Bifrenaria harrisoniae

 

O fator motivacional para a aula de hoje são fotos que recebi de diversas variedades de uma mesma planta. São fotos que foram enviadas por grandes amigos e que ilustram de forma brilhante o tema do dia.

Trata-se de uma orquídea de um gênero pouco cultivado e comercializado, principalmente em função do porte da planta, com folhas longas e largas que ocupam grandes áreas nas estufas.

Em termos estéticos suas flores apresentam formato e cores muito atraentes e com uma aparência cerosa. Mas, por possuir inflorescências muito curtas, as flores desta planta se abrem rente ao substrato e as vezes se escondem no meio dos bulbos.

Porém, esta magnífica orquídea compensa qualquer possível defeito com seu extasiante perfume. Uma fragrância incrível com o poder de inundar um ambiente de grandes dimensões. Um show de planta. É a Bifrenaria harrisoniae

 

… uma orquídea com perfume intenso, sedutor e embriagante

 

Bifrenaria é um gênero da família Orchidaceae, proposto em 1832 pelo botânico inglês John Lindley (1799 – 1865), provavelmente o mais renomado de todos orquidólogos.

Lindley descreveu centena de gêneros e espécies, publicou muitos artigos e livros científicos, participou na fundação da revista Gardener’s Chronicle, e em 1857 foi agraciado com a Medalha Real, homenagem da Real Sociedade de Londres para pessoas com importantes contribuições para o avanço do conhecimento da Natureza.

Trata-se de um gênero composto por pouco menos de 30 espécies, todas originárias da América do Sul. No Brasil temos alguns exemplares na Floresta Amazônica, e quase 20 espécies na Mata Atlântica, principalmente nas regiões sul e sudeste. As regiões montanhosas do Espírito Santo e Rio de Janeiro são os principais centros de dispersão destas orquídeas, sendo que só na Serra dos Órgãos podemos encontrar em torno de 15 espécies.

 

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Serra dos Órgãos

Imagem retirada da internet – Site:
http://www.icmbio.gov.br/parnaserradosorgaos/guia-do-visitante.html

 

As plantas deste gênero tem habitats bem diferenciados. A maior parte delas são epífitas ou rupículas, sendo raras as adaptações para vida terrestre. Algumas espécies preferem matas abertas onde recebem maior incidência de luminosidade, e outras preferem matas mais fechadas, sombrias e úmidas. Não podemos generalizar o tratamento e cuidados necessários para as plantas deste gênero. É mandatório o estudo de cada planta para um correto cultivo.

O nome deste gênero deriva do latim: bi, que significa “dois”, e frenum, que significa “freio”, em referência aos dois calos parecidos com tiras, que unem as políneas ao viscídio da flor.

E agora a planta do dia, a Bifrenaria harrisoniae, que possui uma das fragrâncias mais adoráveis e deliciosas que já tive a oportunidade de sentir. Um perfume intenso e adocicado, sedutor e embriagante. Espetacular.

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Imagem retirada da internet – Site:
www.gifmania.com.pt/Gifs-Animados-Objetos/Imagens-Animadas-Lar/Gif-Animados-Bathroom/Perfumes/

 

Esta planta foi descrita em 1855 pelo renomado botânico alemão Heinrich Gustav Reichenbach (1823 – 1889), e o nome da espécie foi escolhida para galantear a Sra. Harrison, esposa de Arnold Harrison, conhecido colecionador de orquídeas do século XIX.

Muitos acreditam ser Reichenbach o botânico mais importante para a orquidológia, atrás apenas de John Lindley.

Reichenbach identificou, descreveu e classificou mais de mil espécies de orquídeas e, durante sua brilhante carreira, chegou a ser diretor do Jardim Botânico da Universidade de Hamburgo, na Alemanha.

Muitos confundem seu trabalho com o de seu pai, que também foi um renomado botânico. Para facilitar a correta interpretação, em taxonomia geralmente aparece referenciado como Rchb. f., onde f = filius (filho), enquanto que os trabalhos de seu pai aparecem abreviados como Rchb.

A Bifrenaria harrisoniae é originária da Serra do Mar, desde o sul da Bahia até o Rio Grande do Sul, onde vegeta de forma predominantemente epífita em altitudes que variam desde 500 até 1600 metros. Ocasionalmente pode ser vista fixada em rochas cobertas de musgo, habitando de forma rupícola.

 

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Bifrenaria harrisoniae  –  ocorrência

Imagem retirada da internet – Site:
http://cncflora.jbrj.gov.br/portal/pt-br/profile/Bifrenaria%20harrisoniae

 

Felizmente a Bifrenartia harrisoniae não corre riscos de extinção. Por possuir uma extensa área de ocorrência, esta planta atualmente é classificada pela União Internacional para Conservação da Natureza” (UICN), como LC (Least Concern), cuja tradução é “pouco preocupante”. Este grupo inclui plantas com espécies abundantes e amplamente distribuídas na natureza.

Apenas como curiosidade segue lista completa das classificações da UICN:

 

  • LC (Least Concern) – pouco preocupante
  • NT (Near Threatened) – Perto de estar ameaçada
  • VU (Vulnerable) – Vulnerável
  • EN (Endangered) – Em perigo
  • CR (Critically Endangered) – Criticamente em Perigo
  • EW (Extinct in the Wild) – Extinta na natureza
  • EX (Extinct ) – Extinta
Fonte de pesquisa – Site:
http://www.oeco.org.br/dicionario-ambiental/27904-entenda-a-classificacao-da-lista-vermelha-da-iucn/

 

Sinonímia: Bifrenaria aurea; Bifrenaria harrisoniae f. alba-plena; Bifrenaria harrisoniae var. alba; Bifrenaria harrisoniae var. alba-plena; Bifrenaria harrisoniae var. angustior; Bifrenaria harrisoniae var. buchananiana; Bifrenaria harrisoniae var. citrina; Bifrenaria harrisoniae var. eburnea; Bifrenaria harrisoniae var. flavopurpurea; Bifrenaria harrisoniae var. glabra; Bifrenaria harrisoniae var. grandiflora; Bifrenaria harrisoniae var. insularis; Bifrenaria harrisoniae var. minor; Bifrenaria harrisoniae var. pubigera; Bifrenaria harrisoniae var. purpurascens; Bifrenaria harrisoniae var. typica; Bifrenaria tyrianthina var. albescens; Colax grandiflorus; Colax harrisoniae; Dendrobium harrisoniae; Lycaste citrina; Lycaste harrisoniae; Lycaste harrisoniae; Lycaste harrisoniae var. citrina; Lycaste harrisoniae var. eburnea; Maxillaria barringtoiae; Maxillaria harrisoniae; Maxillaria harrisoniae var. angustior; Maxillaria harrisoniae var. eburnea; Maxillaria harrisoniae var. grandiflora; Maxillaria pubigera; Maxillaria spathacea; Stanhopea harrisoniae e Stenocoryne harrisoniae.

A Bifrenaria harrisoniae é muito confundida com a Bifrenaria tyrianthina, que apenas é encontrada na Bahia e em Minas Gerais. Diferenciar as duas, sem saber o local de origem, é uma tarefa difícil e que exige um conhecimento mais aprofundado deste gênero. Morfologicamente as diferenças são as seguintes:

  • O estipe, localizado na coluna das flores: o da Bifrenaria tyrianthina é um pouco mais estreito que o da Bifrenaria harrisoniae.
  • O calcar, localizado na base do labelo: o da Bifrenaria tyrianthina é mais longo que o da Bifrenaria harrisoniae.

Trata-se de uma planta de crescimento simpodial e que forma grandes touceiras. Possui rizoma robusto e ramificado, com grossas raízes velamentosas. Seus pseudobulbos são monofoliados, com seção transversal de formato tetragonal, e podem chegar a 10cm de comprimento.

As folhas são finas e coriáceas, e podem chegar a ter 28cm de comprimento por 15cm de largura. As inflorescências são curtas, racemosas e eretas. Brotam da base dos pseudobulbos mais novos, suportando de uma a três flores de aproximadamente 7cm de diâmetro.

Estas flores possuem base plana, com sépalas mais largas que as pétalas, e labelo pequeno e densamente piloso (com pelos). Em termos visuais lembram um pouco o formato de uma flor de Phalaenopsis. Como já mencionado, são extremamente perfumadas e podem apresentar diversas combinações de cores. Na flor “tipo” predomina a cor branca, com labelo rosa ricamente ornado com veios vermelhos. Porém, existem muitas variantes, como alba, semi-alba, carnea, suave, coerulea e aurea. Todas espetaculares.

A Bifrenaria harrisoniae é uma planta de fácil cultivo. Seguem algumas dicas:

  • Pode ser cultivada em cascas ou troncos de árvores, com muitas raízes expostas.
  • Porém, também pode ser cultivada em vaso de plástico ou caixeta de madeira. Neste caso utilize vasos preferencialmente rasos. Ainda, se esta for sua opção, então sugiro um substrato feito de partes iguais de casca de pinus, carvão vegetal e pedrisco.
  • Para esta planta é muito importante o sistema de drenagem. Qualquer acúmulo de água pode ocasionar o apodrecimento dos pseudobulbos. Por este fato acredito que a melhor forma de cultivo se obtém utilizando caixetas de madeira.
  • Procure cultivar esta orquídea em local com boa ventilação.
  • Pode ser dividida como quase todas as orquídeas de crescimento simpodial, cortando o rizoma e deixando pelo menos 3 ou 4 bulbos em cada parte da divisão.
  • Por último, recomendo o cultivo com temperaturas amenas, entre 0 e 30 graus, e uma boa luminosidade (40 a 50%).

Aqui no sul do Brasil floresce no início da primavera e sua floração dura em média 20 dias. Recomendo!!!

Seguem algumas fotos ilustrativas:

 

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Bifrenaria harrisoniae var. tipo

Propriedade e crédito fotográfico:  Juan Pablo Heller

 

 

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Bifrenaria harrisoniae var. tipo

Propriedade e crédito fotográfico:  Juan Pablo Heller

 

 

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Bifrenaria harrisoniae var. suave

Propriedade e crédito fotográfico: Julio Cesar Zanatta

 

 

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Bifrenaria harrisoniae var. carnea

Propriedade e crédito fotográfico: Josélio Durigan, do Orquidário Durigan (Curitiba – PR)

 

 

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  Bifrenaria harrisoniae var. alba

Propriedade e crédito fotográfico: Luiz Reginaldo, do Orquídea Negra Orquidário (Curitiba – PR)

 

 

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Bifrenaria harrisoniae (planta fixada em casca de árvore e com 3 botões florais)

Propriedade e crédito fotográfico:  Clorinda Valentini

 

 

 

E agora algumas imagens retiradas da internet:

 

 

 

 

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IMAGENS: fonte pesquisa GOOGLE

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