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Como o Dalai Lama é escolhido e por que este pode ser o último

Dalai Lama já falou sobre diversas possibilidades para sua reencarnação - Getty Images
Dalai Lama já falou sobre diversas possibilidades para sua reencarnação Imagem: Getty Images

Colaboração para o UOL

13/04/2023 11h08

Ao contrário do que muitos podem pensar, Dalai Lama não é um nome, mas sim um título. Tenzin Gyatso, o 14º Dalai Lama, que pediu um beijo a um menino e se desculpou após a repercussão do caso, foi descoberto em 1937, quando tinha dois anos de idade, quatro anos após a morte de seu antecessor.

A busca pelo novo Dalai Lama começa quando o anterior morre. O sucessor é localizado por monges veteranos com base em sinais e visões espirituais. Por questões políticas, porém, esse pode ser o último Dalai Lama.

Como o Dalai Lama é escolhido?

Os Dalai Lamas são considerados como manifestações de Bodhisattva da Compaixão no budismo tibetano. Bodhisattvas são seres que, ao alcançar a iluminação, permanecem no mundo físico com o objetivo de auxiliar os outros.

Quando um Dalai Lama morre, ou até mesmo antes, um sucessor para a posição de líder religioso e político do Tibete é encontrado.

A procura pela nova encarnação do último Dalai Lama é baseada em sinais espirituais, como a interpretação de visões e a consulta de oráculos. Com a junção e leitura das pistas, iniciam-se as buscas.

Após serem encontradas, as crianças — possíveis candidatas ao título — são testadas para indicarem se são, ou não, a nova reencarnação de Dalai Lama. Entre os métodos está mostrar a elas itens que pertenceram ao líder que morreu, ou seja, a encarnação anterior.

Uma vez encontrado, o pequeno líder é levado para um monastério e passa por um treinamento até assumir a posição de líder espiritual e político.

A descoberta do 14º Dalai Lama aconteceu quando ele tinha dois anos. Ele reconheceu um discípulo que estava observando crianças em busca do novo líder, além de ter identificado pertencer de seu antecessor.

Por que Tenzin Gyatso pode ser o último Dalai Lama?

O papel de Dalai Lama é fundamental para o budismo tibetano, mas tornou-se uma questão política na China nos últimos anos, já que, além de liderança religiosa, a posição também indica liderança política da região autônoma do Tibete.

Em 2014, o Dalai Lama declarou que sua morte poderia não ser reencarnada. Portanto, não haveria um sucessor do líder do budismo tibetano.

Em contrapartida, a China reivindica o direito de nomear o 15º Dalai Lama. Para Pequim, o atual líder é um "lobo vestido em pele de cordeiro" que fomenta o separatismo do Tibete da China.

Nos últimos anos, Dalai Lama sugeriu uma série de possibilidades para sua reencarnação, incluindo que o novo sucessor seria encontrado na Índia.

O Dalai Lama Tenzin Gyatso vive na Índia, para onde fugiu após o fracasso de uma revolta contra a ocupação chinesa na região autônoma da China. Por isso, é improvável que a reencarnação aconteça no Tibete — outros Dalai Lamas também já foram encontrados fora da região autônoma.

Atualmente, ainda não existem instruções oficiais que determinam como e se acontecerá a nova reencarnação de Dalai Lama.

No entanto, é provável que a China se movimente para escolher o sucessor. Em 2007, o Departamento de Assuntos Religiosos do governo chinês estabeleceu "medidas de gerenciamento" para a reencarnação de Budas tibetanos vivos. O documento diz que os líderes tibetanos devem ser aprovados pelas autoridades chinesas.