A Itália tem uma das maiores concentrações de arquitetura religiosa do mundo. São cerca de 100 mil igrejas espalhadas por todo o país! Das grandes catedrais até as pequenas capelas, o que não faltam são riquíssimos exemplares da arquitetura histórica cristã, construídas ao longo dos séculos, em diferentes estilos arquitetônicos.
Como seria impossível conhecer todas elas, reuni nesse post as 10 igrejas italianas que considero mais belas e os principais motivos pelos quais as considero paradas obrigatórias para quem quer conhecer um pouquinho mais sobre a arquitetura religiosa desse país fantástico. Vamos lá?
Catedral de Santa Maria Nascente, Milão
A Catedral de Milão, ou Duomo di Milano, é a maior igreja em solo italiano, já que a Basílica de São Pedro oficialmente pertence ao Vaticano. É a sede da Arquidiocese de Milão e uma das mais célebres e complexas edificações em estilo gótico da Europa.
A catedral é realmente enorme, com 157 metros de comprimento e 109 metros de largura! Seu interior possui cinco naves com uma altura que chega aos 45 metros, apoiadas por 40 colunas gigantescas.
A catedral, dedicada a Santa Maria Nascente, começou a ser construída em 1386, num estilo gótico tardio de influência francesa e centro-europeia, bem diferente do estilo corrente na Itália medieval. Mas foi só no século XVIII que a parte externa da cúpula foi completada, onde foi colocada a famosa estátua da Madoninna. Apenas em 1813, a catedral foi dada como finalizada, mais de quatrocentos anos após o início das obras.
Ainda que a igreja seja lindíssima vista da piazza, a visita ao Duomo só fica completa com a subida até o terraço da cobertura, de onde se tem uma das melhores vistas do centro de Milão! Na hora do pôr-do-sol ela adquire um tom dourado belíssimo, quando o mármore da fachada e dos pináculos reflete a luz do crepúsculo.
Basílica de San Marco, Veneza
A Basilica di San Marco é a mais famosa das igrejas de Veneza. Ela está localizada bem no coração da cidade dos canais, emoldurada pela praça de mesmo nome e bem ao lado do Palazzo Ducale. A igreja é um dos melhores exemplos da arquitetura bizantina na Itália, construída durante o domínio de Constantinopla. Ela é a sede da Arquidiocese de Veneza desde 1807.
A primeira igreja construída no local remonta ao primeiro século depois de Cristo. Foi um edifício temporário, dentro dos limites do Palazzo Ducale, construído em 828, quando mercadores venezianos adquiriram de Alexandria as supostas relíquias de São Marcos Evangelista, apóstolo de Jesus Cristo. Após passar por incêndios, rebeliões e diversas reconstruções, foi só em 1063 que o edifício conquistou a planta e grande parte da ornamentação que tem hoje.
A Basílica possui uma planta central em cruz grega, assim como a Hagia Sophia de Istambul e outras igrejas construídas na época do Império Bizantino. O espaço interior está organizado em três naves longitudinais e três transversais, com um baldaquino que cobre o altar principal e colunas decoradas com relevos do século XI.
As paredes foram ricamente recobertas com mosaicos em ouro, bronze e pedras preciosas, numa mistura dos estilos bizantino e gótico. A visita é um verdadeiro deleite para os sentidos e nos leva de volta para os tempos áureos da riquíssima e imponente República de Veneza!
Catedral de Santa Maria del Fiore, Florença
Quando eu estava na Faculdade de Arquitetura, meu professor de História uma vez disse que nenhum arquiteto deveria morrer antes de subir na cúpula de Santa Maria del Fiore, em Florença. Ele estava certíssimo e eu acho que isso vale não só para arquitetos, mas para todo ser humano que aprecia uma boa arquitetura. A Catedral de Florença é uma obra prima, resultado de um trabalho que se estendeu por seis séculos, iniciado ainda na Idade Média e terminado apenas no século XIX.
A planta da igreja é de uma basílica tradicional em cruz latina, com três naves divididas por grandes arcos suportados por colunas monumentais. Sua cúpula foi projetada por Filippo Brunelleschi no século XV e é considerada o grande marco de início da arquitetura renascentista na Itália, mantendo até os dias de hoje o título de maior cúpula autoportante de alvenaria do mundo.
A fachada, ricamente decorada com mármores coloridos que vemos hoje, só foi construída em 1864, com uma volumetria dinâmica e harmoniosa, em estilo neogótico. Já a decoração do interior é bem austera e muitos dos elementos decorativos se perderam no curso dos séculos. O grande destaque em seu interior é o magnífico afresco de Vasari sob a cúpula, representando o Juízo Final.
Catedral de Sant´Andrea, Amalfi
Quem pensa na Costa Amalfitana lembra sempre das paisagens deslumbrantes à beira mar, com as casinhas encarapitadas na montanha. Mas pouca gente sabe que ali se esconde também uma das mais belas catedrais medievais de toda a Itália.
A Catedral, ou Duomo di Amalfi, foi construída no século IX sobre as ruínas de um templo ainda mais antigo. Ao longo dos anos, sofreu diversas alterações e remodelações, incorporando diferentes elementos árabes, bizantinos, góticos, renascentistas e barrocos. Todos esses elementos permanecem preservados dentro do complexo da igreja, que conta ainda com um lindíssimo claustro de influência árabe um campanário do século XII, capelas barrocas e uma cripta.
A igreja, erguida em devoção a Santo André, guarda em seu interior o que supostamente seriam os restos mortais do primeiro apóstolo de Jesus. As relíquias foram trazidas de Constantinopla para Amalfi em 1206 e, ainda hoje, encontram-se preservadas dentro da cripta da igreja. A cripta é decorada com afrescos e ornamentos em mármore de várias cores, executados por grandes artistas medievais italianos. Vale a pena a visita.
Catedral de Módena
Além de ser a terra de Enzo Ferrari e do vinagre balsâmico, a simpática cidade de Módena, na região da Emilia-Romagna, guarda uma das igrejas mais lindas de toda a Itália. A magnífica Catedral de Módena, construída no século XII, é um dos edifícios românicos mais importantes de toda a Europa e foi classificado como Patrimônio Mundial da Humanidade pela UNESCO em 1997.
A igreja está localizada sobre o sepulcro de São Geminiano, o padroeiro de Módena.
Há registros de igrejas construídas no mesmo local desde o século V, mas todas elas acabaram sendo destruídas com o passar dos séculos. A catedral atual remonta à Idade Média, tendo sua construção atribuída ao arquiteto
Lanfranco. As obras da catedral começaram em 1099, em estilo românico, tornando-se um exemplo supremo da arte românica inicial na Itália.
Todo o complexo sobreviveu relativamente intacto ao passar dos séculos, com a catedral, a torre e os demais edifícios mantendo uma relação tradicional com a igreja ao redor da Piazza Grande de Módena. Na fachada da igreja, os notáveis relevos de Wiligelmo de Módena formam uma verdadeira obra-prima da escultura românica,
representando retratos de profetas e diversas cenas bíblicas.
Sant´Ivo Alla Sapienza, Roma
Sant'Ivo alla Sapienza, ou simplesmente Igreja de Santo Ivo, foi construída entre 1642 e 1660 pelo arquiteto Francesco Borromini, no centro de Roma. Ela é considerada uma das obras primas do barroco romano e, apesar de estar bem do meio da zona mais turística de Roma (bem ao lado da Piazza Navona), ela fica super escondida, passando completamente despercebida pelos turistas mais desavisados.
No século XIV havia uma capela no local para servir o palácio da Universidade “La Sapienza” de Roma (sim, é aquela mesma onde eu fui fazer intercâmbio em 2013!). Borromini adaptou o palácio existente e desenhou uma planta similar a uma estrela de David, que na época representava a sabedoria, fazendo jus ao nome da Universidade. Borromini fundiu a fachada curva da igreja com o pátio do palácio e criou uma cúpula em formato completamente inusitado, encimado por um lanternim espiralado. Pronto, estava dado o auge do barroco romano!
A igreja está localizada dentro do complexo que atualmente abriga o
Arquivo Municipal de Roma. Ela fica no fundo de um pátio que se acessa por um portão no Corso del Rinascimento, que é aberto a visitação pública apenas aos domingos. Realmente não é dos lugares mais fáceis de se visitar em Roma, mas eu juro que o esforço vale a pena. As curvas expressivas do barroco de Borromini são de chorar de lindas!
Basílica de Santa Anastácia, Verona
A Basílica de Sant´Anastasia, em Verona, é um exemplo magistral do gótico italiano. Ela mantém o nome de uma igreja preexistente do período lombardo, dedicada à virgem Anastasia, uma mártir do século IV. Por volta de 1290, a ordem dominicana se instalou no local e deu início à construção da Basílica Gótica, dedicada também ao mártir São Pedro, dominicano de Verona e patrono da cidade.
A basílica localiza-se na parte mais antiga de Verona, marcando o final do decumanus maximus: a principal via romana de Verona que ligava a Porta Borsàri à desaparecida Ponte Postumio. A atual igreja foi iniciada em 1280 e concluída em 1400, projetada pelos próprios frades dominicanos.
A aparência simples do exterior da igreja em alvenaria de tijolo aparente, esconde os maravilhosos ornamentos que compõem seu interior. A planta, em cruz latina, divide-se em três naves, uma central e duas laterais, com abóbadas cruzadas, lindamente decoradas com delicados afrescos medievais em motivos florais. É um dos interiores mais delicados dentre todas as igrejas que eu já visitei na vida!
Basílica de São Francisco, Assis
A magnífica Basílica de San Francesco, em Assis, é a igreja-mãe da Ordem Franciscana e foi declarada Patrimônio Mundial da Humanidade pela UNESCO no ano 2000. Ela fica bem no alto de uma colina, a oeste da cidade medieval de Assis, com vistas espetaculares para toda a região campestre da Umbria.
A basílica consiste na realidade em duas igrejas sobrepostas: uma basílica inferior, com acesso pelo pátio principal do conjunto, e uma basílica superior, acessada pela arcada do convento dos Frades Franciscanos. A arquitetura é uma síntese do Românico e do Gótico Italiano, com afrescos estonteantes executados pelos grandes nomes da pintura medieval italiana.
A construção do conjunto começou logo após a canonização de São Francisco, em 1228, quando a pedra fundamental foi posta pelo Papa Gregório IX. Em 1230 a igreja inferior foi finalizada e o corpo de São Francisco foi trazido para o local. Já a construção da basílica superior começou em 1239 e foi finalizada em 1253. Ainda hoje o conjunto é administrado pelos Frades Franciscanos, que são também os guardiães dos restos mortais de São Francisco de Assis.
A basílica inferior possui uma nave central e várias capelas laterais com arcos semicirculares, enquanto a basílica superior consiste em uma planta de cruz latina de nave única com transepto, abóbadas de arestas e magníficos vitrais góticos. Os afrescos de ambas as igrejas são atribuídos a Cimabue, Giotto e seus aprendizes, contando cenas da vida de São Francisco.
Arquibasílica de San Giovanni, Roma
San Giovanni in Laterano, ou Arquibasílica Papal de São João em Laterano, é a mais antiga e a mais importante entre as quatro Basílicas Papais de Roma. San Giovanni foi dedicada inicialmente ao Cristo Salvador e somente séculos depois é que foi co-dedicada aos dois outros santos, João Batista e João Evangelista.
Muito antes da construção da Cidade do Vaticano, o Papa morava no Palazzo Lateranense, vizinho à basílica. Por esta razão, San Giovanni é a Catedral do Papa em Roma e é considerada a Igreja Mãe de todas as Igrejas Católicas. É isso mesmo: como catedral do bispo de Roma, San Giovanni está acima de todas as demais igrejas da Igreja Católica, incluindo a Basílica de São Pedro. Por isto é chamada de “Arquibasílica”, uma honraria única no catolicismo.
A igreja passou por difíceis momentos históricos, como terremotos, incêndios e a transferência do Papado para outras localidades. Mas apesar disso, a arquibasílica conseguiu manter parte de sua antiga planta paleocristã e muitos dos ornamentos que se desenvolveram com o passar dos séculos. A abside decorada com mosaicos ainda preserva a memória de um dos mais famosos salões do antigo palácio e o belíssimo baldaquino do século XIII guarda um céu azul estrelado tipicamente medieval.
Basílica de São Pedro, Roma
Finalmente, essa lista jamais estaria completa sem a tão famosa e icônica Basílica de São Pedro! Oficialmente, a igreja está localizada no Estado do Vaticano e não na Itália, mas nós vamos ignorar esse fato e incluí-la na lista de igrejas italianas de qualquer forma.
A Basílica de São Pedro é o maior edifício católico do mundo, com 218 metros de comprimento, 136 m de altura e uma área total de 23 mil metros quadrados. Como já mencionamos, São Pedro não é uma Catedral, uma vez que não é a sede do bispo de Roma. Ainda assim, é a principal igreja administrada pelo Papa, sediando a maioria de suas cerimónias religiosas devido às suas dimensões e à localização privilegiada no centro de Roma.
A igreja foi construída sobre o túmulo de São Pedro, apóstolo de Jesus e o primeiro Papa do catolicismo. A construção do edifício, no local da antiga basílica erguida pelo imperador Constantino, começou em 1506 e foi concluída apenas em 1626, sendo consagrada imediatamente pelo Papa Urbano VIII. O projeto da igreja contou com a participação de nada menos do que Bramante, Michelangelo, Rafael e Bernini, sendo considerado o maior projeto arquitetônico da sua época e uma obra prima do Renascimento e Barroco italiano.
O interior da basílica abriga nada menos do que 45 capelas e 11 altares, que abarcam obras de arte bastante valiosas, como a estátua de bronze de São Pedro, atribuída a Arnolfo di Lapo, e a Pietà de Michelangelo. Sua planta é resultado da complexa junção de uma planta central projetada por Bramante, com a planta em cruz latina idealizada por Rafael. O baldaquino de bronze desenhado por Bernini, sob a cúpula de Michelangelo, para abrigar o altar papal é mais uma obra prima técnica e artística que integra esse conjunto arquitetônico fascinante. ~MV
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