As religiões de Matriz Africana em Teresina

Por Maria Gabriella, Yara Lays, Nathan Rangel e Raissa Gonçalves

O Brasil é um país vasto e diverso. As religiões de matrizes africanas são um exemplo da multiplicidade de crenças existentes em nosso território. Apesar de possuírem similaridades por serem oriundas do continente africano, essas religiões possuem especificidades em seus rituais e tradições que as diferenciam umas das outras.

Algumas das manifestações mais famosas são: o Candomblé e a Umbanda, mas existem várias outras menos conhecidas, como jarê, terecô, o Batuque, o Tambor de Mina, entre outras. No entanto, todas essas religiões sofrem um mal em comum: o preconceito, muitas vezes por desconhecimento e ignorância das pessoas, e outras vezes por conta da intolerância religiosa ainda existente no Brasil.

Em Teresina, as religiões de matriz africana também têm sua voz: a capital conta com mais de 800 terreiros, dos quais cerca de 420 estão mapeados. A maioria está localizada na zona Norte da cidade. O número é grande, mas ironicamente, não impede os intolerantes de também se manifestarem.

Segundo relatos da mãe de santo Joyce, o preconceito contra essas religiões é muito forte, e muitas ações atrapalham seu crescimento e o respeito para com elas. “As maiores dificuldades que sentimos aqui em Teresina são principalmente a intolerância e a falta de incentivo por parte do governo”, disse. De acordo com ela, a falta de incentivo das autoridades governamentais desmotiva bastante os devotos da religião. “Nosso grupo tem menos de dois anos, ainda somos poucos, pois estamos em crescimento e trabalhando para construir nosso terreiro e enfim conseguir trabalhar melhor”.

Foto: Yara Lays

Mãe Joyce também exemplificou sua dificuldade e dor, além de expressar o que ela e muitos outros representantes e devotos da Umbanda querem que seja dito. “Umbanda é caridade, é fartura. Infelizmente, assim como qualquer outra religião, passou a ser mal vista por causa dos próprios praticantes que denegriram a imagem da religião. Gostaria que as pessoas soubessem que Exu não tem nada a ver com diabo ou coisa do tipo. Exu abre nossos caminhos, Exu que nos dá proteção, Exu é vida e sem Exu nada se faz”.

Em busca de desmistificar o que muitos pensam sobre terreiros de Umbanda, é preciso conhecer os seus rituais. Neste vídeo, é possível acompanhar o início de uma gira, como é chamado o momento de culto da religião. Confira!

Foto: Yara Lays

Com o surgimento da internet, foi possível ter maior acesso às informações. E hoje, podemos encontrar nas redes sociais vários perfis de pessoas e grupos que atuam em busca de levar maior conhecimento e reconhecimento dessas manifestações religiosas. A exemplo de vários umbandistas que têm aproveitado do engajamento e alcance do TikTok entre os jovens para falar sobre a religião, a fim de explicar sobre ela e sanar dúvidas, e a recepção é muito boa; mesmo com os comentários intolerantes, ainda há os que compreendem e têm a mente aberta e conseguem desfazer os preconceitos em torno do tema.

Apesar do preconceito, os devotos dessas religiões não desistem de lutar por seu espaço. Em janeiro deste ano, foi lançado o aplicativo Eu Creio, com o objetivo de mapear os terreiros existentes no Piauí, além de possibilitar o registro de seus endereços. Assim, as autoridades poderão agir de forma mais célere em casos de violência contra as comunidades.

Há mais tempo, em Teresina, foi inaugurada a Praça dos Orixás, em homenagem às religiões de matriz africana. A praça é a terceira do Brasil e a segunda do Nordeste, frisando como essas religiões ainda têm pouco espaço no país, em comparação ao cristianismo, por exemplo.

O espaço conta com local para eventos, palco e estacionamento, além de treze esculturas representando dez orixás e três entidades da Umbanda.

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Um comentário

  1. Meu nome é Marcelo da Silva Gomes moro em Salvador BA e gostaria do contato de alguma entidade no Piauí que tivesse os endereços de centros e terreiros de umbanda e candomblé no Estado do Piauí

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