Conheça iniciativas do terceiro setor comprometidas com as mulheres negras
Em 25 de julho, quando é celebrado o Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, data que procura dar atenção às violências de gênero e raça que essas mulheres vivem, conheça 5 iniciativas de organizações sociais comprometidas com essa pauta
Por Laura Leite
No dia 25 de julho é comemorado a Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha por conta do 1º Encontro sobre o tema realizado na República Dominicana, em 1992. O objetivo do encontro era a união destas mulheres e dar luz às violências de raça e gênero vividas por elas. No Brasil, pela Lei 1.297 de 2014, nesta data é comemorado também o Dia Nacional de Tereza de Benguela, líder do Quilombo Quariterê e de resistências negras no séc. XVIII, e da Mulher Negra.
No Brasil, 56% da população é negra, e, deste número, 25,04% são mulheres. Taxas relacionadas a empreendedorismo e salário nos mostram que, no país, mulheres negras fazem parte de 47% do setor de empreendimentos, mas 44% recebem menos que homens brancos; isso dá luz às recorrentes movimentações em que a desigualdade de gênero, social e racial se encontram.
O Terceiro Setor surge como um supridor dessas faltas da sociedade perante às desigualdades, a partir de iniciativas e ações que colaboram com a proteção e reivindicação dos direitos destas mulheres.
Conheça 5 iniciativas promovidas por Organizações Sociais para promoção e empoderamento de mulheres pretas:
Atuação na área de tecnologia
Mulheres negras ocupam 11% das vagas no mercado tecnológico, segundo relatório de 2022 do PretaLab, uma plataforma que conecta mulheres negras interessadas em tecnologias.
Usando como estratégia a formação dessas mulheres, a iniciativa {reprograma}, com o objetivo de promover impacto social na vida das participantes, oferece curso de programação exclusivo para mulheres em situação de vulnerabilidade social e econômica, priorizando em seus processos seletivos mulheres negras e/ou trans e travestis. Atualmente, com inscrições abertas para a terceira edição do Imersão JavaScript, o curso oferece de forma gratuita e online conhecimentos básicos em JavaScript.
Empreendedorismo e geração de renda
Como dito acima, mulheres pretas constituem 47% do setor de empreendimentos, mas 44% recebem menos que homens brancos. Para promover mudanças nesse cenário, o Fundo Agbara nasceu como o primeiro fundo de mulheres negras do Brasil. Uma organização antirracista e sem fins lucrativos, é gerida por nove mulheres negras e tem como missão a potencialização de iniciativas de empreendedoras negras periféricas da região metropolitana de Campinas (SP). Promove geração de renda, educação qualificada, equidade racial e de gênero, defesa de direitos, empoderamento feminino e racial, consciência cidadã, diálogos com importantes atores do setor público etc.
Empoderamento, autoconhecimento e práticas culturais
O Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 5, da Agenda da ONU, fala sobre a igualdade de gênero; e o empoderamento de todas as meninas e mulheres garante a força feminina na luta pela igualdade.
Diversas iniciativas são fomentadas no terceiro setor entorno da pauta, como é o caso do Instituto Aurora, comprometido com a pautas dos direitos humanos, tem a missão de promover uma educação plural, com igualdade de gênero, para redução das desigualdades e promoção da cultura de paz. Entre as suas atividades está a realização, desde 2020, do projeto de extensão “Diálogos Inter-raciais”. Em parceria com o Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas (NEABI) do IFPR Campus Curitiba e a Associação Brasileira de Psicologia Social (Abrapso), já promoveu duas edições de encontros que tiveram como fio condutor rodas de conversa e expressões artísticas que oportunizaram um espaço saudável de diálogo e construção de conhecimento. Os temas tratados foram: racismo no Brasil, posicionamento antirracista, empoderamento da população negra e branquitude crítica.
Sabendo que o empoderamento provém também do acesso à informações e conhecimentos sobre sua cultura e história, o Geledés é uma organização da sociedade civil que se posiciona em defesa de mulheres e negros por entender que esses dois segmentos sociais padecem de desvantagens e discriminações no acesso às oportunidades sociais em função do racismo e do sexismo vigente na sociedade brasileira. Nas áreas prioritárias da ação política e social, a ONG desenvolve projetos próprios ou em parceria com outras organizações de defesa dos direitos de cidadania e direitos humanos.
Outra iniciativa inspiradora foi criada por Jacqueline Faria, uma mulher que venceu o câncer de mama e ajudou a popularizar o debate sobre reconstrução mamária, trata-se da organização Mulheres de Peito e Cor, que realiza ações com o objetivo de dar suporte para mulheres que ainda estão nesse processo, apresentando oportunidades e ferramentas para que elas possuam outras possibilidades de renda. O projeto atende também mulheres que padecem de fibromialgia e mulheres em situação de rua; possui diversas iniciativas voltadas ao empoderamento, educação, cultura e trabalhos sociais voltados ao bem-estar de mulheres negras.