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Alemanha, a campeã que a Copa merecia

Para situações como esta foi criada a expressão “chave de ouro”, que, mais do que chave, é chavão: a excelente Copa do Mundo de 2014 não podia ter um campeão menos que excelente. Para valorizar a conquista da Alemanha, a equipe que apresentou o melhor futebol do Mundial, o título veio num jogaço contra uma […]

Para situações como esta foi criada a expressão “chave de ouro”, que, mais do que chave, é chavão: a excelente Copa do Mundo de 2014 não podia ter um campeão menos que excelente. Para valorizar a conquista da Alemanha, a equipe que apresentou o melhor futebol do Mundial, o título veio num jogaço contra uma Argentina bem armada, fechada na defesa e perigosa no contra-ataque, que se segurou até o finzinho da prorrogação e poderia muito bem ter vencido, caso a sorte estivesse do seu lado.

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O torneio realizado no Brasil foi espetacular, emocionante, bem disputado, cheio de surpresas e lances sensacionais – nem todos futebolísticos – que ficarão na história. Ocorre que, em termos de futebol propriamente dito, não mostrou um nível tão alto assim. Coube à Alemanha dar uma aula nesse sentido. Ao longo da competição, a Argentina não passou de uma equipe bem organizada, que a atuação impressionante de Mascherano tornava defensivamente sólida, mas a verdade é que, sem os lampejos geniais de Messi, dificilmente teria ido tão longe. Algo semelhante pode ser dito da Holanda de Robben, um coelho de desenho animado com camisa laranja. O Brasil dispensa comentários, mas vale registrar que também andou se segurando no brilho de seu astro, Neymar, enquanto este se aguentou em pé.

A equipe comandada por Joachim Löw teve trajetória irregular no Mundial. Entre a goleada sobre Portugal que marcou sua estreia em grande estilo e a übergoleada sobre o Brasil que a pôs na final, a seleção alemã andou inconstante. Chegou perto de se atrapalhar na primeira fase contra Gana, que só não venceu o jogo por 2 a 1 graças ao oportunismo quase sobrenatural de Klose. Nas oitavas de final, foi claramente inferior à Argélia durante uns quinze ou vinte minutos do primeiro tempo. Mesmo assim, o time de Neuer, Lahm, Kroos, Schweinsteiger, Müller e Götze mostrou, na média de suas partidas, o suficiente para deixar claro que tinha atingido aquele raro ponto de equilíbrio entre o brilho das individualidades e o jogo de conjunto que caracteriza as grandes equipes.

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Existe no Brasil uma crença bastante difundida de que a Alemanha joga um futebol feio, baseado na força, com jogadores pouco técnicos. Galvão Bueno costuma brincar dizendo que os alemães jogam “uma coisa parecida com futebol”. Não sei se um dia esse menosprezo brasileiro fez algum sentido, mas sei que há muito tempo não corresponde à realidade – pelo menos desde 1974. Em 2014, chega a ser ridículo, um atestado de cegueira para o que significa jogar futebol.

Tetracampeã com todos os méritos, a Alemanha é uma bela equipe, mas convém deixar claro: não é um supertime. Quem, após o infame 8 de julho, imaginou estar diante de um esquadrão imbatível descobriu ontem que tal ideia não passava de consolo ilusório para nossa própria incompetência. No Maracanã, a Argentina demonstrou que aquele duríssimo placar de 7 a 1 se deveu mais ao derretimento completo – tático, técnico e emocional – da equipe brasileira. É possível enfrentar a Alemanha, mas para isso carece jogar futebol como gente grande. Foi o que fez a Argentina, mas a parada era dura. Para fechar com outro chavão: venceu o melhor.

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