Esportes Copa 2014 Argélia

Azarão, Argélia quer sair da sombra de Zidane e chamar a atenção dos europeus

Sem reconhecimento nos grandes centros do futebol, ‘raposas-do-deserto’ jogam contra Bélgica, Rússia e Coreia do Sul

Argelinos em Belo Horizonte: torcida leva fé, mas as chances de sucesso são poucas
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Andrew Medichini
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Argelinos em Belo Horizonte: torcida leva fé, mas as chances de sucesso são poucas Foto: Andrew Medichini / AP

RIO — Eles passaram pela guerra civil, foram parar em clubes de outras partes do mundo e, pela segunda vez, fazem a seleção nacional disputar duas Copas seguidas. Mas para encarar um grupo de Copa do Mundo onde todos os adversários são mais conhecidos ou promissores, os argelinos precisarão de muita disposição. A nação que poderia ter sido escolhida pelos franceses Zinedine Zidane, Karim Benzema e Samir Nasri carece de experiência, mas promete não se tornar o saco de pancadas do grupo H.

Em Copas, a Argélia já teve três participações: 1982, 1986 e 2010. Em nenhuma delas conseguiu passar da primeira fase. Já venceu a Alemanha, no entanto, em sua primeira Copa. Em 1990, levou sua única Copa Africana de Nações. Desde então, ficou no ostracismo por conta da guerra civil que matou dezenas de milhares de pessoas e durou mais de dez anos. Em 2010, perdeu duas partidas e conseguiu arrancar um ponto de ninguém menos que a Inglaterra, com um sofrível 0 a 0.

Atualmente, mesmo na ótima 22ª colocação do ranking da Fifa, a Argélia não chama tanta atenção. Na última Copa Africana, ainda que vista como uma das favoritas, acabou eliminada na fase de grupos. Apesar do revés, a federação confiou no bósnio Vahid Halilhodžić para continuar à frente da equipe. O resultado foi a manutenção de uma campanha quase impecável nas eliminatórias, com cinco vitórias e uma derrota.

Nenhum dos atuais jogadores da seleção argelina é estrela nos clubes onde jogam: apenas dois jogam na liga local. Outros até defendem times nada modestos, como Inter de Milão, Porto, Napoli e Tottenham, mas sem assumir a titularidade. As “raposas-do-deserto”, como são conhecidos os jogadores da equipe, são liderados pelo capitão e jogador mais convocado da seleção, Madjid Bougherra — dispensado do pouco conhecido Lekhwiya, do Qatar.

Em termos internacionais, haveria uma opção para reforçar a nação que acabou “cedendo” jogadores como Zizou : o promissor Rachid Ghezzal, do Lyon, jogou partidas pela seleção sub-21 da França, mas afirmou que gostaria de defender a pátria-mãe. Não foi chamado. Uma diferença pode estar nos goleadores da equipe, Islam Slimani (Sporting Lisboa) e El Arbi Hillel Soudani (Dínamo Zagreb): têm boa média de bolas na rede, com praticamente um gol a cada duas partidas pela seleção.

Pelo grupo H, as raposas enfrentam Bélgica, Rússia e Coreia do Sul, que têm mais experiência, ainda que não tanta. A estreia, no Mineirão, é contra os belgas, nesta terça-feira, às 13h.


Equipe faz trabalho de reconhecimento do gramado do Mineirão
Foto: MARTIN BUREAU / AFP
Equipe faz trabalho de reconhecimento do gramado do Mineirão Foto: MARTIN BUREAU / AFP