Por Memória Globo

Camila Maia/Memória Globo

Mineiro, Fernando Gabeira iniciou muito cedo a carreira de jornalista, quando era estudante secundarista, em um jornal de Juiz de Fora, sua cidade. Ainda em Minas Gerais, foi contratado por veículos de comunicação maiores, como a Última Hora, até decidir se mudar para o Rio de Janeiro, onde passou a trabalhar no Jornal do Brasil. Determinado a lutar contra a ditadura, ingressou no MR-8, um dos grupos organizados por militantes de esquerda, participou do sequestro do embaixador norte-americano, Charles Burke Elbrick, em 1969, foi preso, exilado e, no retorno ao país, ajudou a fundar o Partido Verde, em 1986. Candidato a cargos no Executivo e Legislativo, elegeu-se deputado federal, em 1994, em quatro mandatos. Encerrado esse ciclo político, em 2010, a TV Bandeirantes o convidou a voltar ao jornalismo. Ele aceitou, ficou três anos na emissora e se transferiu, em 2013, para a GloboNews. Na TV por assinatura, tem como marca as viagens que faz pelo país e a precisa análise política. 

Depoimento de Fernando Gabeira ao Memória Globo, 2023 — Foto: Camila Maia/Memória Globo

Início da carreira  

Mineiro de Juiz de Fora, Fernando Paulo Nagle Gabeira nasceu em 17 de fevereiro de 1941, filho do comerciante Paulo Gabeira e da professora Isabel Nagle Gabeira. Interessado por literatura e por política desde a adolescência, começou a trabalhar como jornalista no final do curso secundário, em função de sua militância no movimento estudantil.  

“Eu comecei a trabalhar no curso secundário em circunstâncias especiais que mostram, de uma certa maneira, o entrelaçamento da política e do jornalismo na minha vida.” 

À frente de uma greve de estudantes que tinha como pauta a redução do preço de passagens do transporte coletivo, Fernando Gabeira foi entrevistado pelo diretor do jornal Binômio, que considerou o jovem líder articulado e o convidou a integrar a equipe de repórteres da publicação. 

Apesar de não ter o desejo de ser jornalista, uma vez que queria mesmo ser escritor, Gabeira aceitou a oferta, pela chance de se tornar autônomo financeiramente em relação à família, que morava em um bairro operário de Juiz de Fora. Já nesse início de trajetória, ele pôde pensar conjuntamente a produção de textos e imagens, algo que marcaria sua carreira no futuro: recebeu do jornal uma câmera Rolleiflex, para fotografar enquanto apurava suas histórias. 

Fernando Gabeira trabalhou em outras publicações, a revista mineira Alterosa e o jornal Última Hora, em sua edição de Belo Horizonte, antes de se mudar para o Rio de Janeiro, onde viria a se estabelecer. A vinda para o Rio se deu em dois momentos. Com 17 anos, conseguiu com Alberto Dines uma vaga de copidesque no Diário da Noite, que tinha sede na Praça Mauá. Mas a rotina imposta nessa fase da vida o fez voltar para Juiz de Fora. Logo depois, seguiria para a capital mineira. “A minha vida estava muito dura. Eu morava numa pensão em Botafogo, acordava cinco horas para chegar no jornal. Achei muito duro. Voltei para Juiz de Fora e, depois, fui para Belo Horizonte”.  

Nesse período, foi cronista do Diário Mercantil e acabou desagradando sua mãe, por um texto específico.

"Uma das crônicas me valeu muito aborrecimento, não de leitores, mas em casa. Escrevi uma crônica criticando o Dia das Mães, achando que era alguma coisa muito comercial, que entrava numa relação muito importante com presentes, com interesses financeiros e tal. Minha mãe não gostou nada de eu questionar o Dia das Mães. Foi a minha primeira dificuldade como jornalista", relembra Gabeira.

Na Última Hora, cobria assuntos policiais e conseguiu com o fotógrafo parceiro nas pautas fazer uma inovação em termos de imagem, com fotos tiradas sem uso de flash. Aos 19 anos, passou a ser chefe de reportagem do Correio de Minas: “Foi uma experiência difícil, eu tinha 19 anos, fui dirigir um jornal com 70 jornalistas”. A experiência na função foi rápida, pois Gabeira decidiu bater na porta da publicação considerada a meca do jornalismo à época, o Jornal do Brasil, que havia feito uma reforma editorial e gráfica de referência na imprensa do país. 

No Jornal do Brasil

No Rio de Janeiro, em 1963, subiu à redação do JB, apresentou-se como jornalista e disse que queria trabalhar. O chefe de redação pediu que ele escrevesse uma notícia, para testá-lo. Gostou do texto e o contratou como estagiário. O contrato, no caso, não previa pagamento. Gabeira se sustentava trabalhando ao mesmo tempo para o jornal Panfleto, de Leonel Brizola, que tinha Tarso de Castro como chefe da redação. 

“A gente começou a escrever numa linguagem cotidiana facilmente inteligível, era uma novidade. A outra novidade do Jornal do Brasil era visual, o jornal tirou as linhas que dividiam as matérias, usou mais espaço branco. (...) Essa concepção gráfica é muito inspirada num pintor holandês chamado Piet Mondrian e foi feita por um grande artista plástico brasileiro, chamado Amilcar de Castro.”

Finalmente contratado pelo JB, agora com salário, o jornalista foi enviado pelo diretor de Redação Alberto Dines para a Inglaterra, em 1964, onde fez um curso sobre o modelo de produção da imprensa inglesa. Não aproveitou muito, estava mais influenciado pela imprensa norte-americana, objetiva e leve, em comparação. Na volta, passou a promover cursos para estagiários, como forma de selecionar novos profissionais. Em seguida, tornou-se pauteiro do JB – o jornalista que define os assuntos a serem cobertos pelo jornal.

Nessa época, o Brasil já tinha vivenciado o Golpe de 1964. Logo o país se veria diante do momento mais duro do regime militar, com o Ato Institucional nº 5, AI-5, baixado em 13 de dezembro de 1968. “Praticamente esgotou meu trabalho no jornalismo. Eu já tinha associado um pouco o meu trabalho de jornalista ao trabalho de militante. (...) Quando eu voltei da Inglaterra, eu voltei muito mais radicalizado e via a manifestação de estudantes que acontecia na Avenida Rio Branco, defronte ao Jornal do Brasil. Eu nunca resisti, eu sempre descia e participava dessas manifestações.”  

Gabeira passou a participar ativamente das manifestações dos estudantes contra a ditadura que via da janela da Avenida Rio Branco, no Centro do Rio, onde ficava a redação. Assim, se aproximou paulatinamente de movimentos de esquerda e criou, com estudantes, um jornal inicialmente mimeografado, de nome Resistência. Esses estudantes fundariam, logo depois, o MR-8, Movimento Revolucionário 8 de Outubro, ao qual Gabeira se integrou. 

“Havia já antes uma certa censura na imprensa, mas era uma censura que se fazia por falas, por advertências, por regras não muito definidas. Mas, naquele momento, mudou a qualidade, os censores foram para dentro do jornal. Então, eu me vi na contingência de superar aquela censura de alguma maneira.”  

Clandestinidade

Em 1969, quando dirigia o Departamento de Pesquisa do JB, uma inovação no jornalismo da época, Gabeira chegou à conclusão de que era impossível conciliar o trabalho na imprensa com a militância política. O jornalista, então, deixou o Jornal do Brasil. Alugou com companheiros de MR-8 uma casa no bairro de Santa Teresa, com o objetivo de fazer de Resistência um jornal de abrangência nacional, impresso em máquinas offset. Nesse momento, o MR-8 decidiu, em conjunto com a ALN (Aliança Libertadora Nacional), de São Paulo, sequestrar o então embaixador norte-americano no Brasil, Charles Burke Elbrick. A casa de Santa Teresa foi escolhida como cativeiro, e Gabeira ficou responsável por enviar as mensagens com as exigências do grupo. 

O aparelho repressivo da ditadura descobriu onde ficava o cativeiro, mas ainda assim o sequestro teve sucesso: 15 presos políticos foram libertados, e Gabeira conseguiu fugir do cerco montado para prender os militantes. A história dessa ação está no primeiro livro escrito por ele, ‘O Que É Isso, Companheiro?’, lançado em 1979, depois adaptado para o cinema, em 1997. Após se mudar para São Paulo, entretanto, Gabeira acabaria levando um tiro ao tentar escapar de um cerco policial. Operado no Hospital das Clínicas, perdeu parte do rim, do estômago e do fígado. Recuperado, passou por diferentes prisões até ser transferido para o presídio da Ilha Grande, no estado do Rio. 

Outro sequestro, desta vez do embaixador alemão Ehrenfried von Holleben, permitiu que Gabeira ganhasse a liberdade, junto com outros presos políticos, em troca da soltura do diplomata. Exilado primeiro na Argélia, depois em Cuba, na Alemanha Ocidental, no Chile e finalmente na Suécia, onde ficou mais tempo, ele teve contato com o movimento ambiental e com pautas chamadas de identitárias. Esse novo universo o motivou a escrever outro livro, ‘Crepúsculo do Macho’, lançado em 1980, já regresso do exílio.

A experiência no exterior lhe trouxe uma visão política mais abrangente. Quando voltou a frequentar a praia de Ipanema, na Zona Sul do Rio de Janeiro, Gabeira usou uma tanga que causou alvoroço, inclusive entre os conservadores de esquerda. “Eu traria, na volta do exílio, a compreensão de que a questão que o marxismo colocava para a luta dos trabalhadores contra a burguesia era limitada, havia outras lutas que podiam ser importantes”, explica. 

“Quando voltei, não ia fazer nudismo no Brasil. Eu tinha noção disso. Mas eu usei uma tanga e, ao usar uma tanga na praia, imediatamente aconteceu um escândalo. Eu tinha saído como envolvido no sequestro do embaixador americano. Era considerado, digamos, um homem da resistência ao julgo militar. E, no entanto, voltava e parecia que não era mais homem, estava usando uma tanga, o que tinha acontecido? Então, houve uma explosão de críticas, de conversas, de debate. E eu aproveitei a oportunidade para discutir essa questão, questão do corpo. Por que nós temos que ter um comportamento tão opressivo em relação ao corpo, por que um homem não pode usar uma tanga, por que as mulheres não podem abandonar o sutiã num determinado momento?” 

Fernando Gabeira retorna ao Brasil, beneficiado pela Anistia, 1979 — Foto: Arquivo/Agência O Globo

Política partidária

O retorno ao Brasil aconteceu em 1979. Nesse primeiro momento, Gabeira se manteve afastado do jornalismo, ajudou a fundar o Partido Verde, em 1986, e se candidatou a cargos no Executivo e no Legislativo. Tentou se eleger governador do Rio de Janeiro, em 1986, e até presidente da República, em 1989, mesmo sem chances de ganhar, para divulgar seu programa. No Legislativo, foi por 16 anos deputado federal, eleito em 1994, e relatou projetos importantes, como o que trata do Protocolo de Kyoto e o que definiu o Sistema Nacional de Unidade de Conservação, reunindo os parques nacionais, as áreas preservadas e as estações biológicas.

No início dos anos 1990, Gabeira se tornou correspondente internacional da Folha de S. Paulo e se mudou para a Europa, para viver em Berlim, logo após a queda do muro. Pôde cobrir, para o jornal, a fragmentação da antiga Iugoslávia e esteve na porta do Parlamento no momento em que se proclamava a independência da Croácia, o que lhe deu a oportunidade de registrar a festa popular pelas lentes de sua câmera fotográfica. Voltou ao Brasil em 1992 para a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Rio-92.

No Brasil novamente, dedicou-se ao mandato parlamentar, que assumiu em 1995 e seguiu até 2010. Chegou ao segundo turno na eleição para a prefeitura do Rio de Janeiro, em 2008, com uma campanha surpreendente e bem-sucedida, disputada com Eduardo Paes. Em 2010, concorreu com Sérgio Cabral ao governo do estado, mas também perdeu o pleito. Sem cargo público, foi convidado pela TV Bandeirantes para voltar ao jornalismo. Na Band, fez comentários em um telejornal que começava às 6h da manhã, reportagens eventuais e participações como entrevistador no programa ‘Canal Livre’. 

Fernando Gabeira no debate com os candidatos ao governo do estado do Rio de Janeiro, 2010 — Foto: Jaq Joner/Globo

Início na GloboNews 

Em 2013, transferiu-se para a GloboNews. Logo na chegada à TV por assinatura, cobriu a morte do pedreiro Amarildo, assassinado por policiais militares na favela da Rocinha, no Rio de Janeiro. Em seguida, começou a fazer programas em viagens pelo Brasil, sua marca no canal. No início desse trabalho, utilizava a estrutura da Globo nos diferentes estados, mas com o tempo passou a viajar apenas com seu motorista, Maurício de Souza, que opera o áudio e o drone, enquanto Gabeira faz o roteiro, filma e entrevista.  

Em seu programa de estreia, Fernando Gabeira aborda a questão da saúde pública e da falta de médicos no interior do país. GloboNews, 08/09/2013.

Em seu programa de estreia, Fernando Gabeira aborda a questão da saúde pública e da falta de médicos no interior do país. GloboNews, 08/09/2013.

A escolha dos assuntos a cobrir deriva dos interesses do jornalista e de sugestões recebidas. Um programa feito sobre um homem que não falava e era conhecido pelo nome Silêncio obteve muito êxito. Vivendo em um barraco em Guaratiba, na Zona Oeste do Rio, e há 30 anos mudo, pelo menos no contato com outras pessoas, Silêncio deu entrevista a Gabeira. O jornalista também gravou programas sobre as tragédias de Mariana (2015) e Brumadinho (2019), e esteve com travestis presos em um cubículo, para conhecer suas histórias. Os biomas brasileiros – Amazônia, Pantanal, Mata Atlântica – sempre foram tema de reportagens. A intenção, em muitas viagens, era ajudar as localidades visitadas a se desenvolverem de forma criativa e sustentável. 

A relação de Gabeira com a política, agora na condição de jornalista, se intensificou a partir de 2016, ano em que a GloboNews começou a dar mais ênfase ao tema em sua programação. Atrações especiais foram criadas, como o ‘Central das Eleições’ (2018), em que Gabeira é comentarista e pode utilizar a experiência de seus anos de atuação partidária e parlamentar.  

Fernando Gabeira e Cristiana Lôbo na Central das Eleições da GloboNews, 2018 — Foto: Cicero Rodrigues/Memória Globo

Pandemia 

Esse trabalho de análise tornou-se mais frequente em 2020, quando a pandemia de Covid-19 interrompeu as viagens pelo país. Nesse período, em casa, o jornalista criou um blog, o ‘Diário da Crise’, por meio do qual teve a chance de divulgar estudos sobre a doença, enquanto o conhecimento a respeito da Covid-19 avançava. Acompanhando o que de mais novo a ciência produzia, pôde adiantar a necessidade do uso do oxímetro, para controle da oxigenação das pessoas.  

A pandemia veio reforçar a importância da imprensa livre, na medida em que o governo federal tentou negar a gravidade do problema. Em relação às notícias falsas, fenômeno que se apresenta especialmente preocupante desde as eleições presidenciais de 2018, Gabeira se vê como um estimulador da educação para a mídia e a informação. “Pesquisei a experiência da Finlândia, que desde 2013 trabalha com isso nas escolas, mostrando às crianças como elas devem se comportar diante da mídia, como ler uma notícia, como fazer perguntas a respeito da notícia”, conta. 

“A pandemia revelou à população, através desse caminho difícil, como é importante você ter uma informação qualificada. O trabalho da imprensa contribuiu indiretamente para a salvação de muitas vidas.” 

Com o retorno às atividades presenciais, as viagens voltaram a ocorrer. Na série ‘Pelas Estradas do Brasil’, em 2022, Gabeira gravou os episódios de ‘A Resposta do Mar’, que mostraram como e por que o oceano avança em direção à terra em cidades do estado do Rio, Santa Catarina e Pernambuco.  No mesmo ano, esteve em Brasília, para trabalhar ao lado do jornalista Nilson Klava na série ‘Estação Congresso’, cujo objetivo era destacar a importância da atuação parlamentar, em um momento em que as atenções estavam muito voltadas às eleições no Executivo. 

Além do trabalho na GloboNews, Fernando Gabeira também escreve artigos para os jornais O Globo e Estado de S. Paulo. É autor, ainda, de livros, que falam, dentre outros temas, sobre a militância política, a prisão, a tortura, o exílio e o retorno ao Brasil, em um clima de pós-repressão; as lutas feministas contra a sociedade conservadora; o acidente em Goiânia com o Césio 137; a descriminalização da maconha, suas funções terapêuticas e o papel social que desempenha; o Escândalo dos Sanguessuga e o impeachment de Dilma Roussef.

O já citado ‘O Que É Isso, Companheiro?’, de 1979, recebeu o Prêmio Jabuti como melhor biografia. Essas múltiplas faces do jornalista foram apresentadas ao público no documentário ‘Gabeira’, dirigido por Moacyr Góes e lançado em 2018.

FONTE:

Depoimento de Fernando Gabeira ao Memória Globo em 15/04/2023.
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