AMOR SÓ DE MÃE. E onde fica a cabeça do Floquinho, hein???

floquinho

Associei o título de uma conhecida letra de rap para uma reflexão sobre a realidade da vida: Amor só de mãe. Quem de nós, na infância, durante a adolescência, não ficou “quebrando a cabeça” para descobrir de que lado é a cabeça do cachorro Floquinho, da turma da Mônica? E o mais enigmático, qual seria sua imagem, a cara, o olhar do cachorro? Enfim, Floquinho traz uma mensagem subliminar, forte para as crianças e que muitos adultos não entendem, jamais entenderão ou aceitarão.

Todo mundo nesta vida vai vivendo como as crianças olhando para o Floquinho. E mesmo sem saber o que e como é o cachorro, se encanta, se apaixona pela sua imagem. Seu formato peculiar dos pelos, diferente, a cor verde sedutora… E assim, milhares de pessoas se apaixonam pelo Floquinho, passam a “amá-lo” sem conhecer seu lado de dentro.

Exatamente assim acontece na vida de milhões de seres humanos, em busca “de sua cara-metade”, daquilo que se quer chamar de amor. E de tantas paixões surgidas ano a ano, saem longos namoros e casamentos. Que anos depois a rotina esfria, os desafios da vida a dois “matam” um dos lados ou ambos… e vem as traições, depressões… isso quando não se segura na amargura só para manter a aparência. Por que isto acontece tanto?

Floquinho tem uma mensagem forte e real, independentemente da religião de cada um. Somos crianças diante do amor. Temos uma visão curta da extensão do sentimento pleno do amor e nossa mente, nosso próprio cérebro é limitado para essa compreensão em direção aos outros.

Vejam agora a expressão “amor só de mãe”. A mulher carrega a nova vida no útero. Nove meses de cuidado e reflexão com aquela vida. Ela vê o filho nascer. Um corpo formado dentro de seu corpo, com uma vida que veio de “um sopro divino”, com seus segredos… logo, a mãe não criou a alma, ela abrigou a alma. Pai e mãe fizeram um novo abrigo para uma vida que veio do mistério divino. E acompanharão seu crescimento. Existe então essa relação de amor desde o nascimento. Mas como descobrir e entender um amor que nos chega de um “encontro casual” nas esquinas da vida? Alguém que “surge do nada”, nunca tínhamos visto, não sabíamos seu nome, começa a conversar e nos acompanhar? Dezenas, centenas de amizades nascem assim. Amizades verdadeiras e falsas, que compõem casos e casos de aproximações e afastamentos. Mas e quando se fala de namoro, paixão, amor? Se em amizades verdadeiras existe uma responsabilidade para mantê-la, no amor a coisa é muito maior. Um desafio que com certeza 98 ou 99% da população mundial não vence. Porque somos muito limitados, por um fator natural da raça humana. A mãe ama seu filho. Porque gerou. Educou, viu seu crescimento, conhece muito de seu comportamento, ainda que não saiba completamente seus sentimentos e muito menos seus pensamentos. Então ama.

Mas como entender o amor surgido nos encontros adultos da vida? Duas pessoas que não conviveram, não se conheciam… de onde veio essa identificação? Milhões de pessoas tentarão explicar para conviver com alguém. Simpatizou com a pessoa. “Se entendeu”. Se apaixonou pelo estilo. Sentiu segurança, compreensão. Mas todas essas explicações correspondem a um estágio infantil ou adolescente. Como as crianças veem o Floquinho. Seu jeito meigo de se relacionar com os personagens do Mauricio. Mas ninguém vê o Floquinho por dentro, para dizer que o ama internamente da mesma forma que o ama como o vê externamente. Eis o ponto mais delicado deste meu texto… lembro que numa das histórias, inventaram de cortar os pelos do Floquinho para vê-lo como ele é. Foram cortando, mas eis que não o viram! O cachorro estava invisível! Trazendo o fato para a vida real… durante o relacionamento de amizade ou namoro, tentamos compreender o outro… mas nunca descobriremos o que se passa em sua cabeça, seus pensamentos. Pensamentos que são diretamente ligados aos sentimentos. Sabemos de nossos sentimentos, mas nunca compreenderemos totalmente o que o outro sente por nós. E embora saibamos o que sentimos pelo outro, devido a nossa “eterna adolescência” não saberemos explicar cem por cento o porquê desses sentimentos e muito menos a outra parte entenderá.

Tudo isto é um processo de amadurecimento espiritual contínuo, cujas respostas só o tempo trará. A reciprocidade completa num relacionamento de amor é algo que não sabemos quando ocorrerá, e durante este tempo incerto, ocorrem as provações. Amor recíproco não se cobra, não se cobra amor. Ele vem da paciência das observações e do aprendizado no dia a dia, nos desafios. É mais fácil aprender matemática, a complexidade da álgebra, da química, da física, do que entender a complexidade dos sentimentos das pessoas, o que viram em nós, a extensão do que viram, a certeza daquilo que viram e se elas têm realmente o amor de verdade por nós ou se é ilusão de amor. Muito mais difícil entender isto do que entender as leis da física! Por isso quando cortaram os pelos do Floquinho, nada viram. Fizeram isso por pressa, impulso, curiosidade, por isso não descobriram seu aspecto interno. Ver o interno de alguém é para poucos. É dificílimo. Vai de muita convivência, esforço recíproco, respeito às fraquezas de cada lado, compreensão dos defeitos e também esforço conjunto para entender cada um sem invadir sua privacidade. Diante de gigantesca dificuldade, milhões de pessoas desistirão, se frustrarão com as tentativas de encontrar “a pessoa ideal para sua vida” e reafirmarão a expressão do grupo de rap; “amor só de mãe”. Porque:

  • Milhares elogiarão o Floquinho enquanto está saudável, brincando com todos na rua, mas não o amarão a ponto de cuidar dele, de suas necessidades, nos momentos de dificuldade;
  • Outros milhares elogiarão porque “é legal elogiar”, mas não acreditam no amor;
    E finalmente, o ponto crucial de tudo isto:
  • Floquinho é amigo, camarada, espalha sua bondade para todos que se aproximam dele, porque é sua missão. Mas seu amor interno, o mais profundo, seu tesouro maior, não pode ser “distribuído” a todo mundo, porque a carência mundial sugará todo seu potencial, suas energias. Então ele se preserva. Mantêm sua imagem interna bem guardada e só revelada a quem dele se aproximar por enxergar sua beleza interna, com olhos que enxergam além… além de sua imagem que todos veem, “a do cãozinho diferente”. Esse Floquinho interno se preserva mas sua invisibilidade não é ele que faz, são os olhos do mundo que não enxergam mesmo. E para enxergar, há que nadar contra a correnteza, ser diferente. Algo que a massa humana levará décadas, séculos para evoluir.

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Floquinho, representação simbólica, animada, infantil de um poderoso amor que o ser humano desconhece. Justamente por ser extremamente raro. Não foi à toa que Mauricio de Sousa desenhou um cão verde, com dois tufos idênticos na parte da frente e de trás e que ninguém vê se cortar seus pelos. Dentro da realidade humana todo este texto se resume em: pessoas raras enxergam pessoas raras. E duas pessoas raras é tão difícil se encontrarem no mundo como encontrar uma agulha num palheiro.
Este não é um texto espírita, mas tem uma reflexão profunda por esse caminho, pois o exemplo do Floquinho tem o conteúdo espiritual de Mauricio de Sousa, autor da ilustração desta página…

GEORGE ANDRÉ SAVY

Técnico em Administração e Meio Ambiente, escritor, articulista e palestrante. Desenvolve atividades literárias e exposições sobre transporte coletivo, área que pesquisa desde o final da década de 70.

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