Esportes Escândalo na Fifa

Dilma diz que 'não há motivo' para crer em corrupção na escolha do Brasil como sede da Copa

Presidente considera ‘indispensável’ punir dirigentes que receberam propina e afirma ter ‘todo o interesse’ nas investigações
Dilma, Blatter, Putin, Merkel - Final da Copa do Mundo - 2014 Foto: Pedro Ugarte / AFP
Dilma, Blatter, Putin, Merkel - Final da Copa do Mundo - 2014 Foto: Pedro Ugarte / AFP

No mesmo dia em que o presidente dos EUA Barack Obama cobrou "integridade e transparência" da Fifa , a presidente Dilma Rousseff voltou a se posicionar a favor de esclarecimentos sobre os esquemas de corrupção no futebol investigados pela Justiça americana. Em entrevista ao canal de televisão "France 24", que foi ao ar nesta segunda-feira, Dilma disse que "não há qualquer motivo" para acreditar que tenha ocorrido pagamento de subornos na escolha do Brasil como sede da Copa do Mundo de 2014, e afirmou que o país "tem todo o interesse" em ver punidos empresários e dirigentes esportivos que tenham envolvimento comprovado em atividades ilícitas.

— Não há qualquer motivo para se engajar qualquer processo de corrupção (na escolha do Brasil como sede da Copa do Mundo de 2014) Tudo que diz respeito à investigação é do maior interesse do Brasil. Foi gerado muito dinheiro aqui, o que é bom para todo mundo, desde que tenha sido de forma absolutamente transparente. Caso não seja, pode ter certeza de que o governo brasileiro tem todo o interesse em saber quem são os responsáveis e puní-los — afirmou a presidente.

No último dia 27, quando a polícia da Suíça cumpriu ordens de prisão contra sete dirigentes que se preparavam para as eleições na Fifa — entre eles, o ex-presidente da CBF José Maria Marin —, Dilma já havia destacado a importância de se investigar a corrupção no futebol . A investigação da Justiça americana apresentou evidências de que a autoridades da África do Sul teriam enviado propina de U$ 10 milhões a Jack Warner, presidente da Concacaf, para comprar votos na eleição que determinou sua escolha como sede da Copa do Mundo de 2010.

Ao contrário desta votação, em que a África do Sul teve a concorrência de Marrocos e Egito, o Brasil não teve adversários à época de sua escolha como país-sede da Copa de 2014, anunciada em outubro de 2007. A Colômbia, que despontou como concorrente do Brasil, abandonou oficialmente sua candidatura em abril daquele ano.

SOCIEDADE SECRETA: As relações de Ricardo Teixeira com o ex-presidente do Barcelona

Dilma destacou que, em paralelo às investigações conduzidas pelo FBI e pela Procuradoria de Justiça dos EUA, o Brasil conduz seus próprios procedimentos com a Polícia Federal. Na última semana, a PF indiciou Ricardo Teixeira por falsidade ideológica, falsificação de documentos, lavagem de dinheiro e evasão de divisas. A investigação é voltada a movimentações suspeitas de R$ 464,5 milhões entre 2009 e 2012, época em que Teixeira era presidente da CBF e membro do Comitê Organizador da Copa do Mundo de 2014.

— É muito importante que se apure esse escândalo de corrupção dentro das organizações de futebol, incluindo o Brasil. O futebol, hoje, é uma indústria, e essa indústria tem que ser regulamentada, aberta, transparente — completou Dilma.