Ambiente de trabalho na TI

Ambiente de trabalho na TI

Até os anos 90 era comum uma pessoa ficar no mesmo posto e/ou área de trabalho por anos, até mesmo se aposentar nela. Quem trabalhava desenhando fluxos, poderia nunca ter oportunidade de fazer outra coisa. Com a criação do microcomputador, a IBM, por exemplo, passou por momentos muito difíceis, perdendo mercados e com dificuldades para se adaptar aos novos tempos. Para superar essa situação, entre outras coisas, passou a efetuar um rodízio de Gestores, que não ficavam mais tanto tempo em uma só área (salvo raras exceções). Surgia uma geração mais propensa a mudanças, adaptações, enfim, mais preparada para o cenário que viria.

Voltando ao mercado de forma geral, era comum (continua sendo em muitas Empresas), o estilo duro de gestão, tanto no relacionamento entre Gestor – Colaborador quanto nas cobranças (fazer horas-extras para entregar um trabalho, mas ter que diminuir essas horas para não onerar a folha, muitas vezes forçando o funcionário a não lançar as horas ou negociando à margem). Uma época em que, além do compromisso da entrega, havia a necessidade de aparentar que estava sendo feito tudo por esse objetivo, à custa da qualidade de vida de todos). Para os gestores, o termo Cargo de Confiança acabava justificando qualquer situação. Aos Colaboradores só restava atender ou ser desligado (ou afastado, transferido, deixado na Geladeira) na primeira oportunidade.

Mas tudo evolui, e vemos hoje que as novas tecnologias (como métodos ágeis, containers, entrega contínua, devops, scrum, Kanban) surgem para melhorar esse ambiente. Primeiro porque, ao invés de grandes e intermináveis projetos, passa a priorizar pequenas entregas, mas relevantes ao negócio (que agregam valor).

Além disso, percebemos mudança no ambiente de trabalho, onde os programadores podem trabalhar ou em casa, ou em escritórios (padrão Microsoft, Google, CI&T) com patinetes, jogos de videogame, escorregadores (de um andar para outro), mesas de bilhar, etc.

Mais importante, a própria metodologia se encarrega de privilegiar os chamados sprints de trabalho, onde se deve focar na necessidade mais urgente (priorização do backlog), medir a produtividade, gerar e entender os indicadores, mas mostrando que as horas-extras, se não dosadas, podem ocasionar uma diminuição da produtividade. Que deve ser tratada como exceção e evitada. O ideal é termos um time maduro que saiba medir os prazos de acordo com sua capacidade.

Mas tudo isso que mencionei acima, tantos os comportamentos antigos quanto as boas práticas dependem da maturidade de cada Empresa. Não adianta contratar Fornecedor de Metodologia Ágil, se os gestores de negócio continuam alterando as prioridades a todo momento, se não conseguem aguardar os sprints, se fazem ingerência junto ao time de TI diretamente. Ou, se nós apresentamos deficiência na gestão e não conseguimos entregar o mínimo para manter a Empresa relevante.

E aí vemos a importância dos Gestores (Supervisores, Coordenadores e Gerentes de TI), em gerir, explicar, alinhar e setar expectativas com a área de Negócio, entendendo qual a melhor metodologia e onde/quando ela pode ser utilizada. Esse é o nosso grande desafio!

Danilo Régis

Solution Architect | Team Leader | Security Specialist | Digital Law and Compliance Specialist

5y

Excelente artigo, mestre.  Por 2 anos, na época em que cursava técnico em mecatrônica, fui alocado na função de gerenciar demandas numa ferramentaria. A empresa, Apis Delta, tinha cerca de 350 funcionários, e o chão de fábrica em si era dividido em 6 setores.  Certo dia um novo diretor, Sr. Patrik, um frânces linha dura, me pediu para imprimir todas as ordens de serviço e colar na parede da minha sala, e assim iniciamos o Kanban. Eu sabia exatamente o volume de trabalho, prazos, estimativas, etc. Com isto em mãos todos os gestores eram chamados pelo próprio diretor e os forçava a entrarem num entendimento sob prazo das demandas, e com isso os papéis iam sendo modificados ali na hora, prazos alterados, e prioridades trocadas.  Hoje numa software house não podemos fazer isso mas, internamente, num cenário com clientes internos, a transparência pode se tornar nossa maior aliada. 

Dyana Simões

Pré-vendas | Especialista de produtos | SDR

5y

Sensacional! 

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Ricardo Jarnyk

Infraestrutura / Projetos / Suporte / Cloud

5y

Excelente artigo!! Prega-se vanguarda, mas a maioria das empresas não estão preparadas para além do tradicional. Perde-se produtividade e talentos.

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