O humanismo relativo de Lula

Samuel Nunes
Publicada em 21/02/2024 às 12:00
Em visita à Líbia, ex-ditador Muammar Gaddafi chamou Lula de "amigo e irmão" Foto: Alan Marques/Folhapress

O desastroso discurso do presidente Lula na Etiópia, em que comparou os ataques de Israel em Gaza com o Holocausto, segue um padrão da diplomacia petista. Desde 2003, Lula faz críticas pesadas a governos autoritários de direita, mas cala-se para os de esquerda.

Apesar de o governo de Benjamin Netanyahu merecer todas as condenações possíveis pelos assassinatos de mais de 28 mil palestinos - muitos deles crianças -, é notório que Lula evita falar mal de outros regimes cruéis e condenados por abusos aos direitos humanos.

Um dos responsáveis pela política externa é o assessor especial de Lula, Celso Amorim. Fontes no Itamaraty atribuem a ele a responsabilidade por empurrar Lula ao discurso agressivo contra Israel, que tantos problemas rende nos últimos dias.

O mais conhecido regime não atacado por Lula está na Venezuela, uma ditadura que há mais de uma década elimina opositores e deixa a população morrer de fome ou por falta de assistência. No ano passado, Lula recebeu o ditador Nicolás Maduro em Brasília e disse que ele era vítima de "narrativas" sobre seu regime.

O PT também mantém proximidade com os sandinistas da Nicarágua, que ajudaram a derrubar um ditador, mas criaram um regime corrupto e não menos violento que o antecessor.

Em 2022, Lula disse num debate da campanha eleitoral que não era seu papel intrometer-se nas discussões locais. “Se o Daniel Ortega está errando, o povo da Nicarágua que puna o Daniel Ortega. Se o Maduro está errando, o povo que puna“, afirmou.

Em março de 2023, já no Palácio do Planalto, Lula se recusou a assinar um documento subscrito por 55 países denunciando as violações aos direitos humanos promovidos por Ortega. A postura só foi mudar em junho, depois que o ditador da Nicarágua decidiu mandar prender bispos católicos.

Assim como Jair Bolsonaro visitou Belarus e Hungria, cujos presidentes são acusados de aniquilar opositores, Lula esteve com Muammar Gaddafi, ex-ditador da Líbia, deposto e morto pela população em 2011, após 42 anos no poder. À época, o líder africano afirmou que Lula era seu “amigo e irmão”.

Gaddafi não foi o único ditador a quem Lula visitou. O petista ainda manteve relações próximas com José Eduardo dos Santos, que governou Angola por quase 40 anos, em um regime marcado pela corrupção. O mesmo aconteceu com Teodoro Obiang, que lidera, desde 1979, a Guiné Equatorial.

O presidente brasileiro nunca emitiu uma palavra sobre o massacre promovido por Xi Jinping, contra o povo uigure, que vive na região do Tibete. Em entrevista ao canal português RTP, em abril de 2023, o presidente brasileiro disse que não lhe caberia criticar as ações da China contra os uigures.

“Todos os países do mundo têm problema. Nós temos que aprender a respeitar a autodeterminação dos povos. A China encontrou um jeito de resolver os seus problemas, e um jeito que permitiu que a China logo, logo se transforme na primeira economia do mundo”, afirmou.

Como o Bastidor mostrou, Lula também evita críticas a Vladimir Putin, que permanece no poder na Rússia há duas décadas e se encaminha para mais uma reeleição. No fim de semana, o petista disse que é preciso esperar os laudos da perícia no corpo de Alexei Navalny, opositor de Putin, encarcerado desde 2020 e morto em circunstâncias suspeitas. 

Em 2022, o PT criticou a ida de Jair Bolsonaro a Putin dias antes da invasão da Ucrânia. Durante a campanha, Lula chegou a esboçar que se esforçaria para conseguir a paz entre os dois países, mas falhou na tentativa, causando ainda mais rusgas com o povo ucraniano.

Assim como aconteceu no caso da Ucrânia, Lula abordou um assunto distante da realidade da diplomacia brasileira e, por um erro, criou uma crise.

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