Cefalópodes como polvos e lulas são animais altamente inteligentes, com sistemas nervosos complexos. Se retrocedermos na história evolutiva, encontraremos o último ancestral comum conhecido de humanos e cefalópodes: um animal primitivo semelhante a um verme com inteligência mínima e manchas oculares simples.

Mais tarde, o reino animal foi dividido em dois grupos de organismos – aqueles com espinha dorsal e aqueles sem. Enquanto os vertebrados, principalmente os primatas e outros mamíferos, desenvolveram cérebros grandes e complexos com diversas habilidades cognitivas, os invertebrados não. Com uma exceção: os cefalópodes.

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Os cientistas há muito se perguntam por que um sistema nervoso tão complexo só foi capaz de se desenvolver nesses moluscos. Agora, uma equipe internacional liderada por pesquisadores do Max Delbrück Center, da Alemanha, e do Dartmouth College, nos Estados Unidos, apresentou um possível motivo.

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Em um artigo publicado na Science Advances, eles explicam que os polvos têm um repertório amplamente expandido de microRNAs (miRNAs) em seu tecido neural – refletindo desenvolvimentos semelhantes aos dos vertebrados.

“Portanto, é isso que nos conecta ao polvo”, diz o professor Nikolaus Rajewsky, diretor científico do Instituto de Biologia de Sistemas Médicos o Centro Max Delbrück (MDC-BIMSB).

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Ao todo, 42 novas famílias de miRNA foram encontradas – especificamente no tecido neural e principalmente no cérebro. Dado que esses genes foram conservados durante a evolução dos cefalópodes, a equipe concluiu que eles foram claramente benéficos para os animais e, portanto, são funcionalmente importantes.

Polvos e humanos são mais parecidos do que poderíamos imaginar. Agora, cientistas estão perto de descobrir o motivo
Polvos e humanos têm mais em comum do que poderíamos imaginar. Imagem: Olga Visavi/Shutterstock

Polvos são criaturas inteligentes e… alienígenas?

Do ponto de vista evolutivo, os polvos são únicos entre os invertebrados. Eles têm um cérebro central e um sistema nervoso periférico capaz de agir de forma independente.

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Se um polvo perde um tentáculo, o membro permanece sensível ao toque e ainda pode se mover. A razão pela qual os polvos são os únicos a desenvolverem funções cerebrais tão complexas pode residir no fato de que eles usam seus braços como ferramentas para abrir conchas, por exemplo.

Os polvos também mostram outros sinais de inteligência: são muito curiosos e podem se lembrar das coisas. Eles também podem reconhecer as pessoas e gostar mais de algumas do que de outras. Os pesquisadores agora acreditam que eles até sonham, já que mudam a cor e a estrutura da pele durante o sono.

Apaixonado por esses animais, Rajewsky vai além: “Dizem que se você quer conhecer um alienígena, mergulhe e faça amizade com um polvo”. Ele agora planeja unir forças com outros pesquisadores de polvos para formar uma rede europeia que permitirá um maior intercâmbio entre os cientistas. Embora a comunidade seja pequena atualmente, Rajewsky diz que o interesse pelos polvos está crescendo em todo o mundo, inclusive entre os especialistas comportamentais.

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