista de Marrocos. Os Leões do Atlas serão os fiéis da ba lança do Grupo F na luta por uma vaga nas oitavas, mas isso dependerá das ideias de seu novo comandante.

C o M entário do espe C ialista por e lton s erra

‘ p re F ere ’ duelos C o M europeus

Parece ironia, mas não é. Ao olhar a história de Marrocos em copas nota-se que o time ‘prefere’ duelos com europeus, pois só pontuou em mundiais diante das seleções deste conti nente. Em 16 jogos em copas, a seleção venceu dois rivais e em patou cinco vezes: derrotou Por tugal e Escócia, e empatou com Bulgária, Polônia, Inglaterra, Noruega e Espanha. É importan te citar que foram só quatro jo gos contra não-europeus, porém, o fato de pontuar contra estas seleções fortalece a superstição dos marroquinos que estão em um grupo com dois favoritos que são europeus. É certo que desbancar Bélgica e Croácia é uma missão complicada, mas arrancar pelo menos um pontos destes rivais e vencer o também competitivo Canadá pratica mente classificaria Marrocos. Talvez a superstição e a ‘pre ferência’ ajudem os africanos.

A questão é que para ser azarão é necessário ter um plano tático consolidado e isto não é a reali dade devido à troca de técnicos em agosto. O ex-zagueiro Walid Regragui assumiu o comando da seleção após problemas com Vahid Halilhodžić e teve apenas a data FIFA de setembro para co nhecer os seus comandados. Na ocasião, Marrocos venceu o Chile e empatou com o Paraguai, mas o duelo com duas seleções que não estarão no mundial propor cionaram poucas observações a todos, principalmente para o próprio técnico. Mesmo assim, o grande ato de Regragui foi ban car o retorno de estrelas como Mazraoui e Ziyech, que são peças importantes de um sistema que deve abusar das pontas, até pela presença destes atletas juntos de Hakimi e Boufal. As dobradi nhas nas laterais são estratégias certas de um time que tentará se acertar durante o mundial.

Jogos: 57

Vitórias: 37

Empates: 14

Derrotas: 06

Aproveitamento: 73,1%

Gols feitos: 104

Gols sofridos: 33

Média de gols feitos: 1,82/ jg

Média de gols sofridos: 0,58 /jg

Jogos que fez gol: 48 (84,2%)

Jogos sem sofrer gol: 35 (61,4%)

F ez M a G ia para voltar

O ‘Mago’ não estava para brincadeira. Ziyech era carta fora do bara lho de Marrocos, mas fez magia para voltar ao ‘demitir’ o seu algoz. Obviamente, trata-se de uma brincadeira com o apelido de Ziyech, mas a verdade é que o atleta do Chelsea não era convocado desde ju nho de 2021 e só retornou porque os problemas internos e as ações do treinador Vahid Halilhodžić, que deixava Mazraoui fora das con vocações também, acarretaram a demissão do técnico. O problema é que mesmo sendo o craque do país, Ziyech não vive um bom mo mento. Na temporada, o atleta soma 279 minutos pelo Chelsea, par ticipou de nove jogos e o seu último gol foi em março. Além disso, a derradeira partida completa de Ziyech foi em agosto, ou seja, não é possível cravar a sua situação física. O sonho dos marroquinos é que o ‘Mago’ faça ressurgir o seu futebol dos tempos de Ajax no Catar.

B rasil

Ofavoritismo

faz parte da história da Seleção Brasi leira, até porque o único país que esteve em 22 das 22 edições de Copa do Mundo exala tradi ção. O Brasil é um dos grandes candidatos ao mundial pelo forte time, obviamente, mas a presença da camisa amarela interfere em qualquer torneio. Ela é pesada. Nas 21 copas já realizadas, a Seleção esteve entre as oito melhores em 18 oportunidades, ou seja, o Brasil vai chegar e vencer, até porque ganhou, no mínimo, três jogos em todos os mundiais desde 1970. Já na semifinal foram 11 participações até então, porém é destacável que, neste século, o país só chegou duas vezes, ten do caído nas quartas de final em três ocasiões: 2006, 2010 e na última edição. Em 2018, o Brasil fez até um bom jogo diante da Bélgica, contrariando as expec tativas, visto que estava jogan do mal na Rússia, mas os belgas foram inteligentes, aprovei tando brechas defensivas bra sileiras, e venceram por 2 a 1. Uma eliminação que machucou.

Mesmo assim, Tite foi mantido e o Brasil iniciou o ciclo visando a Copa do Catar. Só que, mesmo com ótimos números, o time de sandou no meio deste período. A Seleção até foi campeã da Copa América de 2019, contra o Peru, e sobrou nas Eliminatórias para o mundial, porém o desempenho entediante estava preocupando os torcedores. A derrota frente à Argentina na final da Copa Amé rica de 2021 foi apenas a ‘pon ta do iceberg’ de uma equipe contestada, mesmo com muitas vitórias. Contudo, para alegria dos brasileiros, Tite renovou o elenco e ganhou juventude e habilidade, além de voltar a en cantar a torcida. A renovação foi tão impactante que, em meio ao elenco brasileiro, somente Neymar, Richarlison e Jesus pos suem mais do que dez gols pela Seleção Brasileira na carreira, pois boa parte dos atacantes estreou recentemente. E, para sorte do país que almeja o hexa, alguns atletas, como o próprio Neymar, fizeram uma ótima primeira parte de temporada e chegam com confiança no Catar.

C o M entário do espe C ialista

Brasil tem que pegar no tran co sempre em Copa. Quando chega incensado quase sem pre sai incinerado. Precisa de rivais duros desde cara - no tetra, a Suécia foi terceira; no penta, a Turquia, também. Agora encara a Sérvia cada vez mais forte. A Suíça que é muito boa. Depois virão Uru guai ou Portugal. Espanha ou Alemanha. Argentina. Quem sabe a França. Talvez até a Dinamarca na final. Não sei. Só sei que Tite mandou bem. Eu levaria 25 dos 26 que chamou. Armaria também o time no 4-4-2 sem a bola. Proporia o jogo no 3-2-5. Só avançaria Neymar e abriria Vini na ponta, com Paquetá por dentro. Só isso eu muda ria. E acho que não mudará nada. O Brasil segue firme e forte pro hexa. Não é só torcida. Nem chute. É real.

torCedores euFóriCos, CalMa!

l ista de C onvo C ados

Aeuforia

tomou conta do Brasil em relação ao hexa por duas razões. A primeira é o bom futebol apresentado pela Seleção: são sete vitórias seguidas antes do mundial. A outra questão é a superstição. O Brasil foi campeão do mundo oito anos após um vexame em casa - houve o Maracanazo em 50 e o Brasil venceu em 58 -, ou seja, oito anos depois do 7 a 1, pode ser a hora do brasileiro ‘voltar a sorrir’. Outra questão é que este é o segundo mundial na Ásia. O primeiro foi dispu tado na Coréia e no Japão, em 2002, ano do penta. Além dis so, ser campeão no mundial em que a França chega como atual campeã e a Argentina como fa vorita também é o roteiro de 20 anos atrás. São fatos? Sim, mas que não decidem jogos tão im previsíveis como os duelos de Copa. Portanto, o placar indica: torcedores eufóricos, calma!

E poucos brasileiros desejam mais este título do que Tite. O técnico, que deixará o cargo depois do mundial, teve uma chance rara no futebol brasilei ro: dirigir a Seleção duas copas seguidas - só Zagallo e Telê ti veram esta honra. No comando desde 2016, Tite está próximo de se tornar o segundo técnico com mais vitórias pelo Brasil. Basta vencer a Copa do Mundo. Para isso, a Seleção tende a pas sar por um mata-mata pesado, o qual pode contar com um cam peão mundial em cada fase. E é justamente nestas dificuldades que entra a principal crítica de Tite: o baixo número de jogos contra europeus devido ao calen dário deles. Após a derrota para a Bélgica, o país duelou só com a Tchéquia, ou seja, não enfrentou nenhum europeu que estará no Catar. É um ótimo time, mas a falta de duelos com estes países deixa os brasileiros com receio.

Baile diante de rivais e raCistas

As pessoas de caráter querem te ver bailar. Alvo de racismo em se tembro, Vinícius Júnior deixou claro que o preconceito não mudaria o seu estilo de vida e de jogo. E que bom! Inclusive, Vini, baile diante de rivais e racistas no Catar. O oitavo melhor jogador do mundo em 2021/22 merece brilhar e dançar após o gol. Porém, mesmo vivendo uma fase espetacular, Vinicius não sabe se será titular no mundial. Por questões táticas, é improvável que o técnico mexa nos volantes, sobrando só a vaga de Richarlison para o ponta, já que Neymar, Pa quetá e Raphinha são titulares do Brasil. É melhor entrar com Vini e centralizar Neymar, ou com o ‘Pombo’ como centroavante, deixando o atleta do Real para a segunda etapa? Ninguém sabe, mas é possível ver, a partir destas opções, que o elenco é ótimo e que este é o Brasil mais preparado desde o penta. Logo, o hexa pode estar próximo.

C a M arões

Quartas em 1990

Eto’o - 56 gols

Fez

falta no mundial há qua tro anos, mas está de volta. Neste ciclo, Camarões não fa lhou nas Eliminatórias e retor nará ao mais alto nível de dis puta, mesmo que o seu futebol esteja distante deste patamar. Camarões não vive um bom mo mento dentro de campo e tenta se apegar a números históricos que indicam, pelo menos, a sua tradição. Esta é a oitava parti cipação camaronesa, recorde entre os africanos - no período de 1990 a 2014, o país esteve em seis dos sete mundiais. Além disso, a ida às quartas de 1990 é o melhor resultado do conti nente, junto do Senegal de 2002 e a Gana de 2010. Em contra partida aos dados positivos, o momento camaronês em copas é preocupante: perdeu as últi mas sete partidas - um jogo em 2002 e todos os duelos de 2010 e 2014 - e pode alcançar o infe liz recorde do México de 1930 a 1958, quando o país teve uma série de nove derrotas. A tradi ção camaronesa não condiz com esses feitos e o mundial servi rá para mudar esta história.

Esta situação realmente assusta porque é possível que o azarão do grupo G alcance este recorde negativo de derrotas. Porém, a grande façanha na classifica ção pode animar Camarões no mundial. Nas Eliminatórias, o time fez boa campanha inicial, deixando Costa do Marfim para trás, e duelou com a Argélia no playoff final. Após dois placa res iguais de 1-0, a disputa foi para a prorrogação e os donos da casa marcaram o possível gol da classificação aos 118, porém os camaroneses persistiram e Toko Ekambi balançou as redes de forma inacreditável no minu to 124, colocando Camarões no mundial. A façanha, que ocorreu em março deste ano, foi muito comemorada, até porque a sele ção falhou nas duas edições re centes da Copa das Nações. Em 2019, a equipe caiu nas oitavas frente à Nigéria e, dois anos de pois, como país-sede, não cor respondeu ao apoio da torcida e acertou só um pênalti contra o Egito na semifinal, sendo eli minado. Enfim, a vaga no mun dial salvou um ciclo mediano.

Camarões foi melhor que a encomenda em 1982. Encan tou em 1990. Acharam que até a virada do século fariam final de Copa... Só fizeram fiasco desde então: indisci plina, farra, festa, irregu laridade, desperdício de ta lentos. No Catar, nem tantos têm. Aboubakar, centroavan te que já passou pelo Porto, aos 30 já passou do ponto. O goleiro Onana é bom. Mas já foi muito melhor. Ekam bi faz sua graça pela es querda. Ngamaleu também pode fazer das dele por ali. Mas é Anguissa marcando e chegando à frente como volante, e Choupo-Moting, em seu melhor momento na carreira no Bayern, que po dem levar Camarões a não perder feio na Copa. Porque perder deve perder os três jogos de um grupo forte.

a dança na Bandeirinha Faz Falta

Independentemente da sua ida de, você já viu imagens de um certo jogador dançando com a bandeirinha de escanteio após um gol. Trata-se de Roger Milla, o responsável pelo maior feito da história de Camarões. Em 1990, comandado pelo atacante de 38 anos, o time venceu Argentina e Romênia na fase de grupos e foi para o mata-mata, onde des classificou a Colômbia com dois gols de Milla. Já nas quartas, a seleção foi eliminada no tempo extra pela Inglaterra, mas a his tória já tinha sido feita. Milla já havia dançado quatro vezes com a bandeirinha de escanteio, em um ato que, segundo ele, foi um improviso. Um improviso para a eternidade. Uma dança na ban deirinha que faz falta. Esta foi a única vez que Camarões passou de fase e a situação piora ao ver que, nas outras participações, a seleção só venceu um jogo - con tra a Arábia Saudita, em 2002.

O desempenho pós-Milla em mundiais deve atormentar o atual presidente da Federação Camaronesa, Samuel Eto’o. Sim, ele mesmo. Inclusive, o ex-ata cante resolveu demitir o técnico Toni Conceição após a Copa das Nações deste ano e efetivar o seu ex-companheiro de seleção, Rigobert Song. No entanto, exis tem duas polêmicas envolvendo isto. A primeira é que algumas mídias dizem que a troca de treinadores ocorreu após o pre sidente de Camarões, Paulo Biya, ordenar, em uma interferência inadmissível. A outra polêmica envolve o novo treinador, Ri gobert Song. Existem suspeitas que não foi ele que escolheu os atletas para o mundial, tendo em vista os seus erros na hora de fa lar alguns nomes dos atletas es colhidos para ir ao Catar. O calor nos bastidores só atrapalha uma seleção sem confiança, sem en trosamento e bem pressionada.

Jogos:

‘ e sta M os F alando da elite

Uma citação de Casimiro aqui surpreende, mas faz total sentido. Choupo-Moting passa longe de ser um craque, mas chegará nesta Copa do Mundo em uma fase brilhante. Com vários lesionados no Bayern, o atacante foi titular absoluto nos nove jogos antes da pau sa para o mundial e marcou 10 gols, além de dar três assistências, incluindo bola na rede contra Barcelona e Inter na Champions. ‘Es tamos falando da elite’ do futebol mundial e Choupo-Moting está lá. Porém, ele ainda não tem vaga garantida no time titular, até porque é impossível prever como jogará o ataque. Com opções centraliza das como o capitão Aboubakar, e ainda com os pontas Toko Ekambi e a novidade Mbeumo, que se naturalizou recentemente, Camarões tem um bom repertório ofensivo e várias possibilidades, que serão municiadas pelo ótimo Anguissa, destaque do Napoli na temporada.

’

Elesaté sonharam com isso, mas a tradição não passou dos antepassados para os ‘her deiros’. Considerada pela FIFA como sucessora da Iugoslávia, a Sérvia não consegue empla car boas campanhas em gran des torneios como a antiga na ção fazia. O quarto lugar em mundiais - em 30 e 62 - e os vices na Euro de 60 e 68 fica ram na história da Iugoslávia e a realidade é diferente. Depois da independência, inclusive de Montenegro, a Sérvia esteve em duas copas e até venceu uma partida em cada edição, mas somou duas derrotas em ambas as participações e caiu na fase de grupos. A curiosidade é que os sérvios sempre encontram os maiores campeões: Alema nha em 2010 e Brasil em 2018 e agora novamente. Na última edição, em um grupo bem se melhante, a seleção até iniciou bem ao vencer a Costa Rica, mas perdeu para a Suíça e não con seguiu surpreender os brasilei ros na rodada final. É evidente a dificuldade e a meta é colocar um ponto final nisto no Catar.

s érvia

O problema dos sérvios em gran des torneios é tão notável que eles nunca participaram de uma Eurocopa. Tentando a classifica ção desde 2008, a Sérvia sempre bate na trave nas Eliminatórias, como na última edição, quando ficou atrás de Portugal e Ucrâ nia. Com isso, foi para a repes cagem e até mandou a Noruega para casa, mas perdeu a vaga nos pênaltis contra a Escócia. Po rém, mesmo com estas questões envolvendo grandes torneios, a boa resposta da Sérvia neste ciclo foi na Nations League. Na primeira edição, o país estava na Liga C e subiu após vencer qua tro jogos. Em 20/21, se manteve na segunda divisão do torneio, mas na última edição, encerra da antes da Copa do Mundo, a Sérvia venceu novamente quatro jogos e agora faz parte da elite do futebol europeu - inclusive, nos últimos cinco jogos pré -mundial, o time venceu quatro. Estar na primeira divisão da Na tions pode ser um passo impor tante para subir o nível de uma seleção que tem talento, mas os traumas seguem atrapalhando.

Mitrovic e Vlahovic formam uma das duplas de ataque mais poderosas da Copa do Mundo. Desde que estejam saudáveis. Essa é a grande dúvida da Sérvia. Ambos se recuperam de lesões que os tiraram das últimas partidas de suas ligas. A forma como o técnico Dragan Stojkovic, cha mado de Maradona dos Balcãs quando atuava com elegância no meio-campo, vai encarar os duelos depende completa mente da presença da dupla. Autores de metade dos gols sérvios neste ciclo entre 2018 e 22, Mitrovic e Vlahovic ofe recem o estímulo ao ataque, que costuma vir pelos lados, com os alas Zivkovic e Kos tic, além da capacidade do meia Milinkovic-Savic para encontrar passes pelo meio. Sem os artilheiros, a Sérvia adotará a velha retranca.

entário do

ialista

evolução que levou à surpresa

Após ficar fora de um torneio que conta com 24 países eu ropeus, conquistar uma das dez vagas diretas do continente para o mundial parecia impossível. Mas deu certo porque o time progrediu. Foi esta evolução que levou à surpresa. A Sérvia foi a única seleção europeia que não estava na elite da Nations e conquistou vaga no Catar. Só que, em meio à surpresa e a grata evolução sérvia, há uma polêmica. Na segunda rodada das Eliminatórias para o mun dial, a Sérvia recebeu Portugal e empatou por 2 a 2, mas CR7 saiu de campo furioso porque fez um gol que a bola entrou e a arbitragem não viu - a com petição não contava com o VAR. Com o empate em vez da vitó ria, Portugal ficou em segundo e até se classificou, mas a polê mica poderia ter proporcionado uma realidade diferente para a Sérvia, que iria à repescagem.

Mesmo com toda esta polêmi ca, a campanha nas Eliminató rias foi ótima e invicta, e isso é responsabilidade de Dragan Sto jković, um dos grandes craques da história da Iugoslávia. O des taque da Copa de 90 assumiu a Sérvia no início de 2021 e só per deu três jogos: contra Dinamar ca, Japão e Noruega. A grande questão é que o novo técnico não enfrentou grandes rivais e duela com o Brasil logo na estreia. In clusive, a Sérvia só protagonizou um jogo contra campeões mun diais neste ciclo: diante da Ale manha, em 2019. Mesmo assim, devido à evolução e aos ótimos nomes ofensivos, a Sérvia tem um leve favoritismo sobre a Su íça e pode ir ao mata-mata pela primeira vez na sua história. E uma situação curiosa é que a seleção pode encontrar Portugal nas oitavas, em uma reedição do polêmico jogo das Eliminatórias. Teremos rivalidade em campo?

Jogos: 46

Vitórias: 24

Empates: 15

Derrotas: 07

Aproveitamento: 63%

Gols feitos: 70

Gols sofridos: 45

Média de gols feitos: 1,52/ jg

de gols

n essa terra de G i G antes ...

Em meio a uma seleção tão alta e forte, é necessário algum ‘baixi nho’. A média de altura dos principais jogadores da Sérvia - Kostić, Milinković-Savić, Mitrović e Vlahović - impressiona: 1,88m. Para ter um equilíbrio ‘nessa terra de gigantes’, o país conta com o mais técni co atleta desta geração: Dušan Tadić. É verdade que o jogador mede 1,81m e passa longe de ser um ‘baixinho’, mas o camisa 10 e capitão se destaca pela habilidade e polivalência. Organizador deste time bem físico, mas também qualificado, Tadić pode atuar em qualquer faixa do campo e esteve na Copa da Rússia como ponta-direita, porém deve ser o armador, atrás da dupla de ataque da Sérvia. Acostumado a dar assistências - são nove em 14 jogos pelo Ajax no Holandês -, o meia é peça fundamental da Sérvia, porque, além de dar ritmo, irá variar as jogadas para não ficar apenas no ‘chuveirinho’. Olho nele!

s uíça

Quartas em 1954

Disputar

com Brasil e Sérvia não é uma novidade para eles, mas a evolução dos rivais preocupa os suíços, que não são tão cotados para se classificar, como na Copa de 2018. E é fato que a Suíça precisa de um bom desempenho em mundiais para tentar mudar a sua modesta história. O melhor desempenho do país no futebol foi a meda lha de prata na Olimpíada de 1924 e as três trajetórias em copas até as quartas, porém a última edição que ficou entre os oito melhores foi em 1954, há quase 70 anos. Atualmente, a Suíça se acostumou a ser eli minada nas oitavas: são quatro quedas nesta fase nas últimas cinco participações - apenas o México caiu mais vezes nesta etapa. A seleção que nunca ven ceu mais do que dois jogos em mundiais também não tem uma longa história na Eurocopa, visto que estreou só em 1996. Felizmente para o futebol do país, a Suíça se tornou presença constante nos torneios e até al cançou o seu melhor desempe nho da história na última Euro.

No ano passado, a seleção sur preendeu o mundo ao eliminar a França. Na fase de grupos, a Suíça não chamou a atenção, porém, logo nas oitavas, o país estava perdendo por 3 a 1 até o minuto 80, conseguiu o empate e venceu os franceses nos pênal tis. Os suíços foram eliminados da Euro nas quartas pela Espa nha, mas não apagou a grande campanha. Além disso, o ciclo contou com outra boa trajetória. Na Nations League 18/19, a Suí ça deixou Bélgica e Islândia para trás e se classificou para o Final Four, onde até sonhou com o tí tulo, mas caiu na semi após en contrar com Portugal de CR7. Já nas duas edições recentes, a se leção não foi bem e só não foi re baixada em 20/21 por uma vitó ria nos tribunais, onde a Ucrânia perdeu o duelo com a Suíça por 3 a 0 pois não tinha atletas dispo níveis devido à COVID-19. A boa notícia da última Nations é que a Suíça derrotou, recentemen te, Espanha e Portugal, resulta dos importantes para um time que sabe que terá uma missão complicada logo na fase inicial.

A Suíça é capaz de empatar com o Brasil de 1970 e com o pior Íbis de todos os tempos. Ao mesmo tempo em que o time sofre para conseguir vencer rivais mais frágeis, pela carência de contundência ofensiva, também utiliza bem sua disciplina tática, transfor mada em compactação, para dificultar a vida de rivais po derosos. Mas, tecnicamente, parece enfraquecida em rela ção a 2018. A cartada mais re cente do técnico Murat Yakin, que assumiu após a Euro do ano passado, foi atuar sem centroavantes, com Embolo mais adiantado, um jogador veloz, capaz de atacar espa ços, característica que pode combinar com meio-campis tas de qualidade como Freuler, Xhaka e Shaqiri, que costuma ter performances melhores na seleção do que em clubes.

uM inCrível reCorde do Ferrolho

Quando

a Suíça é citada, as pessoas esperam do time muita marcação, devido ao ‘fer rolho suíço’. A ideia deste sistema usado na Copa de 1938 é esperar o rival e tentar impedir que ele consiga jogar. Chamou a aten ção, tanto que é marcante, mas não deu resultados tão expres sivos. Por exemplo, a Suíça tem o recorde negativo de 22 jogos seguidos sofrendo gols entre as copas de 34 e 94, além de prota gonizar o jogo com mais gols das copas - 7 a 5 contra a Áustria em 54. Esta fama de ferrolho só deu resultado em 2006, quando a Su íça participou do mundial e não sofreu nenhum gol: quatro jogos, eliminação nos pênaltis nas oita vas e zero gols sofridos. Foi a pri meira e única seleção da história a conseguir este feito, tanto que bateu o recorde de maior perío do sem ser vazado: 559 minutos. Um incrível recorde do ferrolho, mesmo 70 anos após surgir.

Mas esta característica estava sumida recentemente. Sob co mando de Vladimir Petković, a Suíça não era tão defensiva, tan to que deu trabalho para Brasil, na Copa de 2018, e França, na última Euro, porque conseguiu jogar e tirou os rivais da zona de conforto. Só que, vagarosamen te, o ferrolho está ressurgindo. Petković saiu depois da Euro copa, Murat Yakin assumiu em agosto de 2021 e já entregou nú meros diferentes na parte defen siva. Nos últimos seis jogos das Eliminatórias, o técnico já esta va no comando e a Suíça não foi vazada em cinco partidas. Inclu sive, segurar empates contra a Itália como mandante e visitante garantiram os suíços no Catar, enquanto os campeões da Euro pa não conseguiram a vaga. Uma zaga bem postada durante o mundial pode ser a meta de Mu rat Yakin e já é visto que isso dá resultado. Olho neste trabalho!

Jogos: 49

Vitórias: 22

Empates: 13

Derrotas: 14

Aproveitamento: 53,7%

Gols feitos: 84

Gols sofridos: 46

Média de gols feitos: 1,71/ jg

Média de gols sofridos: 0,94 /jg

Jogos que fez gol: 35 (71,4%) Jogos sem sofrer gol: 18 (36,7%)

víCio: Brilhar eM Grandes JoGos

Em 27 de agosto de 2022, um suíço se apresentou de forma histórica. Caso exista um manual de ‘Como ser um goleiro’, algumas atuações de Yan Sommer serão usadas, com destaque para este duelo recente. Há menos de três meses, o goleiro do M’Gladbach fez inacreditáveis 19 defesas contra o Bayern, estabelecendo o novo recorde da Bundes liga. Porém, isto não foi um caso isolado. Sommer tem um vício: bri lhar em grandes jogos. Na última Euro, o goleiro foi responsável por defender o pênalti de Mbappé. que eliminou a França nas oitavas, e por oito defesas só na prorrogação, contra a Espanha, na fase seguin te. Já nas Eliminatórias, Sommer fez dez defesas nos confrontos cru ciais frente à Itália. É um goleiro que decide jogos, mas que não está com ritmo. O suíço se lesionou em outubro e, inclusive, o técnico levou quatro arqueiros para o Catar. Será que ele estará recuperado?

4º lugar em 2002

Cha Bum-kun - 58 gols

C oréia do s ul

Seorgulham de ser o recordis ta de participações em meio às seleções asiáticas. É verdade, a Coréia do Sul está a caminho do décimo mundial consecutivo e o 11º na sua história. Porém, a seleção também acumula re cordes que a torcida gostaria de apagar. Por exemplo, o país conseguiu a incrível façanha de sofrer mais do que sete gols em dois jogos seguidos, na Copa de 1954 - 9 a 0 para a Hungria e 7 a 0 para a Turquia. Até por isso, a Coréia ‘ostenta’ o fato de ter a pior defesa de uma edição - 16 gols sofridos - e o pior saldo de gols geral entre todos os países que já disputaram copas - so freu 36 gols a mais do que fez. São números históricos e que podem assustar, mas que ser vem para mostrar que a his tória é bem mais assustadora que o presente. No século XXI, a Coréia foi semifinalista de um mundial e também jogou o mata-mata em 2010. São novos tempos e novas possibilidades de escrever a história, mesmo que os recordes negativos per maneçam chamando a atenção.

A possibilidade de voltar a ir bem em um mundial passa pelo talento do craque Son e de al gumas outras peças, mas estes atletas ainda não colocaram a Coréia do Sul como protago nista do próprio cenário conti nental. O país é bicampeão da Copa da Ásia, porém os títulos conquistados em 1956 e 1960 já envelheceram. Depois disso, a Coréia foi vice quatro vezes, fi cou em terceiro em três edições e não voltou a erguer a taça. Na última edição, em 2019, passou pela fase de grupos com 100% de aproveitamento e sem sofrer gols. Nas oitavas, desclassifi cou o Bahrein na prorrogação, já mostrando uma dificuldade inesperada, a qual resultou em uma eliminação diante do Catar nas quartas. Obviamente, o país -sede desta Copa do Mundo está passando por um importante processo no futebol, mas a supe rioridade coreana deveria exis tir na Ásia para dar confiança no cenário mundial. É verdade que isso ainda não ocorreu, mas despontar logo na Copa seria uma realização bem histórica.

entário do espe C ialista

Planejamento é uma palavra que define a seleção apontada preconceituosamente como a quarta força do grupo H. Pronta pro seu 11º mundial, o 10º consecutivo, a Coreia do Sul notadamente colhe bons frutos de uma escolha feita logo após a Copa da Rússia. Escolhido para liderar o pro jeto pro Catar, o português Paulo Bento desenvolveu uma seleção rápida, ainda sim com fragilidades indivi duais defensivas, porém mui to sustentada ofensivamente pelo quarteto Son, Hwang (ambos da Premier League), Lee e Jeong (estes, da Bun desliga). Trata-se de um 4-23-1 de transições perigosas, e bastante autoconfiante em sua proposta. Convém aos adversários respeitarem os sul-coreanos. É uma seleção beneficiada pela globalização.

Boas leMBranças no Continente

Até 3 de junho de 2002, a Coréia do Sul havia parti cipado de cinco mundiais, ten do começado a sua trajetória em 17 de junho de 1954, e ti nha protagonizado 14 partidas. Nunca tinha vencido. Sim, zero vitórias nas suas cinco primei ras copas, até que foi sede do mundial e venceu. E venceu. E venceu. Na histórica campanha de 2002, a Coréia somou três vitórias e eliminou gigantes como Itália e Espanha, sendo desclassificada pela Alemanha na semifinal. A seleção acabou perdendo a disputa de tercei ro lugar para a Turquia, mas nada que diminuísse a histórica campanha do primeiro e único país asiático a estar entre os quatro melhores times de uma Copa do Mundo. Até por isso, se tem alguém que tem boas lem branças no continente e gos taria de um mundial na Ásia, este alguém é a Coréia do Sul.

E falando sobre continente, a seleção tem um histórico curio so diante dos europeus. Das seis vitórias na história das copas, cinco foram contra os países do velho continente, incluindo a Alemanha, em 2018, e Portu gal, rival na última rodada. E falando sobre os lusos, a Coréia conta com alguém que conhece bastante o rival. O português Paulo Bento, ex-Cruzeiro, parti cipou do mundial de 2002 como atleta e de 2014 como técnico do seu país. Agora, terá a mis são de eliminar os seus compa triotas, mesmo com a falta de duelos de alto nível para testar o time. A Coréia do Sul prota gonizou 16 jogos contra sele ções que estarão no Catar: seis vitórias, cinco empates e cinco derrotas. A questão é que os ri vais de alto nível foram apenas Brasil e Uruguai, e a Coréia não fez grandes jogos. Vai se trans formar logo em cima da hora?

Jogos: 52

Vitórias: 34

Empates: 11

Derrotas: 07

Aproveitamento: 72,4%

Gols feitos: 94

Gols sofridos: 38

Média de gols feitos: 1,81/ jg

Média de gols sofridos: 0,73 /jg

Jogos que fez gol: 42 (80,8%)

Jogos sem sofrer gol: 30 (57,7%)

Cada dia Mais é o herói do país

Já era adorado. Já era um símbolo. Agora só falta a capa, pois cada dia mais é o herói do país! Obviamente, é uma brincadeira devido ao uso da máscara, até porque a proteção é uma ótima notícia, pois teve chances de Son perder o mundial por uma lesão no rosto. Mas ele es tará lá. A Coréia contará com o seu maior artilheiro em copas. A Ásia contará com o seu maior goleador em torneios europeus. E o futebol mundial contará com um dos seus queridinhos, até porque todo mundo ama - ou deveria amar - o Son. O coreano é muito veloz, ha bilidoso e inteligente, sendo um dos jogadores mais fatais do futebol. Até por este talento, Son foi o artilheiro da última Premier League, feito inédito para qualquer asiático. Ele gosta de quebrar recordes. Ele gosta de fazer história. Ele sabe que uma façanha pela Coréia o colocaria em outro patamar. E ‘Sonaldinho’ tem talento para isso.

G ana

Estava

se consolidando em mundiais até passar longe da Rússia em 2018. Gana não se classificou para a última edição e encerrou o bom mo mento que contava com três participações seguidas. E são os desempenhos em 2006, 2010 e 2014 que dão confiança a um time bem contestado. Na sua estreia em mundiais, Gana venceu dois jogos na fase de grupos, mas enfrentou o Brasil nas oitavas e voltou para casa. Na edição seguinte, o time che gou às quartas de final e al cançou a melhor campanha de países africanos, se juntando ao Senegal de 2002 e o Cama rões de 1990, mas a queda no dramático duelo com Uruguai ainda atormenta os ganeses. Já em 2014, a seleção não passou da fase inicial, mas se orgu lha de ter sido a única equi pe a não perder para a futura campeã do mundo. Alemanha. São façanhas consideráveis de um time que, aparentemente, gosta de jogar Copa do Mun do. Desta vez, no Catar, qual será a façanha do time ganês?

No entanto, a confiança em uma façanha passa apenas pela his tória, porque os últimos anos foram dramáticos, mesmo com a vaga para o mundial. Na Copa das Nações Africanas de 2019, a equipe caiu nas oitavas, por meio de pênaltis contra a Tu nísia, e encerrou a sua partici pação com apenas uma vitória no torneio, já sendo contestada. Só que o pior estava por vir. Na edição deste ano, quando com pletou 40 anos do último título do torneio por parte de Gana, a seleção teve o seu pior desem penho da história após não ven cer nenhum jogo e ainda prota gonizar um vexame. Depois de perder por 1-0 para Marrocos e empatar por 1-1 com o Gabão, o time ganês chegou na última rodada precisando só vencer Comores para se classificar. To davia, foi o país de pouco mais de 800 mil habitantes que ven ceu. Gana viu o rival abrir 2-0 e empatou aos 77, porém, no mi nuto 85, Comores fez o gol da vitória. Enfim, a pior participa ção ganesa na história da Copa das Nações. Algo inexplicável.

Gana vai pra Copa com um técnico interino. O ex-ata cante Otto Addo é funcioná rio do Borussia Dortmund e assumiu a seleção para os jo gos finais das Eliminatórias depois da eliminação preco ce na Copa Africana. Passou pela Nigéria e foi mantido no cargo para tentar resgatar as boas campanhas de 2006 e 2010 (quando Gana foi impe dida de chegar às semifinais pela mão de Suárez). O esfor ço desde então foi para tra zer jogadores com origem no país que não tinham optado por defender a seleção, como Iñaki Williams e Tarik Lamp tey. Eles se juntam a vários outros atletas com experiên cia de futebol europeu como Partey e os irmãos Ayew para provar que a seleção com a pior colocação no ranking da FIFA (61) pode surpreender.

quer vinGar aquela ‘Maldita’ Mão

Um dos jogos mais marcan tes da história. Na África do Sul, em 2010, Gana e Uru guai duelaram pelas quartas, em um jogo marcado pelo pesade lo ganês. Já na prorrogação, no minuto 119, Adiyiah cabeceou, Muslera estava fora do gol e a bola estava entrando, até Suárez colocar a mão na bola e come ter uma penalidade. O atacante uruguaio foi expulso, mas vibrou bastante antes de ir ao vestiário, pois Gyan acertou o travessão e o seu esforço foi recompensado. Na decisão por pênaltis, Gana perdeu o duelo e a chance de fa zer a melhor campanha de um país africano justamente na úni ca copa no continente. Foi por uma mão. Só que o mundo dá voltas e os países duelarão na última rodada do grupo no Ca tar. É certo que Gana quer vin gar a ‘maldita’ mão neste mun dial. E poderá até desclassificar os uruguaios. Será interessante.

Para comandar este time em busca da 'vingança', Gana conta com um ex-jogador que assumiu recentemente. Otto Addo atuou na Copa de 2006, passou mais de dez anos internamente, em clubes e na seleção, até receber a chance no seu país. E isto ocor reu após Milovan Rajevac ser demitido com seis meses de tra balho por causa do desempenho inexplicável na Copa das Nações. Como era o auxiliar, Otto Addo assumiu o time e conseguiu se classificar para o Catar: empa tes por 0-0 e 1-1 contra a Nigéria garantiram a vaga devido ao gol fora. Com isso, ele foi confirma do como interino pelo menos até o fim da Copa do Mundo, mas Addo sequer teve tempo de colo car as suas ideias na equipe. Fo ram apenas oito partidas e Gana só venceu Madagascar e Nica rágua. O técnico terá muito tra balho para colocar esta equipe nos trilhos durante o mundial.

Jogos: 48

Vitórias: 20

Empates: 15 Derrotas: 13

Aproveitamento: 52,1%

Gols feitos: 54

Gols sofridos: 40

Média de gols feitos: 1,13/ jg

Média de gols sofridos: 0,83 /jg

Jogos que fez gol: 31 (64,6%)

Jogos sem sofrer gol: 21 (43,8%)

l aços de F a M ília

Foi uma ‘novela’ até Iñaki Williams decidir sobre se naturalizar e os ‘laços de família’ foram decisivos. O atacante estava na barriga da sua mãe quando os seus pais deixaram Gana e atravessaram o deserto do Saara a pé rumo à Europa, até serem abrigados na Espa nha. Por isso, Iñaki tem tanto carinho pelo país e, inclusive, seu ir mão, Nico, representará a Espanha no Catar. Mas ele fez outra esco lha: quer jogar por Gana pelas suas raízes. E Iñaki agregará muito, visto que é um ótimo atacante, com força e velocidade, além de um físico inacreditável. O seu corpo permitiu que participasse de todos os jogos de La Liga nas últimas temporadas. Atualmente, o atacante do Bilbao soma 248 partidas consecutivas no torneio, sem ficar fora de nenhum jogo. Não se lesiona. Não fica suspenso. Mas im pressiona. E usará o mundial para honrar a história da sua família.

p ortu G al

Para aqueles que começaram a acompanhar os mundiais no século XXI, a presença de les é algo certo. Porém, na história, não é desta mesma forma. Portugal participou de apenas duas edições no sé culo passado, tendo estreado em 1966, quando teve a sua melhor campanha. Naquela oportunidade, com brilho do genial Eusébio, a seleção che gou à semifinal, quando foi eli minada pela a Inglaterra, que viria a ser campeã do mundo. Já neste século, os portugue ses participaram de todas as edições e o quarto lugar de 2006 é o maior feito recente em copas. Inclusive, é possí vel analisar que o país tem um padrão nos mundiais: se vencer mais do que um jogo, brilhará, mas na maioria das vezes, só soma um triunfo. Em cinco das sete edições, Portu gal só conquistou uma vitória e apenas em 1966 e 2006 que venceu mais vezes, ou seja, em caso de duas vitórias na fase inicial, é possível ‘cravar’ uma semifinal para os lusos.

Obviamente, não é possível cra var, mas os dados em copas in dicam uma evolução histórica, a qual também é vista em outros torneios, já que Portugal não ha via conquistado nenhum título até a Euro de 2016 e conseguiu uma nova taça em 2019. Na pri meira edição da Nations League, a seleção contou com o brilho de CR7 na fase decisiva e ergueu a primeira taça possível neste ci clo. É verdade que o desempe nho depois desta conquista não foi tão animador, mas a taça é significativa. Nas duas edições seguintes, Portugal terminou em segundo na fase de grupos, não se classificando para o Fi nal Four. Inclusive, na última edição, o time português preci sava de pontuar em casa contra a Espanha para ficar com a vaga na fase final, mas foi mal e per deu para os espanhóis diante da sua torcida. O desempenho sem brilho nas duas edições mais recentes se junta à eliminação portuguesa na Euro do ano pas sado, quando os atuais campeões caíram para a Bélgica logo nas oitavas. O ciclo não foi tão bom.

Apesar de ter deixado de fora peças que acrescentariam características diferentes de jogo, como Renato Sanches e Gonçalo Guedes, Fernan do Santos tem nas mãos se guramente o melhor elenco da Portugal da história das Copas do Mundo. O jogo é muito baseado no talento de Bruno Fernandes e Bernardo Silva, e a presença do astro Cristiano Ronaldo demanda uma constante preocupação adversária. A defesa é con sistente, e João Cancelo pode ser uma válvula de escape pelo lado, tanto na direita quanto na esquerda. A equi pe joga no 4-2-3-1, e a ausên cia de Diogo Jota abre brecha pra uma disputa entre Rafael Leão, em melhor fase, e João Félix. Numa chave tecnica mente difícil, Portugal carre ga um inevitável favoritismo.

velhos ConheCidos, velhos trauMas

Mesmo com apenas sete participações, Portugal já conhece todos os três rivais do grupo de duelos decisivos em copas. Em resumo, infeliz mente para os lusos, aparece ram velhos conhecidos e, com isso, velhos traumas ressurgi ram. Em 2002, a seleção pre cisava apenas pontuar contra a Coréia e iria para o mata-mata, mas perdeu e ficou sem a vaga. Já em 2014, o país europeu ne cessitava de uma goleada sobre Gana para conseguir ir para a fase final e venceu somente por 2 a 1. Já na última edição, Por tugal encontrou com o Uruguai nas oitavas de final e, já com uma ótima geração, a esperança era de triunfo dos campeões da Europa, mas os uruguaios ven ceram por 2 a 1 e foram para as quartas de final. São lembran ças nada agradáveis para os portugueses, que desejam re escrever esta história no Catar.

E possuem elenco para escrever uma história diferente nesta edição da Copa do Mundo. Por tugal tem diversos jogadores brilhantes e, ao analisar os no mes disponíveis, certamente es taria entre as favoritas ao títu lo, porém o desempenho aquém acaba diminuindo a confiança nos lusos, que contam com um treinador bem contestado. No comando desde 2014, Fernando Santos é criticado pelo pragma tismo mesmo com uma seleção com diversas opções ofensivas, pois é raro contar com peças como CR7, João Félix, Bruno Fernandes, Bernardo Silva, Ra fael Leão e outros. Mesmo com o título da Euro e da Nations, o técnico com mais partidas por Portugal não consegue extrair tudo que o elenco oferece. Uma pena para esta geração portu guesa que pode ficar sem ne nhuma grande façanha em Copa do Mundo. Ou será desta vez?

Jogos: 48

Vitórias: 29

Empates: 12

Derrotas: 07

Aproveitamento: 68,8%

Gols feitos: 93 Gols sofridos: 31

Média de gols feitos: 1,94/ jg Média de gols sofridos: 0,65 /jg

Jogos que fez gol: 34 (70,8%)

Jogos sem sofrer gol: 21 (43,8%)

n ão era para ser assi M

Um gênio como ele não merece um fim de carreira melancólico. Se tornar reserva do United, discursar de forma polêmica faltando uma semana para a Copa e ainda ir para o mundial com apenas três gols feitos em 16 jogos. Ninguém imaginava, mas Cristiano Ronaldo che ga no Catar no momento mais turbulento da sua carreira. Não era para ser assim. Porém, é importante destacar que é neste cenário de desconfiança que o ‘Gajo’ gosta de crescer. Maior goleador do fute bol de seleções, CR7 precisa de um gol neste mundial para se tornar o primeiro jogador da história a balançar as redes em cinco edições de Copa do Mundo. É um recorde e ninguém gosta mais de bater re cordes que esta ‘besta enjaulada’, que pode não estar vivendo o seu melhor momento, mas sabe que pode ser a sua última grande chan ce em alto nível e tentará encantar o mundo do futebol. Olho nele!

u ru G uai

São

15 títulos de Copa Améri ca, sendo o maior campeão continental junto da Argentina. Foi bicampeão do mundo em 1930 e 1950, além das meda lhas de ouro olímpicas em 1924 e 1928. É verdade que trata-se do maior jejum de títulos da Copa do Mundo, mas o Uruguai é tão tradicional no futebol que passa a impressão de que é uma nação extremamente po pulosa. Na realidade, o país só tem 3,5 milhões de pessoas, ou seja, é tem a metade da popula ção da cidade do Rio de Janeiro, praticamente. Pelo tamanho, os feitos no esporte se tornam ainda mais chamativos. Além do bicampeonato, o Uruguai ficou entre os quatro melhores em outras três oportunidades, mesmo com um momento ruim no fim do século XX. Entre as copas de 1974 e 2006, a Celes te disputou apenas quatro das nove edições possíveis e ven ceu apenas um jogo, que foi durante o mundial de 1990. A coincidência é que este triun fo isolado foi contra a Coréia do Sul, adversária neste ano.

O Uruguai só voltou a fazer boas campanhas em mundiais com o início da era Óscar Ta bárez: chegou à semifinal em 2010, oitavas em 2014 e quar tas de final em 2018. Inclusi ve, os uruguaios ficaram or gulhosos do seu país na Copa da Rússia, visto que o time perdeu para a futura campeã França nas quartas de final, ou seja, foi até onde era possível. Só que depois do mundial de 2018, o ciclo não foi tão po sitivo. Na Copa América de 2019, o Uruguai foi eliminado nas quartas diante do Peru, por meio de uma decisão por pênaltis. Já na edição seguin te, no ano passado, a Celeste caiu novamente na marca da cal, mas desta vez contra os colombianos. Logo, é esperado que os jogadores treinem pe nalidades máximas, visto que o mata-mata da Copa do Mun do pode requerer este ‘talento’. Outro ponto negativo deste ci clo pré-copa foi a série de qua tro derrotas nas Eliminatórias no fim de 2021, a qual acarre tou o fim de uma era histórica.

É a Copa da renovação para o futebol uruguaio. Depois de um longo período de sucesso sob o comando de Óscar Tabá rez, a Celeste se viu obrigada a buscar novos ares para se classificar. E a aposta em Die go Alonso deu retorno ime diato com quatro vitórias nas rodadas finais das Elimina tórias. A renovação também será sentida dentro das qua tro linhas. Nomes como Fede rico Valverde e Darwin Nuñez chegam com destaque ao Ca tar e junto com a qualidade do goleiro Rochet, a força de Betancur e Vecino no meio, e o talento de Pellistri e Arras caeta na criação, dão ao Uru guai uma nova feição, ainda que sigam no elenco os expe rientes Cavani, Suarez, Godín e Gimenez. Juventude e ex periência; força e talento... o Uruguai tem uma boa receita.

o ne C essário F i M de u M a era

Foram 15 anos e oito meses de uma conexão muito bonita. Trata-se de um ícone do futebol sul-americano. Maestro Óscar Tabárez estava no comando do Uruguai desde 2006 e colocou o país nos trilhos novamente. Além do título da Copa América de 2011, o desempenho brilhan te na Copa da África do Sul cha ma a atenção. No entanto, como sábio que é, Tabárez entendeu que o seu ciclo estava chegan do ao fim. Com isso, o neces sário fim de uma era histórica possibilitou uma renovação, pois jogadores como Valverde, Darwin Núñez, Ronald Araújo e Bentancur merecem ser os novos protagonistas, enquanto os veteranos Muslera, Godín, Suárez e Cavani não possuem o mesmo ritmo de jogo. São im portantes no mundial? Sim, cla ro que sim, mas o Uruguai deve depender da sua nova geração e não dos nomes 'ultrapassados'.

Esta transição é natural e está sendo feita no momento certo, já que vários uruguaios estão no nível mais alto do futebol. E para organizar este time, o Uruguai recorreu a um treinador de 47 anos. O ex-atacante da seleção, Diego Alonso, estreou neste ano e venceu quatro jogos seguidos, garantido desta forma a vaga no Catar, a qual estava indefinida com o desempenho ruim de Ta bárez. Além destes quatro due los, o Uruguai de Alonso entrou em campo outras cinco vezes, enfrentou quatro seleções que estarão no Catar e venceu três destes rivais, sendo derrotado apenas pelo Irã, no único jogo que sofreu gols nesta reta final de amistosos. Obviamente não é o indicado, mas Diego Alon so estará no Catar com apenas nove jogos de experiência. Ele terá bastante trabalho durante o torneio, principalmente por estar em um grupo equilibrado.

i M pressiona a C ada J o G o

Não é nenhum exagero dizer que ele está entre os dez melhores jo gadores do mundo na atual temporada. Não há dúvidas. O início de temporada de Fede Valverde foi impressionante - participou de seis gols nos últimos sete jogos pré-Copa - e ele se consolidou ainda mais como uma peça fundamental do Real Madrid. O jogador de apenas 24 anos percorre todo o campo e impressiona a cada jogo. Autor da assistência para o gol do título da Champions, Valverde se destaca também pela polivalência, visto que joga como volante marcador, homem da saída de bola, criador e até como ponta-direita. É com pleto e Diego Alonso deve explorar estas características neste novo Uruguai, que passa pelo talento do seu grande jogador. Fede é sim o expoente desta geração. Intenso, inteligente e dinâmico, Valverde é um meia moderno e que certamente deseja feitos pelo seu país.

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