NITERÓI - Frases como “que calor somaliano”, “dá para fritar um ovo no chão’’ e “será que não chove nunca mais?” definitivamente não as afetam. Com o termômetro passando da casa dos 40 graus, elas vestem com coragem meia-calça (não raro, nos braços e no dorso também) e collant e, com patins, saem por aí fazendo piruetas, esbanjando uma graciosidade de dar inveja aos que se arrastam em meio ao escaldante verão das terras fluminenses.
Originalmente executada no gelo, a patinação artística provoca suspiros em meninas de todas as idades e, em Niterói, é praticada sobre quatro rodas — não as modernas, enfileiradas numa linha só, mas, sim, as posicionadas paralelamente, no melhor estilo anos 70.
A cidade tem apenas uma escola do gênero, a Star Patinação Artística, sediada na Associação Atlética Banco do Brasil, em São Francisco. No ano passado, todas as 43 crianças e adolescentes matriculadas participaram do campeonato estadual e duas atletas voltaram com medalhas de ouro e prata dos campeonatos brasileiros de clubes e seleções regionais.
A coreógrafa da equipe, Karen Fritsch, conta que a idade ideal para ingressar no esporte é entre 5 e 10 anos, quando a coordenação motora já está mais desenvolvida. Em sua escola, porém, há uma aluna de apenas 3.
— A patinação sobre quatro rodas é muito semelhante à praticada no gelo. Começamos os treinamentos com as figuras básicas, como o “avião”, a “gávea” e o “carrinho de um pé’’. Em competições avançadas, as meninas precisam fazer saltos com uma, duas ou três voltas e corrupios, que são como piruetas de balé. Cada um leva uma nota, que é dada de acordo com a técnica e a expressão artística. É difícil sorrir e manter uma perna lá em cima — argumenta Karen.
Para quem está mais interessado no exercício do que no caráter artístico do esporte, a professora avisa que a patinação é uma das modalidades mais completas que existem: o trabalho muscular equivale ao da natação e a queima calória à de uma aula de spinning.