Dia 14 de março de 2020. Último jogo do Palmeiras antes de eclodir o novo coronavírus pelo mundo. Sem futebol, nossa maior paixão, ficamos preocupados. Além de todas as preocupações que uma pandemia carrega, sabíamos que seria um ano difícil em vários campos.
Em julho o futebol voltou, mas sem torcida. O Palmeiras jogou contra o Corinthians em Itaquera e perdeu por 1 a 0. O desespero era ainda maior. Voltar, perder um clássico e com o time jogando mal. O que mais poderia acontecer?
Vanderlei Luxemburgo foi demitido e as especulações por um novo treinador reinavam. Renato Gaúcho? Abel Braga? Não. Abel Ferreira. Mas quem é esse cara? Paok, Grécia? Qual experiência ele tem? Quantos títulos na carreira?
Chegou de mansinho prometendo muito trabalho. E trabalhou demais. Não conseguiu colocar o time no topo do Brasileirão, mas teve feito maior: vaga na final da Copa Libertadores. Abel sabia e queria fazer história.
Naquele 30 de janeiro histórico, vencemos o Santos no Maracanã e levantamos o bicampeonato da Libertadores. Que dia mágico! A história sendo contata na nossa frente, no nosso rosto.
Em março, o Palmeiras chegou na final da Copa do Brasil e levou a quarta taça de sua história ao vencer o Grêmio. Segundo título de Abel em tão pouco tempo.
Perdemos três títulos: o Mundial de Clubes, a Supercopa do Brasil e a Recopa Sulamericana. A derrocada levou o torcedor a criticar o trabalho da comissão técnica e exigir novos reforços. O peso da cobrança voltou e o time parecia perdido.
A situação ficou ainda mais delicada quando o Palmeiras foi vice campeão Paulista e perdeu a final para o São Paulo, tirando o rival de fila grande. A bronca se intensificou, mas Abel e seu elenco sempre se mantiveram firmes no posto.
Começamos bem no Brasileirão e na Libertadores. Resultados importantes e jogos com bom desempenho. Aos poucos o Atlético-MG foi despontando na frente e o Nacional caiu de produção na Academia de Futebol. E mesmo diante disso, terminamos na terceira posição e bem acima do Corinthians.
Bem, na Libertadores não é preciso dizer nada. Faltam-me palavras para dizer alguma coisa. Classificado para a grande final contra o Flamengo, nós, palmeirenses, e o elenco, sofremos absurdamente com a imprensa esportiva nacional. Muitos jornalistas apontaram o Rubro-Negro carioca como campeão antes da hora. E a previsão era terrível: Goleada. Humilhação.
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Teve um jornalista que teve a pachorra de dizer que a torcida do Flamengo iria engolir a torcida do Palmeiras. Ele pode dizer isso, claro. Ele não conhece a casca e o amor dessa torcida pelo seu time. Quem não convive não sabe, não imagina o tamanho do sentimento.
Engolimos o rival em Montevidéu nas arquibancadas. E dentro de campo foi uma sequência de acertos. Abel tinha um plano. Sabia como executar. E foi por meio desse plano que conquistamos o Tricampeonato da Libertadores.
Além de faturar a taça e ter feito história, calamos os jornalistas clubistas que apontaram as trevas. Só existia o Flamengo na mente deles. Ninguém pensou que do outro lado havia atletas, pais de família, torcedores apaixonados e uma legião de trabalhadores que sonharam dia e noite por essa conquista, por essa taça.
O sabor foi delicioso. Os flamenguistas no Uruguai deixando o país derrotados e nós tomando goles profundos da mais deliciosa cerveja para molhar a garganta, possibilitando gritar mais alto: “Iiiiiii, Libertadores eu sou Tri, Brasileirão nem vou falar…”.
Claro, no aeroporto não venta. Então o grito saiu ainda mais estridente. Que biênio mágico esse 2020-2021. E que 2022 seja ainda mais especial para todos nós.
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