Rio

Estudantes em choque depois da tragédia em Angra

O deslizamento que causou a tragédia em Angra - Custódio Coimbra
O deslizamento que causou a tragédia em Angra - Custódio Coimbra

RIO - Estudantes e amigos da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Cristiano Dayrell, Éric Crevels, Isabel Godinho e Paulo Sarmento nem pensaram duas vezes quando receberam o convite da colega de sala, Yumi Faraci, filha dos proprietários da pousada Sankay, para passarem o réveillon em Angra dos Reis. Para o grupo, virar o ano num dos mais belos balneários do litoral brasileiro parecia um sonho que acabou virando pesadelo. ( Leia mais: Tragédia em Angra tem pelo menos 30 mortos )

Dos oito colegas que viajaram, três morreram soterrados - Yumi e o casal Isabel Godinho e Paulo Sarmento - e cinco estão em estado de choque, uma delas internada num hospital de Angra. ( Veja mais fotos da tragédia em Angra )

- Eles estão muito abalados, chorando muito. Meu filho e seus amigos receberam um convite da filha dos donos, todos da universidade. Foi uma grande tragédia - disse a dona de casa Helena Dayrell, mãe do estudante Cristiano.

O empresário Marcus Vinissius Barbosa, presidente da Fundação de Turismo de Angra dos Reis, um dos primeiros a chegar ao local do acidente na Enseada do Bananal, lembrou que os estudantes estavam desorientados.

- Eles choravam e se abraçavam. Usamos um helicóptero para levá-los até o encontro da família em Ubatuba (no litoral de São Paulo). No caminho, pareciam em estado de choque. Não falavam nada. Foi uma viagem dramática.

Eric Crevels, Cristiano e Gustavo contaram aos parentes que, quando perceberam a queda da barreira, foram saindo do quarto. Eric chegou a salvar alguns amigos e resgatar os corpos de outros que acabaram morrendo. Todos estavam na mesma suíte e moram em Belo Horizonte, onde cursam Arquitetura. Os três seguiram nesta sexta mesmo para Belo Horizonte de carro.

Entre os mortos na tragédia da Ilha Grande estão membros da família Repetto, que alugou uma casa para passar as festas de fim de ano na região. Na noite desta sexta, foram identificados no IML do Rio os corpos de Renato de Assis Repetto, de sua mulher, Ilza Maria Roland, e das sobrinhas do casal Gabriela, de 9 anos, e Giovanna Bibaski Repetto, de 12. A mãe das meninas, Claudia Cristine Repetto, foi transferida para a UTI do Hospital Copa D'Or.

Estudante de arquitetura adorava música

Sorte tiveram o jornalista Mário Marques, sua mulher e a filha Beatriz, de 10 meses, que planejaram passar o réveillon na pousada e desistiram - preocupados com a filha pequena - depois de descobrirem que na Ilha Grande não há hospital.

- A gente ficou transtornado aqui. Hoje nem saímos do quarto - disse o jornalista que foi passar o réveillon em Minas.

Filha única do casal Sônia Faraci Imanishi e Geraldo Faraci, Yumi Faraci tinha 18 anos, era estudante de Arquitetura e Urbanismo da UFMG e adorava música. A jovem, que cantava e compunha, tinha 557 amigos no Orkut. No site de relacionamentos, ela participava de 59 comunidades que mostravam um pouco de sua personalidade. "Eu amo viajar", "Don't worry, be happy!", "Adoradores do mar" estavam entre elas.

Ela contou no MySpace que, aos 13 anos, aconteceu o primeiro encontro com o amor de sua vida: a guitarra. Iumi aparece em vídeos no YouTube. No MySpace, há um link para cinco músicas tocadas e cantadas por Iumi. Ela escreveu ainda: "Eu acredito que a música está dentro da gente e quando a gente faz o melhor que pode, qualquer coisa é possível".

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