seus pedaços para novas construções
O uso de madeiras de demolição é tendência em decoração de interiores, arquitetura e design. O aspecto envelhecido das peças e o fator ambiental intrínseco têm conquistado cada vez mais adeptos.
Na Mostra Casa Nova 2008 em Santa Catarina, este ar nostálgico e cheio de histórias está presente em cozinhas, salas e até banheiros. No meio da selva de pedra, a madeira transmite calor, afirmou Alberto Freitas, advogado e visitante da Mostra. Na cozinha da Casa de Praia, a mesa e o aparador, confeccionados com madeira de demolição, criam um ambiente aconchegante e receptivo.
— A madeira tem vida. Na ranhura e nos nós, você lê a história e nobreza dela. Os mais sensíveis, até sentem as vibrações do ambiente onde ela esteve no passado — disse Alberto, que também têm alguns mobiliários de pau canela preta.
A madeira de demolição tem história mesmo. Recuperada de casarões antigos, fazendas e fábrica, após receber o tratamento de restauração, transforma-se em bancos, mesas, pisos, janelas, vigas, aparadores, e uma infinidade de peças. Em muitos casos, a cor original da madeira é conservada.
No espaço São Paulo Mostra Moda a banqueta parece um caleidoscópio de cores. Provavelmente, durante a confecção, o marceneiro pegou um pedaço da madeira azul da janela e combinou com o laranja retirado da porta.
Atualmente, as espécies de madeira de demolição mais encontradas são de cerejeira, canela, pinho- de-riga e peroba rosa. Boa parte dessas madeiras já estão extintas comercialmente. Por isso, engana-se quem pensa que comprar madeira de demolição é mais barato. Como a peça precisa ser restaurada e trabalhada, o valor também aumenta.
Os materiais mais antigos, alguns até centenários, são muito valorizados. Para muitos, a durabilidade e nobreza são o ponto forte da madeira, o que justifica o custo alto das peças. As madeiras são “tratadas pelo tempo” e sofrem um efeito de estufa natural, o que impede retração, empenamento e ataque de cupins. Até chegar ao mercado, pode receber acabamentos diferenciados. Pode ser clareada, esbranquiçada, escurecida, ebanizada.
Para Alberto, quanto mais rústico melhor. Além de evitar o tombamento de outras árvores, o que seria inutilizado recebe nova vida e forma. Atualmente, os profissionais estão combinando revestimentos frios, como porcelanato, cimento queimado, mármore e vidros, com elementos campestres que aquecem e tornam o ambiente mais receptivo e natural.
No espaço O Chef é Você, a mistura do antigo com o moderno entra em sintonia. A bancada e mesa da cozinha de canela branca dividem espaço com eletrodomésticos modernos.
— Reutilizamos uma madeira que já estava no mercado por que estamos preocupadas com a preservação ambiental — comenta a arquiteta Mari Faraco.
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