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Conheça os principais atrativos da Lapa, um reduto cultural e histórico do Rio

Os Arcos da Lapa, uma imponente construção em estilo romano, é um dos cartões-postais mais visitados

Inaugurados em 1750 como Aqueduto da Carioca, os Arcos da Lapa é um dos cartões-postais mais visitados do Rio
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Gabriel de Paiva
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Agência O Globo
Inaugurados em 1750 como Aqueduto da Carioca, os Arcos da Lapa é um dos cartões-postais mais visitados do Rio Foto: Gabriel de Paiva / Agência O Globo

RIO - Considerado o mais tradicional reduto da boêmia carioca, a Lapa preserva muito da história do Rio. Quem passa por suas 13 ruas, se encanta com a arquitetura antiga. A beleza dos Arcos, inaugurados em 1750 como Aqueduto da Carioca - desviando as águas do Rio Carioca para o Largo da Carioca -, é um dos cartões-postais mais visitados do Rio.

A imponente construção em estilo romano tem 17,8 metros de altura, 270 metros de extensão e 42 arcos que ligam o bairro de Santa Teresa ao Morro de Santo Antônio. O arqueduto foi erguido para tentar solucionar o grave problema da falta d’água na cidade. Em 1896 cessada a função de aqueduto, os bondinhos de Santa Teresa passaram a utilizar o topo dos Arcos como via férrea (anteriormente havia um plano inclinado para que os moradores do morro de Santa Teresa tivessem acesso aos bondes no alto do outrora morro do Desterro).

- É a maior construção do Rio Colonial e mesmo da América Latina, em seu tempo - conta o coordenador do Projeto Roteiros Geográficos do Rio – UERJ, João Baptista Ferreira de Mello.

Tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional (IPHAN) em 1938 e imaculado em sua brancura, o monumento tem sido constantemente pintado de branco para manter suas características originais. Para Mello, o bairro também tem nobreza.

- Foi visitado pelo Rei Alberto da Bélgica e por Juan Carlo de Espanha - , diz o pesquisador, destacando que a Lapa foi frequentada por nomes como Noel Rosa e Carmem Miranda, personalidades marcantes da região.

Leo Feijó, que além de empresário é autor de Rio Cultura da Noite – Uma história da noite carioca , em parceria com Marcus Wagner, conta que o bairro passou por uma série de altos e baixos.

- A Lapa teve o apogeu nos 20, mas nos anos 1930, a polícia começa a perseguir as prostitutas e fechar os cabarés, criando uma onda de decadência que se agrava com a II Guerra Mundial. Nesta época, americanos se estabelecem no porto. Nos anos 1980, era perigoso andar de noite pela Lapa. A revitalização se deu a partir da música, no anos 1990. Já na década de 2000, observamos o crescimento dos estabelecimentos, restaurantes, casas noturnas. Foi aí que se criou um cluster - explica.

ALGUNS ATRATIVOS DO BAIRRO

Restaurante Bar Capela. Inaugurado em 1903. No processo de reurbanização da Lapa mudou de endereço para a avenida Mem de Sá. Tradicional restaurante que assistiu às diversas metamorfoses do bairro.

Bar Brasil. Construído na confluência de Rua do Lavradio e Mem de Sá é especializado, embora não restrito, em comida alemã.

As pinturas da escadaria da Lapa foram feitas pelo artista plástico chileno Jorge Selaron Foto: Rafael Moraes / Agência O Globo
As pinturas da escadaria da Lapa foram feitas pelo artista plástico chileno Jorge Selaron Foto: Rafael Moraes / Agência O Globo

Escadaria Selarón – A Rua Manuel Carneiro começa na Lapa, mais exatamente na Rua Joaquim Palhares e finaliza junto ao Convento de Santa Tereza. Ganhou “na boca do povo” o nome de Escadaria Selaron, em razão da obstinação do chileno Jorge Selarón, que passou a residir em uma das casas que ladeiam a antiga escadaria do Convento de Santa Tereza, outro nome popular, nos idos de 1990. Artista autodidata, Selarón povoou o chão da escadaria de ladrilhos coloridos a ele presenteados e advindos de vários países, assim como banheiras ajardinadas nas calçadas do logradouro.

Igreja de Nossa Senhora do Carmo da Lapa do Desterro. A capela foi primitivamente construída em 1750. Destaca-se na paisagem por possuir apenas um sineira de grande visibilidade. Possui valioso acervo, inclusive com obras de Mestre Valentim, o Mulato, filho de escrava com português que passou parte de sua vida em Portugal, maior artista de seu tempo, depois de Aleijadinho. Recebeu em algumas oportunidades, a presença de Dom Pedro II para os rituais e festas do Divino Espírito Santo de grande devoção e popularidade no século XIX. O templo sofreu incêndio, mas diversos artefatos não foram danificados. Inscrita no livro de Belas Artes em 1938, seu acervo foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional (IPHAN) em agosto de 1985. Geminado ao templo encontra-se a Capela da Irmandade de Nossa Senhora da Lapa.

Clube Democráticos - Com as marcas da sorte, fé, boemia e folia, o Clube Democráticos foi fundado em 1867, graças a um bilhete premiado no dia de Nossa Senhora da Glória, razão pela qual a santa é a padroeira desta afamada agremiação. Vencedora de vários carnavais nos desfiles das Grandes Sociedades, a imensa sede dos Democráticos, situada na Rua do Riachuelo, reergueu-se, nas últimas décadas, funcionando à noite, em diversos dias da semana, o que atraiu jovens para suas rodas de samba.

A fachada da Fundição Progresso em 2012 Foto: Divulgação / Fundição Progresso
A fachada da Fundição Progresso em 2012 Foto: Divulgação / Fundição Progresso

Fundição Progresso – Sediada em um prédio histórico datado do final do século XIX, produzia e se esmerava na confecção de artefatos de ferro e tornou-se, igualmente, fábrica de fogões. Desativada nos anos de 1970, foi salva por iniciativa de artistas e do BNDES, em 1982. Autossustentável, evoluiu para a condição de Centro Cultural Fundição Progresso abraçando atividades múltiplas como feiras, apresentações teatrais, da Orquestra Petrobrás Sinfônica, da Intrépida Trupe, bem como vídeos e concorridas boates, nos finais de semana, além de ensaios do Monobloco ou do Rio Maracatu.

Circo Voador – Funcionou, em seus primeiros dias, no Arpoador. Em janeiro de 1982 passou a ter a Lapa como endereço ao lado dos seculares Arcos. Tornou-se uma das luzes da retomada do bairro. Foi fechado, em 1996. Sob a sua lona azul apresentaram-se artistas de todas as gerações. Permitiu a exibição de grupos teatrais e de balé. Reinaugurado em 2004, com nova configuração, tem capacidade para 2500 pessoas.