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Análise: Eriksen, o mágico meio-campista da Dinamarca

Jogador do Tottenham deu o passe decisivo para o gol da vitória contra o Peru
Eriksen corre durante joga entre Dinamarca e Peru pela Copa do Mundo 2018 Foto: FILIPPO MONTEFORTE / AFP
Eriksen corre durante joga entre Dinamarca e Peru pela Copa do Mundo 2018 Foto: FILIPPO MONTEFORTE / AFP

Há jogos em que poucas coisas dão certo. A marcação não encaixa, o drible não sai, o chute não entra. Quando a jogada funciona ou a pressão parece que vai romper as barreiras do oponente por si só, a finalização derradeira para o gol vai para fora, como ocorreu com o toque de calcanhar de Guerrero, que saiu caprichosasamente pela linha de fundo.

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Esse inferno astral futebolístico foi a praga que caiu sobre as seleções do Peru e da Dinamarca na estreia de ambas nesta Copa do Mundo. Se os escandinavos tentaram sair trabalhando a bola para abrir o marcador durante o primeiro tempo, os andinos responderam com entrega total na base do bom e velho abafa. Onde sobrava transpiração, faltava inspiração.

Foi então que o camisa 10 da Dinamarca recebeu no meio de campo do Peru. Com calma, ele carregou um pouco a bola e deu o passe milimétrico, entre os zagueiros, para deixar o jovem atacante Yurari na cara gol. O único da partida.

O passe, o fundamento mais importante do futebol, tantas vezes desprezado, esquecido, pouco treinado. Esse passe final, que derruba defesas, sonhos, expectativas. O passe que decide uma partida. A tal da assistência.

Dos jogadores em campo, esse coelho só poderia ter saído mesmo da cartola de Eriksen. Aos 26 anos, o meio-campista do Tottenham é hoje um dos melhores criadores do mundo. Técnico, com visão de jogo rara — Age Hareide, seu técnico na seleção, já o comparou a uma mosca, cujos olhos lhe proporcionam uma visão de 360º — e chute perigoso de longa e curta distância, Eriksen não deve nada a nomes mais badalados como De Bruyne, Isco e David Silva. Ou deve muito pouco. Recentemente, seu nome foi especulado em clubes como o Barcelona, onde muitos acreditam que ele seria uma boa opção para substituir Iniesta.

Se o Tottenham roubou o protagonismo do norte de Londres de seu rival histórico Arsenal nos últimos anos, grande parte desse mérito é do jogador dinamarquês. Na Premier League, onde atua desde 2013, ele tem 41 gols e impressionantes 48 assistências. Não é por acaso que Harry Kane floresceu em temporadas recentes para se tornar um dos principais centro-avantes do planeta.

Com 11 gols por seu país nas eliminatórias da Copa, Eriksen não fez uma grande partida (longe disso), assim como sua seleção, que sofreu enorme pressão do Peru, que foi bem superior, no segundo tempo. De fato, o melhor em campo foi o goleiro Schmeichel, do Leicester, que fez defesas de todas as maneiras possíveis.

No âmbito da criação, a Dinamarca depende exclusivamente de Eriksen para ser seu mágico. É pouco para grandes ambições na Copa, mas é bastante para qualquer time de futebol nos dias de hoje.