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Russos lançam satélite e atingem a Estação Espacial Internacional (clickbait)

Lançar satélite com foguetes é muito semana passada, russos estão lançando na mão mesmo!

2 anos atrás

Em um ataque que alguns dirão proposital, um satélite lançado pelos russos atingiu um dos painéis solares da Estação Espacial Internacional, mas graças à sua robustez, entre mortos e feridos, salvaram-se todos.

Dramática reconstituição do que não aconteceu. (Crédito: Editoria de Arte - filho feio não tem pai / NASA)

O ataque aparentemente suicida foi orquestrado pelo cosmonauta Oleg Artemyev, atualmente residente da mesma Estação que ele tentou destruir. Não se sabe se a NASA tomará providências, e os danos ainda estão sendo avaliados.

Agora sério: A melhor parte é que tecnicamente foi isso que aconteceu, um russo lançou um satélite contra a ISS, mas o divertido é que ele lançou... manualmente.

Não de terra, claro. Para se manter em órbita baixa um objeto precisa viajar a aproximadamente 8 km/s, ou 28800 km/h. Para lançar algo com a força das mãos a essa velocidade, o sujeito teria que ser kryptoniano, no mínimo viltruviano, e fica mais difícil ainda se incluirmos o atrito com a atmosfera. Para resistir às temperaturas iniciais, um objeto lançado do nível do mar a 8 km/s precisaria de um escudo de calor basicamente

Crédito: Amazon Prime Video

Oleg, apesar da propaganda do Putin, não é nenhum super-homem, mas ele conseguiu lançar um satélite a 28 mil quilômetros por hora, apenas com a força das mãos.

Como? Simples, ele já estava viajando na mesma velocidade.

Durante uma caminhada espacial para instalar o novo braço robótico da Estação Espacial, entre outras tarefas Oleg e a astronauta e trekker italiana Samantha Cristoforetti lançaram 10 cubesats.

Pouco maiores que uma caixa de sapato, os mini-satélites são uma forma prática e barata de fazer pesquisa espacial. Modulares, podem ser lançados como carona em missões maiores, durante viagens de reabastecimento à ISS, ou até em missões lunares.

Na Estação Espacial há várias formas de lançar cubesats. Os japoneses criaram o JEM Small Satellite Orbital Deployer (J-SSOD), já os russos, na melhor forma daquela anedota falsa da caneta espacial versus o lápis, preferem lançar na mão mesmo.

Lançador de Cubesats japonês expelindo 3 bichinhos (Crédito: NASA)

Durante a caminhada espacial, eles levam uma bolsa com os cubesats, adaptados com uma alça especial. Posicionando-se de costas para o movimento da Estação Espacial, o cosmonauta firma seus pés nos estribos, segura firmemente o cubesat e o lança em órbita retrógrada, isto é, na direção oposta ao movimento da ISS.

Isso garante, a não ser que as Leis da Física mudem sem aviso, que o cubesat NUNCA irá colidir com a Estação, durante seus poucos meses de vida. Exceto quando colide.

Oleg, que está mais para Olaf, fez caca quando a ISS estava sobre a divisa entre o Mali e Argélia. Lançando o 7º dos 10 cubesats do dia, ele se dirige para um ponto perigosamente próximo de um dos painéis solares. O diálogo é delicioso:

Oleg: Esse vai passar bem perto do painel solar.

Oleg: Oh, ele [o painel] tocou na bateria [do satélite]

Oleg: Bateu de novo.

Oleg: Esse foi o último contato

Roscosmos: OK, Oleg, o próximo satélite deve ser lançado em uma trajetória um pouco diferente.

Oleg: OK, é que eu estava mirando na trajetória do satélite anterior, mas eu acho que está tudo ok, o primeiro contato foi bem suave e o segundo acertou a moldura [do painel]

Roscosmos: OK, Oleg, mas mesmo assim, tente passar pelos painéis sem fazer contato com eles.

Aparentemente não houve danos, os painéis são frágeis mas não tão frágeis assim, e um cubesat com massa de alguns kg viajando a algo que aparenta ser 25 cm/s (0,9 km/h) não tem energia cinética suficiente para danificar nada mais consistente que um pudim, e há poucos pudins em órbita da Terra.

Os outros satélites foram lançados sem maiores problemas, e o incidente foi considerado menor, até porque os russos já fizeram caca bem maior, tipo julho de 2021, quando os propulsores do recém-instalado módulo Nauka ligaram sozinhos e a Estação Espacial Internacional ficou girando sem controle por 47 minutos.

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