Ela Gente

Patricia Pillar fala sobre beleza e idade às vésperas de completar 50 anos

Atriz é avessa a plásticas, faz sua própria maquiagem e é indisciplina no uso do protetor solar

Produção: Marina Franco. Beleza: Vini Kilesse. Direção de Arte: Patricia Diogo. Produção Executiva: Adriana Penna. Tratamento de fotos: Alex Wink (Stuido AW). Patricia Pillar veste casaco (acervo pessoal), vestido Iódice na Duby Novak e joias H.Stern.
Foto: Murillo Meirelles
Produção: Marina Franco. Beleza: Vini Kilesse. Direção de Arte: Patricia Diogo. Produção Executiva: Adriana Penna. Tratamento de fotos: Alex Wink (Stuido AW). Patricia Pillar veste casaco (acervo pessoal), vestido Iódice na Duby Novak e joias H.Stern. Foto: Murillo Meirelles

RIO — “Era uma cinquentona gorda mas miúda, de cabelos levemente grisalhos”. Assim Érico Veríssimo descreve uma de suas personagens no romance “Noite”, de 1954. Quase seis décadas depois, a definição parece tão distante de uma mulher de 50 anos que chega a soar um tanto insólita. Basta espiar Patricia Pillar, aos 49 anos, na nossa capa.

Atrevo-me a dizer que ela é hoje a (quase) cinquentona mais bonita da TV brasileira. Desbanca com facilidade nomes como Luiza Brunet, Claudia Ohana e Xuxa, celebrados nas capas das revistas como lindas mulheres de 50. Mais que isso. Diria que Patricia é hoje ainda mais bonita que quando estreou em “Roque Santeiro”, em 1985. Só pode ser algum fenômeno da natureza ou milagre genético. Mas ela discorda:

— Não é que eu tenha ficado mais bonita. Afinal, uma coisa melhora, a outra cai — brinca. — É que eu estreei nos anos 80. E os anos 80, vamos combinar?, não foram generosos com ninguém.

Calça e blusas pretas de malha. Três anéis espalhados pelas mãos. Cabelos ondulados, posicionados atrás das orelhas. Sem qualquer resquício de maquiagem, mas de um uso sutil de toxina botulínica na testa (leia box ao lado), ela falou sobre o aniversário de 50, que será só em janeiro, a profissão, novos projetos e do xodó (Esperando) Godot, seu cachorro de um ano e meio da raça whippet.

— Às vezes, quando penso na idade redonda, falo caramba! Epa!— conta.

A proximidade dos 50, diz, tem feito com que ela comece a pensar em como quer viver os próximos anos. Como num processo de atualização, anda revisando “o que se leva, o que importa, os desejos e o que lhe dá prazer”. Patricia faz análise há mais de 20 anos e avisa que beleza ou boa forma nunca estiveram no rol das prioridades.

— A gente é como é. A vida é assim. Não temos esse domínio de tudo. Envelhecer é sabedoria, experiência... — filosofa. — O curioso é que em datas redondas a gente costuma revisar o passado, mas quando vão chegando os 50, você começa a olhar para frente.

Avessa a excessos de plásticas e tratamentos dermatológicos como preenchimento de rugas e afins, ela estranha quando encontra uma mulher (muitas vezes até mais jovem que ela) com o rosto, digamos, diferente do normal.

A ansiedade em torno da transmissão em HD parece ter gerado um número cada vez maior de atrizes que são vítimas dos excessos de médicos não muito conscientes tanto no Brasil quanto em outros países. Mas o jogo parece começar a mudar. Algumas estrelas, como Nicole Kidman, já declararam publicamente arrependimento. Ao jornal italiano “La Repubblica”, a australiana confessou: “Tentei Botox, infelizmente. Mas estou fora. Finalmente, posso voltar a mexer o meu rosto”.

— Com tantos procedimentos, corre-se o risco de perder o melhor que temos, que é a harmonia — avalia Patricia. — Porque você vê uma pessoa que está com uns olhos que parecem ser de alguém de 30 anos, com a boca de quem tem 25, com as bochechas de quem tem 15, com o pescoço de quem tem 20. Daí você soma todas estas idades e chega a conclusão de que essa pessoa parece ter uns 300 anos no final das contas.

Patricia anda revendo fotos antigas. Mergulhou em seu arquivo para selecionar imagens para o site que lança hoje (www.patriciapillar.com.br). A página trará sua biografia, um panorama de sua vida profissional e este ensaio assinado pelo fotógrafo Murillo Meirelles, feito em Arraial do Cabo. Nada de blog. Ela não é chegada a tanta interação virtual. Não tem conta pessoal no Facebook nem no Twitter. Mas cedeu ao Instagram. Talvez por gostar de fotografia. Ou quem sabe por não ser afeita a dar opinião sobre tudo publicamente. Mesmo na entrevista, nos temas mais delicados como procedimentos no rosto, fama ou dinheiro, ela faz questão de deixar claro que o que pensa apenas justifica o modo como escolheu viver, sem intenção de julgar e criticar fulano ou sicrano.

A atriz não tem casa na serra nem na praia. Seus sonhos não incluem ter avião particular, lancha ou apartamento em Paris. Aos repórteres que lhe perguntam que grife está usando, responde que as roupas são de seu armário e ponto. Gosta de contato com a natureza. Não tem mania de grandeza, o que também não quer dizer que não goste de conforto, de liberdade para fazer o que lhe apetecer e de sua espaçosa cobertura no Jardim Botânico, que tem pé de limão, jabuticaba e romã, e já foi tema do programa “Casa brasileira” do GNT.

O aquecido mercado dos cachês de presença para atrizes não a inclui. Enquanto nomes como Giovanna Antonelli, Juliana Paes e Paola Oliveira pedem mais de R$ 50 mil para dar pinta em inaugurações de lojas e similares, ela prefere declinar convites semelhantes. Julga não ser a essência de sua profissão.

— Não recebo para ir a eventos. Não faço presença paga — diz Patricia, beliscando uma baguete, com manteiga e presunto de Parma, acompanhada de suco de maçã, na varanda do apartamento, ao lado de Godot, o cão-xodó. — Só vou se for de graça e porque eu quero.

Solteira desde que se separou de Ciro Gomes, há pouco mais de um ano e meio, Patricia circula bastante, embora não seja uma figura fácil nas lentes dos paparazzi. É raramente flagrada no circuito Dias Ferreira. Mas frequenta o Circo Voador. Foi aos shows de Caetano, Cat Power e Gal. A atriz compra ingressos pela internet ou no posto de gasolina. Programou ver Paulinho da Viola neste fim de semana e cantar da plateia. “Sem preconceito ou mania de passado...”

Beleza aos 50

Make, cabelo e sobrancelha. Patricia Pillar é moça prendada, como diziam. Craque em maquiagem, ela dispensa profissionais renomados e caros quando precisa ir a um tapete vermelho ou uma festa de lançamento de novela. Acredita que fazendo by herself economiza tempo, papo e cafezinho. É prática. Faz um babyliss para definir os cachos. Suaviza as áreas mais escuras ou avermelhadas do rosto com um corretivo. Dispensa base ou bb cream — luxo para poucas. Capricha no blush e no rímel. E só. Detesta a moda dos cílios postiços.

— Não há a menor chance de eu chamar alguém para fazer a maquiagem para uma festa — avisa.

A atriz confessa a indisciplina para cremes anti-idade e protetor solar.

— Uso umas três vezes por semana, na prática — diz. — Mas eu vou mudar.

Bebe muita água. E certamente tem boa genética no quesito pele boa. Frequenta dermatologista e já aplicou toxina botulínica na testa, entre as sobrancelhas.

O corpo é longilíneo, esculpido com exercícios que parecem leves em tempos de mulheres no estilo Gracyanne Barbosa. Patricia faz um pouco de dança de salão, um tanto de RPG, outro bocado de personal em casa e mais massagem fisioterápica — rotina que ela deixa de lado quando está gravando.