Maré Vermelha: O que é?

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Geralmente, na primavera e com a chegada do verão ocorrem a floração de algas cujas consequências ambientais podem ser perigosas para os banhistas.

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Maré vermelha causa grandes manchas nos oceanos. Fonte: Fenômeno Verde

Quando ocorre um desequilíbrio ou uma floração excessiva, a concentração excessiva destas algas pode chegar a mudar a cor da água do mar. Neste cenário, alguns estuários, lagunas e mesmo praias podem ser tingidas de vermelho, daí o nome Maré Vermelha. Alguns tipos de algas podem deixar o mar escurecido de marrom e em outras situações lagunas podem ficar esverdeadas ou mesmo azuladas.

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O mar pode assumir cor avermelhada com a floração de algas. Fonte: A Gazeta Bahia

Vamos entender como e porque estas florações anômalas de algas podem acontecer. Primeira possível causa é a condição climática e a estação do ano. As mudanças climáticas causam flutuações bruscas e inesperadas em várias localidades do planeta. Tais mudanças podem desencadear uma floração, pois calor e chuva podem ser gatilhos para um eventual desequilíbrio. Com a chegada da primavera e um verão rigoroso, o calor e a luz predominam. Os dias ficam mais longos, ou seja, o sol ilumina mais horas do dia e a luz é ótima para as algas. Elas precisam de Sol e calor para processar a fotossíntese e se desenvolverem. Quanto mais horas de luz, maior será o crescimento e reprodução das algas. A elevada temperatura também favorece o metabolismo das plantas e a produtividade.

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Fenômeno da maré vermelha que parece “água de sangue”. Fonte: Blue Octopus

A segunda possível causa é a influência antrópica existente nas zonas urbanas litorâneas densamente ocupadas. Próximos das cidades, os corpos d’água naturais (baias, lagoas e praias) tem maior chance de ficarem contaminados com os efluentes orgânicos (esgoto e lixo) lançados sem controle pelos rios e galeria de água pluviais. O esgoto sanitário é um excelente adubo para as algas.

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Esgoto sendo lançado no Rio de Janeiro. Fonte: Pedlowski

Um terceiro fator relevante são as características geográficas e oceanográficas do litoral. A geomorfologia das baias, lagunas e mesmo de algumas praias promove o confinamento e dificulta a mistura destas águas costeiras com as águas de alto mar. O crescimento anormal das algas e seu confinamento promovem a sua concentração. Tal cenário redunda na mudança da cor natural destas águas em função da cor da alga predominante.

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Acúmulo de algas formam manchas vermelho-amarronzadas na Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro. Foto: Custódio Coimbra/ Agência O Globo.

Vamos agora entender as possíveis consequências nocivas que a floração das algas pode acarretar nos ecossistemas costeiros. Algumas espécies de microalgas podem ser produtoras de toxinas e prejudicam outros organismos marinhos. Peixes e invertebrados, além do próprio homem que tem contato com as águas contaminadas ou a ingestão de alimentos marinhos contaminados podem adoecer e mesmo morrer. Mais de 5.000 espécies de fitoplâncton são conhecidas. Destas, sabe-se que somente 6% podem ser nocivas e menos de 2% potenciais produtoras de toxinas. Além do risco de serem letais aos organismos marinhos a floração de algas podem também ser uma ameaça à saúde pública.

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Mortandade de peixes na Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro. Foto: Gabriel Paiva/ Agência O Globo.

Outro efeito indesejável é para a balneabilidade. Águas com coloração anormal, além de poderem ser prejudiciais à saúde (podem causar diarreia, problemas respiratórios e circulatórios), não são convidativas para o banho de mar além de causar uma sensação de insegurança. Diferenças marcantes de cenário, odor e mesmo tato podem ser péssimos para cidades que se beneficiam do turismo de “Sol e Mar”.

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Florações de algas deixam o mar marrom na praia de Copacabana. Foto: Gabriel de Paiva/ Agência O Globo

As algas assim como qualquer ser vivo tem um ciclo de vida definido. Assim como nascem, se desenvolvem e se reproduzem, possuem um período de existência bem caracterizado. Quando morrem, o processo de decomposição ou assimilação pelo meio ocorre o consumo do oxigênio dissolvido disponível. Na coluna d’água com florações de algas exageradas e concentradas tendem a consumir quase todo oxigênio disponível dissolvido quando morrem. Tal cenário dificulta ou mesmo impede vida de organismos superiores que respiram, como é o caso dos peixes. Assim, é comum observar extensas mortandades de peixes ao final de alguma maré colorida, causada pela intoxicação ou retirada do oxigênio dissolvido na coluna d’água.

Vem chegando o verão e é preciso prestar atenção para a cor do mar, das lagoas e das baías próximos aos centros urbanos costeiros. Agora você sabe a razão e as consequências destes possíveis eventos de florações de algas ou microalgas. Aproveite as praias e o mar sem receios, mas com o conhecimento das causas e efeitos, para curtir o verão.

Escrito por David Zee/ Editado por Gabriela Brandão

Glossário:
floração das algas – o crescimento explosivo, de curta duração, de microorganismos presentes nas algas que causam a coloração dos corpos d´água

Referências Bibliográficas
MOSER, Gleyci A. O.; CASTRO, N. O.. FLORAÇÕES DE ALGAS NOCIVAS E SEUS EFEITOS AMBIENTAIS. Oecologia Australis, [S.L], v. 2, n. 16, p. 235-264, /dez. 2012
Nebel, B.J.; Wright, R. T. Environmental Science: The Way de World Workes; Prentice-Hall, 1998
Maier, R.M.; Pepper, I. L.; Gerba, C. P. Environmental Microbiology Academic Press, 2000
Laws, E. A. Aquatic Pollution: An Introdutory Text. John Wiley & Sons, Inc., 1993
Burckholdes, J. M. Critical Needs in Harmful Algal Bloom Research. In Proceedings of the October 56, 1999 Workshop, National Research Council. National Academy Press, Washington, D. C., 2000

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