Rio

Ipanema será palco de grande tributo a Cazuza neste domingo

Holograma de 20 minutos fará com que o cantor reviva no palco

Na foto, Cazuza aparece liderando a banda Barão Vermelho durante o Rock in Rio, em 1985
Na foto, Cazuza aparece liderando a banda Barão Vermelho durante o Rock in Rio, em 1985

RIO — As areias de Ipanema, na Zona Sul do Rio, receberão um grande tributo a Cazuza neste domingo. Trata-se do projeto “GVT Music - Show Cazuza”, que após emocionar o público paulista em novembro, promete matar as saudades da legião de fãs cariocas do ícone. Graças à tecnologia, um holograma de 20 minutos fará com que o cantor ressurja no palco, cantando cinco clássicos de sua carreira. O momento é o mais aguardado do espetáculo que, ao longo de duas horas, trará cerca de 20 canções interpretadas por uma banda formada por parceiros musicais do artista.

A ideia de recriar Cazuza no palco veio do produtor Omar Marzagão. Para montar o projeto, ele convidou George Israel (saxofonista do Kid Abelha e um dos maiores parceiros de Cazuza), que em 2010 lançou um disco de canções feitas com o compositor , entre elas “Brasil” e “Solidão que nada”. Marzagão lembra que ao propor a parceria a Israel, o saxofonista sugeriu que importantes parceiros de Cazuza também participassem, como Nilo Romero, Arnaldo Brandão, Leoni, Rogerio Meanda e Guto Goffi. Foi quando tiveram a ideia de formar uma banda de convidados.

— O George me disse que Cazuza não pertencia a apenas um de seus parceiros musicais, mas a todos. Conseguimos fazer, então, um projeto em que todos os envolvidos lidavam diretamente com ele. São pessoas que passaram por sua vida desde o Barão Vermelho até a carreira solo — explica o produtor geral.

Após dois anos de produção, a ideia se tornou realidade no dia 30 de novembro de 2013, quando ocorreu o primeiro show da iniciativa na capital paulista, no mesmo ano em que o ídolo completaria 55 anos de idade. O produtor lembra que a noite do evento foi comovente, já que a equipe se viu surpreendida com a notícia da morte de João Araújo, pai de Cazuza., no mesmo dia da apresentação. João também era produtor e fundador da gravadora Som Live.

Para a apresentação no Rio, a expectativa da produção é de que a emoção fale ainda mais alto. George Israel, diretor artístico do espetáculo, afirma que a apresentação em Ipanema será ainda mais especial por ser no próprio bairro onde Cazuza viveu e conviveu com todos os integrantes da banda.

— Fazer esse show em Ipanema era um dos nossos sonhos para esse projeto. É um lugar de muita história e memórias para todos nós que convivemos com o Cazuza. Conseguimos levar o evento ao lugar exato onde queríamos, no bairro onde nos conhecemos e íamos juntos à praia. Será um grande barato — diz o saxofonista. — Além disso, dessa vez, a Lucinha Araújo (mãe de Cazuza) acompanhará a apresentação, já que em São Paulo ela precisou cancelar sua presença por conta da morte do João.

Cazuza renasce

O holograma projetará Cazuza em cinco canções, consideradas sucessos da carreira: “Exagerado”, “Faz parte do meu show”, “Brasil”, “O Tempo Não Para”, e “Amor, Amor”. A técnica holográfica se baseia na projeção de raio laser, que oferece a ilusão de dimensionalidade. Marzagão, que iniciou sua carreira de produtor em 1995, na novela mexicana “María La Del Barrio”, conta que conheceu melhor essa tecnologia durante uma viagem que fez à Europa.

— Com o holograma queremos colocar o público numa espécie de túnel do tempo, onde os admiradores do artista possam sentir um pouca da energia que Cazuza tinha no palco — explica.

A tecnologia utilizada foi a da empresa italiana Rebel Alliance, especializada em efeitos especiais. De acordo com o produtor, diversas fotos e vídeos do cantor foram usadas como base de pesquisa, com o objetivo de buscar figurinos, expressões faciais e principais trejeitos. Em estúdio, um ator recriou os gestos corporais e as expressões de Cazuza. Um rosto virtual do artista, criado a partir das fotos pesquisadas, irá se sobrepor à face do dublê. A voz original do ídolo foi também extraída de alguns vídeos, ajudando a roteirizar o holograma, que trará falas inéditas.

A projeção de artistas por meio do holograma chamou a atenção do mundo em abril de 2012, quando o rapper americano Tupac Shakur, assassinado quase 16 anos antes, ressurgiu projetado em um show do também rapper Snoop Dogg, durante um festival de música dos Estados Unidos. No Brasil, um holograma de Renato Russo foi usado durante um tributo ao cantor e compositor realizado em Brasília, em junho do ano passado.

Show trará 23 clássicos

Utilizando áudio original de shows feitos pelo cantor, a banda tocará cerca de 23 músicas. Israel explica que a escolha do repertório levou em conta as canções mais representativas da carreira de Cazuza, além de grandes parcerias feitas entre o ídolo e os integrantes da banda. Ele conta que a apresentação deste domingo contará com participações especiais de Gal Costa e Paulo Ricardo.

Com entrada franca, o show está previsto para começar às 20h30m, e será realizado no palco montado na altura da Avenida Vieira Souto com Rua Paul Redfern (entre os postos 9 e 10, em frente ao Praia Ipanema Hotel). O projeto tem patrocínio da GVT. No evento paulistano, 26 mil pessoas assistiram ao show. Já no Rio, a expectativa é de que 30 mil pessoas comparecem à apresentação.