Cultura Coronavírus

Vik Muniz: 'Imagem é muito boa, mas não é minha', diz artista sobre obra que ganhou as redes

Mosaico atribuído a artista reúne, segundo posts, fotos de médicos e enfermeiros que morreram na pandemia
Imagem atribuída a Vik Muniz na internet Foto: Divulgação
Imagem atribuída a Vik Muniz na internet Foto: Divulgação

RIO — O artista plástico Vik Muniz nega ser autor de uma obra atribuída a ele que ganhou as redes sociais. Trata-se da imagem de um profissional de saúde feita a partir de um mosaico de retratos que, segundo posts, seriam de médicos e enfermeiros que morreram na pandemia.

— Esta imagem é muito boa, mas infelizmente não é minha. Eu não faço composições digitais ou fotomosaicos — informa Vik Muniz. — Esta história é antiga, uma vez alguém me procurou querendo comprar uma imagem do John Lennon que, infelizmente, não era minha — conta.

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O artista, no entanto, anuncia que está trabalhando em um novo trabalho durante o período de isolamento. Curiosamente, é sobre multidões.

— É uma série de fotografias e colagens que tem a ver com aglomerações de pessoas, todas as formas de protestos que estamos vivenciando. Nunca fiquei em casa tanto tempo, sempre viajei muito. Minha filha caçula (8 anos) me disse que está adorando a quarentena porque eu faço a lição da escola com ela todo dia. As crianças vão sentir saudade desta época, porque foi quando elas puderam ficar mais com os pais em casa — comenta.

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Campanha no Vidigal e apoio a refugiados

Escola Vidigal, com o fundador Vik Muniz Foto: Divulgação
Escola Vidigal, com o fundador Vik Muniz Foto: Divulgação

Fundada por Vik Muniz em 2015, a Escola Vidigal se transformou, há alguns meses, num grande centro de distribuição. É que o artista junto com a turma de colaboradores da instituição de artes e tecnologia tem promovido uma campanha de arrecadação de recursos financeiros, alimentos e itens de higiene para compra e montagem de cestas básicas para serem doadas a moradores da comunidade.

— Nós arrecadamos, mas quem distribui são as lideranças do Vidigal, a partir de um cadastro. Já foram beneficiadas 450 famílias, ao menos. E na cesta vão até absorventes — acrescenta.

Na Escola Vidigal são cerca de 120 alunos e parceria com duas creches locais que não são de tempo integral. Ali, os pequenos aprendem a criar jogos, além de outros processos pedagógicos, com auxílio de professores do Brasil e de outros países. Para doar, basta consultar no Instagram ( @escolavidigal) .

Paralelo à campanha, Vik Muniz vem atuando em parceria com a ONG americana Artolution na criação de centros de artes em campos de refugiados. Atualmente, o grupo está num assentamento em Bangladesh, onde uma minoria muçulmana (rohingya) está confinada numa ilha remota no interior do país. O grupo étnico foi perseguido em Myanmar (ex-Birmânia), o que o levou à situação de refúgio.

— Ali está ocorrendo o pior genocídio da história, muito maior do que Ruanda (também conhecido como genocídio tutsi, foi um massacre em massa de pessoas dos grupos étnicos tutsi, twa e de hutus moderados em Ruanda, que ocorreu em 1994 durante a Guerra Civil de Ruanda). Tem mais de um milhão de pessoas que chegaram em um ano, numa região que já foi uma floresta linda com tigres e hoje virou uma favela enorme. Todas as ONGs do mundo estão de olho não pode ter escolas, só mesquitas. Mas insistimos com nossa proposta de arte e educação — detalha o artista. — Aí você entende que o mundo inteiro é pobre, esta história de classe média é a exceção da exceção. São 90% da população no planeta passando necessidades e mesmo assim são expostos a desejos de tecnologia. Este tipo você encontra no mundo inteiro — finaliza.