Política
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Por Eduardo Gonçalves — Brasília

O ex-secretário executivo da Segurança Pública do Distrito Federal, delegado da Polícia Federal Fernando de Sousa Oliveira, afirmou nesta quinta-feira que houve "passividade" por parte da Polícia Militar do DF na contenção dos manifestantes golpistas que atacaram as sedes dos Três Poderes, em Brasília, em 8 de janeiro. Segundo Oliveira, o então secretário de Segurança, Anderson Torres, também não deixou nenhuma orientação específica para o 8 de janeiro antes de viajar para os Estados Unidos.

— Eu não fui apresentado nem ao governador nem aos comandantes das forças. Com a viagem dele, eu assumiria oficialmente a secretaria na segunda-feira. E a partir daí se iniciariam as apresentações oficiais — disse ele.

Ele conta que, após assumir o cargo, teve apenas três dias de contato com Torres.

— O secretário tinha me demandado a questão dessa operação que estava prevista para o dia 7, 8 e 9. Tive uma explicação como funcionava o plano de ação integrada e como eram outros protocolos. O secretário Anderson disse que deixaria o protocolo assinado e não deixou nenhuma orientação específica — afirmou.

Fernando Oliveira também contou que se sentiu impotente no cargo. Para ele, houve ainda uma certa passividade por parte de integrantes da Polícia Militar.

— Eu me senti impotente. (...) Não houve resistência à invasão. Eu posso dizer que houve uma certa passividade [por parte da PM-DF]. Isso vai ser apurado por meio do inquérito policial, o que ocorreu de errado na execução — disse ele, em depoimento à CPI dos Atos Antidemocráticos na Câmara Legislativa do Distrito Federal. — É notório que havia passividade de alguns policiais — reforçou.

Na versão dada por Oliveira, houve um erro na execução do plano elaborado pelo Departamento de Operações da Polícia Militar (DOP) para controlar o ato golpista.

— O grande questionamento é: por que o departamento de Operações da Polícia Militar não executou o que foi acordado no PAI (Plano de Ações Integradas) — afirmou ele, lembrando que a mesma corporação atuou na megamanifestação de 7 de setembro e na posse do presidente Lula, sem nenhum incidente.

Oliveira comentou que é de praxe na PM-DF mobilizar um "excesso de tropa" para acompanhar esse tipo de manifestações, o que não aconteceu em 8 de janeiro.

— O excesso sempre é bom para esse tipo de operação. Depois, a gente faz o pagamento de extra a policiais. Eu nunca na minha gestão economizei tropa. Só que não cabia a mim o planejamento, mas ao PAI — disse ele.

Ao ouvir as declarações do ex-secretário, o presidente da CPI, deputado distrital Chico Vigilante (PT), comentou:

— Eu começo a concluir que o senhor foi traído.

Preocupação

O delegado da PF ainda comentou que ficou "muito preocupado" com a situação de assumir a pasta sem nem ter conhecido o governador em um momento em que havia uma escalada de manifestações em Brasília.

— Eu apresento fatos. Eu realmente fiquei muito preocupado. O meu sentimento foi de preocupação — disse ele, acrescentando que no domingo 8 de janeiro "conhecia Ibaneis a menos de 24 horas".

Ao longo de todo o seu depoimento, Oliveira buscou mostrar que, no fim de semana dos ataques, continuava como secretário-executivo tanto que reportava todas as suas ações a Torres, que se encontrava nos Estados Unidos.

— Nós não tínhamos secretário de segurança no domingo, então — concluiu Chico Vigilante (PT).

Militares

Durante o depoimento, o ex-secretário ainda afirmou que o acampamento golpista montado na frente do QG do Exército só não foi desmontado antes porque os militares "não deixaram desocupar", segundo as suas palavras.

Ele relatou uma reunião ocorrida na sexta-feira 6 de janeiro com integrantes da caserna em que ficou decidido que o general Gustavo Dutra, então chefe do Comando Militar do Planalto, informaria uma data para a desmobilização do acampamento. Os atentados às sedes dos Poderes acaram acontecendo antes da realização da operação.

Os questionamentos sobre a atuação dos militares foram feitos pelos deputados distritais Fábio Felix (Psol) e João Hermeto (MDB), que é o relator da CPI.

Contexto

O depoimento do ex-número 2 de Anderson Torres foi o primeiro agendado pela CPI da Câmara Legislativa do Distrito Federal. Foi ele quem enviou um áudio ao governador Ibaneis, relatando que o clima da manifestação estava "tranquila", "controlada" e "amena" três horas antes da invasão na Esplanada.

Também estava marcado para hoje o depoimento da ex-subsecretária de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública do DF, Marília Ferreira Alencar. A oitiva, no entanto, foi adiada para a próxima quinta-feira. Tanto Oliveira como Marília foram exonerados do cargo pelo então interventor federal, Ricardo Cappelli, no dia 10 de janeiro.

Diferente do que ocorre no Congresso Nacional, partidos da base do governo Lula, como o PT e o PSOL, apoiaram a instalação da CPI na Câmara Distrital, assim como aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e do governador afastado Ibaneis Rocha (MDB). A proposta da comissão, inclusive, só saiu do papel depois que foi firmado um acordo entre os parlamentares da oposição e situação a Ibaneis. Conforme o combinado, o PT ficou com a presidência da CPI, e o MDB, com a relatoria.

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