A atriz Cláudia Lira Reprodução

Ela nasceu em João Pessoa, mas foi no Rio de Janeiro que encontrou seu lugar. Formada em artes cênicas pela Casa das Artes de Laranjeiras, começou na carreira ainda na infância. Fez sucesso em novelas como “Malhação”, “Sexo dos Anjos”, “O Profeta” e “Da Cor do Pecado”. Além de atriz, também se dedicou a captar, produzir e construir o seu espaço teatral. Em 2006 realizou o seu sonho de erguer o Centro Cultural Solar de Botafogo. Em 2007 ganhou o prêmio Shell pela iniciativa da construção do Centro.
Mãe, artista, mulher. Claudia Lira é destaque nos palcos e na vida. Essa semana estreia a peça Moria, na Casa de Cultura Laura Alvim, uma história sobre a perseguição aos cristãos e também, sobre como essa intolerância recai de forma mais violenta sobre as mulheres. Moria é uma história sobre fé e esperança. O espetáculo fala sobre duas mulheres iranianas, cristãs e atrizes, uma delas é violentamente agredida, quase morta, por causa da intolerância religiosa. Um enredo emocionante sobre o mistério da fé, sobre coragem e resiliência. O espetáculo tem a direção e texto assinados por Moacyr Goes, e no elenco além de Claudia Lira, Tarciana Giesen e Carol Alves. Vamos conhecer um pouco mais sobre esse mulherão que é a atriz Claudia Lira.
Sempre quis ser atriz?
Eu sempre quis ser cantora. Mas decidi ser atriz quando fiz meu primeiro curso de teatro na Casa de Artes de Laranjeiras, onde me formei.
Como é o seu lado mãe? Como é ser mãe de adolescente?
Meu relógio biológico para ser mãe só se deu aos 34, 35 anos e virou uma obsessão. Mas só consegui engravidar aos 40 anos. Hoje sou mãe de uma linda adolescente. Ser mãe de adolescente só é tenso porque moro no Rio de Janeiro, fico muito preocupada com a violência da cidade. Mas a Valentina graças a Deus não me dá o menor trabalho. Ela é uma excelente aluna e conversamos sobre qualquer assunto.
Você representa muitas mulheres com mais de 50 anos que estão no auge da carreira e da beleza. Como é essa fase para você?
Para mim, fazer 30, 40, 50, 60 ou 70, não é uma questão, nunca foi. Mas sei que a pressão, principalmente no Brasil é grande. Envelhecer no Brasil para as mulheres é quase um pecado. Na verdade desde que fiz 30 anos percebo isso. O que me importo realmente é ter saúde. Desde cedo trabalhei o meu lado interno, fazendo análise, meditando, cuidando do corpo, isso sim me deixa feliz e em paz.
Essa fase para mim é libertadora. Cada vez mais me desapego de tudo e isso me faz muito feliz. Quando você chega nessa fase, já não sofre tanto com pequenas coisas, entende que por mais que faça tudo para agradar não irá agradar a todos, e está tudo bem.
O que ainda falta realizar na carreira?
A vida é cheia de novidades e querer sonhar com coisas novas é sempre positivo. Quero continuar sonhando em fazer coisas novas, é isso que me alimenta. Na hora que eu parar de querer realizar vou estar morta e não quero estar morta em vida.
Pode falar um pouco sobre a peça "Moria" que estreia no Rio essa semana?
O espetáculo fala sobre os refugiados que vivem em Moria na Grécia desde 2019. Um lugar para 2 mil pessoas que hoje tem quase 20 mil, onde em sua grande maioria são mulheres e 40% são crianças abandonadas e esquecidas no meio da loucura do mundo. A violência contra mulher infelizmente existe e é muito grande, claro que demos muitos passos adiante mas ainda faltam mulheres no poder m, ainda somos muito poucas e queremos chegar em sua grande maioria assim como os homens.
Você se acha um mulherão?
Me sinto um mulherão por ter passado por tantos perrengues na vida e não ter perdido a minha essência. Espero que cada vez mais as mulheres se deem as mãos, somos muito fortes juntas. Espero que cada vez menos nos critiquemos. O que espero para minha filha hoje de 16 anos é que ela seja livre para ser quem ela queira ser.
Me acho um mulherão, pois quando minha filha tinha 3 para 4 meses me separei e sai com uma mão na frente e outra atrás do casamento. Fui fazer a novela "Dance Dance Dance", em São Paulo, gravava de segunda a sábado, amamentava minha filha nos intervalos das gravações e leva ela onde eu fosse. Nunca desisti de ser uma mãe, mulher livre e feliz. E claro agradeço a Deus por ter me ajudado.