Você está na página 1de 94

CÍNTIA LUÍZA DA SILVA LUZ

ANACARDIACEAE R. BR. NA FLORA FANEROGÂMICA DO


ESTADO DE SÃO PAULO

ANACARDIACEAE R. BR. IN THE PHANEROGAMIC FLORA OF THE


SÃO PAULO STATE

Dissertação apresentada ao Instituto de


Biociências da Universidade de São Paulo,
para a obtenção de Título de Mestre em
Botânica.

Orientador: Prof. Dr. José Rubens Pirani

São Paulo
2011
Luz, Cíntia Luíza da Silva
Anacardiaceae R. Br. na Flora Fanerogâmica do Estado
de São Paulo.
Número de páginas: 94

Dissertação (Mestrado) - Instituto de Biociências da


Universidade de São Paulo. Departamento de Botânica.

1. Anacardiaceae 2. Flora 3. Estado de São Paulo


4. Sistemática Vegetal I. Universidade de São Paulo. Instituto
de Biociências. Departamento de Botânica.

Comissão Julgadora:

_________________________________ _________________________________

Prof(a). Dr(a). Prof(a). Dr(a).

_______________________________

Prof. Dr. José Rubens Pirani

Orientador
À minha família
“Mesmo que eu fale em línguas, a dos homens e
dos anjos, se me falta o amor, sou um metal que
ressoa, um címbalo retumbante.
Mesmo que tenha o dom da professia, o saber de
todos os mistérios e de todo o conhecimento,
mesmo que tenha a fé mais total, a que transporta
montanhas, se me falta o amor, nada sou.”

1 Coríntios 13: 1-2.


AGRADECIMENTOS

Ao professor Dr. José Rubens Pirani, cuja orientação e dedicação contribuiu


para a realização deste trabalho. Seu comprometimento e amor pela botânica é uma
inspiração na busca do conhecimento.
À CAPES, pela bolsa de mestrado concedida nos primeiros meses de
desenvolvimento deste trabalho.
À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP –
processo 2009/01612-4), pela concessão da bolsa de mestrado e da reserva técnica
que foram significativas para o desenvolvimento e conclusão deste estudo.
Ao Departamento de Botânica e ao Programa de Pós-Graduação em
Botânica do IBUSP, pela excelência no curso de pós-graduação.
Aos curadores dos herbários, pela disponibilização de seus acervos,
solicitude e assistência na localização e empréstimos de materiais.
Aos curadores dos herbários internacionais, que gentilmente enviaram fotos
dos materiais-tipo.
Aos gestores das Unidades de Conservação do Parque Estadual da Serra do
Mar, núcleo Picinguaba e Curucutu, Parque Estadual de Campos do Jordão, Parque
Estadual do Juqueri, Estação Experimental de Itapeva e Floresta Nacional de Capão
Bonito, pela concessão da licença de coleta e auxílio logístico.
Ao Abel, pelo auxílio na separação de materiais de coleta e montagem das
exsicatas.
À Viviane Jono, pela solicitude na separação de materiais, auxílio na
solicitação de empréstimos e pelo convívio agradável.
Aos colegas pesquisadores do laboratório de Sistemática Vegetal: Benoit,
Carolina, Fabiana Firetti, Gustavo, Herbert, Jenifer, Juliana El Ottra, Juliana Lovo,
Juliana Rando, Marcelo Devecchi e Paulo Gonella, pelo auxílio nas viagens de coleta,
pela companhia nas visitas a herbários, obtenção de espécimes e fotografias.
Ao Cláudio Nicoletti e Mariana Saavedra, pela hospedagem quando em visita
ao herbário RB, por toda a atenção dispensada, ocasião na qual me senti em casa.
À Renata Souza de Oliveira, pelo auxílio na confecção dos mapas de
distribuição geográfica.
Ao Benoit, por ser solícito na elucidação de algumas dúvidas.
Ao Anselmo, pelas viagens de campo e amizade.
À Juliana El Ottra (Juzinha), por compartilhar todos os momentos da
realização deste trabalho. Pelo companheirismo, amizade, apoio, grande e inestimável
auxílio nas coletas e sobremaneira a empatia.
À Juliana Lovo, pela amizade incomensurável e palavras de incentivo nos
momentos difíceis.
À Maria Fernanda Calió, pela amizade, apoio constante e orientação em
todas as fases da execução deste trabalho.
Aos docentes, técnicos e colegas do laboratório de Sistemática Vegetal que
contribuíram direta ou indiretamente para a minha formação e conclusão desta
dissertação de mestrado.
A todos os meus amigos, que torceram por mim, deram-me apoio e
principalmente me fazerem sentir uma pessoa querida.
Aos meus pais, José e Elisabeth, pelo amor, apoio sem limites, por
acreditarem em mim e principalmente se dedicarem a facilitar a minha vida. Ao meu
irmão, Tiago, pela amizade e aos meus queridos avós, Antenor e Clotilde, pelo
carinho.
Ao meu primeiro, grande e sempre presente, amor, Luciano, pelo auxílio
inestimável na execução deste trabalho, principalmente nas viagens de coleta,
auxiliando como motorista, mateiro e um quase “parataxonomista”. Pelo amor,
paciência, apoio e por me fazer uma pessoa mais feliz.
ÍNDICE

1 Introdução................................................................................................................ 10

2 Materiais e métodos................................................................................................. 17

2.1 Área de estudo .............................................................................................................. 17

2.2 Análise dos materiais ................................................................................................... 18

3 Resultados e discussão ........................................................................................... 20

3.1 Flora Fanerogâmica do Estado de São Paulo ......................................................... 20

1. Anacardium ................................................................................................. 23

2. Astronium .................................................................................................... 29

3. Lithrea. ........................................................................................................ 31

4. Myracrodruon .............................................................................................. 35

5 Schinus ........................................................................................................ 38

6. Spondias ..................................................................................................... 44

7. Tapirira ........................................................................................................ 49

3.2. Estado de conservação e distribuição geográfica das espécies ......................... 54

3.3. Diversidade sexual e padrões fenológicos gerais das Anacardiaceae de São


Paulo .............................................................................................................................. 67

4 Considerações finais................................................................................................ 75

Resumo ...................................................................................................................... 79

Abstract ...................................................................................................................... 80

Referências bibliográficas ........................................................................................... 81


LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Número de espécimes estudados de Anacardiaceae do Estado de São


Paulo, atualizados quanto à determinação e fotografados em cada herbário brasileiro
visitado. ...................................................................................................................... 19
Tabela 2: Espécies candidatas à lista de espécies ameaçadas. ................................ 57
Tabela 3: Distribuição das espécies de Anacardiaceae de São Paulo nas formações
vegetacionais naturais e em áreas antropizadas do Estado........................................ 65
Tabela 4: Sistemas sexuais em Anacardiaceae. Dados provenientes do estudo das
Anacardiaceae do Estado de São Paulo (■) e dados provenientes da literatura (●).... 74
Tabela 5: Registros de floração (■) e de frutificação (●) das espécies de
Anacardiaceae do Estado de São Paulo baseados nas coleções de herbário
analisadas. ................................................................................................................. 74

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Prancha de ilustrações ............................................................................... 26


Figura 2: Prancha de fotografias ................................................................................ 39
Figura 3: Prancha de ilustrações................................................................................ 46
Figura 4: Prancha de fotografias ................................................................................ 48
Figura 5: Mapa de distribuição de Lithrea brasiliensis (▲) e de Lithrea molleoides (●)
no Estado de São Paulo. As populações de L. brasiliensis do Rio de Janeiro
apresentam folhas obovadas com ápice truncado ou emarginado; enquanto os
espécimes do sul do Brasil, Argentina e Uruguai possuem folhas geralmente oblongas
com ápice mucronado................................................................................................. 56
Figura 6: Mapa de distribuição de Schinus engleri (●), S. terebinthifolius (■) e S.
weinmannifolius (▲) no Estado de São Paulo. ........................................................... 58
Figura 7: Mapa de distribuição de Astronium graveolens (▲), Myracrodruon urundeva
(■) e Spondias mombin (●) ......................................................................................... 60
no Estado de São Paulo. ............................................................................................ 60
Figura 8: Mapa de distribuição de Anacardium humile (●) e Anacardium occidentale
(▲) no Estado de São Paulo. ..................................................................................... 64
Figura 9: Mapa de distribuição de Tapirira guianensis (●) e Tapirira obtusa (▲) no
Estado de São Paulo. ................................................................................................. 64
Figura 10: Gráfico da distribuição das espécies de Anacardiaceae nas diversas
formações vegetacionais naturais e em áreas antropizadas de São Paulo. ................ 65
Figura 11: Número de espécies de Anacardiaceae por região brasileira. As áreas
brancas em cada diagrama circular refere-se ao número de espécies regionais (não
endêmicas do Brasil); as áreas cinza-claras expressam o número de espécies
endêmicas da região e as áreas cinza-escuras expressam o número de espécies que
também ocorrem em outras regiões brasileiras. Os círculos pretos indicam o número
de espécies endêmicas compartilhadas pelas duas regiões conectadas por
pontilhados brancos. As setas pretas ilustram os gêneros que possuem riqueza de
espécies na região. Dados baseados em Silva-Luz & Pirani 2010. Não foram
considerados níveis infraespecíficos........................................................................... 66
1 Introdução

A família Anacardiaceae possui aproximadamente 81 gêneros e 800


espécies, presentes em ambientes secos a úmidos, principalmente em terras baixas
nas regiões tropicais e subtropicais em todo o mundo, estendendo-se até regiões
temperadas (Pell 2011). Nas Américas existem aproximadamente 32 gêneros nativos,
sendo que 77% das espécies são endêmicas do continente americano e apenas os
gêneros Antrocaryon, Campnosperma, Cotinus, Pistacia, Rhus, Spondias e
Toxicodendron possuem representantes em outros continentes também (Terrazas
1999). No Brasil, estão catalogados 14 gêneros com 57 espécies de Anacardiaceae,
sendo que 14 delas são restritas ao país (Silva-Luz & Pirani 2010).
Trata-se de um grupo de plantas lenhosas resiníferas, cujas partes jovens
exalam aroma e sabor característicos, semelhantes ao do fruto verde da manga
(Mangifera indica L.), uma das espécies mais notórias da família. As folhas são
simples ou compostas, e as flores são dialipétalas, isostêmones ou obdiplostêmones,
com ovário súpero geralmente uni ou tricarpelar, mas unilocular e uniovulado,
produzindo frutos carnosos ou secos unisseminados.
Diversas Anacardiaceae têm importância econômica por fornecerem frutos
comestíveis, madeiras úteis ou espécies ornamentais. Do fruto do cajueiro
(Anacardium occidentale L.) obtém-se a castanha de caju, enquanto o pedicelo floral
espessado (hipocarpo ou fruto acessório) é comercializado in natura. Outros frutos de
importância comercial ou regional incluem a manga (Mangifera indica L.), os cajás
(Spondias spp.), o umbu (Spondias tuberosa Arruda) e a seriguela (Spondias purpurea
L.). Schinus terebinthifolius Raddi, Schinus molle L. e Rhus succedanea L. são
exemplos de plantas utilizadas na ornamentação de ruas e praças. Entre as espécies
que apresentam madeira de boa qualidade estão o gonçalo-alves (Astronium
fraxinifolium Schott ex Spreng.), o guaritá (Astronium graveolens Jacq.), a aroeira
(Myracrodruon urundeuva Allemão), a aroeira-branca (Lithrea molleoides (Vell.) Engl.)
e a braúna (Schinopsis brasiliensis Engl.) (Souza & Lorenzi 2005).
Algumas espécies de Anacardiaceae têm uso na medicina popular brasileira
pela potencial atividade antifúngica (Fenner et al. 2006). Aproximadamente 32 gêneros
da família contêm espécies conhecidas que causam dermatites (Mitchell 1990). As
dermatites podem ser causadas pela resina, sendo atribuídas principalmente aos
compostos fenólicos e catecólicos ou à mistura destas substâncias, denominados
lipídios fenólicos. As espécies mais estudadas, do ponto de vista químico, são
Mangifera indica, Anacardium occidentale e algumas espécies de Rhus. A diversidade

10
dos metabólitos e atividades biológicas tem justificado o enorme interesse no estudo
desta família na busca de princípios bioativos (Correia et al. 2006).
Do ponto de vista ecológico, algumas espécies de Anacardiaceae são
indicadas para reflorestamento, como o pau-pombo (Tapirira guianensis Aubl.), que é
utilizado em programas de reflorestamentos ambientais, recuperação de áreas
degradadas, em projetos de reposição de mata ciliar e estabilização de dunas (Ferreti
et al. 1995, Kageyama & Gandara 2000). O caráter de pioneirismo e agressividade
competitiva dessa espécie, somados à sua tolerância higromórfica e boa interação
biótica, garante o sucesso regenerativo em ambientes fortemente edáficos e também
com influência antrópica (Kageyama & Gandara 2000). Isso a caracteriza como
espécie típica dos estádios pioneiro e secundário inicial (Ferreti et al. 1995) e,
possivelmente, como uma bioindicadora do caráter edáfico dos ambientes naturais ou
antropizados. É importante salientar que os frutos de muitas espécies da família são
atrativos da fauna, principalmente da avifauna (Krügel et al. 1998, Guimarães 2003),
demonstrando a importância da sua utilização em programas de recomposição de
vegetação.
No que se refere às espécies exóticas invasoras de Anacardiaceae,
Mangifera indica foi recentemente categorizada como invasora das florestas
Ombrófila, Estacional e Estacional Semidecidual, das Savanas e Savanas Estépicas
do Brasil (Zenni & Ziller 2011). Schinus terebinthifolius, espécie nativa do Brasil,
Argentina, Paraguai e Uruguai, foi introduzida em áreas subtropicais em todo mundo
(Ewel et al. 1982). Na Flórida e Havaí, esta espécie foi introduzida como planta
ornamental e tornou-se uma das espécies invasoras mais amplamente distribuídas e
nocivas desses Estados. Registros históricos indicam que S. terebinthifolius foi
introduzida, separadamente, na costa leste e oeste da Flórida (Schmitz et al. 1997).
Análises genéticas recentes demonstram que as duas introduções supracitadas são
provenientes de diferentes populações e que houve hibridizações extensivas (Williams
et al. 2005). Estes híbridos são superiores aos seus progenitores em relação à
germinação da semente, sobrevivência da plântula e crescimento (Geiger et al. 2011),
além disso, a quantidade atual de variação genética encontrada nas populações de S.
terebinthifolius da Flórida é equivalente às encontradas nas populações nativas da
América do Sul (Williams et al. 2005, Geiger et al. 2011). Schinus molle, espécie nativa
da América do Sul, foi introduzida como planta ornamental e tornou-se bem
estabilizada na América Central, México e nas regiões temperadas quentes e
subtropicais do mundo (Barkley 1957b). Na África do Sul, é classificada como a
principal planta daninha (Nel 2004), sendo que, recentemente, começou a invadir as
savanas semiáridas naturais da província do Cabo (Iponga et al. 2009).

11
Historicamente, os membros de Anacardiaceae foram, por um período
relativamente longo, incluídos em uma família mais abrangente, a das Terebinthaceae,
que englobava também os atuais membros de Burseraceae e outros gêneros pouco
conhecidos na época. A. P. De Candolle (1825), no Prodomus, por exemplo, incluía na
“ordo” Terebinthaceae as Connaraceae, Burseraceae, Picramnia (Simaroubaceae) e
alguns gêneros atualmente classificados como Rutaceae. Baillon (1878) restringiu um
pouco a delimitação de Terebinthaceae, mas ainda incluía nesta família, táxons da
atual família Icacinaceae. Marchand (1869), no trabalho Histoire de l’ancien Groupe
des Térébinthacées, faz um histórico das Terebinthaceae, apresentando todas as
classificações dos diversos autores até aquela data. O reconhecimento de
Anacardiaceae, como uma família com circunscrição semelhante à atual, está
presente nos trabalhos de Bentham & Hooker (1862), Marchand (1869) e Engler
(1876, 1883 e 1896), porém, ainda nessa época, Jadin (1894) considerava
Anacardiaceae e Burseraceae como uma única família, as Terebinthaceae.
No que concerne à autoria da família, Jussieu (1789) descreveu as
Terebinthaceae, porém, Brown (1818) propôs a separação desta grande família em
três menores: Cassuviae ou Anacardeae, Amyrideae e Connaraceae; e
posteriormente, Anacardiaceae foi reconhecida como família por Lindley (1830). A
literatura é controversa sobre a autoria da família. Algumas obras reconhecem
Anacardiaceae Lindley como nome aceito porque Brown teria usado o nome
Anacardeae somente como um sinônimo, enquanto outras obras, inclusive Pell et al.
(2011), aceitam Anacardiaceae R. Br. nom. cons. De acordo com Hoogland & Reveal
(2005), R. Brown validou Anacardiaceae por meio de uma diagnose em inglês e
referência à obra de Jussieu (1789), o qual já havia realizado uma diagnose da família
em latim; dessa forma Anacardiaceae Lindley é um isônimo, pois refere-se ao mesmo
táxon e material-tipo, embora seja um nome publicado posteriormente.
Na classificação intrafamiliar, Bentham & Hooker (1862) distinguiram duas
tribos: Anacardieae e Spondieae. Engler publicou posteriormente duas grandes
monografias, sendo que na primeira (1883) ele dividiu a família em 4 tribos. A segunda
monografia (1896) foi mais abrangente, incluindo dados sobre a morfologia, anatomia,
biologia floral, distribuição geográfica e afinidades com outras famílias. Neste trabalho,
além de considerar as tribos anteriores, Mangiferae (=Anacardieae), Spondieae
(=Spondiadeae), Rhoideae (=Rhoeae) e Semecarpeae, Engler (1896) acrescenta mais
uma tribo, Dobineeae (=Dobinaeae). Scholz (1964) manteve na última edição do
Syllabus der Pflanzenfamilien essa mesma divisão em tribos, com a diferença que
para a tribo Mangiferae utilizou o nome Anacardieae. Embora as obras de Engler
(1883, 1896) retivessem a revisão mais minuciosa e ampla de Anacardiaceae, o

12
conjunto de caracteres utilizado para cada tribo era diferente, gerando,
consequentemente, sobreposição entre os limites tribais (Pell 2004).
Takhtajan (1987) reconheceu as subfamílias Anacardioideae, Spondioideae
(incluindo Rhoeae e Semecarpeae), Julianoideae (anteriormente Julianaceae),
Pistacioideae (anteriormente incluída em Rhoeae) e Dobineoideae, sendo esta última
subfamília elevada à família Podoaceae. Wannan & Quinn (1990, 1991) distinguiram
dois principais grupos na família, A e B, baseados principalmente na anatomia do fruto
(endocarpos tipo-Anacardium e tipo-Spondias), na morfologia floral e nos flavonóides,
sendo que o grupo A era constituído essencialmente pelas tribos Anacardieae,
Dobinaeae, Rhoeae e Semecarpeae, propostas por Engler (1896), com exceção de
Androtium, Buchanania, Campnosperma e Pentaspadon que juntamente com
Spondiadeae formavam o grupo B.
Para entendimento das relações filogenéticas da família Anacardiaceae,
Terrazas (1994 apud Mitchell et al. 2006) utilizou uma análise combinada de dados
moleculares das sequências do gene rbcL juntamente com dados morfológicos,
corroborando a monofilia da família e propondo informalmente o reconhecimento de
duas subfamílias, Spondioideae e Anacardioideae, mas sem definir as respectivas
circunscrições.
Mais recentemente, para reconstruir a filogenia de Anacardiaceae, Pell (2004)
utilizou sequências de três genes de cloroplasto, obtendo dois clados principais que
foram resolvidos em sua maioria por meio de sequências de trnL-F e organizados
como as subfamílias citadas por Terrazas (1994 apud Mitchell et al. 2006). Essas duas
subfamílias são mais relacionadas com as propostas por Bentham & Hooker (1862) do
que com as de Takhtajan (1997). Na proposta de Pell (2004), a subfamília
Anacardioideae compreende quatro das tribos de Engler (1896): Anacardieae,
Dobinaeae, Rhoeae, Semecarpeae e muitos gêneros não conhecidos por ele. A
subfamília Spondioideae inclui Spondiadeae sensu Engler expandida. A subfamília
Anacardioideae é caracterizada por apresentar principalmente folhas simples ou
compostas, estames em número variável, 1 carpelo ou 3 conatos, 1 lóculo, 1-3
estiletes conatos ou livres e endocarpo Anacardium-tipo; enquanto Spondioideae
apresenta geralmente folhas compostas, estames obdiplostêmones, 4-5 carpelos,
lóculos e estiletes, e endocarpo tipo-Spondias. No conceito de Wannan (2006),
Anacardioideae parece ser definida pela sinapomorfia carpelo fértil antessépalo e a
outra subfamília não possui sinapomorfia definida, porém, pode ser reconhecida pelo
pericarpo não estratificado, característica compartilhada com Burseraceae
(simplesiomorfia). Apesar dos estudos morfológicos e moleculares das últimas
décadas contribuírem consideravelmente para a classificação intrafamiliar de

13
Anacardiaceae, mais esforços são necessários, pois as relações filogenéticas entre os
táxons da subfamília Spondioideae não estão totalmente resolvidas e o seu
monofiletismo ainda não foi corroborado (Pell 2011).
A circunscrição e monofilia de Anacardiaceae, e sua relação como grupo-
irmão de Burseraceae estão bem estabelecidas (Gadek et al. 1996, Savolainen et al.
2000b, Pell 2004). A presença de canais resiníferos no xilema primário, os canais
secretores intercelulares verticais no floema primário e secundário e a eficiência na
síntese de biflavonóides são as sinapomorfias que sustentam Burseraceae como
grupo-irmão de Anacardiaceae (Gadek 1996, Pell 2011). Embora existam efetivamente
muitas semelhanças entre as duas famílias, elas se distinguem principalmente pelos
dois óvulos epítropos por lóculo em Burseraceae e um óvulo apótropo em
Anacardiaceae (Wannan 2006). Adicionalmente, é possível elencar algumas
características que não são exclusivas de cada família, mas que frequentemente
auxiliam na separação de ambas, tais como a ausência de compostos químicos em
Burseraceae que podem ser encontrados em Anacardiaceae; a presença de estípulas
e pseudoestípulas, além de pulvínulo terminal em Burseraceae e ausentes em
Anacardiaceae (Pell 2004).
A maioria das classificações tem posicionado a família Anacardiaceae na
ordem Sapindales ou Rutales (Bentham & Hooker 1862, Cronquist 1981, Dahlgren
1980, Takhtajan 1987), e atualmente está bem corroborada sua inclusão como
membro da ordem Sapindales (Chase et al. 1993, Gadek et al. 1996, Bremer et al.
1999, Savolainen et al. 2000a, 2000b; APG 2003, 2009).
Estudos sistemáticos em Pistacia, Protorhus, Rhus e Toxicodendron têm sido
produzidos utilizando como base as filogenias moleculares (Miller 2001, Yi 2007, 2008,
Pell et al. 2008, Nie et al. 2009). Esses estudos elucidam o posicionamento e o
relacionamento entre os táxons em vários níveis hierárquicos como, por exemplo,
complexos, níveis intragenéricos e interespecíficos; auxiliam na resolução dos
problemas de delimitação; e testam a monofilia do táxon. Além disso, trazem
implicações biogeográficas essenciais para o entendimento do padrão de distribuição
atual e história evolutiva dos táxons. Dados moleculares do DNA (microssatélites e
RAPDs) e do cloroplasto (espaçadores intergênicos) também já foram empregados
nos estudos de genética de população, filogeografia e conservação do germoplasma
em Myracrodruon urundeuva (Reis & Grattapaglia 2004, Caetano et al. 2005, 2008).
Entre os estudos taxonômicos na família, é importante citar os de Barkley,
que incluem uma chave para as tribos e gêneros de toda a família (1957a) e revisões
de alguns gêneros americanos, como Rhus (1937), Schinus (1957b), Lithrea (1962a),
Loxopterygium (1962b) e Astronium (1968). Outras revisões mais recentes foram

14
providas sobre os gêneros Anacardium (Mitchell & Mori 1987), Myracrodruon (Santin &
Leitão-Filho 1991), Thyrsodium (Mitchell & Daly 1993). Novos táxons de Spondias,
Tapirira, Cyrtocarpa e Anacardium têm sido descritos na América do Sul, inclusive no
Brasil (Mitchell & Mori 1987; Mitchell & Daly 1991, 1998; Wendt & Mitchell 1995) e
problemas taxonômicos foram resolvidos em algumas espécies de Tapirira (Mitchell
1993) e Cyrtocarpa (Mitchell & Daly 1991).
Estudos morfológicos e evolutivos recentes, realizados na família
Anacardiaceae, incluem a anatomia caulinar para auxiliar na sistemática do grupo
(Terrazas & Wendt 1995; Terrazas 1995, 1999), o pericarpo (Wannan & Quinn 1990),
a biologia floral e evolução das Anacardiaceae (Wannan & Quinn 1991) e mais
recentemente, Bachelier & Endress (2009) realizaram um estudo comparativo da
anatomia e morfologia floral de Anacardiaceae e Burseraceae com foco na estrutura
do gineceu e evolução.
Dentre os estudos florísticos tratando de Anacardiaceae neotropicais, podem
ser citados o levantamento dessa família para as Floras da Argentina (Cabrera 1938,
Muñoz 2000), do Panamá (Blackwell & Dodson 1968), do Paraguai (Muñoz 1990), das
Guianas (Mitchell 1997) e do Valle de Lerma na Argentina (Varela & Novara 2007),
além do Guia Ilustrado das Árvores do Peru (Pennington et al. 2004a). Para o Brasil, o
levantamento das Anacardiaceae já foi realizado na Flora do Rio Grande do Sul (Fleig
1981), Reserva do Parque Estadual Fontes do Ipiranga em São Paulo (Pirani 1981),
Serra do Cipó (Pirani 1987), Santa Catarina (Fleig 1989), Reserva Ducke em Manaus
(Mitchell 1999), Ilha do Cardoso em São Paulo (Pirani 2002), Grão-Mogol em Minas
Gerais (Pirani 2003), Flora do Semiárido da Bahia (Alves 2004), Acre (Mitchell 2008),
Flora de Mirandiba no Pernambuco (Argemiro et al. 2009), checklist da Flora de
Alagoas (Lemos et al. 2010) e mais recentemente foi elaborada a lista das espécies de
Anacardiaceae no Catálogo de Plantas e Fungos do Brasil (Silva-Luz & Pirani 2010).
Atualmente, com o declínio da biodiversidade devido à interferência humana,
as floras ganham maior importância, pois auxiliam muito no conhecimento da
vegetação. Portanto, é imprescindível que se conheça bem a flora do Brasil, uma vez
que o país possui uma grande diversidade de formas vivas, e como país em
desenvolvimento, ainda tem muito que realizar para caracterizar as suas espécies
nativas (Giulietti et al. 2005, Mittermeier et al. 2005, Pirani 2006).
O conhecimento e entendimento da biodiversidade de uma área dependem
de identificações acuradas, caso contrário, as conclusões podem ser errôneas. Nesse
sentido, os trabalhos de floras são importantes para garantir rápida e eficiente
identificação de espécies, além de auxiliar estudos ambientais de uma determinada
área e subsidiar respostas para questões sobre evolução (Funk 2006).

15
Do século XVII até o final do século XIX, botânicos como Saint-Hilaire,
Gardner, Pohl, Sellow e Martius visitaram o país para estudar as paisagens e a flora
do Brasil (Giuletti et al. 2005, Forzza et al. 2010). Porém, o Estado de São Paulo foi
pouco visitado por esses naturalistas, quando comparado com o Rio de Janeiro e
Minas Gerais (Joly 1950a). Em todo o Estado, apenas dois tratamentos taxonômicos
locais de Anacardiaceae foram realizados (Pirani 1981, 2002). No entanto, esses
trabalhos são restritos a pequenas áreas, não havendo tratamento geral da família no
Estado.
Com os avanços na área da taxonomia vegetal no Brasil, a Sociedade
Botânica do Brasil, em 1991, recomendou à comunidade científica um esforço no
sentido de melhorar o conhecimento da biodiversidade, e dessa maneira foi criado o
projeto “Flora Fanerogâmica do Estado de São Paulo” (Wanderley et al. 2001). O
projeto tem sido subsidiado pela FAPESP desde 1994 e conta com equipes de
taxonomistas das três universidades estaduais e dos institutos de pesquisa estaduais.
Até agora, foram publicados tratamentos detalhados de 130 famílias, abrangendo 118
gêneros e 2767 espécies.
Nesse contexto, essa dissertação de mestrado tem os seguintes objetivos:
• elaborar o tratamento da flora da família Anacardiaceae no Estado de São
Paulo, provendo descrições morfológicas, chaves de identificação, ilustrações
e dados sobre distribuição geográfica, habitat, variabilidade intraespecífica e
fenologia das espécies, segundo o modelo da série “Flora Fanerogâmica do
Estado de São Paulo”
• avaliar o grau de conservação das espécies e do risco de extinção, pois
algumas espécies de Anacardiaceae encontram-se dentro de alguma categoria
de extinção de acordo com a resolução SMA 08 de 31-01-2008;
• contribuir para o conhecimento da família Anacardiaceae no Brasil, uma vez
que várias das espécies estudadas apresentam ampla distribuição no país e
ainda existem lacunas de dados detalhados sobre aspectos da sua morfologia,
variabilidade e circunscrição taxonômica.

16
2 Materiais e métodos

2.1 Área de estudo

O Estado de São Paulo está localizado entre as latitudes 19°47' e 25°19'S e


longitudes 53°06' e 44°10' W e tem uma área de 248256 km². Apresenta clima tropical
superúmido na baixada litorânea e escarpas da Serra do Mar; tropical de altitude na
região do Planalto Atlântico; tropical quente e úmido na região noroeste do Estado;
subtropical úmido na região sul; e subtropical com inverno seco e verão quente/úmido
no Planalto Ocidental. O relevo compreende um gradiente altimétrico que vai de 0m no
litoral a 2797m na Serra da Mantiqueira (Pedra Mina). O Estado pode ser
compartimentado em cinco províncias geomorfológicas: Costeira, Planalto Atlântico,
Depressão Periférica, Cuestas Basálticas e Planalto Ocidental (Nalon et al. 2008).
A vegetação do Estado de São Paulo é muito diversificada por situar-se no
limite entre as regiões tropical e subtropical, exibindo por isso uma flora transicional
com elementos tropicais e elementos característicos de regiões subtropicais.
Apresenta também os limites de contato entre tipos de vegetação muito distintos,
como a Floresta Ombrófila Densa (Mata Atlântica sensu stricto) da Serra do Mar, a
Savana (cerrados) do oeste do Estado e a Floresta Estacional Semidecidual do
interior. Destacam-se ainda, áreas menores abertas com outros tipos de vegetação,
especialmente na região costeira, incluindo restinga, vegetação de dunas arenosas e
manguezais, além das florestas nebulares acima dos 1200m (Floresta Ombrófila
Densa Alto-Montana), a floresta mista com Araucaria e Podocarpus (Floresta
Ombrófila Mista) e dos campos de altitude que ocorrem até um máximo de 2500 m
(Wanderley et al. 2001, Nalon et al. 2008).
Até o século XIX, o Estado ainda apresentava sua vegetação primitiva
(Wanderley et al. 2001). A partir do século passado, 80% da vegetação foi substituída,
restando apenas fragmentos isolados de alguns ecossistemas como o domínio do
Cerrado e da Mata Atlântica (Brito et al. 1999).
No Estado de São Paulo localizam-se os principais remanescentes de Mata
Atlântica (Scudeller et al. 2001). Existem 236 áreas naturais protegidas no Estado,
divididas em 21 categorias de manejo de âmbito federal, estadual e particular
(unidades de proteção integral, unidades de uso sustentável e outras áreas
especialmente protegidas). Apesar desse número de unidades de conservação, ainda
existem ambientes sem status de proteção. Instituições internacionais indicam que os
países deveriam proteger um mínimo de 10% do território de cada província
biogeográfica, e o Brasil, inclusive o Estado de São Paulo, está longe da proteção
ideal (Xavier et al. 2008). Tanto o domínio do Cerrado quanto o da Mata Atlântica

17
encontram-se entre os 25 “hotspots” de biodiversidade, ou seja, áreas com grande
concentração de espécies endêmicas e ameaçadas de extinção (Myers et al. 2000),
porém a maior parte das unidades de conservação corresponde às áreas do domínio
de Mata Atlântica (Brito et al. 1999).

2.2 Análise dos materiais

O estudo foi desenvolvido no Laboratório de Sistemática Vegetal do


Departamento de Botânica, Instituto de Biociências da USP. Foram analisados 959
espécimes herborizados provenientes do Estado de São Paulo (tabela 1). Materiais
adicionais de outros Estados e/ou informações bibliográficas foram utilizadas para
complementar as descrições morfológicas dos táxons tratados, sobretudo nos casos
de ausência de dados oriundos da área de estudo. O levantamento das espécies de
Anacardiaceae do Estado de São Paulo foi elaborado por meio da consulta aos
herbários listados na tabela 1 e da literatura, principalmente estudos florísticos e
inventários, além de teses e dissertações disponíveis nos bancos de teses nos sítios
da Universidade de São Paulo, Universidade Estadual de Campinas e Universidade
Estadual Paulista (Botucatu e Rio Claro).
Os dados morfológicos foram obtidos a partir da análise de material vivo e
preservado em álcool, obtidos durante expedições de coleta (tabela 2), de exsicatas
dos herbários citados na tabela 1 e fotos dos herbários BM (Museu de História Natural,
London – England), LIL (Fundação Miguel Lillo, Tucumã – Argentina), P (Museu
Nacional de História Natural, Paris – França) e S (Museu de História Natural,
Estocolmo – Suécia). Em relação às expedições de coleta, foram visitados os
municípios de Alambari, Areias, Campos do Jordão (Parque Estadual de Campos do
Jordão), Capão Bonito (Floresta Nacional de Capão bonito), Franco da Rocha (Parque
Estadual do Juqueri), Itaberá, Itapetininga, Itapeva (Estação Ecológica de Itapeva),
Itatinga, Ribeirão Grande, São Paulo (Núcleo Curucutu do Parque Estadual da Serra
do Mar), Tatuí e Ubatuba (Núcleo Picinguaba do Parque Estadual da Serra do Mar).
Materiais coletados durante viagens a campo foram herborizados conforme técnicas
convencionais, depositados no herbário SPF e duplicatas foram distribuídas a outros
herbários. Foram utilizados nas análises morfológicas apenas estruturas
completamente desenvolvidas, com exceção de Myracrodruon urundeuva, a qual
apresentava semente em desenvolvimento. A observação detalhada do material foi
feita sob estereomicroscópio SZ Olympus, com uso do retículo milimétrico do
microscópio para estruturas diminutas, e para estruturas acima de 1 cm foi utilizado
paquímetro. Fotografias das estruturas reprodutivas foram realizadas em
estereomicroscópio Leica M125 equipado com câmera digital Leica DFC 425. As flores

18
foram re-hidratadas com gotas de glicerina por cerca de 60 segundos em forno de
microondas. A terminologia morfológica segue Radford (1986), Ellis et al. (2009),
Weberling (1989) e a literatura de Anacardiaceae para emprego de certas
especificidades da família e dos gêneros estudados.

Tabela 1: Número de espécimes estudados de Anacardiaceae do Estado de São Paulo, atualizados


quanto à determinação e fotografados em cada herbário brasileiro visitado.
Herbário Número de espécimes
BHCB – Universidade Federal de Minas Gerais – MG 2
BOTU – Universidade Estadual Paulista – Botucatu, SP 61
ESA – Universidade de São Paulo – Piracicaba, SP 100
IAC – Instituto Agronômico de Campinas – Campinas, SP 40
HRCB – Universidade Estadual Paulista – Rio Claro, SP 45
MBM – Museu Botânico Municipal – Curitiba, PR 9
PMSP – Prefeitura do Município de São Paulo – São Paulo, SP 6
R – Museu Nacional – Rio de Janeiro, RJ 9
RB – Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ 13
SP – Instituto de Botânica – São Paulo, SP 215
SPF – Universidade de São Paulo - São Paulo, SP 213
SPSF – Instituto Florestal – São Paulo, SP 128
UEC – Universidade Estadual de São Paulo, Campinas, SP 118

A análise taxonômica foi feita com base na caracterização, diferenciação e


comparação das espécies com a literatura sobre Anacardiaceae. Todos os dados
foram constantemente confrontados com a literatura específica, notadamente as
revisões taxonômicas realizadas por Barkley (1957a,b, 1962, 1968), Mitchell & Mori
(1987), Mitchell & Daly (1991), Mitchell (1993). Além da consulta às obras específicas
da família, foram acessados sítios especializados, tais como W3Tropicos, o
Angiosperm Phylogeny Website e o International Plant Name Index.
As abreviações para títulos de livros seguiram Stafleu & Cowan (1976), para
periódicos Bridson & Smith (1991) e para nomes de autores Brummitt & Powell (1992)
e IPNI.
Os dados sobre o estado de conservação das espécies são fornecidos com
base nas categorias propostas pela IUCN (2001), porém modificadas e adequadas
para aplicação no Estado de São Paulo (Souza et al. 2007). A classificação da
vegetação do Estado de São Paulo seguiu o sistema proposto por Veloso et al. (1991),
para as demais localidades utilizou-se uma nomenclatura genérica. Os dados de
distribuição das espécies utilizados na confecção dos mapas são oriundos dos
herbários visitados (tabela 1). Para a produção dos mapas de Lithrea brasiliensis e
Schinus engleri foram utilizados, além dos dados de herbários mencionados acima, as

19
localidades citadas na revisão de Lithrea (Barkley 1962) e na revisão de Schinus
(Barkley 1957b). Para a elaboração do mapa de distribuição de Schinus engleri não
foram utilizados dados da sua distribuição total, pois esse táxon apresenta problemas
de delimitação, sendo assim, optou-se por inserir as localidades provenientes de
materiais que foram analisados (Minas Gerais, São Paulo e Paraná). As coordenadas
para elaboração dos mapas de distribuição geográfica foram obtidas tomando como
base o município em que foi coletado o material. Os mapas foram produzidos com o
programa Diva-Gis 5.2 (Hijmans 2005) e a camada de altimetria é proveniente do sítio
DIVA-GIS.

3 Resultados e discussão

3.1 Flora Fanerogâmica do Estado de São Paulo

ANACARDIACEAE

Árvores, arbustos, raro subarbustos ou lianas, inermes ou raramente


armados, aromáticas, canais resiníferos bem desenvolvidos principalmente na casca.
Folhas alternas, raro opostas ou verticiladas, geralmente imparipinadas, às vezes
trifoliadas ou simples, sem estípulas; folíolos alternos, opostos ou subopostos,
margem inteira, serrada, dentada, crenada ou crenado-serrada, venação pinada.
Inflorescências axilares ou terminais, panículas, racemos, pseudorracemos, tirsóides
ou espigas; pedicelos articulados ou não, brácteas e bractéolas decíduas ou
persistentes. Flores unissexuais e/ou bissexuais (plantas dióicas, monóicas,
andromonóicas, polígamas ou hermafroditas), diclamídeas, actinomorfas, hipóginas,
geralmente 5-meras, estaminódios ou pistilódios bem desenvolvidos; sépalas livres ou
conatas na base, decíduas ou persistentes, às vezes acrescentes no fruto; pétalas
livres, prefloração valvar ou imbricada; estames 5-10, em 1 ou 2 verticilos e neste caso
obdiplostêmones, livres ou conatos na base; disco nectarífero anular, geralmente
intraestaminal, às vezes ausente; ovário súpero, geralmente sincárpico, (1-)3-5-
carpelar, 1(-2-5)-locular; óvulo 1 por lóculo, anátropo, apical, basal ou lateral; estiletes
1-5, terminais ou laterais. Fruto geralmente drupa, carnoso ou seco, alado ou não, às
vezes com cálice cartáceo acrescente ou com hipocarpo carnoso; sementes 1-4(-12),
endosperma escasso ou ausente.
A família possui aproximadamente 81 gêneros e 800 espécies, presentes em
ambientes secos a úmidos, principalmente em terras baixas nas regiões tropicais e
subtropicais em todo o mundo, estendendo-se até as regiões temperadas (Pell 2011).
Nas Américas existem aproximadamente 32 gêneros nativos, sendo que 77% das
espécies são endêmicas do continente americano e poucos desses gêneros possuem

20
representantes em outros continentes (Terrazas 1999). No Brasil, estão catalogados
14 gêneros e 57 espécies, sendo 14 delas restritas ao país (Silva-Luz & Pirani 2010).
No Estado de São Paulo, há 12 espécies nativas distribuídas em sete gêneros:
Anacardium L., Astronium Jacq, Lithrea Miers ex Hook. & Arn., Myracrodruon
Allemão, Schinus L., Spondias L. e Tapirira Aubl.
São cultivadas no Estado de São Paulo as espécies Harpephyllum caffrum
Bernh. ex C. Krauss, Mangifera indica L.(mangueira), Schinus molle L. (aroeira-
salsa), Spondias dulcis Parkinson (cajá-manga), S. purpurea L. (seriguela), S.
venulosa (Engl.) Engl. (cajá-grande), S. tuberosa Arruda (umbuzeiro),
Toxicodendron radicans L., T. striatum (Ruiz & Pav.) Kuntze e T. succedaneum
(L.) Kuntze (as três últimas conhecidas como charão e sumac).
Barkley, F.A. 1957a. Generic key to the Sumac family (Anacardiaceae). Lilloa
20(4): 255-265.
Cabrera, A.L. 1938. Revision de las Anacardiáceas Austroamericanas.
Revista Mus. La Plata, Secc. Bot. 6: 1-64.
Engler, H.G.A. 1876. Anacardiaceae. In Martius, C.F.P. & Eichler, A.G. (eds.)
Fl. bras. Fleischer, Leipzig, vol.12, pars 2, p. 367-418.
Engler, H.G.A. 1886. Anacardiaceae. In A.DC. & C.DC. (eds.) Monographie
Phanerogamarum Masson, Paris, vol. 4, p. 171-500.
Fleig, M. 1981. A família Anacardiaceae no Rio Grande do Sul, Brasil.
Iheringia, Bot. 28: 141-155.
Fleig, M. 1989. Anacardiáceas. In R. Reitz (ed.) Flora Ilustrada catarinense.
Herbário Barbosa Rodrigues, Itajaí, 64 p.
Muñoz, J.D. 1990. Anacardiaceae. In Flora del Paraguay. Conservatoire et
Jardin botaniques de la Ville de Géneve; Missouri Botanical Garden, Saint
Louis, p. 7-84.
Muñoz, J.D. 2000. 153. Anacardiaceae. In A.T. Hunkizer (ed.) Flora
Fanerogamica Argentina. Proflora (Conicet), Cordoba, fasc. 65, p.1-28.
Pell, S.K., Mitchell, J.D., Miller, A.J. & Lobova, T.A. 2011. Anacardiaceae. In
K. Kubitzki (Ed.) The families and genera of vascular plants. X. Flowering
plants. Eudicots. Sapindales, Curcubitales, Myrtales. Springer, Berlin, p. 7-
50.
Pirani, J.R. 1987. Flora da Serra do Cipó, Minas Gerais: Anacardiaceae. Bol.
Bot. Univ. São Paulo 9: 199-209.
Pirani, J.R. 2002. Anacardiaceae. In Barros et al. (eds) Flora Fanerogâmica
da Ilha do Cardoso. Instituto de Botânica, São Paulo, vol. 9, p. 45-50.

21
Pirani, J.R. 2003. Flora de Grão-Mogol, Minas Gerais: Anacardiaceae. Bol.
Bot. Univ. São Paulo 21(1): 61-65.
Silva-Luz, C.L. & Pirani, J.R. 2010. Anacardiaceae. In R.C. Forzza et al. (org.)
Catálogo de plantas e fungos do Brasil. Rio de Janeiro: Jardim Botânico do
Rio de Janeiro, v. 1, p. 599-602.

Chave para os gêneros

1. Folhas simples; ramos inermes; nervura marginal ausente; disco intraestaminal


ausente; pedicelo do fruto dilatado e carnoso (hipocarpo) ............... 1. Anacardium
1’. Folhas geralmente compostas, se simples, então ramos com ápice espinescente ou
folhas com nervura marginal conspícua; disco intraestaminal presente; hipocarpo
ausente.
2. Folhas com nervura marginal conspícua ou com nervura intramarginal.
3. Folhas compostas com raque foliar não alada; nervura marginal inconspícua;
nervura intramarginal presente; flores bissexuais ........................ 6. Spondias
3’. Folhas compostas com raque alada ou simples; nervura marginal conspícua;
nervura intramarginal ausente; flores unissexuais ........................... 3. Lithrea
2’. Folhas com nervura marginal inconspícua e sem nervura intramarginal.
4. Árvores caducifólias; estames 5; cálice ampliado (acrescente) no fruto.
5. Flores masculinas sem pistilódio; fruto baga; folíolos com ápice longo-
acuminado, faces adaxial e abaxial glabras ou na nervura primária com
tricomas geralmente curtos, curvados no ápice, esparsos
........................................................................................... 2. Astronium
5’. Flores masculinas com pistilódio; fruto drupa; folíolos com ápice agudo,
acuminado, obtuso ou mucronado, faces adaxial e abaxial na nervura
primária e margem com tricomas longos, levemente sinuosos ou
sinuosos, densos ........................................................ 4. Myracrodruon
4’. Árvores ou arbustos perenifólios; estames 8-10; cálice não ampliado no
fruto.
6. Folhas compostas com raque e pecíolo não alados; venação
broquidródoma; flores com pedicelo não articulado ........... 7. Tapirira
6’. Folhas compostas com raque e pecíolo alados ou folhas simples;
venação semicraspedródoma, craspedródoma ou cladódroma; flores
com pedicelo articulado ..................................................... 5. Schinus

22
1. Anacardium L.

Árvores, arbustos ou subarbustos, perenifólios; ramos inermes, eretos ou


semipendentes; sistema caulinar subterrâneo bem desenvolvido nas espécies
geoxílicas campestres. Folhas simples, adensadas em direção ao ápice, cartáceas ou
coriáceas, pecioladas, margem inteira, ondulada, base assimétrica, venação
broquidródoma ou cladódroma, face adaxial com nervuras planas ou impressas, às
vezes proeminentes, face abaxial com nervuras geralmente proeminentes, domácias
nas axilas das nervuras secundárias da face abaxial. Inflorescência axilar ou terminal,
tirsóide corimbiforme, laxa ou congesta, pedunculada; brácteas e bractéolas
persistentes ou decíduas. Flores pediceladas, pedicelo não articulado, 5-meras,
bissexuais ou masculinas (plantas andromonóicas); sépalas conatas apenas na base;
pétalas alvas ou verde-claras com linhas vermelhas ou rosa na antese e vermelho-
escuro após a fertilização, imbricadas, reflexas na antese, tubo campanulado ou
cilíndrico; estames 6-12, desiguais, 1-4 maiores que os demais, filetes unidos na base,
anteras presentes ou ausentes, tubo estaminal com altura desigual; ovário 1-carpelar,
1-locular; óvulo basal; estilete 1, longo, central ou lateral; estigma 1, geralmente
puntiforme; pistilódio nas flores masculinas; disco intraestaminal ausente. Fruto drupa
reniforme, lateralmente compressa ou obovóide no ápice de um hipocarpo carnoso (o
pedicelo espessado); pericarpo coriáceo, resinífero; semente 1, reniforme, testa livre
do endocarpo, embrião curvo.
Gênero composto por 11 espécies, naturalmente distribuídas de Honduras até
o Brasil no Paraná e leste do Paraguai; na Venezuela, Colômbia e Equador ocorrem
apenas a oeste dos Andes. O gênero possui dois centros de diversidade localizados
na Amazônia Central e no Planalto Central do Brasil. Algumas espécies são árvores
de grande porte, encontradas nas florestas tropicais úmidas, matas de galeria e
florestas inundáveis; as demais espécies, geralmente arvoretas ou arbustos, são
encontradas em áreas abertas de cerrado, caatinga e restingas (Mitchell & Mori 1987).
As espécies campestres têm marcante hábito geoxílico: desenvolvem um grande
sistema caulinar subterrâneo, ficando expostos na superfície do solo apenas os ápices
dos ramos e folhas (López-Naranjo 1975, 1977).
Mitchell, J.D. & Mori, S.A. 1987. The cashew and its relatives (Anacardium:
Anacardiaceae). Mem. New York Bot. Gard. 42:1-76.
López-Naranjo, H.J. 1975. Estrutura morfológica de Anacardium humile St.
Hil. Anacardiaceae. Dissertação de mestrado, Universidade de São Paulo,
São Paulo. 80 p.

23
López-Naranjo, H. 1977. Hábito de crescimento y estructura de lãs yemas de
Anacardium humile A. St.-Hil. Anacardiaceae. Revista Forestal
Venezolana 27: 159-173.

Chave para as espécies de Anacardium

1. Plantas campestres ou de cerrado, com hábito geoxílico (tronco subterrâneo ca.


1m); folhas rígido-cartáceas ou coriáceas; pétalas 4,5-8mm compr.
............................................................................................................ 1. A. humile
1’. Plantas de restinga, arbóreas até 6m; folhas cartáceas; pétalas 9,4-12,5mm compr.
......................................................................................................... 2. A. occidentale

1.1. Anacardium humile A. St.-Hil., Ann. Sc. nat. (Paris) 23: 272. 1831.
Prancha 1, fig. C-F.
Anacardium pumilum A. St.-Hil. ex Engl. in Mart. & Eichler., Fl. bras. 12(2): 411, t.
88. 1876.
Nome popular: caju-do-campo, cajuí, caju-rasteiro, cajuzinho, cajuzinho-do-
campo, caju-do-cerrado.
Plantas geoxílicas, tronco subterrâneo ca. 1m, ramos ascendentes aéreos ca. 40 cm,
geralmente glabros. Folhas rígido-cartáceas ou coriáceas; pecíolo não alado, 0,5-
1,5cm, glabro ou com tricomas curtos, adpressos, retos, esparsos; lâmina 12,5-
24,5x4,9-7,8cm, geralmente oblanceolada, às vezes obovada, ápice arredondado ou
obtuso, às vezes retuso, base geralmente côncava, cuneada, convexa ou decurrente,
às vezes auriculada, face adaxial glabra, face abaxial glabra ou com tricomas longos,
adpressos, retos, esparsos, principalmente na nervura primária. Tirsóides terminais,
amarelo-esverdeados, 12-28,5cm; pedúnculo 2,5-9,5cm, tricomas curtos, adpressos,
retos, esparsos, aumentando em direção ao ápice; brácteas proximais 6,7-17,5x2,7-
3cm, oblanceoladas, glabras, semelhante às folhas; brácteas distais 2,4-4,5x0,4-
1,2cm, lanceoladas, oblanceoladas, obovadas ou oblongas, glabras ou na nervura
primária com tricomas curtos, adpressos, retos, esparsos; brácteas da base das
cimeiras 0,7-1,2x0,2-0,5cm, oblongas ou ovais, faces adaxial e abaxial com tricomas
curtos ou longos, às vezes espessados na base, densos, às vezes indumento
levemente seríceo na face abaxial; bractéolas 1,5-2,5x0,6-1,3mm, ovais ou
lanceoladas, face adaxial glabra, face abaxial com tricomas curtos, adpressos, retos,
densos, indumento seríceo. Flores: pedicelo 2,3-3,6mm, seríceo como nas bractéolas;
sépalas verde-claras, 2,8-4x0,8-1,8mm, ovais ou lanceoladas, ápice acuminado ou
agudo, face adaxial glabra, face abaxial com indumento seríceo; pétalas 4,5-8x1-2mm,
lineares ou lanceoladas, ápice acuminado ou obtuso, face adaxial glabra ou com

24
tricomas curtos, eretos, retos, esparsos, face abaxial com indumento seríceo; estames
nas flores masculinas 6-8, o maior 2,4-7,8mm, os menores 1,3-4mm, anteras normais;
estames nas flores bissexuais 5-9, o maior 6-8,9mm, os menores 1,2-1,7mm; ovário
ovóide ou irregularmente globoso, glabro; estilete ca. 7,2mm, lateral ou levemente
central. Drupas verdes, cinéreas ou marrons, 12-23x9-17mm, glabras; hipocarpo
amarelo ou vermelho, piriforme ou obcônico, 1-3x1-2cm.
Anacardium humile ocorre nos campos e cerrados, na Bolívia (região de
Santa Cruz), sul e leste do Paraguai, e no Brasil do sudeste de Rondônia e norte de
Goiás até o Paraná. B2, B6, C5, C6, D3, D4, D5, D6, D7, E5, E6, E7, E8, F4: nas
diversas fitofisionomias de campo e cerrado, e em áreas antropizadas, geralmente
associadas a solo arenoso. Coletada com flores de julho a outubro e em dezembro,
com frutos de agosto a novembro. O fruto e o hipocarpo são apreciados e consumidos
regionalmente.
Material selecionado: Águas de Santa Bárbara, IX.2008, N. Guerin et al. 160
(SPSF). Agudos, VIII.2001, M.E.S. Paschoal 2471 (BOTU). Araraquara, X.1993, Y.T.
Rocha s.n. (ESA 33296). Itapetininga, VII.1962, M.S. Labouriau 111 (RB, SP). Itararé,
IX.1989, C.A.M. Scaramuzza 531 (ESA). Itirapina, IX.1984, O. Cesar 214 (HRCB,
SPF). Itu, II.1961, A.S. Grotta 259 (SPF). Mogi-Guaçu, VIII.1980, W. Mantovani 843
(SP, SPF). Pedregulho, X.2003, D. Sasaki & A.F. Sartori 776 (SPF). Rancharia,
IX.1974, G. Hatschbach 34812 (SPF). Santa Rita do Passa Quatro, IX.1995, M.A.
Batalha 677 (SPF). São José dos Campos, VIII.1949, W. Hoehne s.n. (CTES, F, G,
IPA, K, MBM, SP, SPF 12453). São Paulo, VIII.1949, W. Hoehne s.n. (CEN, CEPEC,
CESJ, FUEL, HRCB, HUEFS, MBM, MO, NY, R, RB, SPF 12536, UB, US, W).
Suzanópolis, VIII.1995, M.R. Pereira-Noronha 1633 (ESA, HRCB, SP, SPF).
Espécie muito característica pelo hábito geoxílico e por apresentar folhas
simples agregadas em direção ao ápice, que quando maceradas exalam odor de
resina semelhante ao de manga verde. A interpretação do hábito geoxílico de
Anacardium humile é controvertida, sendo que a espécie já foi caracterizada como
árvore, arbusto, subarbusto e até mesmo como planta rasteira. A forma biológica de A.
humile confunde-se com arbustiva ou subarbustiva devido à ramificação dos eixos ao
nível do solo, porém, quando desenterrados, mostram-se porções ascendentes de um
grande corpo caulinar subterrâneo e não plantas individuais isoladas, conforme
demonstrou o estudo anatômico de López-Naranjo (1975, 1977).

25
26
1.2. Anacardium occidentale L., Sp. pl. 1: 383. 1753.

Prancha 1, fig. A-B1 e Prancha 2, fig. A-B


Anacardium curatellaefolium A. St.-Hil., Ann. Sc. nat. (Paris) 23: 272. 1831
Anacardium microcarpum Ducke, Arch. Jar. Bot. Rio de Janeiro 3: 202. 1922.
Anacardium rondonianum Machado, Arch. Jar. Bot. Rio de Janeiro 9: 87. 1949.
Anacardium amilcarianum Machado, Arch. Jar. Bot. Rio de Janeiro 9: 88. 1949.
Anacardium kuhlmannianum Machado, Arch. Jar. Bot. Rio de Janeiro 9: 89. 1949.
Anacardium othonianum Rizzini, Anais Acad. Brasil. Ci. 41(2): 243. 1969.
Nome popular: caju, cajueiro, caju-da-praia.
Árvores, 2-6m, ramos lenticelados, glabros ou com tricomas esparsos, no ápice com
tricomas curtos, espessados na base, adpressos ou oblíquos, retos, densos. Folhas
cartáceas; pecíolo não alado, 0,4-1,4cm, tricomas como no ápice dos ramos; lâmina
5,3-22x3,7-11,5cm, obovada, oblonga ou largamente oblonga, ápice arredondado,
obtuso, retuso ou emarginado, base auriculada, levemente auriculada, cuneada ou
decurrente, face adaxial glabra ou na nervura primária com tricomas curtos,
adpressos, retos, face abaxial na base com tricomas densos e na nervura primária
com tricomas esparsos. Tirsóides terminais, amarelo-esverdeados, 9-17,5cm;
pedúnculo 2,5-8cm, tricomas curtos ou longos, adpressos ou oblíquos, retos ou
levemente sinuosos, esparsos, aumentando em direção ao ápice; brácteas proximais
2,5-11x1,8-6,1cm, oblongas ou ovais, tricomas como nas folhas; brácteas distais 1,4-
2,1x0,4-1,1cm, oblanceoladas ou obovadas, tricomas longos, adpressos, sinuosos,
esparsos na face adaxial, densos na face abaxial; brácteas da base das cimeiras 4,5-
8x1,8-4,8mm, ovais ou deltadas, às vezes lineares, indumento seríceo; bractéolas 5-
7,7x2,7-3,3mm, deltadas, indumento seríceo. Flores: pedicelo 3,2-6,5mm, seríceo
como ..nas ..bractéolas;. sépalas ..verde-claras, ..3,3-5x1,7-3,4mm,. ovais, .às .vezes
_____________________________________________________________________
1 1
Prancha 1. A-B . Anacardium occidentale, A. ramo florífero; A . detalhe das nervuras da face abaxial;
1
B-B . variação foliar. C-F. Anacardium humile, C. folha; D. botão floral; E. flor bissexual, com duas
1
sépalas e duas pétalas rebatidas evidenciando o gineceu e o androceu; E . gineceu e androceu, sem
2
perianto; F. flor masculina, com uma sépala e uma pétala rebatidas evidenciando o androceu. G-J .
1
Astronium graveolens, G. folha; H. botão floral masculino; H . flor masculina na antese em vista frontal;
1
I. botão floral feminino, com duas sépalas seccionadas; I . gineceu, estaminódios e disco intraestaminal,
1
sem perianto; J. fruto com cálice ampliado em vista frontal; J . corte transversal do fruto mostrando o
epicarpo (EP), mesocarpo (ME) com 12 lacunas, endocarpo (EN) fino e membranáceo e o embrião (EB);
2
J . embrião em vista lateral (CO. cotilédone, HR. eixo hipocótilo-radicular). K-M. Lithrea molleoides, K.
1 1
ramo florífero; K . detalhe da nervura marginal do folíolo; L. flor masculina na antese; L . pistilódio e disco
2 1
intraestaminal; M. flor feminina na antese, sem perianto. N-Q . Myracrodruon urundeuva, N. folha; N .
1
detalhe do indumento da face abaxial do folíolo. O. ramo florífero; P. botão floral masculino; P . flor
1
masculina na antese em vista frontal; Q. fruto com cálice ampliado em vista frontal; Q . corte transversal
do fruto mostrando o epicarpo (EP), mesocarpo (ME) com 6 lacunas, endocarpo (EN) coriáceo e
2
anguloso, e a semente em desenvolvimento com endosperma (ED) envolvendo o embrião (EB); Q .
embrião em vista lateral (CO. cotilédone, HR. eixo hipocótilo-radicular). (A. Loebmann SPF 201238; B.
1 1 1
Jorge SPF 165799; B . Pirani 4516; C-E . Hoehne 12536; F. Naranjo 102; G. Gandolfi 365; H-H .
1 2 1
Ivanauskas SPF 201247; I-I . Chaddad 250; J-J . Gandolfi 365; K-L. Sasaki 680; M. Tamashiro 708; N-N .
Cipolla SP 14542; O-P. Jaccond 69; Q-Q2. Assis 259). Ilustrações: Klei Rodrigo Sousa.

27
largamente ovais, ápice acuminado ou agudo, face adaxial com tricomas esparsos,
face abaxial com tricomas densos, indumento seríceo; pétalas 9,4-12,5x1,6-2,4mm,
lineares ou lanceoladas, ápice acuminado, face adaxial com tricomas curtos ou longos,
adpressos ou eretos, sinuosos, esparsos, face abaxial com indumento como nas
sépalas; estames nas flores masculinas 6-11, o maior 5,4-8mm, os menores 1,8-3mm,
anteras normais; estames nas flores bissexuais 6-10, o maior 5-9,8mm, os menores 2-
2,5mm; ovário globoso, glabro; estilete ca. 7mm, central. Drupas cinéreas ou marrons,
12-35x9-2mm, glabras; hipocarpo amarelo, laranja ou vermelho, piriforme, 5-20x2-
8cm.
A. occidentale possui distribuição natural incerta devido ao longo histórico de
associação com a espécie humana. Mitchell & Mori (1987) acreditam que a
distribuição natural estende-se do norte da América do Sul (savanas da Colômbia,
Venezuela e Guinas) até São Paulo, no Brasil, ocorrendo nos cerrados do planalto
central, nas savanas da Amazônia, na caatinga e nas restingas. E7, E8, G6: nas
restingas do litoral paulista. Foram considerados espécimes nativos de São Paulo
somente as populações das restingas, pois os exemplares provenientes de outras
regiões do Estado são claramente colhidos de plantas cultivadas. Coletada com flores
em fevereiro e de setembro a dezembro. Anacardium occidetale é cultivada nas
regiões tropicais do Novo e Velho Mundo. Espécie com destaque econômico,
apresenta o fruto (castanha-de-caju) e o fruto acessório (hipocarpo) comestíveis e
muito apreciados mundialmente. Do cajueiro ainda é possível extrair, da parede do
fruto, o líquido “CNS”, utilizado pela indústria na produção de plásticos, tintas, resinas
e vernizes.
Material selecionado: Bertioga, XI.2003, S.O. Jorge et al. s.n. (SPF 165799).
Cananéia, XI. 1974, J.R. Mattos et al. 16265 (SP). Cubatão, VII.1946, B. Pickel s.n.
(SPSF 2580).
Material adicional examinado: ALAGOAS, Maceió, I.1993, J.R. Pirani et al.
2670 (HUEFS, NY, SPF). GOIÁS, Cavalcanti, VIII.2005, M.L. Fonseca et al. 5882
(IBGE, SPF). GOIÁS, Padre Bernardo, XI.1987, G.P. Silva 520 (SPF). RIO DE
JANEIRO, Arraial do Cabo, V.1993, J.R. Pirani et al. 2892 (G, NY, SP, SPF).
Anacardium occidentale exibe ampla variabilidade na forma e textura das
folhas. Porém no Estado de São Paulo é prontamente distinta por apresentar porte
arborescente, enquanto A. humile, espécie similar em relação às folhas e a
inflorescência, possui hábito geoxílico.

28
2. Astronium Jacq.

Árvores, caducifólias; ramos inermes. Folhas compostas, imparipinadas,


membranáceas ou cartáceas, pecioladas; raque não alada; folíolos subopostos,
opostos ou alternos, margem crenada, serrada ou crenado-serrada, base assimétrica
ou simétrica, venação cladódroma, nervura primária proeminente ou plana na face
adaxial e proeminente na face abaxial, nervuras secundárias planas na face adaxial e
proeminentes na face abaxial. Inflorescência axilar ou terminal, tirsóide, pedunculada;
brácteas e bractéolas caducas ou decíduas. Flores pediceladas, pedicelo articulado,
5-meras, às vezes 6-meras, unissexuais em plantas dióicas; sépalas livres, maiores
que as pétalas nas flores femininas; pétalas imbricadas; estames 5(-6), iguais, entre os
lobos do disco, anteras complanadas ou ovóides; estaminódios nas flores femininas 5;
ovário 3-carpelar, 1-locular; óvulo subapical; estiletes 3, curtos; estigmas 3, capitados
ou globosos; pistilódio ausente nas flores masculinas; disco intraestaminal 5-lobado.
Fruto baga elipsóide circundada pelo cálice persistente e ampliado (pseudosâmara);
epicarpo fino; mesocarpo lacunoso, fino, resinífero; endocarpo membranáceo;
semente 1, embrião reto ou levemente curvo; corola e estaminódios persistentes ou
não.
Gênero neotropical, com cerca de oito espécies, ocorrendo desde o México
até o Paraguai. No Brasil, o gênero compreende sete espécies que são bem
representadas em todas as regiões, com exceção da região sul.
Barkley, F.A. 1968. Anacardiaceae: Rhoideae: Astronium. Phytologia 16(2):
107-152.
Bernardi, A.L. 1959. El gênero Astronium Jacq. Bol. Soc. Venez. Ci. Nat.
20(44): 348-359.
Mattick, Fr. 1934. Die gattung Astronium. Notizbl. Bot. Gart. Berlin-Dahlen
11(110): 991-1012.
Santin, D.A. 1989. Revisão taxonômica do gênero Astronium Jacq. e
revalidação do gênero Myracrodruon Fr. Allemão. Dissertação de
mestrado, Universidade Estadual de Campinas, Campinas. 178 p.

2.1. Astronium graveolens Jacq., Enum. syst. pl. 33. 1760.


Prancha 1, fig. G-J2 e Prancha 2, fig. C-E.
Nome popular: guaritá, aroeira.
Árvores, 8-18m, ramos jovens lenticelados, glabros ou com tricomas curtos, eretos,
retos ou curvados no ápice, esparsos. Folhas 20,5-43cm, geralmente cartáceas;
pecíolo não alado, 2-8,2cm, tricomas como nos ramos jovens; folíolos 11-17, alternos,

29
opostos ou subopostos, peciolulados; peciólulos laterais 1-6mm, o do folíolo terminal
4-21mm; lâmina dos folíolos laterais e terminal 5,6-11,x1,6-3,3cm, geralmente
oblonga, oval ou oval-lanceolada, às vezes elíptica ou obovada, ápice longo-
acuminado, margem crenada, levemente serrada ou crenado-serrada, ondulada, base
assimétrica, cuneada, côncava ou convexa, faces adaxial e abaxial glabras ou na
nervura primária com tricomas geralmente curtos, eretos, curvados no ápice,
esparsos. Tirsóides axilares ou terminais, creme-vináceos, masculinos 11,5-15,5cm,
femininos ca. 11,6cm; pedúnculo 2-2,6cm, tricomas como nos ramos jovens; brácteas
0,9-1,5x0,5-1mm, ovais, deltadas ou oblongas, côncavas, escariosas, tricomas curtos,
oblíquos, retos, densos na face externa; bractéolas vináceas, 0,5-1x0,3-0,6mm, ovais,
lanceoladas ou deltadas, escariosas, glabras. Flores: pedicelo verde-vináceo, 0,7-
1mm, articulado a 0,1-0,3mm do cálice, tricomas longos, eretos, sinuosos, esparsos;
sépalas verdes, nas flores masculinas 1,2x0,9mm, nas femininas ca. 1,7-1,9x1,4-
1,5mm, ovais, largamente ovais ou orbiculares, côncavas, ápice arredondado ou
obtuso, ambas faces glabras; pétalas creme ou creme-vináceas, nas flores masculinas
2,1-2,5x1,5-1,6mm, nas femininas ca. 1,2-1,4x0,9-1mm, ovais ou obovadas, ápice
arredondado, ambas faces glabras; nas flores masculinas estames 2,8mm; nas flores
femininas estaminódios 0,5-0,9mm e ovário ovóide, glabro. Bagas castanhas, 9,6x-
2,6mm diâm., glabras; sépalas espatuladas, ampliadas até 9,7-10x3,6mm, glabras.
Astronium graveolens é amplamente distribuída na América, ocorrendo no
México, América Central até o Brasil, Bolívia e Paraguai, nas florestas Ombrófilas
Densas e Estacionais, cerrados e matas ciliares. É a única espécie do gênero que
ocorre na região sul do Brasil. C6, C7, D1, D5, D6, D7, F4: nas florestas Estacionais
Semideciduais, matas ciliares, cerrados e áreas antropizadas. Coletada com flores de
agosto a setembro e em dezembro, com frutos em setembro. Possui madeira de boa
qualidade utilizada em acabamentos internos e construções externas, além de ser
recomendada para uso em paisagismo.
Material selecionado: Águas da Prata, VII.1990, D.V. Toledo-Filho 26032
(UEC). Brotas, IX.1991, S. Zickel 30270 (UEC). Cajuru, VIII.1986, L.C. Bernacci 270
(UEC). Itararé, VIII.1946, M. Kuhlmann s.n. (SPF 83487, SP). Mogi-Guaçu, VIII.1966,
H.F. Leitão-Filho 478 (IAC). Piracicaba, VIII.2003, J. Chaddad-Junior 250 (ESA).
Teodoro Sampaio, VIII.1986, J.B. Baitello 203 (SPSF).
Astronium graveolens apresenta características vegetativas e reprodutivas
muito semelhantes a A. fraxinifolium Schott ex Spreng. A separação desses táxons
baseia-se principalmente no predomínio de folíolos pilosos em A. fraxinifolium, e
glabros em A. graveolens, porém são observados indivíduos com graus
intermediários de pilosidade. Esses táxons já foram considerados conspecíficos face

30
à sobreposição dos caracteres forma e pilosidade dos folíolos (Blackwell & Dodson
1968), mas podem ser tratados como distintos considerando-se os habitats e aspecto
da casca (Santin 1989). A. graveolens é uma espécie de florestas Ombrófila Densa e
Estacional Semidecidual, apresenta casca fina que ao desprender-se não deixa
depressões acentuadas no tronco, enquanto A. fraxinifolium ocorre geralmente no
cerrado e possui casca suberosa que ao desprender-se deixa depressões no tronco.
No entanto, um estudo mais detalhado das populações de diferentes formações
vegetacionais é necessário para avaliar se as características do tronco são
consistentes e relevantes na separação das duas espécies ou tratam-se apenas de
variação fenotípica em resposta a diferentes ambientes. Com base nos caracteres
diagnósticos tradicionalmente utilizados para identificar essas espécies, os exemplares
do Estado de São Paulo são mais adequadamente tratados como A. graveolens por
apresentarem folíolos geralmente oblongos e glabros ou na nervura primária com
tricomas esparsos pouco conspícuos em ambas as faces.
Bibliografia adicional
Blackwell Jr., W.H. & Dodson, C.H. 1968. Flora of Panama. Anacardiaceae.
Ann. Missouri Bot. Gard. 54(3): 351-379.

3. Lithrea Miers ex Hook. & Arn.

Árvores ou arbustos, perenifólios; ramos inermes, delgados, resiníferos.


Folhas simples ou compostas, imparipinadas, coriáceas ou cartáceas, sésseis ou
pecioladas; raque alada às vezes apenas estreitamente; folíolos opostos, margem
inteira ou crenada, base simétrica ou assimétrica, venação craspedródoma ou
semicraspedródoma, nervura primária proeminente e secundárias proeminentes ou
planas nas faces adaxial e abaxial, nervura marginal cartilaginosa, conspícua.
Inflorescência axilar ou agrupada nas axilas dos ramos superiores, panícula,
pedunculada; brácteas e bractéolas geralmente decíduas. Flores pediceladas,
pedicelo articulado, 5-meras, unissexuais em plantas dióicas; sépalas conatas apenas
na base; pétalas valvares; estames 10, obdiplostêmones, iguais ou subiguais, entre os
lobos do disco, anteras complanadas; estaminódios nas flores femininas 10, dotados
de anteras, mas desprovidos de pólen; ovário 3-carpelar, 1-locular; óvulo basal;
estilete 1; estigmas 3, capitados; pistilódio nas flores masculinas com óvulo reduzido;
disco intraestaminal 10-lobado. Fruto drupa, globosa; epicarpo fino, lustroso,
separando-se quando maduro do mesocarpo negro e resinífero; endocarpo coriáceo;
semente 1, complanada; cálice e estaminódios persistentes; resquícios de estigmas.

31
Gênero sul-americano, com três espécies, ocorrendo na região central do
Chile, sul e sudeste do Brasil, no Paraguai, Uruguai e Argentina. O principal caráter
diagnóstico na identificação das espécies é a presença de folhas simples ou
compostas, porém, às vezes, os dois tipos de folhas podem ocorrer em um mesmo
espécime. O gênero foi citado primeiramente por Miers (1826), mas sem diagnose ou
descrição em latim; posteriormente, Hooker & Arnott (1833) fizeram uma descrição
mais adequada, validando o gênero Lithrea. A etimologia de Lithrea deriva de “litre”,
nome chileno designado para a espécie-tipo. No entanto, o gênero apresenta outra
variante ortográfica, Lithraea, grafia utilizada em grandes obras de referência, tais
como Engler (1876, 1886, 1892).
As resinas de Lithrea podem causar dermatite de contato em pessoas
susctíveis.
Barkley, F.A. 1962a. Anacardiaceae: Rhoideae: Lithraea. Phytologia 8(7):
329-365.

Chave para as espécies de Lithrea

1. Folhas simples, sésseis ou curto-pecioladas (pecíolo 0,1-0,5cm compr.)


....................................................................................................... 1. L. brasiliensis
1’. Folhas compostas, pecíolo 1,4-4,3cm compr. ................................. 2. L. molleoides

3.1. Lithrea brasiliensis Marchand, Rév. Anacardiac. 183. 1869.


Prancha 2, fig. L.
Nome popular: aroeira-brava.
Árvores ou arbustos, 2-10m, ramos jovens lenticelados, glabros ou com tricomas
curtos, eretos, retos, esparsos. Folhas simples, cartáceas ou coriáceas, sésseis ou
curto-pecioladas; pecíolo inconspícuo, não alado, 0,1-0,5cm, tricomas como nos
ramos jovens; lâmina 3-9,2x1-2,4cm, elíptica, obovada, oblanceolada, oblonga ou oval,
ápice mucronado, emarginado, obtuso ou truncado, margem inteira ou levemente
crenada, ondulada, levemente revoluta, base simétrica ou levemente assimétrica,
decurrente, face adaxial glabra, brilhante, face abaxial glabra ou na margem e nervura
primária com tricomas longos, eretos, sinuosos, esparsos. Panículas alvo-
esverdeadas, masculinas 2,2-5,2cm, femininas 2-4,1cm; pedúnculo 0,5-0,8cm,
tricomas como nos ramos jovens brácteas 1-1,3x0,7-0,9mm, deltadas ou lanceoladas,
tricomas longos, adpressos ou oblíquos, sinuosos, esparsos; bractéolas 0,7-1,3x0,3-
0,4mm, deltadas, na margem com tricomas curtos ou longos, eretos ou oblíquos,
retos, esparsos. Flores: pedicelo 1-2,1mm, articulado a 0,3-0,9mm do cálice, tricomas
como no pedúnculo, glabro acima da articulação; sépalas verdes, 1,1-1,4x0,9-1,2mm,

32
côncavas, deltadas, triangulares ou suborbiculares, ápice arredondado ou obtuso,
ambas faces glabras, margem com tricomas curtos, eretos ou oblíquos, retos,
esparsos; pétalas alvas, 1,6-2,9x0,9-1,6mm, ovais, ápice agudo ou obtuso, ambas
faces glabras; estames nas flores masculinas 1,5-2,1mm; estaminódios nas flores
femininas 0,5-0,7mm; ovário globoso, glabro. Drupas verde-claras ou verde-
acinzentadas, 5-7mm diâm., glabras.
Lihtrea brasiliensis distribui-se no Uruguai, Argentina, e no sul e sudeste do
Brasil. Ocorre em florestas Ombrófila Densa, Mista e Estacional, capões de mata e
restingas. O único exemplar de Lithrea brasiliensis proveniente do Estado de São
Paulo é de uma coleta de Gaudichaud de 1833, porém, tal exemplar não traz
referência precisa do local de coleta, impossibilitando a inferência da quadrícula.
Buscas de novos registros da espécie no Estado mostraram-se infrutíferas tanto a
campo como nos herbários.
Material selecionado: São Paulo, 1833, C. Gaudichaud 925 (BM isolectótipo,
P Lectótipo).
Material adicional examinado: MINAS GERAIS, A. St.-Hil. 1762 (BM); MINAS
GERAIS, A. St.-Hil. 1772 (BM). PARANÁ, Colombo, sem data, P.R. Andrade s.n.
(MBM 29912). PARANÁ, Curitiba, X.1979, G. Hatschbach 80, (MBM, SPF). PARANÁ,
Curitiba, X.1964, Y. Saite & M.L. Pereira 439 (MBM). PARANÁ, Curitiba, XI.1974,
L.T. Dombrowski 5492 (MBM). RIO DE JANEIRO, Cabo Frio, III.2007, C. Farney 4657
(RB, SPF). SANTA CATARINA, Mafra, XI.2007, S. Dreveck 22 (FURB, SPF). SANTA
CATARINA, Urubici, XI.2001, G. Hatschbach et al. 72492 (MBM, SPF). RIO GRANDE
DO SUL, Bom Jesus, XI.2006, G.O. Romão 1828 (ESA, SPF). RIO GRANDE DO
SUL, Vacaria, IV.1983, J.R. Pirani & O. Yano 649 (SP, SPF).
Na revisão do gênero, Barkley (1962a) cita coletas de L. brasiliensis em São
Paulo e Minas Gerais, sendo que as coletas do Estado de São Paulo correspondem a
Gaudichaud 925, espécime designado como lectótipo, e Betzler s.n., coletado em
1947 e identificado posteriormente por aquele especialista como Lithrea molleoides.
Os materiais provenientes de Minas Gerais são coletas de Saint-Hilaire (1762 e 1772)
e tratam-se de espécimes de L. brasiliensis. No entanto, o estudo das coleções de
diversos herbários mostra que não há registros posteriores de Lithrea brasiliensis
nos Estados supracitados. É possível que as populações da espécie em Minas Gerais
e São Paulo fossem pequenas e escassas e acabaram sendo extintas localmente com
a destruição de habitats. Porém há registros recentes da espécie nas restingas de
Cabo Frio, no Rio de Janeiro e, portanto a distribuição atual da espécie parece ser
disjunta, com populações restritas no Rio de Janeiro e as demais no sul do Brasil,
Uruguai e Argentina. As populações do Rio de Janeiro apresentam folhas obovadas

33
com ápice truncado ou emarginado; enquanto os espécimes do sul do Brasil,
Argentina e Uruguai possuem folhas geralmente oblongas com ápice mucronado
(figura 5). A espécie deve ser categorizada como presumivelmente extinta (EX) no
Estado de São Paulo, de acordo com os critérios utilizados por Souza et al. (2007).
Ilustrações em Fleig (1981, 4)
Bibliografia adicional
Souza, V.C., Mamede, M.C.H., Cordeiro, I., Prado, J., Barros, F., Wanderley,
M.G.L., Kageyama, P.Y., Ceccantini, G. & Rando, J.G. 2007. Critérios
uilizados na elaboração da Lista oficial de espécies da flora ameaçadas de
extinção no Estado de São Paulo. In M.C.H. Mamede, V.C. Souza, J.
Prado, F. Barros, M.G.L. Wanderley & J.G. Rando (Org.). Livro vermelho
das espécies vegetais ameaçadas do Estado de São Paulo. 1 ed. São
Paulo: Instituto de Botânica, p. 15-20.

3.2. Lithrea molleoides (Vell.) Engl. in Mart. & Eichler, Fl. bras. 12(2): 394, tab. 83.
1876.
Prancha 1, fig. K-M e Prancha 2, fig. F.
Schinus molleoides Vell., Fl. flumin. 10: pl. 134. 1825.
Nome popular: aroeira-branca, aroeira-brava, aroeirinha.
Árvores, 3-8m, ramos jovens lenticelados, glabros ou com tricomas curtos, eretos, às
vezes oblíquos, geralmente retos, esparsos. Folhas 7,1-14cm, compostas,
imparipinadas, raramente simples, cartáceas, pecioladas; pecíolo estreitamente alado,
(0,4-)1,4-4,3cm, tricomas como nos ramos jovens; folíolos 3-5, opostos, sésseis;
lâmina 3,1-6,9x0,9-2,2cm, no folíolo terminal 4,1-8x1,3-2,9cm, obovada, oval, oblonga
ou elíptica, ápice mucronado, margem inteira, ondulada, base assimétrica, cuneada ou
decurrente, às vezes côncava ou convexa, faces adaxial e abaxial glabras. Panículas
alvo-esverdeadas, masculinas 2,6-10cm, femininas 4,5-7,5cm; pedúnculo 0,5-1,6cm,
tricomas geralmente curtos, eretos, retos, esparsos; brácteas 1-1,6x0,9-1,2mm,
deltadas, tricomas longos, adpressos, eretos ou oblíquos, retos ou sinuosos, esparsos;
bractéolas 0,6-1,7x0,4-0,8mm, deltadas, tricomas curtos, oblíquos, retos, geralmente
na margem. Flores: pedicelo 1,1-2mm, articulado a 0,4-0,7mm do cálice, tricomas
como no pedúnculo, glabro acima da articulação; sépalas verdes, 0,9-1,7x0,6-1,5mm,
largamente triangulares ou ovais, ápice agudo ou obtuso, ambas faces glabras,
margem com tricomas curtos, oblíquos, retos, esparsos; pétalas alvas, 1,5-2,3x0,9-
1,3mm, ovais, às vezes largamente elípticas, ápice geralmente agudo, glabras;
estames nas flores masculinas 1,1-1,7mm; estaminódios nas flores femininas 0,6-

34
0,9mm; ovário globoso, às vezes ovóide ou obovóide, glabro. Drupas verdes ou
verde-acinzentadas, (4-)5-6mm diâm., glabras.
Lithrea molleoides apresenta distribuição no centro-oeste e sudeste do
Brasil até o Uruguai, centro-norte da Argentina, no Paraguai e centro-sul da Bolívia. É
comum em capoeiras, borda de matas, mata de encosta e em formações secundárias,
em terrenos secos ou brejosos. B3, B4, B6, C4, C6, D3, D4, D5, D6, D7, D8, E4, E5,
E6, E7, E8, E9, F4, F5: na floresta Estacional, matas ciliares, cerrados e áreas
antropizadas; coletada com flores de março a maio e de julho a novembro, com frutos
o ano todo.
Material selecionado: Anhembi, I.1995, K.D. Barreto 3462 (ESA). Assis,
IX.1992, G. Durigan s.n. (UEC 77913). Bauru, IX.1996, M.H.O. Pinheiro 118 (ESA,
UEC). Campos do Jordão, XI.1994, M.J. Robim & J.P.M. Carvalho 8775 (SPSF).
Cunha, VIII.1948, J. Kiehl 5199 (ESA, IAC). Embu, XII. 2005, N.M. Ivanauskas et al.
6111 (ESA, SPSF). Iperó, VIII.1994, J.B. Baitello 695 (HRCB, SP, SPF, SPSF, UEC).
Itapeva, XI.1994, V.C. Souza et al. 7101 (ESA, HRCB, SP, SPF, UEC). Itapira, I.1994,
K.D. Barreto 1765 (ESA). Itararé, X.1993, C.M. Sakuragui 488 (ESA). Paulo de Faria,
X.1994, A.L. Maestro & A.M. Silveira 77 (ESA, HRCB, SP, SPF, UEC). Pedregulho,
VIII.2003, D. Sasaki & A.B. Junqueira 680 (SPF, SPSF, RB). Santo Antônio da
Alegria, XI.1994, A.M.G.A. Tozzi & A. Sciamarelli 58 (HRCB, SP, SPF, UEC). São
Carlos, VII.1993, P.H.P. Ruffino 133 (HRCB). Sud Mennucci, VIII.1995, M.R. Pereira-
Noronha et al. 1328 (SP, SPF, UEC). Taquarituba, IX.1994, J.Y. Tamashiro et al. 708
(ESA, HRCB, SP, SPF, SPSF, UEC). Taubaté, I.1942, A. Lofgren et al. 1827 (SP).
Lithrea molleoides é prontamente distinta das demais espécies do gênero
por apresentar folhas compostas, raramente simples. Barkley (1962a) baseado na
morfologia dos folíolos reconheceu duas variedades, a típica e L. molleoides var.
lorentziana Hieron. ex Lillo, enquanto Cabrera (1938) não considerou categorias
infraespecíficas e colocou também em sinonímia Lithrea ternifolia (Gillies) F.A.
Barkley.

4. Myracrodruon Allemão

Árvores ou arvoretas, caducifólias; ramos inermes. Folhas compostas,


imparipinadas, membranáceas ou cartáceas, pecioladas; raque não alada; folíolos
subopostos ou opostos, margem inteira ou serrada, base assimétrica ou simétrica,
venação cladódroma ou semicraspedródoma, nervura primária proeminente em ambas
as faces atenuando-se no ápice, nervuras secundárias planas na face adaxial e
levemente proeminentes na face abaxial. Inflorescência axilar ou terminal, tirsóide,
pedunculada; brácteas e bractéolas caducas. Flores curtamente pediceladas, pedicelo

35
articulado, 5-meras, unissexuais em plantas dióicas; sépalas inconspicuamente
conatas apenas na base, côncavas, maiores que as pétalas nas flores femininas;
pétalas imbricadas; estames 5, iguais, entre os lobos do disco, anteras complanadas,
longitudinalmente auriculadas na base; estaminódios nas flores femininas 5, dotados
de anteras, mas desprovidos de pólen; ovário 3-carpelar, 1-locular; óvulo sub-basal;
estiletes 3, curtos; estigmas 3, capitados ou globosos; pistilódio nas flores masculinas,
com óvulo abortivo; disco intraestaminal 5-lobado. Fruto drupa, ovóide ou globosa,
circundado pelo cálice persistente e ampliado (pseudosâmara); epicarpo
membranáceo; mesocarpo membranáceo, lacunoso, resinífero; endocarpo coriáceo,
anguloso; semente 1, eixo hipocótilo-radicular curvo, acumbente, endosperma ausente
na semente madura; corola e estaminódios persistentes ou não; resquícios do disco
intraestaminal e estigma.
Gênero sul-americano, com apenas duas espécies, ocorrentes no Brasil,
Bolívia, Paraguai e norte da Argentina. O histórico taxonômico de Myracrodruon é
marcado por instabilidade, sendo que seu status já foi de gênero, na ocasião de sua
descrição (Allemão 1862), passou a seção de Astronium (Engler 1876), a subgênero
de Astronium (Barkley 1968) e mais recentemente foi restabelecido como gênero
(Santin 1991) baseado no tipo de placentação e fruto, caracteres tradicionalmente
utilizados na delimitação genérica em Anacardiaceae. Nas filogenias moleculares
recentes, Myracrodruon e Astronium emergem como clados-irmãos, podendo,
portanto ser reconhecidos tanto em nível genérico como infragenérico (Pell com.
pess.).
Santin, D.A. & Leitão-Filho, H.D. 1991. Restabelecimento e revisão
taxonômica do gênero Myracrodruon Freire Allemão (Anacardiaceae).
Revista Brasil. Bot. 14: 133-145.
Carmello-Guerreiro, S.M. 1999. Aspectos morfológicos e anatômicos da
semente de aroeira (Myracrodruon urundeuva Fr. Allem. –
Anacardiaceae), com notas sobre a paquicalaza. Revista brasileira de
sementes 21(1): 222-228.

4.1. Myracrodruon urundeuva Allemão, Trab. Comm. Sci. Expl. Bot. 1: 3. 1862.
Prancha 1, fig. O-Q2 e Prancha 2, fig. G-I.
Astronium urundeuva (Allemão) Engl., Bot. Jahrb. Syst. 1:45. 1881.
Nome popular: aroeira, urundeúva, urindeúva, aroeira-preta.
Árvores ou arvoretas, 2,5-20m, ramos jovens lenticelados, tricomas curtos ou longos,
eretos ou oblíquos, retos ou levemente sinuosos, densos em direção ao ápice. Folhas
15,5-22cm, cartáceas; pecíolo não alado, 2,1-5cm, tricomas como nos ramos jovens;

36
folíolos 9-13, geralmente opostos ou subopostos, sésseis ou peciolulados; peciólulos
1-5mm, no folíolo terminal 5-20mm; lâmina 3,4-6,6x1,7-4cm, no folíolo terminal 3,3-
5,5x1,4-3,3cm, oval, largamente oval ou elíptica, ápice agudo, acuminado, obtuso ou
mucronado, margem inteira ou irregularmente serrada na metade distal, base
assimétrica, arredondada, cuneada, convexa ou truncada, faces adaxial e abaxial na
nervura primária e margem com tricomas longos, eretos, levemente sinuosos ou
sinuosos, densos, indumento alvo. Tirsóides axilares ou terminais, 4,5-17,3cm,
creme-avermelhados; pedúnculo 0,5-2cm, tricomas geralmente longos, eretos, retos
ou sinuosos, esparsos; brácteas 1,6-2,6x1,7-3mm, ovais, deltadas ou largamente
deltadas, côncavas, escariosas, tricomas curtos, adpressos ou eretos, retos, densos
na face abaxial; bractéolas vináceas, 0,4-1,7x0,2-0,8mm, ovais, deltadas ou
lanceoladas, na margem com tricomas curtos ou longos, eretos ou oblíquos, retos ou
sinuosos, esparsos. Flores: pedicelo inconspícuo; sépalas creme ou purpúreas, nas
flores masculinas 0,8-1,4x0,7-1,1mm, nas femininas ca. 1,5x1,5mm, largamente ovais
ou oblongas, côncavas, ápice arredondado ou obtuso, na margem com tricomas curtos
ou longos, eretos, retos, esparsos; pétalas creme ou purpúreas, nas flores masculinas
1,6-2,5x1-1,3mm, nas femininas ca. 1,5x1mm, ovais ou elípticas, ápice arredondado
ou obtuso, tricomas como nas sépalas; estames nas flores masculinas 1,2-2,6mm,
filetes espessos na base; estaminódios nas flores femininas 0,5-0,6mm; ovário ovóide,
glabro. Drupas acastanhadas, 3-4,2mm diâm., glabras ou com tricomas curtos, eretos,
retos, esparsos; sépalas obovadas, oblongas ou espatuladas, ampliadas até 4,5-
6,5x2,6-4,2mm, glabras ou na margem com tricomas esparsos.
Myracrodruon urundeuva é a espécie mais amplamente distribuída do
gênero, ocorrendo nos cerrados e caatingas das regiões nordeste, centro-oeste e
sudeste do Brasil, e também nas formações chaquenhas da Bolívia, Argentina e
Paraguai. B2, B3, B4, B5, B6, C2, C4, C5, C6, D4, D5, D6, D7: na floresta Estacional
Semidecidual, matas ciliares, cerrados e áreas antropizadas; coletada com flores em
abril, de junho a agosto e em outubro, e com frutos em janeiro, junho e de agosto a
outubro. Fornece madeira de excelente qualidade, utilizada no passado como poste de
rede elétrica. Devido ao histórico de exploração predatória intensiva deve ser
categorizada como quase ameaçada (NT) no Estado de São Paulo, de acordo com os
critérios utilizados por Souza et al. (2007).
Material selecionado: Agudos, I.1997, P.F. Assis 362 (BOTU). Bauru,
VI.1991, M.K. Itoman 55 (SPSF). Bebedouro, VII.1930, A. Jordão s.n. (SPSF 6430).
Cajuru, VII.1985, L.C. Bernacci 42 (SPF, UEC). Guaraçaí, VIII.1995, M.R. Pereira-
Noronha et al. 1610 (SP). Ilha Solteira, VIII.1995, M.R. Pereira-Noronha et al. 1382
(SP, SPF, UEC). Jaboticabal, VIII.1990, E.H.A. Rodrigues 51 (SP, UEC). Macedônia,

37
VII.1978, H.F. Leitão-Filho et al. 8140 (UEC). Mogi-Guaçu, X.1993, R.R. Rodrigues et
al. 102 (ESA, UNIP). Pedregulho, VII.1993, E.E. Macedo 148 (ESA, SPSF, UEC).
Piracicaba, X.1989, E. Kampf 95 (ESA). Sabino, VII.1994, R.R. Rodrigues et al. 1
(ESA, HRCB, SPF, SPSF, UEC). Tanabi, VI.1994, J.Y. Tamashiro et al. 343 (HRCB,
SP, SPF, SPSF, UEC).
Bibliografia adicional
Souza, V.C., Mamede, M.C.H., Cordeiro, I., Prado, J., Barros, F., Wanderley,
M.G.L., Kageyama, P.Y., Ceccantini, G. & Rando, J.G. 2007. Critérios
uilizados na elaboração da Lista oficial de espécies da flora ameaçadas de
extinção no Estado de São Paulo. In M.C.H. Mamede, V.C. Souza, J.
Prado, F. Barros, M.G.L. Wanderley & J.G. Rando (Org.). Livro vermelho
das espécies vegetais ameaçadas do Estado de São Paulo. 1 ed. São
Paulo: Instituto de Botânica, p. 15-20.

5 Schinus L.

Árvores ou arbustos, perenifólios; ramos inermes ou com ápice


espinescente. Folhas simples ou compostas, imparipinadas ou paripinadas,
geralmente cartáceas, pecioladas; raque alada ou estreitamente alada; folíolos
opostos, subopostos ou alternos, margem inteira, crenada, sinuoso-dentada, sinuoso-
crenada, serrada ou crenado-serrada, base simétrica ou assimétrica, venação
semicraspedródoma, craspedródoma ou cladódroma, nervura primária proeminente e
secundárias geralmente planas nas faces adaxial e abaxial. Inflorescência axilar ou
terminal, panícula ou pseudorracemo, pedunculada ou séssil; brácteas e bractéolas
persistentes ou decíduas. Flores pediceladas, pedicelo articulado, 5-meras,
unissexuais em plantas dióicas; sépalas conatas apenas na base; pétalas imbricadas;
estames 10, obdiplostêmones, os antepétalos menores, inseridos entre os lobos do
disco, anteras ovóides ou complanadas; estaminódios nas flores femininas 10,
dotados de anteras, mas desprovidos de pólen; ovário 3-carpelar, 1-locular; óvulo
lateral ou apical; estilete(s) 1-3; estigmas 3, capitados; pistilódio nas flores masculinas
com óvulo abortivo; disco intraestaminal 10-lobado. Fruto drupa globosa; epicarpo
fino, lustroso, separando-se quando maduro do mesocarpo negro e resinífero;
endocarpo coriáceo; semente 1, complanada; cálice e estaminódios persistentes,
resquícios de estigmas.
Gênero sul-americano, com aproximadamente 33 espécies, concentradas no
norte da Argentina e estendendo-se ao Uruguai, ao longo dos Andes e Equador.
Schinus é constituído por dois subgêneros caracterizados por uma combinação de

38
Prancha 2: A-B. Anacardium occidentale, A. hábito, B. ramo com flores e frutos imaturos. C-E.
Astronium graveolens, C. flor masculina na antese, D. corte transversal do fruto mostrando o endocarpo
fino e membranáceo ca. 0,025 mm (seta) e os cotilédones, E. embrião com cotilédones afastados em
vista lateral. F. Lithrea molleoides, flor masculina na antese sem uma pétala. G-I. Myracrodruon
urundeuva, G. flor masculina na antese, H. corte transversal do fruto mostrando o endocarpo espesso e
coriáceo ca. 0,161 mm (seta), sem os cotilédones, I. embrião com cotilédones afastados em vista lateral.
J-K. Tapirira guianensis, J. corte longitudinal do fruto, K. ramo frutífero. L. Lithrea brasiliensis, hábito.
Fotos: A-B, C.M. Siniscalchi; C-J, C. L. Silva-Luz; K. J. H. El Ottra; L. G. Heiden. Escala: C-J= 1 mm.

39
caracteres, nem sempre consistentes, sendo que Euschinus apresenta folhas
compostas pinadas e panículas compostas, e Duvaua geralmente folhas simples e
pseudorracemos. Os táxons deste último subgênero, seção Euduvaua, apresentam
delimitação de espécies ainda muito controvertida, sendo que Cabrera (1938)
considerou muitos dos binômios já publicados sob S. polygamus (Cav.) Cabr. sensu
lato, enquanto Barkley (1957) descreveu e reconheceu várias espécies distintas,
sobretudo com base na morfologia da margem foliar. Porém observações recentes
mostram que existem variações na margem da folha desse grupo relacionadas ao
estádio de desenvolvimento, sendo que os indivíduos adultos geralmente apresentam
margem inteira e os jovens ou plântulas, margem conspicuamente serrada ou dentada
(Steibel & Troiani 2008).
Barkley, F.A. 1944. Schinus L. Brittonia 5: 160-198.
Barkley, F.A. 1957b. A study of Schinus L. Lilloa 28: 5-110.
Steibel, P.E. & Troiani, H.O. 2008. La identidade de Schinus fasciculatus
var. arenicola y rehabilitación de S. sinuatus (Anacardiaceae). Bol. Soc.
Argent. Bot. 43(1-2): 157-166.

Chave para as espécies de Schinus

1. Folhas simples; ramos terminando em um espinho; pecíolo não alado; inflorescência


um pseudorracemo ................................................................................. 1. S. engleri
1’. Folhas compostas imparipinadas; ramos inermes; raque e pecíolo alados ou
estreitamente alados; inflorescência panícula.
2. Árvores ou arbustos 3-4m alt.; margem dos folíolos irregularmente crenado-
serrada, serrada na metade distal ou inteira; frutos 4-5mm diâm.
.............................................................................................. 2. S. terebinthifolius
2’. Arbustos 0,2-1m alt.; margem dos folíolos sinuoso-dentada, sinuoso-crenada na
metade distal ou inteira; frutos 5,1-8 mm diâm. ................. 3. S. weinmannifolius

5.1. Schinus engleri F.A. Barkley, Brittonia 5: 178. 1944.


Prancha 3, fig. A-D e Prancha 4, fig. A-E.
Árvores ou arbustos, 2-8m alt., ramos pendentes com ápice espinescente, tricomas
longos, eretos, às vezes adpressos, retos ou levemente sinuosos, densos, indumento
alvo. Folhas simples, geralmente cartáceas; pecíolo não alado, 1-4 mm, tricomas
longos ou curtos, eretos, retos ou sinuosos; lâmina 2,1-4,3x0,9-1,8cm, geralmente
obovada, oval, elíptica, às vezes oblonga, ápice geralmente obtuso ou mucronado,
margem geralmente inteira, às vezes irregularmente crenado-serrada ou serrada,
levemente revoluta, base assimétrica ou simétrica, cuneada, face adaxial lustrosa,

40
tricomas na nervura primária curtos, eretos ou adpressos, geralmente retos, esparsos,
face abaxial com tricomas na nervura primária longos, eretos ou adpressos, retos ou
sinuosos, esparsos. Pseudorracemos axilares, creme-esverdeados, sésseis,
masculinos até 0,6-1cm, femininos ca. 0,5-0,7mm; brácteas 0,9-2,4x1-1,7mm, ovais,
largamente ovais ou deltadas, nas margens com tricomas curtos, oblíquos, retos,
densos; bractéolas geralmente 2, 0,9-1,5x0,3-0,8mm, lanceoladas, tricomas como nas
brácteas. Flores: pedicelo verde ou verde-vináceo, 2,1-4,4mm, articulado a 1,5-3mm
do cálice, tricomas longos, eretos, retos ou levemente sinuosos, esparsos,
enlarguecido no ápice; sépalas verdes, 0,7-1,9x0,7-1mm, ovais, largamente ovais ou
triangulares, ápice agudo ou obtuso, tricomas nas margens como nas brácteas;
pétalas creme ou amarelo-esverdeadas, 2,2-3,2x1,1-2mm, ovais, obovadas ou
oblongas, ápice arredondado ou obtuso, faces interna e externa glabras; estames nas
flores masculinas antepétalos (0,9-)1,4-2,1mm e antessépalos (1,3-)1,6-3,2mm;
estaminódios nas flores femininas antepétalos 0,7mm, antessépalos 1mm; ovário
ovóide, esverdeado, glabro. Drupas rosadas ou vermelhas, 4-5,3mm diâm., glabras.
Schinus engleri ocorre desde o sudeste do Brasil até o Uruguai. D8, D9:
restrita a poucas localidades, na floresta Ombrófila Mista Alto-Montana, geralmente na
borda da mata, próxima aos cursos dos rios. Comumente observa-se o
desenvolvimento de larvas de insetos formando galhas arredondadas nos ramos.
Coletada com flores de julho a setembro, com frutos de outubro a dezembro.
Material selecionado: Campos do Jordão, VIII.2011, C.L. Silva-Luz et al. 161
(SP, NY, CTES, SPF). São José do Barreiro, IX.2010, H. Serafim 448 (SPF).
Schinus engleri possui inflorescência aparentando ser um racemo, porém
suas flores pediceladas portam bractéolas e uma bráctea conspícua na base, o que
evidencia uma estrutura ramificada muito contraída (címula), constituindo, portanto,
um pseudorracemo. Por esse caráter, a espécie contrasta muito com as demais
Schinus de São Paulo, que apresentam inflorescência muito ramificada, do tipo
panícula. A distinção entre S. engleri e S. ramboi F.A. Barkley, táxons similares, é
complicada devido à sobreposição entre os caracteres vegetativos e reprodutivos. O
estudo morfológico de ampla amostragem, incluindo os materiais-tipo, somado à
distribuição geográfica coincidente, aponta que talvez esses táxons sejam
conspecíficos. Embora ainda não seja possível propor a sinonimização, no presente
trabalho já foi adotado o uso do binômio mais antigo.

41
5.2. Schinus terebinthifolius Raddi, Mem. Mat. Fis. Soc. Ital. Sci. Modena, Pt. Mem.
Fis. 18(2): 399-400. 1820.
Prancha 3, fig. F-G.
Nome popular: aroeira-vermelha, aroeira-mansa.
Árvores, 3-4m, ramos inermes, lenticelados, glabros ou com tricomas curtos ou
longos, eretos, retos ou sinuosos no ápice, esparsos. Folhas (5,8-)7,3-18,8(-30,5)cm,
compostas, imparipinadas, cartáceas; pecíolo estreitamente alado, (1-)1,9-4,5(-5,3)cm,
tricomas curtos ou longos, adpressos, eretos ou oblíquos, geralmente retos, esparsos;
raque estreitamente alada; folíolos 5-13(-15), opostos ou subopostos, geralmente
sésseis; lâmina (1,9-)2,6-5,6x(0,8-)1-2,5cm, no folíolo terminal (2,9-)3,4-6,6(-11,1)x1,1-
2,4cm, obovada, oval, oblonga, elíptica ou largamente elíptica, ápice obtuso ou agudo,
às vezes mucronado, margem inteira, irregularmente crenado-serrada ou serrada na
metade distal, levemente revoluta, base assimétrica, cuneada, decurrente, côncava ou
convexa, ambas faces glabras ou com tricomas curtos, adpressos, eretos ou oblíquos,
geralmente retos, esparsos, principalmente na nervura primária. Panículas axilares ou
terminais, creme-esverdeadas, masculinas 7,3-13cm, congestas, femininas 2,5-5,7cm,
laxas; pedúnculo 0,5-3,3cm, tricomas como nos ramos; brácteas 1-1,7x0,7-1,3mm,
deltadas, tricomas curtos, oblíquos, retos, esparsos, conspícuos na margem;
bractéolas 0,7x0,3mm, deltadas ou lanceoladas, tricomas como nas brácteas. Flores:
pedicelo verde, 1-2,2mm, articulado a 0,6mm do cálice, enlarguecido no ápice,
tricomas como no pedúnculo; sépalas verdes, 0,6-1,1x0,6-1,2mm, largamente ovais,
ápice arredondado ou obtuso, ambas faces glabras,margem glabra ou com tricomas
esparsos, conspícuos; pétalas creme, 1,6-2,5x0,8-1,5mm, oblongas, obovadas ou
ovais, ápice arredondado ou obtuso, ambas faces glabras; estames nas flores
masculinas antepétalos 0,9-1,8mm e antessépalos 2,2-2,9mm; estaminódios nas
flores femininas 0,6-0,9mm; ovário globoso ou irregularmente globoso, glabro. Drupas
rosadas ou vermelhas, 4-5mm diâm., glabras ou com tricomas curtos, esparsos.
Schinus terebinthifolius é amplamente distribuída pela América tropical e
subtropical, ocorrendo desde restingas e margem de manguezais até florestas
Ombrófila Densa, Alto-Montana e Semidecídua de altitude, e áreas antropizadas. D3,
D5, D6, D7, D8, D9, E5, E6, E8, E9, F4, F5, F6, F7, G6: nas florestas Estacional
Semidecidual e Ombrófilas Densa de Terras Baixas a Densa Alto-Montana, restingas,
matas de encostas e matas ciliares. Coletada com flores de janeiro a abril e de junho a
dezembro, e com frutos de janeiro a julho e de setembro a novembro. É usada em
arborização urbana e nas etapas inicias de reflorestamento de áreas perturbadas. Tem
sido amplamente utilizada na culinária nacional e internacional, pois suas sementes,
conhecidas como pimenta-rosa, apresentam um sabor suave e levemente apimentado.

42
Material selecionado: Bananal, III.1977, P.E. Gibbs et al. 4598 (UEC).
Botucatu, IV.1996, R. Montanholi 145 (UEC). Cachoeira Paulista, I.1987, J. Augusto
s.n. (R 185555). Campinas, I.2004, E. Ikemoto 49 (UEC). Cananéia, V.1990, P.
Martuscelli 1038 (SP, SPF). Cunha, III.1994, J.B. Baitello 566 (SP, SPF, SPSF, UEC).
Ilha Comprida, V.1999, N. Hanazaki & Z. Barbosa 119 (UEC). Itanhaém, IV.2009, C.
Moura et al. 273 (SPSF). Itapeva, I.1996, V.C. Souza et al. 10582 (ESA, HRCB, SP,
SPF, UEC). Itararé, II.2000, F. Barros 3009 (RB, SP, SPF). Itatiba, III.2003, E.R.
Passarin & L. Mickeliunas 1056 (UEC). Jacupiranga, II.1995, A. Sartori 33426 (HRCB,
SPF, UEC). Monte Alegre do Sul, III.1995, L.C. Bernnaci et al. 1216 (IAC). São
Miguel Arcanjo, IV.2002, S. Bortoleto et al. 73 (ESA, UEC). Tarumã, IV.1994, G.
Durigan 31682-A (UEC). Ubatuba, V.2007, I. Sazima 302 (UEC).
Schinus terebinthifolius apresenta variação morfológica considerável em
relação aos folíolos, principalmente na forma, tamanho, número, margem e ápice.
Baseado nas estruturas vegetativas, Engler (1876) propôs seis variedades, enquanto
que Barkley (1957), na revisão do gênero, reconheceu apenas quatro delas. As
análises morfológicas dos espécimes não apontam caracteres consistentes que
definam bem todas essas variedades, e estudos morfoanatômicos e fisiológicos
demonstram que Schinus terebinthifolius apresenta grande plasticidade morfológica
em resposta aos habitats com diferentes condições lumínicas (Sabbi et al. 2010),
dessa maneira o tratamento a nível infraespecífico parece inviável. As populações das
restingas podem ser diferenciadas das populações de outras formações vegetacionais
por apresentarem geralmente 5(-7-9) folíolos de (3,2-)4,9-10x(1,7-)2,2-3,3.
Bibliografia adicional
Sabbi, L.B.C., Ângelo, A.C. & Boeger, M.R. 2010. Influência da luminosidade
nos aspectos morfoanatômicos e fisiológicos de folhas de Schinus
terebinthifolius Raddi (Anacardiaceae) implantadas em duas áreas com
diferentes graus de sucessão, nas margens do Reservatório Iraí, Paraná,
Brasil. Iheringia, Bot. 65(2): 171-181.

5.3. Schinus weinmannifolius Mart. ex Engl. in Mart. & Eichler, Fl. bras. 12(2): 385.
1876.
Prancha 3, fig. E-E2 e Prancha 4, fig. F-I.
Nome popular: aroeira-rasteira, aroeira-do-campo.
Arbustos, 0,2-1m, ramos inermes, pouco ramificados, glabros ou raramente com
tricomas longos ou curtos, eretos, levemente sinuosos ou retos, esparsos. Folhas 4,6-
15cm, compostas, imparipinadas, cartáceas; pecíolo alado, 0,5-1,8cm, glabro; raque
alada; folíolos 7-21, opostos, subopostos ou alternos, sésseis; lâmina 1,1-3,3x0,4-1cm,

43
no folíolo terminal 1,5-2,2x0,6-0,9cm, elíptica, lanceolada, oblanceolada, oval ou
obovada, ápice acuminado ou agudo, margem sinuoso-dentada ou sinuoso-crenada
na metade distal ou inteira, levemente revoluta, base assimétrica, cuneada ou
convexa, no folíolo terminal decurrente, face adaxial glabra ou raramente na nervura
primária com tricomas longos, eretos, às vezes curtos, adpressos, levemente
sinuosos, esparsos, face abaxial glabra. Panículas axilares, creme-esverdeadas,
masculinas até 2,7-5cm, femininas 2cm; pedúnculo 0,7-1,9cm, glabro; brácteas 1,3-
2,1x0,4-0,8mm, lanceoladas, glabras ou com tricomas curtos, oblíquos, retos,
esparsos; bractéolas, geralmente 2, 0,7-1,1x0,3-0,6mm, lanceoladas, glabras ou com
tricomas como nas brácteas. Flores: pedicelo verde, 1,2mm, articulado ca. 1mm do
cálice, enlarguecido no ápice, tricomas curtos, eretos, retos, esparsos; sépalas verdes,
1,1-1,3x0,7-0,9mm, ovais, ápice agudo, glabras; pétalas creme, 1,7-2,6x0,7-1mm,
obovadas ou oblongas, ápice arredondado, glabras; estames nas flores masculinas
antepétalos ca. 1,8mm e antessépalos 2,4mm; estaminódios nas flores femininas 0,8-
1,1mm; ovário ovóide, glabro. Drupas vermelhas, 5,1-8mm diâm., glabras.
Schinus weinmannifolius ocorre nos campos e cerrados do sul, sudeste e
centro-oeste do Brasil, no Uruguai, Paraguai e nordeste da Argentina. E4, E5, E6, F4,
F5: nos cerrados e campos. Coletada com flores de novembro a dezembro, com frutos
de novembro a janeiro.
Material selecionado: Capão Bonito, XII.1966, J. Mattos 14876 (SP). Itaberá,
XII.1966, J. Mattos 14298 (SP). Itapetininga, I.1950, J. Lima s.n. (RB 69444). Itararé,
IX.1989, C.A.M. Scaramuzza & V.C. Souza 598 (ESA). Tatui, I.1918, Hoehne s.n. (SP
1443).
A margem dos folíolos de Schinus weinmannifolius apresenta variações
consideráveis, sendo que em um mesmo espécime é possível observar a margem
totalmente inteira, sinuoso-dentada ou sinuoso-crenada na metade distal.

6. Spondias L.

Árvores, perenifólias; ramos inermes. Folhas compostas, imparipinadas,


adensadas em direção ao ápice, membranáceas, cartáceas ou coriáceas, pecioladas;
raque não alada; folíolos opostos, subopostos ou alternos, margem inteira, crenada ou
serrada, base assimétrica ou simétrica, venação semicraspedródoma ou
craspedródoma, nervura primária levemente proeminente e secundárias planas na
face adaxial, nervura primária proeminente e secundárias levemente proeminentes ou
planas na face abaxial, nervura intramarginal presente. Inflorescência axilar ou
terminal, panícula, congesta, pedunculada; brácteas e bractéolas persistentes ou
decíduas. Flores pediceladas, pedicelo articulado, geralmente 5-meras, bissexuais ou

44
unissexuais em plantas dióicas ou poligamodióicas, fortemente protândricas; sépalas
conatas apenas na base; pétalas valvares; estames (8-)10, obdiplostêmones,
desiguais, entre os lobos do disco, anteras ovóide-complanadas; ovário 3-5-carpelar,
3-5-locular; óvulo apical; estiletes 3-5; estigmas 3-5, capitados ou oblíquo-capitados;
disco intraestaminal 10-crenado ou ondulado. Fruto drupa complanada, globosa,
obovóide ou elipsóide; epicarpo amarelo-alaranjado, vermelho-arroxeado ou
esverdeado; mesocarpo carnoso; endocarpo coriáceo, fibroso ou espinescente;
semente(s) 1-5, complanada, embrião curvo.
Gênero com aproximadamente 16 espécies, exibindo distribuição disjunta na
região Neotropical e na Ásia tropical. Nas Américas, ocorrem cerca de oito espécies
do México ao sul do Brasil. Spondias mombin L., S. purpurea L. e S. dulcis
Parkinson são espécies cultivadas pantropicalmente. Os frutos destas e outras
espécies de Spondias, conhecidos no Brasil como cajá, cajá-manga, umbu e taperebá
entre outros, são comestíveis e consumidos regionalmente.
Mitchell, J.D. & Daly, D.C. 1998. The “tortoise’s cajá” – A new species of
Spondias (ANACARDIACEAE) from southwestern Amazonia. Brittonia
50(4): 447-451.

____________________________________________________________________________________
1
Prancha 3. A-D. Schinus engleri, A. ramo frutífero; A . detalhe do indumento no ramo; B. inflorescência;
B1. detalhe do pedicelo mostrando a bráctea, as bractéolas e o pedicelo articulado; C. androceu, sem
2
pistilódio; D. gineceu, estaminódios e disco intraestaminal, sem perianto. E-E . Schinus
2 1 2
weinmannifolius, E-E . variação das folhas e raque; E. ramo florífero; E . ramo frutífero; E . folha. F-G.
1 1 1
Schinus terebinthifolius, F-F . variação foliar; F. ramo florífero; F . folha; G. ramo frutífero. H-J .
1
Spondias mombin, H. ramo florífero; I. detalhe da nervura intramarginal dos folíolos; J. flor bissexual; J .
1
gineceu e disco intraestaminal; K-N . Tapirira obtusa, K. ramo florífero; L. detalhe do indumento nas
1
nervuras da face abaxial do folíolo; M. flor feminina na antese; N. fruto; N . detalhe do indumento do fruto.
1
O-R. Tapirira guianensis, O. flor masculina na antese; O . pistilódio e disco intraestaminal; P. flor
1
feminina, sem duas sépalas e duas pétalas; Q. gineceu; R. corte longitudinal do fruto. (A-A . Lima 1144;
1 2
B-C. Silva-Luz 161; D. Silva-Luz 165; E. Barreto 3211; E . Mattos 14298; E . Lima RB 69444; F. Jung 427;
1 1
F -G. Bernacci 1428; H-I. Moraes 2; K-L. Hoehne SPF 13548; M-N . Nicolau 1797; O. Tomasulo 42; P-Q.
Hoehne 13939; R. Bernacci 722). Ilustrações: Klei Rodrigo Sousa.

45
46
1. Spondias mombim L., Sp. pl. 1: 200. 1753.
Prancha 3, fig. H-J1.
Spondias lutea L., Sp. pl. 2: 613. 1762.
Nome popular: cajá-mirim.
Árvores, 6-20m, ramos jovens lenticelados, glabros ou com tricomas curtos, eretos,
retos, esparsos, às vezes, longos, sinuosos, densos. Folhas 17,1-32cm, compostas,
imparipinadas, cartáceas ou membranáceas; pecíolo não alado, 3,5-10cm, tricomas
como nos ramos jovens, intumescidos nos nós com tricomas longos, eretos, sinuosos,
densos; folíolos 7-17, alternos ou subopostos, peciolulados; peciólulos 2-4mm, o do
folíolo terminal 8-25mm, tricomas longos ou curtos, eretos, retos ou levemente
sinuosos, esparsos, às vezes densos; lâmina 5-13,3x1,7-3,5cm, no folíolo terminal 6,6-
10x2,1-4,4cm, oval, oblonga ou elíptica, ápice longo-acuminado, margem inteira,
ondulada, base assimétrica, cuneada, decurrente, côncava ou convexa, faces adaxial
e abaxial na nervura primária e margem com tricomas curtos, eretos, retos, esparsos.
Panículas axilares ou terminais, amarelo-esverdeadas ou creme, 25,5-32,5cm;
pedúnculo 1,2-5,5cm, tricomas como nos ramos jovens; brácteas 1,5-3,5x0,4-0,5mm,
lanceoladas ou lineares, às vezes deltadas, tricomas como nos ramos jovens,
decíduas; bractéolas 0,5-0,6x0,4mm, geralmente deltadas, tricomas curtos, oblíquos,
retos, decíduas. Flores bissexuais com pedicelo 3,2-3,3mm, articulado a 2,2-2,4mm
do cálice, tricomas como nas brácteas; sépalas inconspícuas, 0,1-0,5x0,5-0,6mm,
deltadas, ápice agudo ou acuminado, ambas faces com tricomas curtos, oblíquos,
retos, esparsos; pétalas amarelo-esverdeadas ou creme, 2,2-3,6x1,1-1,4mm, ovais ou
obovadas, reflexas, ápice agudo, glabras; estames antepétalos 2-3,1mm e
antessépalos 2-4,2mm; ovário ovóide, glabro. Drupas obovóide-complanadas ou
ovóides, amarelas ou amarelo-alaranjadas, 22-38x13-25mm, lenticeladas, glabras.
Spondias mombin ocorre no sul do México, da América Central e Antilhas
até América do Sul tropical. É característica da floresta Ombrófila Densa na Amazônia
(matas de terra firme), florestas Estacionais Semideciduais, matas ciliares e formações
secundárias. B2, C1: nas florestas Estacionais Semideciduais e matas ciliares
próximas ao rio Paraná. Coletada com flores em outubro e novembro.
Material selecionado: Castilho, 21°04’29,5’’S, 51°35’15,8’’W, 13.X.1998,
L.R.H. Bicudo 275 (UFMS). Pres. Epitácio, XI.1992, I.Cordeiro et al. 1169 (SPF).
Material adicional examinado: GOIÁS, Campinaçu, X.1991, T.B. Cavalcanti
s.n. (SPF 79842). MATO GROSSO, Minaçu, I.1998, B.M.T. Walter s.n. (SPF 134837).
MATO GROSSO, Poconé, X.1985, W. Thomas et al. 46233 (INPA, NY, SPF). MATO
GROSSO, Rondonópolis, II 1974, G. Hatschbach 34111 (MBM, SPF). TOCANTINS,
Arraias, XI.1994, G. Hatschbach 60365 (MBM, SPF).

47
Prancha 4: A-E. Schinus engleri, A. hábito, B. flor masculina na antese, C. botão floral feminino, D.
gineceu, estaminódios e disco intraestaminal sem perianto, E. disco intraestaminal e pistilódio; F-I.
Schinus weinmannifolius, F. ramos floríferos, G. detalhe das flores masculinas, H-I. ramos frutíferos.
Fotos: A-E, C.L. Silva-Luz; F-I, G. Heiden. Escala: B-E= 1mm.

48
7. Tapirira Aubl.

Árvores ou arbustos, perenifólios; ramos inermes. Folhas compostas,


imparipinadas, cartáceas, pecioladas; raque não alada; folíolos subopostos ou
opostos, margem inteira, ondulada, base assimétrica, venação broquidródoma,
nervura primária proeminente atenuando-se no ápice nas faces adaxial e abaxial,
nervuras secundárias impressas na face adaxial e impressas ou proeminentes na face
abaxial. Inflorescência axilar ou terminal, panícula, pedunculada; brácteas e
bractéolas persistentes ou decíduas. Flores pediceladas, pedicelo não articulado, 5-
meras, unissexuais em plantas dióicas ou poligamodióicas; sépalas conatas na base,
subcarnosa; pétalas imbricadas; estames 10, obdiplostêmones, os antepétalos
menores, inseridos entre os lobos do disco, anteras elipsóides; estaminódios nas
flores femininas 10, dotados de anteras com pólen inviável; ovário 4-5-carpelar, 1-
locular; óvulo apical ou subapical; estiletes 4-5, curtos; estigmas (4)5, capitados;
pistilódio nas flores masculinas, com óvulo abortivo; disco intraestaminal 10-lobado.
Fruto drupa carnosa, ovóide ou ovóide-complanada, epicarpo negro ou roxo;
mesocarpo resinífero; endocarpo coriáceo; semente 1, embrião curvo; cálice
persistente; resquícios de estigmas.
Gênero neotropical, com cerca de oito espécies, distribuído desde o sul do
México até o sul do Brasil, Bolívia e Paraguai.
Barford, A.S. 1999. A new species of Tapirira (Anacardiaceae) from Ecuador.
Novon 9 (4): 472-475.
Mitchell, J.D. 1997. Anacardiaceae. In A.R.A. Görts-Van Rijn (eds.) Flora of
the Guianas - Series A: Phanerogams 19(129): 1-79.
Wendt, T. & Mitchell, J.D. 1995. A new species of Tapirira (Anacardiaceae)
from the Isthmus of Tehuantepec, Mexico. Brittonia 47(2): 101-108.

Chave para as espécies de Tapirira

1. Ramos jovens e inflorescências com tricomas curtos, adpressos, retos, esparsos;


nervura primária da face abaxial dos folíolos glabra ou com tricomas retos,
esparsos, indumento translúcido; ovário ovóide-complanado; drupa glabra ou com
tricomas curtos, geralmente adpressos, retos ................................ 1. T. guianensis
1’.Ramos jovens e inflorescências com tricomas longos, adpressos ou eretos, retos ou
levemente sinuosos, geralmente densos, às vezes esparsos, persistentes ou
decíduos; nervura primária da face abaxial dos folíolos com tricomas geralmente
sinuosos, densos, indumento ferrugíneo; ovário ovóide; drupa com tricomas longos,
eretos ou adpressos, sinuosos ............................................................... 2. T. obtusa

49
7.1. Tapirira guianensis Aubl., Hist. Pl. Guiane 1: 470, t. 188. 1775.
Prancha 2, fig. J-K e Prancha 3, fig. O-R.
Nome popular: pau-pombo, fruto-de-pomba, tabucuva, cupiúba, copiúva.
Árvores ou arbustos, 2-20m, ramos jovens com tricomas curtos, adpressos, retos,
esparsos, glabrescentes. Folhas 15-26,5cm; pecíolo não alado, (1-)2,5-6,5cm,
tricomas como nos ramos jovens; folíolos (3-)5-11, opostos ou subopostos,
peciolulados; peciólulos 1-3(-5)mm, o do folíolo terminal 6-17mm; lâmina 6,4-15,5x1,2-
9,3cm, elíptica, oblonga, ou obovada, ápice acuminado, às vezes retuso, base
cuneada ou decurrente, face adaxial glabra, brilhante, face abaxial glabra ou com
tricomas curtos ou longos, adpressos, retos, esparsos, indumento translúcido na
nervura primária. Panículas axilares, amarelo-esverdeadas, tricomas geralmente
curtos, adpressos ou oblíquos, retos ou levemente sinuosos, masculinas 9-19cm,
femininas 6,3-8cm; pedúnculo 1,5-4cm, tricomas como nos ramos jovens; brácteas
1,7x0,5mm, lanceoladas ou ovais; bractéolas 0,5-0,8x0,2-0,5mm, lanceoladas ou
ovais, tricomas densos, indumento translúcido. Flores: pedicelo 0,5-1,4mm, tricomas
curtos, adpressos, oblíquos ou eretos, retos ou sinuosos, densos; sépalas verdes, 0,3-
1(-1,5)x0,4-1(-2,2)mm, largamente ovais ou orbiculares, ápice arredondado ou obtuso,
face adaxial glabra, face abaxial tricomas curtos, adpressos, retos ou levemente
sinuosos, esparsos; pétalas alvo-amareladas ou alvo-esverdeadas, (0,9-)1,2-1,8(-
2,5)x0,7-1,2(-1,4)mm, lanceoladas ou ovais, ápice obtuso, face adaxial glabra, face
abaxial glabra ou com tricomas esparsos como nas sépalas; estames nas flores
masculinas antepétalos 0,7-1,8mm e antessépalos 1,1-1,8(-2,4)mm; estaminódios nas
flores femininas 0,7-1mm; ovário ovóide-complanado, tricomas longos, adpressos,
sinuosos, densos. Drupas verdes ou castanhas, ovóide-complanadas, 8-10x3,9-6mm,
glabras ou com tricomas curtos, geralmente adpressos, retos, esparsos.
Tapirira guianensis é a espécie de Anacardiaceae neotropical mais
amplamente distribuída, ocorrendo tanto nas florestas de terras baixas e baixo-
montanas da América do Sul como na América Central. No Brasil, é encontrada em
várias formações vegetacionais da Amazônia, em matas ciliares, em florestas pluviais
do nordeste, sudeste e sul, e em formações secundárias sobre solo úmido. B2, B3,
B4, B6, C1, C2, C3, C5, C6, C7, D1, D3, D4, D5, D6, D7, D8, E4, E5, E6, E7, E8, E9,
F4, F5, F6, G6: nas florestas Ombrófilas Densa Aluvial, Densa de Terras Baixas,
Densa Submontana e Densa Montana e Estacional, matas ciliares, restingas e
cerrados. Espécie regularmente com duas florações anuais (Warming 1908, Pirani
1987); coletada com flores de janeiro a abril e de junho a dezembro, e com frutos de
janeiro a março e de maio a dezembro. Produz frutos atrativos da fauna e possui

50
tolerância higromórfica, por isso é indicada para reflorestamentos heterogêneos de
áreas degradadas, principalmente de locais úmidos.
Material selecionado: Adamantina, IX.1995, L.C. Bernacci et al. 1994 (IAC,
SP, UEC). Aguaí, X.1994, L.S. Kinoshita 12/94 (HRCB, SP, SPF, UEC). Álvares
Florence, 21º19’S 49º54’W, XI.1994, M.R. Silva 1377 (SPF). Bauru, III.1998, L.C.
Miranda 414 (SP). Botucatu, V.1984, L.M. Braga et al. 28 (SPSF). Cajuru, XII.1999,
S.A. Nicolau et al. 1800 (SP, SPSF). Cananéia, II.1995, A. Sartori 32634 (ESA, SP,
SPF, UEC). Capão Bonito, X.1996, K.D. Barreto et al. s.n. (ESA 87086). Iguape,
24º47’S 47º42’W, I.1999, D. Sampaio et al. 59 (ESA, SPSF). Ilhabela, VI.2000, J.B.
Baitello 1768 (SPSF). Cunha, II.1994, P.E.G. Coutinho (SPSF 17455). Itaberá, I.1996,
V.C. Souza et al. 10565 (ESA, SPF, UEC). Itararé, 24º04’50’’S, 49º12’19’’W, XII.1997,
F. Chung 82 (ESA, IAC, SPSF, UEC). Itirapina, II.1994, J.Y. Tamashiro & J.C. Galvão
413 (HRCB, SP, SPF, SPSF). Jaboticabal, XI.1990, E.H.A. Rodrigues 112 (SP).
Jales, X.1951, W. Hoehne s.n. (SPF 13939). Paraguaçu Paulista, X.1994, G.A.D.C.
Franco 1279 (HRCB, SP, SPF, SPSF, UEC). Paranapanema, 23º31’22’’S
48º46’21’’W, XII.2007, R. Cielo-Filho et al. 573 (SPSF). Paulo de Faria, X.1994, A.L.
Maestro 69 (HRCB, SP, SPF). Penápolis, X.1981, J.R. Pirani 131 (SPF). Pereira
Barreto, XI.1985, L.P.M. Fonzar 172 (HRCB, SP). Presidente Epitácio, II.1996, J.P.
Souza et al. 370 (ESA, SP, UEC). São José do Rio Pardo, XII.1994, L.S. Kinoshita &
A. Sartori 10/94 (ESA, HRCB, SP, SPF, UEC). São Paulo, 23º39’47’’S 46º46’21’’W,
X.1992, R.J.F. Garcia 193 (PMSP, SPF). Teodoro Sampaio, X.1985, O.T. Aguiar 140
(SPF, SPSF).
Engler (1876) reconheceu em Tapirira guianensis três variedades,
baseadas, sobretudo na forma e dimensões dos folíolos; contudo, a análise dos
espécimes de diversas localidades apenas no âmbito do Estado de São Paulo já
mostra grande variabilidade nos folíolos e parece inviável a aplicação de nomes às
formas variantes discretas.
Bibliografia adicional
Warming, E. 1908. Lagoa Santa. Imprensa Official do Estado de Minas
Gerais. Belo Horizonte.

51
7.2. Tapirira obtusa (Benth.) J.D. Mitch., Novon 3: 66. 1993.
Prancha 2, fig. K-N1.
Mauria obtusa Benth., J. bot. Kew gard. misc. 4:16. 1852.
Tapirira marchandii Engl. in Mart. & Eichler, Fl. bras. 12(2): 379. 1876.
Tapirira peckoltiana Engl. in Mart. & Eichler, Fl. bras. 12(2): 379. 1876.
Nome popular: pau-pombo, peito-de-pomba.
Árvores 8-15m, ramos jovens com tricomas longos, adpressos ou eretos, retos ou
levemente sinuosos, normalmente densos, às vezes esparsos, persistentes ou
decíduos, indumento ferrugíneo. Folhas 17-26,5cm; pecíolo não alado, 2-6cm,
tricomas como nos ramos jovens; folíolos 5-9, opostos ou subopostos, peciolulados;
peciólulos 1-3mm, no folíolo terminal 4-10mm; lâmina 5,5-12,5x2,1-4,8cm, elíptica,
oblonga, obovada ou oval, ápice acuminado ou obtuso, às vezes agudo, base cuneada
ou decurrente, face adaxial com tricomas longos, adpressos ou eretos, sinuosos,
esparsos, face abaxial com tricomas longos, adpressos ou eretos, geralmente
sinuosos, densos, principalmente na nervura primária, indumento ferrugíneo nas
nervuras. Panículas axilares, amareladas ou alvo-esverdeadas com tricomas como
nos ramos jovens, masculinas 14,5-17cm, femininas 7cm; pedúnculo 1,8-3,7cm,
tricomas longos, eretos, sinuosos, densos, indumento ferrugíneo; brácteas 1,7x0,5mm,
lanceoladas ou ovais; bractéolas 1x0,7mm, ovais, tricomas como no pedúnculo.
Flores: pedicelo 1,2-1,8mm, tricomas como no pedúnculo; sépalas verdes, 0,7-
0,9x0,9-1,2mm, suborbiculares ou largamente ovais, ápice obtuso, face adaxial glabra,
face abaxial com tricomas esparsos; pétalas alvo-amareladas, 1,5-2,0x0,7-1mm, ovais
ou lanceoladas, ápice agudo ou obtuso, face adaxial glabra, face abaxial glabra ou
com tricomas curtos esparsos; estames nas flores masculinas antepétalos 0,7mm e
antessépalos 1,5-2mm; estaminódios nas flores femininas 1,2-1,5mm; ovário ovóide,
com tricomas curtos, oblíquos ou eretos, retos ou levemente sinuosos, densos,
indumento ferrugíneo. Drupas marrons ou castanho-escuras, globosas ou ovóide-
complanadas, 7-13x6-12mm, tricomas longos, eretos ou adpressos, sinuosos,
esparsos ou densos, indumento ferrugíneo, persistentes ou decíduos.
Tapirira obtusa distribui-se na região tropical da América do Sul; no Brasil,
ocorre nas formações vegetacionais da Amazônia, florestas pluviais do sudeste,
cerrado e mata ciliar da região centro-oeste, sendo pouco expressiva no nordeste. C6,
D6, D7, D9, E7, E8, F5: nas florestas Ombrófilas Densa de Terras Baixas a Densa
Montana e Estacional, matas ciliares e cerrados. Coletada com flores de agosto a
novembro, e com frutos de janeiro a março e de setembro a novembro. É indicada nos
reflorestamentos heterogêneos de áreas degradadas por apresentar frutos muito
aprecidos pela avifauna

52
Material selecionado: Cajuru, X.1999, S.A. Nicolau et al. 1797 (SP, SPF).
Capão Bonito, XI.1909, A. Lofgren 1494 (SP). Joanópolis, IX.1979, H.F. Leitão-Filho
et al. 10399 (UEC). Jundiaí, III.1986, R.R. Rodrigues & L.P.C. Morelatto s.n. (ESA,
SPF 79335). Loreto, A. Leme s.n. (SPSF 4690). São José do Barreiro, 2010, E.
Martins et al. 167 (SPF). São José dos Campos, X.1985, A.F. Silva 1261 (RB, UEC).
Tapirira obtusa é muito semelhante à T. guianensis, sendo diferenciadas
essencialmente por meio da forma e pilosidade do ovário e densidade de tricomas no
fruto maduro. Normalmente os ramos e as nervuras da face abaxial dos folíolos de T.
obtusa possuem tricomas densos e indumento ferrugíneo, porém, alguns espécimes
apresentam essas estruturas com tricomas esparsos como ocorre em T. guianensis.
Bibliografia adicional
Mitchell, J.D. 1993. Tapirira obtusa comb. nov. (Anacardiaceae). Novon 3(1):
66.

Lista de exsicatas

Aguiar, O.T.: 140 (7.1); Amarante, E.: SPF 72981 (5.1); Andrade, P.R.: MBM 29912
(3.1); Assis, P.F.: 362 (4.1), 259 (4.1); Augusto, J.: R 185555 (5.2); Baitello, J.B.:
203 (2.1), 566 (5.2), 695 (3.1), 1768 (7.1); Barreto, K.D.: 1765 (3.1), 3462 (3.1), 3211
(5.3), ESA 87086 (7.1); Barros, F.: 3009 (5.2); Batalha, M.A.: 677 (1.1); Bazarian,
S.V.: 35 (5.2); Bernnaci, L.C.: 42 (4.1), 270 (2.1), 1216 (5.2), 1428 (5.2), 722 (7.1),
1994 (7.1); Bortoleto, S.: 73 (5.2); Braga, L.M.: 28 (7.1); Carvalho, J.P.M.: SPSF
7894 (5.1), SPSF 7954 (5.1); Cavalcanti, T.B.: SPF 79842 (6.1); Ceccantini, G.C.T.:
2164 (5.2); Cesar, O.: 214 (1.1); Chaddad-Junior, J.: 250 (2.1); Cielo-Filho, R.: 573
(7.1); Cipolla, L.: SP 14542 (4.1); Chung, F.: 82 (2.1); Cordeiro, I.: 1169 (6.1);
Coutinho, P.E.G.: SPSF 17455 (7.1); De Grande, D.A.: 64 (5.2); Dombrowski, L.T.:
5492 (3.1); Dreveck, S.: 22 (3.1); Durigan, G.: 31682-A (5.2), UEC 77913 (3.1);
Farney, C.: 4657 (3.1); Fonseca, M.L.: 5882 (1.2); Fonzar, L.P.M.: 172 (7.1); Franco,
G.A.D.C.: 1279 (7.1); Gandolfi, S.: 365 (2.1); Garcia, R.J.F.: 193 (7.1), 260 (5.2);
Gaudichaud, C.: 925 (3.1); Gibbs, P.E.: 4598 (5.2); Godoy, S.A.P.: 583 (5.2); Goes,
M.: SPF 145095 (5.2); Gomes, J.C.: 2622 (5.2); Grotta, A.S.: 259 (1.1); Guedes,
C.R.F.: 6 (5.2); Guerin, N.: 160 (1.1); Hanazaki, N.: 119 (5.2); Hatschbach, G.:
34812 (1.1), 80 (3.1), 72492 (3.1), 34111 (6.1), 60365 (6.1); Hoehne, F.C.: SP 1443
(5.3), SP 8714 (5.1); Hoehne, W.: 12536 (1.1), SPF 12453 (1.1), SPF 13939 (7.1);
SPF 13548 (7.2); Ikemoto, E.: 49 (5.2); Itoman, M.K.: 55 (4.1); Ivanauskas, N.M.:
SPF 201247 (2.1), 6111 (3.1); Jaccond.: 69 (4.1); Jordão, A.: SPSF 6430 (4.1);
Jorge, S.O.: SPF 165799 (1.2); Jung, S.L.: 427 (5.2); Kampf, E.: 95 (4.1); Kiehl, J.:

53
5199 (3.1); Kinoshita, L.S.: 10/94 (7.1), 12/94 (7.1); Kirizawa, M.: 922 (5.2), 2190
(5.2); Kuhlmann, M.: 2130 (5.1), SP 32398 (5.1), SPF 83487 (2.1); Labouriau, M.S.:
111 (1.1); Leitão-Filho, H.F.: 478 (2.1), 8140 (4.1), 10399 (7.2); Leme, A.: SPSF 4690
(7.2); Lima, H.C.: 1144 (5.1); Lima, J.: RB 58080 (5.3), RB 69444 (5.3); Loebmann,
G.M.: SPF 201238 (1.2); Lofgren, A.: 1494 (7.2), 1827 (3.1); Macedo, E.E.: 148 (4.1);
Maestro, A.L.: 77 (3.1), 69 (7.1); Mantovani, W.: 843 (1.1); Marcondes-Ferreira, W.:
1056 (7.1); Martins, E.: 167 (7.2); Martuscelli, P.: 1038 (5.2); Mattos, J.: 9566 (5.3),
14298 (5.3), 14363 (5.1), 14524 (5.3), 14733 (5.1), 14876 (5.3), 15020 (5.1), SP
111921 (5.3); Mattos, J.R.: 16265 (1.2); Miranda, L.C.: 414 (7.1); Miyagi, P.H.: 383
(5.2); Montanholi, R.: 145 (5.2); Moraes, E.A.: 2 (6.1); Moura, C.: 273 (5.2); Naranjo,
E.J.L.: 102 (1.1); Nicolau, S.A.: 1797 (7.2), 1800 (7.1); 1813 (7.2); Paschoal, M.E.S.:
2471 (1.1); Passarin, E.R.: 1056 (5.2); Pereira-Noronha, M.R.: 1328 (3.1), 1382 (4.1),
1610 (4.1); 1633 (1.1); Pickel, B.: SPSF 2580 (1.2); Pinheiro, M.H.O.: 118 (3.1);
Pirani, J.R.: 2892 (1.2), 2670 (1.2), 4516 (1.2), 649 (3.1), 131 (7.1); Polisel, R.T.: 318
(5.1); Queiroz, L.P.: 2504 (5.1), 2524 (5.1); Robim, M.J.: 8775 (3.1), SPSF 8694 (5.1);
Rocha, Y.T.: ESA 33296 (1.1); Rodrigues, E.H.A.: 51 (4.1), 112 (7.1); Rodrigues,
R.R.: 1 (4.1), 102 (4.1), SPF 79335 (7.2); Romão, G.O.: 1828 (3.1); Rossi, L.: 224
(5.2); Ruffino, P.H.P.: 133 (3.1); Sakuragui, C.M.: 488 (3.1); Saite, Y.: 439 (3.1);
Sampaio, D.: 59 (7.1); Sanches, C.D.: 23 (5.2); Sartori, A.: 32634 (7.1), 33426 (5.2);
Sasaki, D.: 680 (3.1), 776 (1.1); Sazima, I.: 302 (5.2); Scaramuzza, C.A.M.: 531 (1.1),
598 (5.3); Serafim, H.: 118 (7.1), 448 (5.1); Simão-Bianchini, R.: 153 (5.1); Silva,
A.F.: 1261 (7.2); Silva, G.P.: 520 (1.2); Silva, M.R.: 1377 (7.1); Silva-Luz, C.L.: 161
(5.1.), 165 (5.1); Souza, J.P.: 370 (7.1); Souza, V.C.: 7101 (3.1), 7103 (5.3), 10565
(7.1); 10582 (5.2); Sugiyama, M.: 640 (5.2); Tamashiro, J.Y.: 343 (4.1), 413 (7.1), 708
(3.1); Thomas, W.: 46233 (6.1); Toledo-Filho, L.C.: 26032 (2.1); Tomasulo, L.B.: 42
(7.1); Tozzi, A.M.G.A.: 58 (3.1); Venturelli, M.: SPF 78304; Walter, B.M.T.: SPF
134837 (6.1); Xavier, S.: 74 (5.1); Zickel, S.: 30270 (2.1).

3.2. Estado de conservação e distribuição geográfica das espécies

De acordo com estudo da distribuição geográfica das Anacardiaceae do


Estado de São Paulo, Lithrea brasiliensis é a única espécie ameaçada, tendo sido
categorizada como presumivelmente extinta (EX) no Estado. Com exceção do
material-tipo, coletado em 1833, não há registros ulteriores desse táxon no Estado,
inserindo-se no critério “ausência de novos registros nos últimos 50 anos, inclusive em
condições ex-situ”. As informações imprecisas sobre a procedência do espécime-tipo
de L. brasiliensis podem levar ao questionamento da sua efetiva ocorrência no Estado.
Porém, existem registros antigos da espécie em Minas Gerais também, coletados por

54
Gaudichaud e Saint Hilaire, sem coletas recentes. Portanto, a ausência atual dessa
espécie em São Paulo e Minas Gerais pode ser o resultado de extinção local das
populações, que talvez fossem pequenas e escassas e acabaram sendo eliminadas
localmente com a destruição e diminuição de habitats. A modificação da paisagem
natural geralmente ocorre pela ação antrópica, sendo a restinga ameaçada
principalmente pela especulação imobiliária e pela a expansão da malha viária; o
cerrado, equivocadamente, considerado no passado de qualidade inferior, teve sua
área muito reduzida, cedendo lugar à agropecuária; a Floresta Estacional, devido ao
porte robusto e riqueza, foi fortemente explorada e reduzida a fragmentos que se
encontram isolados e empobrecidos (Nalon et al. 2008). A ausência de Lithrea
brasiliensis em São Paulo não parece ser resultante de lacunas de coletas, pois
extensivos trabalhos de campo já foram realizados na maior parte do Estado, incluindo
grandes projetos como a Flora Fanerogâmica do Estado de São Paulo, entre muitos
outros levantamentos florísticos e fitossociológicos. Tampouco parece ser o resultado
de falta de identificações acuradas, pois L. brasiliensis é uma espécie facilmente
reconhecida por apresentar folhas com nervura marginal conspícua e frutos do tipo
drupa, esverdeados ou verde-cinéreos. O padrão de distribuição atual de L.
brasiliensis é disjunto (figura 5), com populações em Cabo Frio no Rio de Janeiro, e as
demais populações nos Estados da região sul do Brasil, no Uruguai e na Argentina. É
reportado que ao norte e a leste de Cabo Frio forma-se uma vegetação mais seca e
decídua com características xerófilas devido aos baixos índices pluviométricos (Hueck
1972, Dantas et al. 2009). Sob condições ambientais extremas, principalmente ventos
fortes, ocorre nessa região uma formação decidual com cactáceas colunares, por isso,
essa vegetação já foi classificada como uma disjunção fisionômica da caatinga
(Ururahy et al. 1987). Essa disjunção também pode ser interpretada como uma
extensão das matas secas do interior do país, que se aproximam da costa nessa
região de baixa pluviosidade, interrompendo a faixa de mata pluvial da costa oriental
do Brasil (Pennington et al. 2004). L. brasiliensis é uma espécie característica e
preferencial de capões dos campos do Planalto Meridional, porém ocorre ainda com
bastante frequência nas restingas e de forma rara e pouco frequente na Floresta
Ombrófila Densa e na Floresta Estacional Decidual do Alto Uruguai (Fleig 1989).
Dessa maneira, a ocorrência descontínua (sudeste e sul) de Lithrea brasiliensis nas
restingas poderia ser o resultado da ação antrópica, como já foi mencionado, ou outra
hipótese seria a rota de migração NE-SW (Oliveira-Filho & Ratter 1995). Esta rota,
relíquia de uma Floresta Decídua mais expressiva, conectava as caatingas do
nordeste às Florestas Semidecíduas no sudeste do Brasil e sul do Paraguai (Prado &
Gibbs 1993), e devido a mudanças climáticas essa faixa retraiu-se, restando

55
atualmente apenas fragmentos como o encontrado em Cabo Frio, e
consequentemente, a população de Lithrea brasiliensis teria ficado isolada nesse
município.
Embora Myracrodruon urundeuva tenha sido categorizada como vulnerável
(VU) por Mamede et al. (2007), os dados de herbários ora compilados mostram que
esta espécie é afetada somente no critério “histórico de exploração predatória”. De
acordo com os critérios estabelecidos para categorização do estado de conservação
das espécies do Estado de São Paulo, para que um táxon seja considerado vulnerável
é necessário que exiba suscetibilidade segundo três ou mais critérios, por isso,
Myracrodruon urundeuva é classificada no presente trabalho como “quase ameaçada”
(NT). As demais espécies de Anacardiaceae que ocorrem no Estado receberam a
categorização de “preocupação menor” (LC), conforme mostra a tabela 3.

Figura 5: Distribuição de Lithrea brasiliensis (▲) e de Lithrea molleoides (●) no Estado de São Paulo. As
populações de L. brasiliensis do Rio de Janeiro apresentam folhas obovadas com ápice truncado ou
emarginado; enquanto os espécimes do sul do Brasil, Argentina e Uruguai possuem folhas geralmente
oblongas com ápice mucronado.

56
Tabela 2: Espécies candidatas à lista de espécies ameaçadas.
Critério Exclusão 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

Ocorrência Ausência Registro Distribuição Ocorrência Ocorrência Baixa Coleta Dispersão Espécies Ocorrência Histórico
aumenta de nos geográfica desconhecida exclusiva densidade predatória ou que exclusiva de
com registro últimos 50 restrita em unidades em unidades populacional polinização ocorrem no exploração
a nos anos de de por animais em um noroeste predatória
presença últimos apenas e conservação conservação ameaçados tipo de do Estado
do 50 anos condições formação
homem ex-situ vegetal
Espécie Categoria
Anacardium humile LC
Anacardium occidentale LC
Astronium graveolens LC
Lithrea brasiliensis X EX
Lithrea molleoides X LC
Myracrodruon urundeuva X NT
Schinus engleri X LC
Schinus terebinthifolius X LC
Schinus weinmannifolius X LC
Spondias mombin X LC
Tapirira guianensis LC
Tapirira obtusa LC

57
Schinus engleri é encontrada, no Estado de São Paulo, nas florestas
Ombrófila Mista Alto-Montana
Montana de Campos do Jordão e da Serra da Bocaina (tabela 4,
figura 6). A floresta Ombrófila Mista, formação caracterizada pela presença
presen de
Araucaria e que representa um relicto no domínio da Mata Atlântica, distribui-se
distribui de
forma contínua desde a porção central do Rio Grande do Sul ao sul do Estado de São
Paulo, reaparecendo em manchas disjuntas nas elevações mais altas das serras da
Mantiqueira
tiqueira e da Bocaina, no nordeste do Estado de São Paulo, e avançam sobre o
sul de Minas Gerais (Hueck 1972, Mantovani 2003), sendo tais regiões coincidentes
com a distribuição total de Schinus engleri (figura 6). De acordo com levantamento
bibliográfico e o estudo das coleções herborizadas, com exceção de Campos do
Jordão, esta espécie ainda não havia sido
s registrada para outros municípios do
Estado, sendo registrada recentemente em Areias, na Serra da Bocaina. A ocorrência
desse táxon parece estar relacionada
relaci com a altitude elevada,
a, pois embora o Núcleo
N
Curucutu do Parque Estadual da Serra do Mar, região com altitude entre 750-850
750 m,
apresente similaridade florística com a formação campestre de Campos de Jordão
e/ou Itatiaia (Garcia & Pirani 2005), não há registros de Schinus engleri para essa
área. É possível que essa espécie ocorra também na orla de matas
as das regiões de
altitudes elevadas de outros municípios da Serra da Bocaina e da Mantiqueira.

Figura 6: Distribuição de Schinus engleri (●), S. terebinthifolius (■) e S. weinmannifolius (▲) no Estado de
São Paulo.

58
Schinus weinmannifolius ocorre nos cerrados e campos de Itararé e Itapeva,
entre outros municípios localizados próximos à região sul-sudoeste do Estado de São
Paulo (tabela 4, figura 6). Essas formações savânicas estendem–se até a região
adjacente de Jaguariaíva, no Paraná, e constituem as áreas mais meridionais de
cerrado do país. A espécie distribui-se para o sul bem além dessas áreas, ocupando
até as formações campestres do Rio Grande do Sul, denominadas genericamente de
pampas ou campanha gaúcha. A maioria das coleções disponíveis dessa espécie
oriundas do Estado de São Paulo são antigas (entre 1918-1967) e a mais recente data
de 1994. Com o objetivo de buscar informações sobre suas populações e seu estado
de conservação no Estado de São Paulo, expedições a campo foram realizadas nos
municípios com registro dessa espécie, porém sem sucesso. A vegetação desses
municípios encontra-se consideravelmente impactada, sendo que a paisagem que
predomina nessas regiões são as plantações de pinheiro e de eucalipto. Isso se deve
principalmente ao fato de que a política científica e de conservação não tem conferido
a atenção adequada aos campos subtropicais úmidos (Pillar 2006). Além disso, esses
campos são remanescentes da porção norte dos campos do Planalto Meridional que,
no passado, recobriam o Arco de Ponta Grossa até o sul do Estado do Paraná. Este
tipo de formação apresenta condições climáticas e edáficas favoráveis para a
expansão da Floresta Ombrófila Mista (Pillar 2003). Entretanto, este processo de
regressão das áreas de campos tem sido estabilizado devido à ação do fogo (Pillar &
Quadros 1997). A implementação de florestamentos em diversas áreas ao longo do
Arco de Ponta Grossa e a eliminação da prática do fogo tem causado impacto nos
campos, como a invasão de pinheiros (Pinus) e a mudança em sua fisionomia
(Scaramuzza 2007). Schinus weinmannifolius não atendeu ao número de critérios
necessários para ser categorizada como espécie ameaçada, porém de acordo com os
resultados desse estudo é possível perceber que as populações da espécie estão em
declínio no Estado. São poucos os estudos sobre a caracterização florística dos
campos do Estado de São Paulo (Usteri 1911, Joly 1950b, Garcia & Pirani 2005,
Scaramuzza 2007), porém esses dados são suficientes para mostrar que, apesar
desses campos abrangerem um território reduzido, eles possuem uma flora rica,
principalmente os de Itararé, que possuem uma riqueza de espécies elevada,
contendo muitos táxons inéditos e ameaçados de extinção para o Estado de São
Paulo (Scaramuzza 2007). Além disso, esses estudos evidenciam que essas áreas
têm sofrido mudanças na paisagem devido à ação antrópica e por isso, mais esforços
são necessários a fim de assegurar a conservação desses remanescentes de campos.

59
Figura 7:: Distribuição de Astronium graveolens (▲),
( Myracrodruon urundeua (■)) e Spondias mombin (●)
(
no Estado de São Paulo.

Astronium graveolens e Myracrodruon urundeuva,, assim como a maioria das


espécies de
e Anacardiaceae, ocorrem nas Florestas Estacionais Semideciduais e nos
cerrados do Estado de São Paulo (tabela 3, figura 7). Essas formações compreendem
áreas do Estado que têm sofrido muitos impactos ambientais, e isto explica,
consequentemente, o número relativamente alto de espécies que ocorrem em áreas
antropizadas (figura 10).
Spondias mombin não foi registrada no Estado de São Paulo no Catálogo de
Plantas e Fungos do Brasil (Silva-Luz
(Silva Luz & Pirani 2010), sendo escassos os estudos
taxonômicos sobre esse gênero,
gênero, assim como dados acerca da sua distribuição
geográfica. A análise das coleções de Anacardiaceae depositadas nos herbários do
Estado contribuiu para ampliar os dados de distribuição dessa espécie, sendo que no
Estado de São Paulo, Spondias mombin apresenta
esenta distribuição restrita, ocorrendo
somente na Floresta Estacional do oeste e noroeste do Estado (figura
(figura 7).
7 É possível
que o número de registros dessa espécie esteja subestimado (coletas somente em
dois municípios), pois essas regiões do Estado de São Paulo ainda possuem lacunas
de coleta, sendo indicadas como áreas prioritárias para levantamentos da fauna e flora
(Metzger & Rodrigues 2008). Spondias mombin apresenta frutos comestíveis, por isso
é comumente cultivada em outras regiões.

60
Anacardium humile ocorre nos cerrados paulistas, enquanto Anacardium
occidentale possui distribuição restrita às restingas (figura 8). As demais espécies,
Lithrea molleoides (figura 5), Schinus terebinthifolius (figura 6) e Tapirira guianensis
(figura 9) são as espécies mais amplamente distribuídas da família no Estado de São
Paulo, sendo encontradas em quase todas as formações vegetacionais, inclusive em
áreas antropizadas (tabela 4). Tapirira obtusa é uma espécie comum, porém ocorre
com menos freqüência do que T. guianensis, não sendo encontrada na restinga e
Floresta Ombrófila Densa Aluvial, assim como também não existe registro para áreas
antropizadas. No Brasil, Tapirira guianensis é amplamente distribuída em todo
território brasileiro, principalmente em terrenos úmidos (Oliveira Filho & Ratter 1995),
sendo um elemento importante do estrato lenhoso de matas do Brasil Central (Silva
Júnior et al. 1998). Entre os táxons da familia que ocorrem nas fitofisionomias da Mata
Atlântica é possível citar Schinus terebinthifolius, Tapirira guianensis e Tapirira obtusa
(figura 10). Do ponto de vista ecológico, essas espécies são indicadas em
reflorestamentos heterogêneos de áreas degradadas por apresentar frutos atrativos da
fauna, além disso Tapirira guianensis possui capacidade de tolerar áreas úmidas
(Lorenzi 2008).
Devido à sua posição geográfica, o Estado de São Paulo apresenta padrões
biogeográficos interessantes (Wanderley et al. 2006). Algumas espécies de
Anacardiaceae podem ocorrer nas regiões norte, nordeste e/ou centro-oeste do Brasil
e têm o seu limite sul nos Estados do Rio de Janeiro e de Minas Gerais. É o caso de
Thyrsodium spruceanum Benth., Anacardium nanum A. St.-Hil., Astronium concinnum
Schott., Astronium nelson-rosae Santin, Cyrtocarpa caatingae J.D. Mitch. & Daly,
Schinopsis brasiliensis Engl., Spondias macrocarpa Engl. e Spondias venulosa (Engl.)
Engl. Astronium glaziovii Mattick ocorre na região sudeste, nos Estados de Minas
Gerais e Rio de Janeiro, porém não é registrada para o Estado de São Paulo. Em
relação à sua distribuição, é importante mencionar que foi encontrado um exemplar
dessa espécie (Francisca, R 73545) no herbário do Museu Nacional, coletado no
Estado de São Paulo. Na ficha desse exemplar é citado “Porangaba” como local de
coleta. De acordo com o protólogo dessa espécie, entre os materiais analisados está o
exemplar do herbário citado acima, coletado por Freire Allemão (Mattick 1934), por
isso, o nome “Francisca” que consta na etiqueta dessa exsicata deve ser retificado
para “Francisco”, cujo nome completo é Francisco Freire Allemão e Cysneiros. Ao
buscar mais informações sobre o local da coleta desse exemplar, foi possível
constatar por meio das biografias de Freire Allemão (Mello Moraes 1874, Morais
2005), que ele não teria realizado coletas botânicas no Estado de São Paulo, e que a
localidade citada na ficha de coleta dessa exsicata também é errônea, pois

61
“Porangaba” trata-se certamente do sítio Porangaba, localizado no bairro conhecido
atualmente como Mendanha, Rio de Janeiro.
Outras espécies têm o seu limite sul no Estado de São Paulo, tais como
Anacardium occidentale, Myracrodruon urundeuva, Spondias mombin e Tapirira
obtusa. Esse padrão de distribuição com limite sul no Estado de São Paulo também é
compartilhado por espécies de outras famílias, tais como Apocynaceae (Forsteronia
australis Müll. Arg. e F. pubescens A. D.C.), Asclepiadacceae (Matelea orthosioides
(E. Fourn.) Fontella), Oxalidaceae (Oxalis physocalyx Zucc. ex Prog. e O. umbraticola
A. St.-Hil.), Rhamnaceae (Gouania corylifolia Raddi) e Velloziaceae (Vellozia tubiflora
(A. Rich.) Kunth). Ainda é observado que a maioria das espécies dos gêneros Schinus
e Lithrea apresenta um padrão de distribuição subtropical a temperado, ocorrendo no
Uruguai, na Argentina e sul do Brasil até o Estado de São Paulo, onde tem seu limite
norte de distribuição. Este padrão também é observado em outras famílias como, por
exemplo, Apiaceae (Conium maculatum L., Eryngium eriophorum Cham. & Schltdl e E.
stenophyllum Urb.), Burseraceae (Protium kleinii Cuatrec), Myrsinaceae (Rapanea
balansae Mez), Oxalidaceae (Oxalis conorrhiza (Feuillée) Jacq. e O. niederlienii Knuth)
e Turneraceae (Piriqueta taubatensis (Urb.) Arbo) (Wanderley et al. 2006).
Em relação à distribuição das espécies de Anacardiaceae no Brasil, as
regiões apresentam um número semelhante de táxons, sendo a região norte, com 26
spp., a que possui maior número de espécies, sendo Anacardium microsepalum Loes
a espécie endêmica dessa região. Na região Nordeste, ocorrem 23 spp., sendo
Apterokarpos gardneri Rizzini a espécie endêmica dessa região. No Sudeste, ocorrem
22 spp., e a espécie endêmica dessa região é Astronium glaziovii. No Centro-oeste,
ocorrem 21 spp., sendo Anacardium corymbosum Barb. Rodr. a espécie endêmica
dessa região. Na região Sul, ocorrem 17 spp., sendo Schinus spinosus Engl. endêmica
dessa região (figura 11). Mais oito espécies endêmicas são registradas para o Brasil,
porém com ocorrência em mais de uma região brasileira, é o caso de Anacardium
parvifolium Ducke que ocorre no norte e nordeste; Astronium concinnum Schott,
Spondias macrocarpa Engl., Spondias venulosa (Engl.) Engl. e Spondias tuberosa
Arruda que ocorrem no nordeste e sudeste; Anacardium nanum A. St.Hil. e Astronium
nelson-rosae Santin que ocorrem no centro-oeste e sudeste, e por fim, Cyrtocarpa
caatingae J.D. Mitch. & Daly que ocorre no nordeste, centro-oeste e sudeste (figura
11).
Nas regiões Norte e Sul do Brasil, o padrão de distribuição difere das demais
regiões em relação ao número de espécies regionais, sendo que Anacardium e
Thyrsodium, gêneros predominantemente amazônicos, são os responsáveis pelo
número relativamente elevado de espécies regionais no norte, enquanto Schinus,

62
gênero de distribuição austral, é o principal representante pelo número de espécies
regionais no sul. Recentes discussões têm destacado o papel potencial da
conservação do nicho (ou bioma) filogenético na formação de pools de espécies
regionais (Donoghue 2008, Crisp et al. 2009). De acordo com Crisp et al. (2009), a
conservação do bioma filogenético tem prevalecido nas regiões temperadas dos
continentes e biomas do hemisfério sul durante a radiação das linhagens de plantas,
tanto dentro dos continentes como em colonizações transoceânicas. Além disso, o
sucesso evolutivo desses táxons seria resultado da expansão desses biomas devido a
mudanças climáticas e não por adaptação a novos biomas (evolução de nicho). Já
para a região tropical, Wiens & Donoghue (2004) sugerem a hipótese de conservação
de nicho tropical, onde as linhagens teriam originado e diversificado nesta região
devido à estabilidade climática a longo prazo e também pela tendência das espécies
reterem o nicho climático ao longo da escala evolutiva.
No centro-oeste, nordeste e sudeste, com exceção das espécies endêmicas
de cada região, não existem espécies regionais. Isto se deve ao fato de que as
divisões políticas em regiões não necessariamente correspondem à classificação em
setores biogeográficos como, por exemplo as regiões fitogeográficas de Takhtajan
(1986) ou reinos biogeográficos de Morrone (2002), bem como as categorias inferiores
propostas por cada sistema (regiões, sub-regiões, províncias e setores), que são o
fundamento empírico primário da biogeografia. As espécies que compõem essas
regiões são amplamente distribuídas nos domínios do cerrado e da Mata Atlântica e
menos frequente na caatinga, por isso não se observa espécies regionais uma vez
que esses domínios ocorrem nas três regiões.

63
Figura 8: Distribuição de Anacardium humile (●) e Anacardium occidentale (▲) no Estado de São Paulo.

Figura 9:: Distribuição de Tapirira guianensis (●)


( e Tapirira obtusa (▲) no Estado de São
ão Paulo.

64
Tabela 3: Distribuição das espécies de Anacardiaceae de São Paulo nas formações vegetacionais naturais e em áreas antropizadas do Estado.
Campo Cerrado Floresta Floresta Floresta Floresta Floresta Floresta Floresta Restinga Área
Estacional Ombrófila Ombrófila Ombrófila Ombrófila Ombrófila Ombrófila antropizada
Semidecidual Densa Densa de Densa Densa Densa Alto- Mista
Aluvial Terras Submontana Montana Montana Alto-
Baixas Montana
Anacardium humile X X
Anacardium occidentale X
Astronium graveolens X X X
Lithrea molleoides X X X
Myracrodruon urundeuva X X X
Schinus engleri X
Schinus terebinthifolius X X X X X X X
Schinus weinmannifolius X X
Spondias mombin X
Tapirira guianensis X X X X X X X X
Tapirira obtusa X X X X X
Observação: Lithrea brasiliensis não foi incluída nesta tabela, pois o único exemplar não faz referência do município e do ambiente em que foi coletado.

Figura 10: Gráfico da distribuição das espécies de Anacardiaceae nas diversas formações vegetacionais naturais e em áreas antropizadas de São Paulo.
8
7
6
5
4
3
2
1
0
Campo Cerrado Floresta Floresta Floresta Floresta Floresta Floresta Floresta Restinga Área
Estacional Ombrófila Ombrófila Ombrófila Ombrófila Ombrófila Ombrófila antropizada
Semidecidual Densa Aluvial Densa Terras Densa Densa Montana Densa Alto Mista Alto-
Baixas Submontana Montana Montana

65
Figura 11: Número de espécies de Anacardiaceae por região brasileira. As áreas brancas em cada diagrama circular
refere-se ao número de espécies regionais (não endêmicas do Brasil); as áreas cinza-claras expressam o número de
espécies endêmicas da região e as áreas cinza-escuras expressam o número de espécies que também ocorrem em
outras regiões brasileiras. Os círculos pretos indicam o número de espécies endêmicas compartilhadas pelas duas
regiões conectadas por pontilhados brancos. As setas pretas ilustram os gêneros que possuem riqueza de espécies na
região. Dados baseados em Silva-Luz & Pirani 2010. Não foram considerados níveis infraespecíficos.

1
9
16

1
1

22

1 4
20

1
2

21
1

11 5
1

66
3.3. Diversidade sexual e padrões fenológicos gerais das Anacardiaceae de São
Paulo

Desde os estudos de Charles Darwin é reconhecido que as angiospermas


possuem uma diversidade de sistemas sexuais incomparável. Determinar os fatores
genéticos e ecológicos que guiam a diversificação sexual atual é um tema central na
biologia evolutiva das plantas. A integração dos estudos filogenéticos, ecológicos e de
genética de populações tem proporcionado uma nova compreensão dos mecanismos
seletivos que são responsáveis pelas principais transições entre os modos
reprodutivos. É importante ressaltar que as angiospermas apresentam uma notável
labilidade ecológica e evolutiva no sistema sexual (Barrett 2002).
Bawa & Beach (1981) sugerem que os sistemas sexuais, tais como os
observados em plantas hermafroditas, monóicas, andromonóicas, ginomonóicas,
dióicas, androdióicas e ginodióicas são padrões relativos à alocação de recursos às
funções paternais e maternais para melhorar o sucesso reprodutivo maternal e
paternal de diferentes formas. Ressaltam ainda que esses padrões diferentes surgem
principalmente em resposta à competição reprodutiva, resultado da seleção sexual e,
por fim, que a evolução de um padrão particular é formada devido à dinâmica do
sistema de polinização.
Flores de espécies dióicas são geralmente pequenas e pouco especializadas
possuindo cores claras e inconspícuas (Bawa 1980). Tal padrão é observado na
maioria dos gêneros da família Anacardiaceae, a qual apresenta táxons com flores
unissexuais que frequentemente portam pistilo ou estames rudimentares (pistilódio e
estaminódios) em plantas dióicas (Ibarra-Marínquez & Oyama 1992, Renner & Ricklefs
1995), sendo que poucas espécies são plantas hermafroditas ou poligamodióicas.
Frequentemente o sexo das flores de muitos grupos tem sido confundido devido à
ausência de estudos morfológicos acurados e pela carência no entendimento da
necessidade de se adotar um critério mais funcional do que morfológico ao se
interpretar a sexualidade nas plantas (Barrett 2002). Isto é observado principalmente
nas flores classificadas como polígamas, quando na realidade trata-se de flores
funcionalmente unissexuais. Em muitos casos as flores masculinas são claramente
unissexuais (com o ovário pequeno abortivo), enquanto as flores femininas aparentam
ser bissexuais, mas os estames possuem anteras abortivas, estado que é evidenciado
somente quando estas são seccionadas (Wannan 2006).
Apesar de apenas cerca de 6% das angiospermas possuírem flores
unissexuais (Renner & Ricklefs 1995), a dioicia é o sistema sexual predominante nas
Anacardiaceae, inclusive nos táxons que ocorrem no Estado de São Paulo. Acredita-
se que esse sistema sexual provavelmente surgiu várias vezes ao longo da história

67
evolutiva das angiospermas, sendo a redução de endogamia e a seleção sexual os
principais fatores responsáveis pela evolução desse sistema reprodutivo (Bawa 1980).
Em relação às espécies de Anacardiaceae do Estado de São Paulo,
Astronium graveolens, Lithrea brasiliensis, L. molleoides, Myracrodruon urundeuva,
Schinus engleri, S. terebinthifolius, S. weinmannifolius, Tapirira guianensis e T. obtusa
apresentam flores unissexuais em plantas dióicas. Anacardium humile e A.
occidentale são espécies andromonóicas e Spondias mombin possui flores bissexuais
em plantas hermafroditas.
Estudos com espécies dióicas em ecossistemas tropicais mostram forte
associação entre a dioicia e a polinização por grande variedade de insetos
generalistas (Bawa 1980). Estudos de biologia floral realizados em diversas regiões do
Brasil (Lenzi & Orth 2004, Lenza & Oliveira 2005, Cesário & Gaglianone 2008, Villa et
al. 2010) têm mostrado que as flores de Schinus terebinthifolius e Tapirira guianensis
são visitadas por abelhas, moscas e vespas, sendo classificadas como generalistas
quanto à diversidade da entomofauna visitante floral.
Lenzi & Orth (2004) chamam a atenção para a presença de dimorfismo
sexual, manifestado na maioria das espécies de Anacardiaceae do Estado de São
Paulo pelo maior comprimento e largura das inflorescências masculinas, fato já
mencionado por Fleig (1989) para Schinus terebinthifolius e para Lithrea e Tapirira por
Pirani (1982). Acredita-se que a divisão de funções poderia ocasionar diferenças nas
dimensões das inflorescências masculinas e femininas (características sexuais
secundárias). Em plantas dióicas, esse caráter geralmente está associado também
com o maior tamanho dos indivíduos masculinos e, consequentemente, com maior
número de inflorescências e flores masculinas produzidas (e.g. Lloyd & Webb 1977,
Bawa 1980), as quais produzem maior suprimento de pólen, elevando a probabilidade
de deixar um número maior de descendentes (Obeso & Retuerto 2001). Essas
diferenças são consideradas estratégias adaptativas que levam ao aumento das
chances dos grãos de pólen chegarem aos estigmas, mesmo se houver grandes
perdas (Carmo & Franceschinelli 2002). No entanto, a semelhança entre as flores de
S. terebinthifolius somada à sincronia da fenofase reprodutiva, da antese e da oferta
dos recursos tróficos parece diminuir as diferenças, favorecendo o sucesso
reprodutivo por meio da atração dos visitantes florais às flores masculinas e femininas
(Lenzi & Orth 2004). Quanto ao período de floração e frutificação, estudos realizados
em restingas (Lenzi & Orth 2004, Cesário & Gaglianone 2008) indicam que S.
terebinthifolius apresenta dois períodos de floração, de outubro a novembro e de
fevereiro a abril. A análise dos exemplares herborizados do Estado de São Paulo
mostrou coletas dessa espécie com flores de junho a abril e coletas com frutos de

68
janeiro a julho e de setembro a novembro (tabela 5), sendo tais dados semelhantes
aos encontrados no estudo das Anacardiáceas de Santa Catarina (Fleig 1989).
Estudos taxonômicos (Mitchell 1997, Pennington et al. 2004a), anatômicos (Wannan &
Quinn 1991, Bachelier & Endress 2009) e de fenologia (Lenzi & Orth 2004, Cesário &
Gaglianone 2008, Villa et al. 2010), caracterizaram os táxons do gênero Schinus como
plantas dióicas, porém também é citado na literatura, inclusive na revisão do gênero
(Barkley 1957), que as espécies são poligamodióicas. Indivíduos poligamodióicos
foram observados no estudo de biologia floral de Schinus terebinthifolius realizado por
Cesário & Gaglianone (2008), o qual evidenciou que alguns indivíduos na população
(aproximadamente 2%), embora apresentassem flores masculinas, portavam alguns
frutos bem formados, concluindo que a ocorrência de indivíduos poligamodióicos em
populações desta espécie, parece ser um fenômeno pouco frequente.
Estratégias reprodutivas similares às encontradas em Schinus terebinthifolius
foram observadas em um estudo de biologia floral de Tapirira guianensis (Lenza &
Oliveira 2005). Entre as estratégias, é possível citar a sincronia da floração entre os
indivíduos, contribuindo para os altos valores de intensidade de floração na população
e o comprimento médio das inflorescências masculinas é significantemente maior que
o das inflorescências femininas. Em espécies dióicas, como é o caso de T. guianensis,
a sincronia da floração entre indivíduos dos dois sexos pode também ter papel
importante no que diz respeito à polinização, pois como os picos de floração são
breves, o fluxo de pólen entre os indivíduos poderia ser comprometido caso houvesse
uma grande separação temporal na apresentação das flores pelos dois sexos (Lenza
& Oliveira 2005). Outra estratégia observada em T. guianensis é que enquanto as
plantas masculinas investem em maior “display” floral, possivelmente incrementando a
atração de visitantes florais e a exportação de pólen, as plantas femininas possuem
maior longevidade floral, que também pode ter papel similar, aumentando as chances
de polinização e produção de frutos (Primack 1985). Tapirira guianensis é geralmente
caracterizada como funcionalmente dióica, porém também é citado na literatura que a
espécie é poligamodióica (Engler 1876, Blackwell & Dodson 1968). De acordo com
Lenza & Oliveira (2005), ocasionalmente, foram observadas algumas flores bissexuais
em dois indivíduos femininos da população, que forneciam pólen e néctar. O gineceu
destas flores possuía um óvulo, como nas flores femininas, no entanto, o ovário era
menos desenvolvido; enquanto o androceu era similar ao das flores masculinas, mas
com as anteras um pouco menores. Foi observada a liberação de grãos de pólen bem
desenvolvidos, entretanto a viabilidade desses não foi testada. É importante
mencionar que a análise de grande quantidade de flores produzidas por vários
indivíduos de T. guianensis da Serra do Cipó ao longo de dois anos (Pirani 1987)

69
indicou sempre a presença de flores funcionalmente masculinas com pistilódio
reduzido e alta porcentagem de grãos de pólen viáveis, e flores funcionalmente
femininas que, sem exame acurado, parecem bissexuais, pois o androceu é bem
desenvolvido, mas as anteras são estéreis, desprovidas de pólen. A manutenção de
órgãos rudimentares do sexo oposto nas flores masculinas e femininas de plantas
dióicas mostra que a separação dos sexos deva ser um fenômeno relativamente
recente (Rottenberg 1998). Adicionalmente, a presença ocasional de flores bissexuais
em indivíduos femininos indica que a separação dos sexos em T. guianensis é ainda
incompleta, mostrando sinais de um suposto ancestral hermafrodita (Lenza & Oliveira
2005). Especula-se ainda que a manutenção de estaminódios numa flor
funcionalmente feminina seja seletivamente vantajosa por ter um efeito mimético:
flores desprovidas de pólen, mas “simulando” flores masculinas continuariam sendo
visitadas pelos polinizadores, ao passo que flores que perdessem totalmente os
estames logo seriam reconhecidas e evitadas pelos visitantes. Esse fenômeno foi
denominado dioicia críptica por Schmid (1978) ou tratado como caso de mimetismo
batesiano reprodutivo (Schaefer & Ruxton 2010), onde a flor-modelo oferece recurso
enquanto a flor-mimética que a “imita” se beneficia da visita de polinizadores que a
confudem com a flor-modelo. Também autores como Kawagoe & Suzuki (2004)
afirmam que estaminódios em flores pistiladas devem ter papel importante na atração
de polinizadores. Uma revisão crítica desse tema foi recentemente realizada por
Schaefer & Ruxton (2010).
Em relação ao período de floração e frutificação de Tapirira guianensis, dois
picos de floração anuais bem marcados são citados na literatura (Warming 1908,
Pirani 1987) para populações da porção centro-sul de Minas Gerais: um de março a
maio e outro de setembro a dezembro, este muito mais expressivo, seguidos de duas
frutificações, uma em maio e junho e outra de novembro a março. No presente
trabalho, contudo, no material examinado do Estado de São Paulo existem coletas de
material florífero em praticamente todos os meses do ano (de junho a abril), como
observado também em Schinus terebinthifolius. Quanto ao período de frutificação,
foram coletados em São Paulo indivíduos dessas duas espécies com frutos em todos
os meses do ano exceto abril (tabela 5). Isso pode ser devido a não-ocorrência de
duas floradas nos indivíduos paulistas de Tapirira e de Schinus, ou a ocorrência dos
dois períodos no nível individual, porém mascarados por ampla variação de extensão
das floradas ao longo das populações da espécie no Estado. Essa segunda hipótese é
favorecida pelo fato de que os estudos de Warming (1908) e de Pirani (1987) com
Tapirira guianensis terem sido baseados em observações mensais feitas em
populações locais de Lagoa Santa e Serra do Cipó. Uma vez que as indicações aqui

70
sugeridas com base no material de São Paulo constituem uma somatória de coletas
de todo o Estado, deve-se esperar variação nos períodos das floradas em diferentes
áreas do Estado.
Em contraste com as espécies de Anacardiaceae anteriormente tratadas, de
acordo com Santin (1989), Astronium graveolens não apresenta sincronismo entre
indivíduos na fase de reprodução. Essa espécie apresenta uma fase que precede a
floração, na qual as folhas ficam amareladas, em seguida avermelhadas e depois
caem (Santin 1989). No Brasil, assim como no Estado de São Paulo, a floração ocorre
geralmente entre os meses de agosto e dezembro.
O padrão decíduo se observa também em Myracrodruon urundeuva, árvores
que iniciam a derrubada foliar nos meses de junho e julho, com subsequente floração
que ocorre entre os meses de julho e setembro. O período de frutificação ocorre entre
agosto e outubro, quando as folhas jovens estão se desenvolvendo (Santin 1989). No
Estado de São Paulo observa-se que os períodos de floração e frutificação ocorrem
geralmente entre os meses de junho e outubro (tabela 5). Estudos realizados em
outras áreas do Brasil (Barbosa et al. 1989, Machado et al. 1997) indicam que, de
modo geral, a produção de flores dessa espécie está relacionada com a estação seca.
Em síntese, as espécies dióicas da família Anacardiaceae que ocorrem no
Estado de São Paulo apresentam morfologia floral semelhante, por isso é provável
que possuam estratégias reprodutivas similares às acima descritas. Uma exceção
notável ao padrão de dimorfismo sexual de inflorescências é Schinus engleri, com
seus pseudorracemos axilares curtos.
Barrett (2002) sugere que a taxa de especiação seja mais reduzida nos
clados dos táxons dióicos e responsável pela baixa riqueza de espécies dessas
linhagens, pois a dioicia é comumente associada aos sistemas de polinização não
especializados, os quais envolvem fatores abióticos, água e ar, e fatores bióticos como
polinizadores generalistas, mais do que polinizadores especialistas, que geralmente
conduzem a diversificação floral e isolamento reprodutivo em muitos grupos de
angiospermas com flores bissexuais.
Quanto às Anacardiaceae não-dióicas, no Estado de São Paulo ocorrem
espécies andromonóicas (Anacardium) e hermafroditas (Spondias) (tabela 4).
Comumente, plantas produzem muito mais flores do que frutos que chegam à
maturidade, sendo que se supõe que as flores que não resultam em frutos possam
servir para atrair polinizadores e/ou dispersar pólen (Bawa & Beach 1981). A
andromonoicia pode simplesmente estar representando a situação em que pistilos não
funcionais são abortados antes da floração nas flores que estão destinadas a servir
com função masculina ou de atração (Zapata & Arroyo 1978). No entanto, é notável

71
que a andromonoicia, embora amplamente distribuída em várias famílias, seja
relativamente rara quando comparada ao hermafroditismo (Bawa & Beach 1981).
É citado na literatura que Anacardium humile apresenta baixa capacidade de
produção de frutos e sementes. Segundo Almeida et al. (1998 apud Carvalho et al.
2005), tal fato ocorre devido à alta proporção entre flores masculinas e bissexuais
(4:1), sendo que apenas um, em cada oito ou dez estames, é fértil. Em relação ao
pólen, Mitchell & Mori (1987) afirmam que em A. humile e A. occidentale as anteras
menores produzem pólen aparentemente idêntico ao que é produzido nas anteras
maiores. No entanto, o estudo de ontogenia do cajueiro anão precoce (Oliveira &
Mariath 2001) mostrou que um número menor de grãos de pólen é produzido por
antera menor em relação a antera maior. A baixa proporção entre flores masculinas e
bissexuais também é observada em Anacardium occidentale, sendo que o estudo de
biologia floral realizado por Barros et al. (2002) demonstrou que no cajueiro anão
precoce existem cerca de 201,9 flores por inflorescência, das quais apenas 3,9% são
bissexuais, enquanto no cajueiro comum, das 173,8 flores por inflorescência, 7,9% são
bissexuais. No que se refere aos visitantes florais das espécies de Anacardium, são
observadas borboletas e abelhas. O período de floração das espécies de Anacardium
ocorre no início da estação seca (Mitchell & Mori 1987). Tal padrão também foi
observado nos exemplares de A. humile e A. occidentale do Estado de São Paulo.
No caso de Spondias mombin, os dados indicam floração no estado de São
Paulo nos meses de outubro e novembro. Porém, o estudo de biologia floral da
espécie feito por Ramos (2009) no Pará, aponta amplo período de floração entre os
meses de julho e janeiro, correspondente à estação seca naquela região, com pico de
floração entre os meses de agosto e setembro. Nesse estudo, S. mombin foi
caracterizada como andromonóica, no entanto Mitchell & Daly (1998) acreditam que,
com exceção de S. purpurea L., as flores das espécies neotropicais são
estruturalmente e funcionalmente bissexuais. A análise dos espécimes do Estado de
São Paulo também mostrou somente flores bissexuais, e por isso S. mombin é aqui
caracterizada como planta hermafrodita (tabela 4). No que se refere às estratégias
para evitar a autopolinização, Mitchell & Daly (1998) afirmam que as flores dessa
espécie são fortemente protândricas, pois no momento em que o pólen é disperso, o
ovário não está desenvolvido e o pistilo é aparentemente representado somente por
quatro ou cinco estiletes conatos na base. Quando o ovário está aparentemente
desenvolvido, as anteras estão quase vazias e senescentes. Porém Ramos (2009)
demonstrou por meio do teste de receptividade do estigma que este se encontra
receptivo cerca de uma hora após a antese, e que a deiscência das anteras ocorre
juntamente com a abertura das flores, o que aparentemente constituiria um caso muito

72
sutil de protandria. Comumente é sugerido que o amadurecimento em tempos distintos
das partes masculina e feminina de uma flor (dicogamia) reduziria a probabilidade de
autopolinização (e.g. Barrett 2002).
Dentre os visitantes florais de Spondias, o estudo de Ramos (2009)
demostrou que se pode considerar as abelhas os polinizadores potenciais, pois
embora uma variedade de insetos generalistas tenha visitado as flores de S. mombin
nas populações analisadas, apenas as abelhas apresentaram comportamento típico
de polinizadores, por contatarem os órgãos reprodutivos das flores. Adicionalmente, a
análise do pólen carregado pelas abelhas mais frequentes corrobora com o fato destas
serem os principais polinizadores já que foi encontrado apenas pólen de S. mombin.
Finalmente, os dados compilados na Tabela 5 permitem apreciar que a
floração das espécies de Anacardiaceae do Estado de São Paulo, de modo geral,
ocorre na transição da estação seca e chuvosa, entre os meses de julho e dezembro ,
porém os dados de herbários estudados indicam que podem ser encontrados
indivíduos de Lithrea molleoides, Schinus terebinthifolius e Tapirira guianensis com
flores ou frutos praticamente em todos os meses do ano.

73
Tabela 4: Sistemas sexuais em Anacardiaceae. Dados provenientes do estudo das Anacardiaceae do Estado de
São Paulo (■) e dados provenientes da literatura (●).
Dióico Poligamodióico Hermafrodita Andromonóico Monóico

Anacardium humile ■
Anacardium
occidentale ■
Astronium graveolens ■ ●
Lithrea brasiliensis ■ ●
Lithrea molleoides ■ ●
Myracrodruon
urundeuva ■
Schinus engleri ■ ●
Schinus terebinthifolius ■ ●
Schinus ●
weinmannifolius ■
Spondias mombin ● ● ■ ● ●
Tapirira guianensis ■ ● ●
Tapirira obtusa ■ ● ●

Tabela 5: Registros de floração (■) e de frutificação (●) das espécies de Anacardiaceae do Estado de São
Paulo baseados nas coleções de herbário analisadas.
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Anacardium ■ ■ ■ ■
humile ● ● ● ●
Anacardium ■ ■ ■ ■ ■
occidentale*
Astronium ■ ■ ■
graveolens ●
Lithrea ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■
molleoides ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ●
Myracrodruon ■ ■ ■ ■

urundeuva ● ● ● ● ●

Schinus ■ ■ ■
engleri ● ● ●

Schinus ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■
terebinthifolius ● ● ● ● ● ● ● ● ● ●
Schinus ■ ■
weinmannifolius ● ● ●
Spondias ■ ■
mombin*
Tapirira ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■
guianensis ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ●
Tapirira ■ ■ ■ ■
obtusa ● ● ● ● ● ●
Observação: Lithrea brasiliensis não foi incluída nesta tabela, pois o único exemplar não faz referência ao mês
em que foi coletado. Os asteriscos indicam as espécies que possuem exemplares coletados no Estado de São
Paulo somente com flores.

74
4 Considerações finais

Como o resultado de um esforço em conjunto de mais de 200 pesquisadores


de universidades e institutos de pesquisas nacionais e internacionais, o projeto “Flora
Fanerogâmica do Estado de São Paulo”, iniciado em 1993, está no sexto volume
publicado. Das 7.500 espécies de fanerógamas estimadas para o Estado de São
Paulo, até o momento foram descritas 2.767 espécies em 655 gêneros, perfazendo
37% do total (Wanderley et al. 2009). Nesse contexto, a presente dissertação de
mestrado teve como principal objetivo ampliar os estudos da flora fanerogâmica do
Estado de São Paulo e o conhecimento da diversidade das espécies da família
Anacardiaceae na área de estudo, assim como no Brasil, uma vez que a maioria dos
táxons estudados apresenta ampla distribuição no país. Adicionalmente, visou-se a
avaliar o grau de conservação das espécies de Anacardiaceae do Estado de São
Paulo.
Desde agosto de 2011, encontra-se disponível a versão online da “Lista de
espécies da flora do Brasil”, que é dinâmica e toda informação validada pelos
especialistas torna-se imediata e amplamente acessível. Dessa maneira, os dados do
presente estudo auxiliarão na atualização das espécies de Anacardiaceae no Catálogo
de Plantas e Fungos do Brasil, pois foram observadas algumas lacunas principalmente
no que se refere à distribuição geográfica dos táxons de Anacardiaceae ora estudada.
Entre as lacunas observadas é possível citar a ausência de Spondias mombin no
Estado de São Paulo, agora registrada, e a necessidade de retificação do limite de
distribuição de algumas espécies, tais como Schinus weinmannifolius, que tem o limite
norte no Estado de São Paulo, e Schinus molle, com limite norte no Paraná.
No que se refere à biologia floral e à diversidade sexual exibida pelas
Anacardiaceae, os principais sistemas e padrões presentes nas espécies ocorrentes
em São Paulo foram brevemente abordados no presente trabalho. Porém estudos
acurados de ontogenia, anatomia e de biologia reprodutiva são essenciais para auxiliar
no entendimento da morfologia e funcionalidade dos sexos das flores dessa família,
uma vez que um olhar com foco apenas na morfologia pode levar a interpretações
superficiais ou errôneas. Ademais, de posse de dados morfológicos acurados
juntamente com dados moleculares, hipóteses sobre a evolução dos sistemas sexuais
em Anacardiaceae podem ser levantadas e ainda confrontadas com as hipóteses
correntes, tais como as ideias sobre as estratégias de polinização e dispersão
observadas em plantas lenhosas de florestas tropicais.
Em relação às dificuldades encontradas durante a realização deste estudo
surgiram algumas questões relacionadas a problemas nomenclaturais, tais como qual

75
determinação do gênero gramatical do nome Schinus L. e conseqüente problemática
de emprego dos epítetos terebinthifolius ou terebinthifolia, ambos correntemente
encontrados na literatura. A etimologia do gênero Lithrea Miers ex Hook. & Arn. (ou
Lithraea) e a autoria da família Anacardiaceae (Robert Brown ou Lindley) foram outras
questões enfrentadas, com apoio da bibliografia específica da família e no Código
Internacional de Botânica, bem como de discussões levantadas junto a especialistas
em nomenclatura.
No que concerne à taxonomia, as revisões disponíveis de táxons neotropicais
de Anacardiaceae trouxeram grandes contribuições para o entendimento da biologia e
taxonomia das espécies de Anacardiaceae e facilitaram etapas fundamentais do
presente trabalho. É o caso da monografia de Anacardium (Mitchell & Mori 1987),
gênero com plantas de folhas simples, com flores unissexuais e bissexuais no mesmo
indivíduo (sistema andromonóico) e pedicelo do fruto dilatado e carnoso formando um
hipocarpo. Nessa revisão, é apresentado um grande conjunto de dados sobre a
biologia, ecologia e taxonomia do grupo. As hipóteses filogenéticas geradas pela
análise de caracteres morfológicos nesse gênero não se mostraram totalmente
resolvidas no clado que compreende as espécies Anacardium humile, A. nanum A. St.-
Hil., A. corymbosum Barb. Rodr., Anacardium occidentale e A. spruceanum Benth. ex
Engl. Além disso, as relações entre os táxons A. giganteum Hancock ex Engl., A.
fruticosum Mitch. & Mori, A. microsepalum Loesener e A. parvifolium Ducke aparecem
em uma grande politomia. Dessa forma, é fortemente preconizado um estudo de
cunho filogenético agregando dados moleculares e morfológicos, com vistas a
evidenciar um quadro mais consistente das relações entre as espécies e,
consequentemente, elucidar padrões evolutivos e biogeográficos entre esses táxons
com hábitos e habitats tão variáveis como árvores amazônicas de grande porte e
arbustos geoxílicos do cerrados e campos.
Ainda é bastante polêmica a taxonomia dos gêneros Astronium e
Myracrodruon, apesar destes apresentarem uma delimitação relativamente consistente
entre quase todas as espécies. Os dois gêneros possuem folhas compostas
imparipinadas, flores unissexuais em plantas dióicas e frutos característicos devido ao
cálice ampliado. O trabalho de taxonomia mais recente desse grupo é a revisão do
gênero Astronium (Santin 1989), que provê a contextualização da problemática
taxonômica e faz o restabelecimento de Myracrodruon com base em caracteres
reprodutivos. No entanto, a manutenção de Myracrodruon como subgênero de
Astronium como proposto por Barkley (1968) também parece ser justificada, pois
ambos estudos filogenéticos recentes mostram que eles emergem como clados-
irmãos (Pell comum. pess.). Além disso, Myracrodruon é um gênero composto por

76
apenas dois táxons com morfologia similar às espécies de Astronium, e levando em
consideração que existe uma tendência atual de se buscar produzir classificação
maximizando informações a partir de filogenias, talvez fosse mais interessante e
informativo que essas espécies compreendessem um mesmo gênero com dois grupos
infragenéticos (subgêneros ou seções). A realização futura de estudos filogenéticos
com um número maior de espécies amostradas deverá prover uma filogenia robusta e
com base nesses dados será possível buscar uma melhor compreensão da evolução
dos caracteres morfológicos e dos padrões biogeográficos nesse grupo.
As espécies de Schinus e Lithrea são características da vegetação da região
sul da América do Sul. São táxons que apresentam folhas compostas imparipinadas,
ou, no caso de algumas espécies de Schinus, folhas simples com ramo terminado em
espinho. Em ambos gêneros as flores são geralmente unissexuais em plantas dióicas
e o fruto tem epicarpo vermelho, verde-claro ou verde-cinéreo que se desprende do
mesocarpo quando maduro. Os táxons de Lithrea possuem uma delimitação
relativamente bem estabelecida desde a revisão feita por Barkley (1962), e são
prontamente distintos das espécies de Schinus por apresentar frutos esverdeados e
ainda pela nervura marginal cartilaginosa conspícua.
A delimitação entre as espécies de Schinus de folhas simples ainda é
complicada devido à ampla variação morfológica das estruturas vegetativas que esses
táxons possuem, sendo que essa variação pode ser influenciada pelo estádio de
desenvolvimento da planta. Só no Estado de São Paulo, para uma mesma espécie de
Schinus de folhas simples, pelo menos quatro nomes eram empregados: S. ramboi, S.
engleri, S. longifolius (Lindl.) Speg. e S. polygamus (Cav.) Cabrera. Com base no
estudo dos protólogos e na análise dos materiais-tipo, verificou-se que S. longifolius e
S. polygamus apresentam caracteres reprodutivos que claramente as distinguem das
demais espécies, enquanto a distinção entre S. ramboi e S. engleri é mais complicada,
porque exibem grande sobreposição de caracteres vegetativos e reprodutivos. Fica
evidente que apesar de existir uma revisão taxonômica disponível sobre o gênero
(Barkley 1957), ainda existem sérios problemas de delimitação entre as espécies que
justificam novos estudos morfológicos e taxonômicos, de preferência com intensas
análises a campo e uso de métodos modernos. Essa necessidade fica mais clara
quando são consultadas as coleções de Schinus de folhas simples de diversos
herbários do país, onde é notável a grande proliferação de nomes nessas coleções,
muitas vezes errôneos. Dessa maneira, faz-se necessário uma nova revisão
taxonômica agregando também o estudo de plântulas e de indivíduos juvenis, tendo
em vista que a morfologia também é influenciada pelo estádio de desenvolvimento da
planta. Além disso, realizar um estudo filogenético tendo como objetivo a

77
compreensão das relações entre as espécies do gênero Schinus e com base nesses
dados buscar os padrões biogeográficos das espécies. Ainda em relação aos estudos
biogeográficos, mas com foco na biogeografia histórica, congregar os dados de
Schinus com as informações de outros táxons que exibam padrões de distribuição
semelhantes, e dessa forma levantar possíveis hipóteses acerca dos fatores
responsáveis pela dinâmica dos campos da América do Sul, vegetação em que as
espécies de Schinus apresentam grande diversidade de espécies.
Com base no exposto é possível perceber que a amplitude de lacunas de
estudos sobre a família Anacardiaceae ainda é considerável, tendo em vista que no
Brasil ocorrem 14 gêneros e aqui foram ressaltadas apenas algumas considerações
sobre cinco deles. O momento atual é bastante propício para a implementação de
estudos modernos como os preconizados acima, haja vista a gama de novas
ferramentas, principalmente as moleculares, que podem ser utilizadas com o objetivo
de contribuir para os estudos sistemáticos nos mais diversos níveis taxonômicos e
ainda auxiliar a elucidar questões sobre a história evolutiva e padrões de distribuição
geográfica das plantas.

78
Resumo

O estudo da família Anacardiaceae tem o objetivo de contribuir com o plano


mais amplo do levantamento da “Flora Fanerogâmica do Estado de São Paulo”, que
vem sendo subsidiado pela FAPESP desde 1994 e conta com a colaboração de
pesquisadores de muitas universidades e institutos de pesquisa do Estado. As
Anacardiaceae compreendem cerca de 81 gêneros e 800 espécies, presentes em
ambientes secos a úmidos, principalmente em terras baixas nas regiões tropicais e
subtropicais em todo o mundo, estendendo-se até as regiões temperadas. No Brasil a
família encontra-se representada por 14 gêneros e 57 espécies. O levantamento das
espécies foi realizado baseando-se nas coleções de Anacardiaceae do Estado de São
Paulo depositadas nos herbários BHCB, BOTU, ESA, HRCB, MBM, IAC, PMSP, R,
RB, SP, SPF, SPFR, SPSF e UEC, expedições de campo e consultas bibliográficas.
Os resultados seguem o padrão da série “Flora Fanerogâmica do Estado de São
Paulo”. São apresentadas chaves de identificação para gênero e espécies, descrições
morfológicas, ilustrações e dados sobre distribuição geográfica, habitat, variabilidade
intraespecífica, período de floração e frutificação, grau de conservação das espécies e
riscos de extinção. No Estado de São Paulo, há 12 espécies nativas distribuídas nos
gêneros Anacardium, Astronium, Lithrea, Myracrodruon, Schinus, Spondias e Tapirira.
Lithrea molleoides, Schinus terebinthifolius e Tapirira guianensis são as espécies mais
amplamente distribuídas da família no Estado, sendo encontradas em quase todas as
formações vegetacionais, inclusive em áreas antropizadas. Spondias mombin é
encontrada na floresta Estacional Semidecidual e matas ciliares próximas ao rio
Paraná, nas regiões noroeste e oeste do Estado. Schinus engleri é encontrada, no
Estado de São Paulo, nas florestas Ombrófila Mista Alto-Montana de Campos do
Jordão e da Serra da Bocaina e Schinus weinmannifolius ocorre nos cerrados e
campos de Itararé e Itapeva, entre outros municípios localizados próximos à região
sul-sudoeste do Estado de São Paulo. O gênero Anacardium é representado no
Estado pelas espécies A. humile, planta com hábito geoxílico comum nos cerrados e
A. occidentale, uma árvore pequena das restingas. Astronium graveolens e
Myracrodruon urundeuva, assim como a maioria das espécies de Anacardiaceae,
ocorrem nas Florestas Estacionais Semideciduais e nos cerrados do Estado de São
Paulo. Um padrão de distribuição incomum é observado em Lithrea brasiliensis que,
com exceção do material-tipo, não possui exemplares ulteriores do Estado de São
Paulo depositados nos herbários consultados. Em relação ao grau de conservação
das espécies, Lithrea brasiliensis deve ser categorizada como presumivelmente extinta
(EX) e Myracrodruon urundeuva como quase ameaçada (NT), as demais espécies

79
enquadram-se como espécies não ameaçadas, na categoria de preocupação menor
(LC).

Abstract

The present study on Anacardiaceae aims to contribute with the broader


survey project of the Phanerogamic flora of the São Paulo state which. This great
efford has been supported by FAPESP since 1993 and counts on the collaboration of
researchers from many universities and institutes of the state. The family comprises ca.
81 genera and 800 species distributed mostly in lowlands, from dry to moist habitats,
throughout the tropics and subtropics worldwide and also extending into the temperate
zone. Iin Brazil Anacardiaceae is represented by 14 genera and 57 species. The
present survey was carried out based on field work, bibliographical references on
Anacardiaceae and examination of the collections from the following herbaria: BHCB,
BOTU, ESA, HRCB, MBM, IAC, PMSP, R, RB, SP, SPF, SPFR, SPSF, UEC. The
results are presented following the Phanerogamic flora of Sao Paulo State. We provide
identification keys to genera and species, morphological descriptions, illustrations and
additional data on distribution, habitat, intraespecific variability, periods of flowering and
fruiting, species conservation status. In the area this family is represented by 12 native
species belonging Anacardium, Astronium, Lithrea, Myracrodruon, Schinus, Spondias
e Tapirira. Lithrea molleoides, Schinus terebinthifolius and Tapirira guianensis are the
most common and widespread Anacardiaceae species of São Paulo state and they are
collected in almost all types of vegetation, including disturbed areas. Spondias mombin
occurs in Sazonal Semidecidous and Riparian Forests next to the Paraná River in the
northwest and the west regions of the state. S. engleri is reported for São Paulo state
in the High-Montane Mixed Ombrophylous Forest of Campos do Jordão and Serra da
Bocaina and S. weinmannifolius is found in the “cerrado” and “campos” of Itararé,
Itapeva and other cities located next to the south and the south-west regions of the
state. Anacardium is represented in the state by two species, A. humile, a “cerrado”
common plant with geoxylic habit, and A. occidentale, a “restinga” small tree.
Astronium graveolens and Myracrodruon urundeuva, as well as the majority of
Anacardiaceae species are collected in Sazonal Semidecidous Forests and “cerrados”
of São Paulo state. An uncommon distribution pattern is found in Lithrea brasiliensis,
which is reported for São Paulo state only from type-material. In relation to the species
conservation status, Lithrea brasiliensis should be categorized as Presumably Extinct
(EX) and Myracrodruon urundeuva as Near Threatened (NT). The other species are
classified as Least Concern (LC) category.

80
Referências bibliográficas

Almeida, S.P., Proença, C.E.B., Sano, S.M. & Ribeiro, J.F. 1998. Cerrado: espécies
vegetais úteis. Embrapa-Cpac, Planaltina.
Alves, A.S.A., Santos, L.L. & Sales, M.F. 2009. Anacardiaceae. In Alves, M., Araújo,
M.F., Maciel, J.R. & Martins, S. (eds.) Flora de Mirandiba. Recife: Associação
Plantas do Nordeste, p. 56-58.
Angiosperm Phylogeny Group APG II. 2003. An update of the Angiosperm Phylogeny
Group classification for the orders and families of flowering plants: APG II.
Botanical Journal of Linnean Society 141: 399-436.
Angiosperm Phylogeny Group APG III. 2009. An update of the Angiosperm Phylogeny
Group classification for the orders and families of flowering plants: APG III.
Botanical Journal of Linnean Society 161: 105-121.
Bachelier, J.B. & Endress, P.K. 2009. Comparative floral morphology and anatomy of
Anacardiaceae and Burseraceae (Sapindales), with a special focus on
gynoecium structure and evolution. Botanical Journal of the Linnean Society 159:
499-571.
Baillon, H. 1878. The natural history of plants. Vol 5. L. Reeve & Co., London.
Barbosa, D.C.A., Silva, Alves, J.L.H., Prazeres, S.M. & Paiva, A.M.A. 1989. Dados
fenológicos de 10 espécies arbóreas de uma área de Caatinga (Alagoinha- PE).
Acta Botanica Brasilica 3: 109-117.
Barford, A.S. 1999. A new species of Tapirira (Anacardiaceae) from Ecuador. Novon 9
(4): 472-475.
Barkley, F.A. 1937. A monograph of the genus Rhus and its allies in North and Central
America. Annals of the Missouri Botanical Garden 24:265-498.
Barkley, F.A. 1957a. Generic key to the Anacardiaceae. Lilloa 20(4): 255-265.
Barkley, F.A. 1957b. A study of Schinus L. Lloydia 28: 5-110.
Barkley, F.A. 1962a. Anacardiaceae: Rhoidea: Lithraea. Phytologia 8(7): 329-365.
Barkley, F.A. 1962b. Anacardiaceae: Rhoidea: Loxopterygium. Lilloa 25(2): 109-122.
Barkley, F.A. 1968. Anacardiaceae: Rhoidea: Astronium. Phytologia 16(2): 107-152.
Barrett, S.C.H. 2002. The evolution of plant sexual diversity. Nature reviews – Genetics
3: 214-284.
Barros, L.M. et al. 2002. Cajueiro. In: C.H. Bruckner (ed). Melhoramento de fruteiras
tropicais. Viçosa: UFV, p.159-176.
Bawa, K.S. 1980. Evolution of dioecy in flowering plants. Annual Review of Ecology
and Systematics 11: 15-39.

81
Bawa, K.S. & Beach, J.H. 1981. Evolution of sexual systems in flowering plants. Annals
of the Missouri Botanical Garden 68(2): 254-274.
Bentham, G. & Hooker, J.D. 1862. Genera Plantarum. Vol. 1. L. Reeve & Co., London.
Biblioteca digital da Unicamp. Disponível em http://cutter.unicamp.br/. Acessado em
25/7/2011.
Biblioteca digital de teses e dissertações da Unesp. Disponível em
http://unesp.br/cgb/conteudo.php?conteudo=562. Acessado em 25/7/2011.
Biblioteca digital de teses e dissertações da USP. Disponível em
http://www.teses.usp.br/. Acessado em 24/7/2011.
Blackwell Jr., W.H. & Dodson, C.H. 1968. Flora of Panama. Anacardiaceae. Annals of
the Missouri Botanical Garden 54(3): 351-379.
Bremer, K., Bremer, B. & Thulin, M. 1999. Introduction to phylogeny and systematic of
flowering plants. 5 ed. Uppsala: Uppsala University.
Bridson, G.D.R. & Smith, E.R. 1991. B-P-H Botanicum-Periodicum-
Huntianum/supplementum. Carnegie Mellon University, Pittsburgh.
Brito, MC.W. & Joly, C.A. (eds.). 1999. Biodiversidade do Estado de São Paulo, Brasil:
síntese do conhecimento ao final do século XX: 7. Infra-estrutura para a
Conservação da Biodiversidade. FAPESP. São Paulo.
Brown, R. 1818. Observations, systematical and geographical, on Professor Christian
Smith’s collection of plants from the vicinity of the River Congo. In J.H. Tuckey,
Narrative of an expedition to explore the River Zaire. London, p. 420-485.
Brummitt, R.K. & Powell, C.E. 1992. Authors of plant names. The Royal Botanical
Garden, Kew, England. 732 p.
Cabrera, A.L. 1938. Revision de las Anacardiáceas Austroamericanas. Revista del
Museo de La Plata NS 2: Bot. 6: 1-64.
Caetano, S., Prado, D., Pennington, R.T., Beck, S., Oliveira-Filho, A., Spichiger, R. &
Naciri, Y. 2008. The history of Seasonally Dry Tropical Forests in eastern South
America: inferences from the genetic structure of the tree Astronium urundeuva
(Anacardiaceae). Molecular Ecology 17: 3147-3159.
Caetano, S., Silveira, P., Spichiger, R. & Naciri-Graven, Y. 2005. Identification of
microsatellite markes in a neotropical seasonally dry forest tree, Astronium
urundeuva (Anacardiaceae). Molecular Ecology Notes 5(1): 21-23.
Carmello-Guerreiro, S.M. 1999. Aspectos morfológicos e anatômicos da semente de
aroeira (Myracrodruon urundeuva Fr. Allem. – Anacardiaceae), com notas sobre
a paquicalaza. Revista brasileira de sementes 21(1): 222-228.

82
Carmo, R.M. & Franceschinelli, E.V. 2002. Polinização e biologia floral de Clusia
arrudae Planchon & Triana (Clusiaceae) na Serra da Calçada, município de
Brumadinho, MG. Revista Brasileira de Botânica 25(3): 351-360.
Carvalho, M.P., Santana, D.G. & Ranal, M.A. 2005. Emergência de plántulas de
Anacardium humile A. St.-Hil. (Anacardiaceae) avaliada por meio de amostras
pequeñas. Revista Brasileira de Botânica 28(3): 627-633.
Cesário, L.F. & Gaglianone, M.C. 2008. Biologia floral e fenología reprodutiva de
Schinus terebinthifolius Raddi (Anacardiaceae) em restinga do norte fluminense.
Acta Botânica Brasilica 22(3): 828-833.
Chase, M.W., Soltis, D.E., Olmstead, R.G., Morgan, D., Les, D.H., Mishler, B.D.,
Duvall, M.R., Price, R.A., Hills, H.G., Qiu, Y.L., Kron, K.A., Rettig, J.H., Conti, E.,
Palmer, J.D., Manhart, J.R., Sytsma, K.J., Michaels, H.J., Kress, W.J., Karol, K.
G., Clark, W.D., Hedren, M., Gaut, B.S., Jansen, R.K., Kim, K.J., Wimpee, C.F.,
Smith, J.F., Furnier, G.R., Strauss, S.H., Xiang, Q.Y., Plunkett, G.M., Soltis, P.
S., Swensen, S.M., Williams, S.E., Gadek, P.A., Quinn, C.J., Eguiarte, L.E.,
Golenberg, E., Learn, G.H., Graham, S.W., Barrett, S.C.H., Dayanandan, S. &
Albert, V.A. 1993. Phylogenetics of seed plants: na analysis of nucleotide
sequences from the plastid gene rbcL. Annals of the Missouri Botanical Garden
80: 528-580.
Correia, S.J., David, J.P. & David, J.M. 2006. Metabólitos secundários de espécies
secundários Anacardiaceae. Química Nova 29(6): 1287-1300.
Crisp, M.D., Arroyo, M.T.K., Cook, L.G., Gandolfo, M.A., Jordan, G.J., McGlone, M.S.,
Weston, P.H., Westoby, M., Wilf, P. & Linder, P. 2009. Philogenetic biome
conservatism on a global scale. Nature 458: 754-756.
Cronquist, A. 1981. An integrated system of classification of flowering plants. New
York: Columbia University Press.
Dahlgren, R.M.T. 1980. A revised system of classification of the angiosperms.
botanical Journal of the Linnean Society 80: 91-124.
Dantas, H.G.R., Lima, H.C. Bohrer, C.B.A. 2009. Mapeamento da vegetação e da
paisagem do município de Búzios, Rio de Janeiro, Brasil. Rodriguésia 60(1): 25-
38.
De Candolle, A.P. 1825. Prodomus Systematis Naturalis Regni Vegetabilis. Paris, vols.
1 e 2.
DIVA-GIS. A computer program for mapping, modeling, and analysis of biodiversity
data. Disponível http://www.diva-gis.org. Acessado em 27/10/2011.

83
Donoghue, M.J. 2008. A phylogenetic perspective on the distribution of plant diversity.
Proceedings of the National Academy of Science of the United States of America
105: 11549-11555.
Engler, A. 1876. Anacardiaceae. In Martius, C.F.P. & Eichler, A.G. (eds.) Flora
brasiliensis. Fleischer, Leipzig, vol.12, pars 2, p. 367-418.
Engler, A. 1883. Anacardiaceae. In De Candolle, A. & De Candolle, C. (eds.)
Monographiae Phanerogamarum. Masson, Paris, vol. 4, p. 171-500.
Engler, A. 1896. Rutaceae, Simaroubaceae, Burseraceae, Anacardiaceae. In Engler,
A. & Plantl, K. (eds.) Die natürlichen Pflanzenfamilien. Wilhelm Englemann,
Leipzig, Teil 3(5), p. 95-257.
Ellis, B., Daly, D.C., Hickey, L.J., Johnson, K.R., Mitchell, J.D., Wilf, P. & Wing, S.L.
2009. Manual of leaf architecture. Cornell University Press, 190 p.
Ewell, J.J., Ojima, D.S., Karl, D.A., Debusk, W.F. 1982. Schinus in successional
ecosystems of Everglades National Park. South Florida Research Report, T-676,
Everglades National Park, Homestead, Florida.
Fenner, R., Betti, A.H., Mentz, L.A. & Rates, S.M.K. 2006. Plantas utilizadas na
medicina popular brasileira com potencial atividade antifúngica. Revista
Brasileira de Ciências Farmacêuticas 42(3): 369-394.
Ferreti, A.R., Kageyama, P.Y., Arboez, G.F., Santos, J.D., Barros, M., Lorza, R.F. &
Oliveira, C. 1995. Classificação das espécies arbóreas em grupos ecológicos
para revegetação no estado de São Paulo. Florestar Estatístico 3(7): 2-6.
Filer, D. 2000. BRAHMS – Botanical Research Arrangement for Herbarium
Management System. Disponível on line.
Fleig. M. 1981. A família Anacardiaceae no Rio Grande do Sul, Brasil. Iheringia 28:
141-155.
Fleig, M. 1989. Anacardiáceas. In R. Reitz (ed.) Flora Ilustrada catarinense. Herbário
Barbosa Rodrigues, Itajaí, 64 p.
Forzza, R.C., Baumgratz, J.F.A., Bicudo, C.E.M., Canhos, D.A.L., Carvalho Junior,
A.A., Costa, A., Costa, D.P., Hopkins, M., Leitman, P., Lohmann, L.G.,
Lughadha, E.N., Maia, L.C., Martinelli, G., Menezes, M., Morim, M.P., Coelho,
M.A.N., Peixoto, A.L., Pirani, J.R., Prado, J., Queiroz, L.P., Souza, S., Souza,
V.C., Stehmann, J.R., Sylvestre, L.S., Walter, B.M.T. & Zappi, D. 2010. Síntese
da diversidade brasileira. In R.C. Forzza et al. (orgs.) Catálogo de plantas e
fungos do Brasil. Rio de Janeiro: Jardim Botânico do Rio de Janeiro, v. 1, p. 21-
42.
Freeman, C.D. 1997. Sexual specialization and inbreeding avoidance in the evolution
of dioecy. The Botanic Review 63(1): 65-92.

84
Funk, V.A. 2006. Floras: a model for biodiversity studies or a thing of the past? Taxon
55(3): 581-588.
Gadek, P.A., Fernando, E.S., Quinn, C.J., Hoot, S.B., Terrazas, T., Sheahan, M.C. &
Chase, M.W. 1996. Sapindales: molecular delimitation and infraordinal groups.
American Journal of Botany 83: 802-811.
Garcia, R.J.F & Pirani, J.R. 2005. Análise florística, ecológica e fitogeográfica do
Núcleo Curucutu, Parque Estadual da Serra do Mar (São Paulo, SP), com ênfase
nos campos junto à cripta da Serra do Mar. Hoehnea 31(1): 1-48.
Geiger, J.H., Pratt, P.D., Wheeler, G.S., Williams, D.A. 2011. Hybrid vigor for the
invasive exotic brazilian peppertree (Schinus terebinthifolis Raddi) in Florida.
International Journal of Plant Sciences 172(5): 655-663.
Giulietti, A.M., Harley, R.M., Queiroz, L.P., Wanderley, M.G.L. & Van De Berg, C. 2005.
Biodiversidade e conservação das plantas no Brasil. Megadiversidade 1(1):52-
61.
Grant, V. 1995. Sexual selection in plants: pros and cons. Proceedings of the National
of Sciences of the United States of America 92: 1247-1250.
Guimarães, M.C. 2003. Frugivoria por aves em Tapirira guianensis (Anacardiaceae) na
zona urbana do município de Araruama, Estado do Rio de Janeiro, sudeste
brasileiro. Atualidades Ornitológicas 116:12.
Hijmans, R.J., Guarino, L., Jarvis, A., O’Brien, R. & Mathur, P. 2005. DIVA-GIS, version
5.2. A geographic information system for the analysis of biodiversity data.
Manual. International Potato Center, Lima, Peru.
Hoogland, R.D. & Reveal, J.L. 2005. Index nominum familiarum plantarum
vascularium. The Botanical Review 71 (1/2): 1-291.
Hueck, K. 1972. As florestas da América do Sul: ecologia, composição e importância
econômica. São Paulo: Polígono, 446 p.
Ibarra-Manríquez, G. & Oyama, K. 1992. Ecological correlates of reproductive traits of
mexican rain Forest trees. American Journal of Botany 79: 383-394.
Iponga, D.M., Milton, S.J. & Richardson, D.M. 2009. Performance of seedlings of the
invasive alien tree Schinus molle L. under indigenous and alien host trees in
semi-arid savanna. Africa Journal of Ecology 48: 155-158.
IUCN. 2001. IUCN Red List categories and criteria. Version 3.1. IUCN, Gland,
Switzerland & Cambridge, U.K., 30 p.
Jadin, F. 1894. Reserches sur la structure et les affinités des Térébinthacées. Annales
des Sciences Naturelles sér. 7, 19: 1-51.
Joly, A.B. 1950a. Conheça a Vegetação Brasileira. EDUSP, Polígono. São Paulo.

85
Joly, A.B. 1950b. Estudo fitogeográfico dos campos de Butantã (São Paulo). Boletim
da Faculdade de Ciências Filosofia, Ciências eLetras da Universidade de São
Paulo, Botânica 8: 5-67.
Judd, W.S., Campbell, C.S., Kellog, E.A., Stevens, P.F. & Donoghue, M.J. 2002. Plant
Systematics. A phylogenetic approach. Ed. 2. Sinauer Associates, Sunderland.
Jussieu, A.L. 1789. Genera plantarum secundum ordines naturalles disposita. Paris.
Kageyama, P. & Gandara, F.B. 2000. Revegetação de áreas ciliares. In Rodrigues,
R.R., Leitão-Filho, H.F. (eds.) Matas ciliares: conservação e recuperação. Editora
Universidade de São Paulo-USP, São Paulo, Brasil, p. 1-40.
Kawagoe, T. & Suzuki, N. 2004.Cryptic dioecy in Actinidia polygama: A test of the
pollinator attraction hypothesis.Canadian Journal of Botany 82: 214–218.
Krügel, M.M. & Berh, E.R. 1998. Utilização dos frutos de Schinus terebinthifolius Raddi
(Anacardiaceae) por aves no parque do Ingá, Maringá, Paraná. Revista
Biociências (2): 47-56.
Lemos, R.P.L., Mota, M.C.S., Chagas, E.C.O. & Silva, F.C. 2010. Checklist da Flora de
Alagoas: Angiospermas. Instituto do Meio Ambiente de Alagoas, Herbário MAC,
Maceió, 141p.
Lenza, E. & Oliveira, P.E. 2005. Biologia reprodutiva de Tapirira guianensis Aubl.
(Anacardiaceae), uma espécie dióica em mata de galeria do Triângulo Mineiro,
Brasil. Revista Brasileira de Botânica 28(1): 179-190.
Lenzi, M. & Orth, A.I. 2004. Fenologia reprodutiva, morfologia e biologia floral de
Schinus terebinthifolius Raddi (Anacardiaceae) em restinga da Ilha de Santa
Catarina, Brasil. Biotemas 17(2): 67-89.
Lindley, J. 1830. An introduction to the natural system of Botany: or, a systematic view
of the organization, natural affinities, and geographical distribution of the whole
vegetable kingdom; together with the uses of the most important species in
medicine, the arts and rural or domestic economy. London: Logman, Rees,
Orme, Brown, and Green.
Lloyd, D.G. & Webb, C.J. 1977. Secondary sex characters in plants. Botanical Review
43(2): 177-216.
López-Naranjo, H.J. 1975. Estrutura morfológica de Anacardium humile St. Hil.
(Anacardiaceae). Dissertação de mestrado, Universidade de São Paulo, São
Paulo. 80 p.
López-Naranjo, H. 1977. Hábito de crescimento y estructura de las gemas de de
Anacardium humile St.-Hil. Anacardiaceae. Revista Forestal. Venezolana 27:
159-172.

86
Lorenzi, H. 2008. Árvores brasileiras. Manual de identificação e cultivo de plantas
arbóreas nativas do Brasil. 5 ed. Instituto Plantarum, vol. 1. Nova Odessa, São
Paulo, 384 p.
Lorenzi, H. & Matos, F.J.A. 2002. Plantas medicinais no Brasil. Nativas e exóticas.
Instituto Plantarum. Nova Odessa, São Paulo, 544 p.
Machado, I.C.S., Barros, L.M. & Sampaio, V.S.B. 1997. Phenology of caatinga species
at Serra Talhada, PE, Northeastern Brazil. Biotropica 29: 57-68.
Mamede, M.C.H.,Souza, V.C., Prado, J., Barros, F., Wanderley, M.G.L. & Rando, J.G.
2007. Livro vermelho das espécies vegetais ameaçadas do Estado de São
Paulo. Instituto de Botânica; Imprensa Oficial, São Paulo, 165 p.
Mantovani, W. 2003. A degradação dos biomas brasileiros. In W.C. Ribeiro (org.)
Patrimônio ambiental brasileiro. Uspiana: Brasil 500 anos. Editora da
Universidade de São Paulo. Imprensa Oficial do Estado de São Paulo. p. 367-
439.
Marchand, L. 1869. Histoire de L’ancien groupe des Térébinthacées. E. Martinet, Paris.
Mattick, Fr. 1934. Die gattung Astronium. Notizblatt des Botanischen Gartens und
Museums zu Berlin-Dahlem 11(110): 991-1012.
Metzger, J.P. & Rodrigues, R.R. 2008. Mapas-síntese. In Rodrigues, R.R.; Bononi,
V.L.R. (org.) Diretrizes para a conservação e restauração da biodiversidade no
Estado de São Paulo. p. 133-139.
Miller, A., young, D.A. & Wen, J. 2001. Phylogeny and Biogeography of Rhus
(Anacardiaceae) based on ITS sequence data. International Journal of Plant
Sciences 162(6): 1401-1407.
Mitchell, J.D. 1990. The poisonous Anacardiaceae genera of the world. Advances in
Economy Botany 8: 103-129.
Mitchell, J.D. 1993. Tapirira obtusa comb. nov. (Anacardiaceae). Novon 3(1): 66.
Mitchell, J.D. 1997. Anacardiaceae. In A.R.A. Görts-Van Rijn (eds.) Flora of the
Guianas - Series A: Phanerogams 19(129): 1-79.
Mitchell, J.D. 2008. Anacardiaceae. In D.C. Daly & M. Silveira (org.) Primeiro catálogo
da flora do Acre, Brasil/ First catalogue of flora of Acre, Brazil. Rio Branco, AC:
Edufac, p. 112-113.
Mitchell, J.D. & Daly, D.C. 1991. Cyrtocarpa Kunth (Anacardiaceae) in South America.
Annals of the Missouri Botanical Garden 78: 184-189.
Mitchell, J.D. & Daly, D.C. 1993. A revision of Thyrsodium (Anacardiaceae). Brittonia
45(2): 115-129.
Mitchell, J.D. & Daly, D.C. 1998. The "Tortoise's cajá" - a new species of Spondias
(Anacardiaceae) from Southwestern Amazonia. Brittonia 50(4): 447-451.

87
Mitchell, J.D., Daly, D.C., Pell, S.K. & Randrianasolo, A. 2006. Poupartiopsis gen. nov.
and its context in Anacardiaceae classification. Systematic Botany 31(2): 337-
348.
Mitchell, J.D. & Mori, S.A. 1987. The Cashew and Its Relatives (Anacardium:
Anacardiaceae). Memoirs of the New York Botanical Garden 42: 1-76.
Mittermeier, R.A., Fonseca, G.A.B., Rylands, A.B. & Brandon, K. 2005. Uma breve
história da conservação da biodiversidade no Brasil. Megadiversidade 1(1): 14-
21.
Moraes, A.J.M. 1874. A vida e a morte do Exm. Sr. Conselheiro Francisco Freire
Allemão Cysneiro escripta, em vista das notas por elle proprio fornecidas.
Typographia de Quirino F. do Espirito Santo, Rio de Janeiro.
Morais, R.C.J. 2005. Nos verdes campos da ciência: a trajetória acadêmica do médico
e botânico brasileiro Francisco Freire-Allemão (1797-1874). Dissertação de
mestrado. Fiocruz, Rio de Janeiro.
Morrone, J.J. 2002. Biogeographic regions under track and cladistic scrutiny. Journal of
Biogeography. 29: 149-152.
Muñoz, J.D. 1990. Flora Del Paraguay. St. Louis, MO: Missouri Botanical Garden, p. 7-
84.
Muñoz, J.D. 2000. 153. Anacardiaceae. In A.T. Hunkizer (ed.) Flora Fanerogamica
Argentina. Proflora (Conicet), Cordoba, fasc. 65, p.1-28.
Myers, N., Mittermeier, R.A., Mittermeier, C.G., Fonseca, G.A.B. & Kent, J. 2000.
Biodiversity hotspots for conservation priorities. Nature 403(24): 853-858.
Nalon, M.A., Mattos, I.F.A. & Franco, G.A.D.C. 2008. Meio físico e aspectos da
fragmentação da vegetação. In Rodrigues, R.R.; Bononi, V.L.R. (org.) Diretrizes
para a conservação e restauração da biodiversidade no Estado de São Paulo. p.
16-21.
Nel, J.L., Richardson, D.M., Rouget, M., Mgidi, T.N., Mdzeke, N., Le Maitre, D.C.,
Wilgen, B.W., Schonegevel, L., Henderson, L. & Neser, S. 2004. A proposed
classification of invasive alien plant species in South Africa: towards prioritizing
species and areas for management action. South Africa Journal of Science 100:
53-64.
Nie, Z., Sun, H., Meng, Y. & Wen, J. 2009. Phylogenetic analysis of Toxicodendron
(Anacardiaceae) and its biogeographic implications on the evolution of north
temperate and tropical intercontinental disjunctions. Journal of Systematics and
Evolution 47(5): 416-430.

88
Obeso, J.R. & Retuerto, R. 2002. Dimorfismo sexual em el acebo, Ilex aquifolium:
coste de la reproducción, selección sexual o diferenciación fisiológica? Revista
chilena de história natural 75(1): 67-77.
Oliveira, J.M.S. & Mariath, J.E.A. 2001. Anther and pollen development in Anacardium
occidentale (Anacardiaceae) clone CP76. Phytomorphology 51: 91-100.
Oliveira-Filho, A.T. & Ratter, J.A. 1995. A study of the origino f Central Brazilian
Forests by the analysis of plant species distribution patterns. Edinburg Journal of
Botany 52(2): 141-194.
Pell, S.K. 2004. Molecular systematics of the cashew family (Anacardiaceae). Ph.D.
dissertation. Baton Rouge: Lousiana State University.
Pell, S.K., Mitchell, J.D., Miller, A.J. & Lobova, T.A. 2011. Anacardiaceae. In K. Kubitzki
(ed.) The families and genera of vascular plants. X. Flowering plants. Eudicots.
Sapindales, Curcubitales, Myrtales. Springer, Berlin, p. 7-50.
Pell, S.K., Mitchell, J.D., Lowry, P.P., Randrianasolo, A. & Urbatsch, L.E. 2008.
Phylogenetic split of Malagasy and African taxa of Protorhus and Rhus
(Anacardiaceae) based on cpDNA trnL-trnF and nrDNA ETS and ITS sequence
data. Systematic Botany 33: 375-383.
Pennington, T.D., Reynel, G. & Daza, A. 2004a. Ilustrated Guide to the Trees of Peru.
DH (David Hunt), Sherborne.
Pennington, R. T., Lavin, M., Prado, D. E., Pendry C. A., Pell, S. K. & Butterworth, C.
A. 2004b. Historical climate change and speciation: neotropical seasonally dry
forest plants show patterns of both Tertiary and Quaternary diversification.
Philosophical Transactions of The Royal Society - Biological Sciences 359: 515-
538.
Pillar, V.D. 2003. Dinâmica da expansão florestal em mosaicos de floresta e campos
no sul do Brasil. In V. Claudino-Sales (ed.) Ecossistemas brasileiros: manejo e
conservação. Fortaleza: Expressão, p. 209-216.
Pillar, V.D. 2006. Estado atual e desafios para a conservação dos campos. Porto
Alegre: UFRGS. Relatório de seminário, 27/3/2006.
Pillar, V.D. & Quadros, F.L.F. 1997. Grassland-forest boundaries in southern Brazil.
Coenoses, Gorizia 12 (2-3): 119-126.
Pirani, J.R. 1981. Flora Fanerogâmica da Reserva do Parque Estadual das Fontes do
Ipiranga (São Paulo, Brasil). Hoehnea 9: 108-110.
Pirani, J.R. 1987. Flora da Serra do Cipó, Minas Gerais: Anacardiaceae. Boletim de
Botânica da Universidade de São Paulo 9: 199-209.
Pirani, J.R. 2002. Anacardiaceae. In Barros et al. (eds.) Flora Fanerogâmica da Ilha do
Cardoso. Instituto de Botânica, São Paulo, vol. 9, p. 45-50.

89
Pirani, J.R. 2003. Flora de Grão-Mogol, Minas Gerais: Anacardiaceae. Boletim de
Botânica da Universidade de São Paulo 21(1): 61-65.
Pirani, J.R. 2006. Sistemática: Tendências e Desenvolvimento, incluindo impedimentos
para o avanço do conhecimento da área. Disponível em: www.cria.org.br/ cgee/
documentos/ PiraniTextoSistematica.doc. Acesso em 23/09/2008.
Prado, D.E. & Gibbs, P.E. 1993. Patterns of species distribution in the dry seasonal
forests of South America. Annals of the Missouri Botanical Garden 80: 902-927.
Primack, R.B. 1985. Longevity of individual flowers. Annual Review of Ecology and
Systematics 16: 15-37.
Radford, A.E. 1986. Fundamentals of plant systematics. Harper & Row. New York.
Ramos, M.C. 2009. Ecologia da polinização de taperebá (Spondias mombin L.,
Anacardiaceae) em área de floresta secundária no município de Santo Antônio
do Tauá, Pará, Brasil. Dissertação de mestrado. Universidade Federal do Pará.
Reis, A.M.M. & Grattapaglia, D. 2004. RAPD variation in a germoplasm collection of
Myracrodruon urundeuva (Anacardiaceae), an endangered tropical tree:
Recommendation for conservation. Genetic Resources and Crop Evolution 51(5):
529-538.
Renner, S.S. & Ricklefs, R.E. 1995. Dioecy and its correlates. American Journal of
Botany 82: 596-606.
Ribeiro, J.E.L.S. & Mitchell, J.D. 1999. Anacardiaceae. In J.E.L.S. Ribeiro (eds.) Flora
da Reserva Ducke - Guia de identificação das plantas vasculares de uma floresta
de terra-firme na Amazônia Central. INPA-DFID. Manaus, p. 544-546.
Rottenberg, A. 1998. Sex ratio and gender stability in the dioecious plant of Israel.
Botanical Journal of the Linnean Society 128: 137-148.
Sabbi, L.B.C., Ângelo, A.C. & Boeger, M.R. 2010. Influência da luminosidade nos
aspectos morfoanatômicos e fisiológicos de folhas de Schinus terebinthifolius
Raddi (Anacardiaceae) implantadas em duas áreas com diferentes graus de
sucessão, nas margens do Reservatório Iraí, Paraná, Brasil. Iheringia, Série
Botânica 65(2): 171-181.
Santin, D.A. 1989. Revisão taxonômica do gênero Astronium Jacq. e revalidação do
gênero Myracrodruon Fr. Allemão. Dissertação de mestrado, Universidade
Estadual de Campinas, Campinas. 178 p.
Santin, D.A. & Leitão-Filho, H.F. 1991. Restabelecimento e revisão taxonômica do
gênero Myracrodruon Freire Allemão (Anacardiaceae). Revista Brasileira de
Botânica 14: 133-145.
Santos, C.C. 2004. A família Anacardiaceae Lindl. no semiárido do Estado da Bahia,
Brasil. Dissertação de mestrado. Universidade Estadual de Feira de Santana.

90
Savolainen, V., Chase, M.W., Hoot, S.B., Morton, C.M., Soltis, D.E., Bayer, C., Fay,
M.F., Bruijn, A.Y., Sullivan, S. & Qui, Y.L. 2000a. Phylogenetics of flowering
plants based on combined analysis of plastid atpB and rbcL gene sequences.
Systematic Biology 49: 306– 362.
Savolainen, V., Fay, M.F., Albach, D.C., Backlung, A., van der Bank, M., Cameron,
K.M., Johnson, S.A., Lledó, M.D., Soltis, D.E., Soltis, P.S., Weston, P., Whitten,
W.M., Wurdack, K.J., Chase, M.W. 2000b. Phylogeny of the eudicots: a nearly
complete familial analysis based on rbcL gene sequences. Kew Bulletin. 55: 257-
309.
Scaramuzza, C.A.M. 2007. Flora e ecologia dos campos de Itararé, São Paulo, Brasil.
Tese de doutorado. Universidade de São Paulo.
Schaefer, H.M. & Ruxton, G. 2009. Deception in plants: mimicry or percentual
exploitation? Trends in Ecology and Evolution 24(2): 676-685.
Schmid, R. 1978. Reproductive anatomy of Actinidia chinensis (Actinidiaceae).
Botanische Jahrbuch Systematic 100: 149-195.
Schmitz, D.C., Simberloff, D., Hofstetter, R.H., Haller, W., Sutton, D. 1997. The
ecological impact of nonindigenous species. In D. Simberloff, D.C., Schmitz,
T.C., Brown (eds) Strangers in Paradise: Impact and Management of
Nonindigenous species in Florida. Island Press, Washington, D.C., p. 9-61.
Scholz, H. 1964. Reihe Rutales, Reihe Sapindales. In: A. Engler's Syllabus der
Pflanzenfamilien. 12. Gebrüder Borntraeger, Berlin.
Scudeller, V.V., Martins, F.R. & Shepherd, G.J. 2001. Distribution and abundance of
arboreal species in the atlantic ombrophilous dense forest in Southeastern Brazil.
Plant Ecology 152: 185-199.
Secretaria do Meio Ambiente, 2008. Resolução SMA 08. Lista oficial das espécies da
flora do Estado de São Paulo ameaçadas de extinção. Disponível em
http://www.ibot.sp.gov.br/legislacao/resolucao_SMA08-31.1.2008.pdf. Acesso
em 28/10/2008.
Silva-Junior, M.C., Felfili, J.M., Nogueira, P.E. & Rezende, A. V. 1998. Análise
florística das matas de galeria no Distrito Federal. In: J.F. RIBEIRO (org.).
Cerrado: matas de galeria. Planaltina, DF: Embrapa, p. 143-185.
Silva-Luz, C.L. & Pirani, J.R. 2010. Anacardiaceae. In R.C. Forzza et al. (org.)
Catálogo de plantas e fungos do Brasil. Rio de Janeiro: Jardim Botânico do Rio
de Janeiro, v. 1, p. 599-602.
Souza, V.C. & Lorenzi, H. 2005. Botanica Sistemática. ilustrado para identificação das
famílias de Angiospermas da flora brasileira, baseado em APG II. Instituto
Plantarum de Estudos da Flora LTDA, Nova Odessa.

91
Souza, V.C., Mamede, M.C.H., Cordeiro, I., Prado, J., Barros, F., Wanderley, M.G.L.,
Kageyama, P.Y., Ceccantini, G. & Rando, J.G. 2007. Critérios uilizados na
elaboração da Lista oficial de espécies da flora ameaçadas de extinção no
Estado de São Paulo. In M.C.H. Mamede, V.C. Souza, J. Prado, F. Barros,
M.G.L. Wanderley & J.G. Rando (Org.) Livro vermelho das espécies vegetais
ameaçadas do Estado de São Paulo. 1 ed. São Paulo: Instituto de Botânica, p.
15-20.
Stafleu, F.A. & Cowan, R.S. 1976. Taxonomic Literature. 2 ed. Vols. 1-7. Utrecht:
Bohn, Scheltema & Holkema.
Steibel, P.E. & Troiani, H.O. 2008. La identidade de Schinus fasciculatus var. arenicola
y rehabilitación de S. sinuatus (Anacardiaceae). Boletín de la Sociedad Argentina
de Botánica 43(1-2): 157-166.
Stevens, P.F. Versão 9, junho de 2008. Angiosperm Phylogeny Website. Disponível
em http://www.mobot.org/MOBOT/research/APWeb/. Acessado em 17.10.2011.
Takhtajan, A. 1986. The Floristic Regions of the World. Academy of Sciences of the
U.S.S.R.. Leningrad. [em Russo]
Takhtajan, A. 1987. Systema magnoliophytorum. Leningrad: Nauka. [em Russo]
Takhtajan, A. 1997. Diversity and classification of flowering plants. New York:
Columbia University Press.
Terrazas, T. 1994. Wood anatomy of the Anacardiaceae: ecological and phylogenetic
interpretation. Ph.D. dissertation. Chapel Hill, NC: University of North Carolina.
Terrazas, T. 1995. Anatomía sistemática de la familia Anacardiaceae en México. I. La
corteza de Tapirira Aublet. Boletin de la Sociedad Botanica de México 57: 103-
112.
Terrazas, T. 1999. Anatomía de la madera de Anacardiaceae con énfasis en los
géneros americanos. Boletin de la Sociedad Botanica de México 64:103-109.
Terrazas, T. & Wendt, T. 1995. Systematic wood anatomy of the genus Tapirira Aublet
(Anacardiaceae) - a numerical approach. Brittonia 47(2): 109-129.
The International Plant Names Index. 2008. Disponível em http://www.ipni.org.
Acessado em 10.9.2011.
Tropicos.org. Missouri Botanical Garden. Disponível em http://www.tropicos.org.
Acessado em 23.8.2011.
Ururahy, J. C.; Collares, J. E. R. & Santos, M. M. 1987. Nota sobre uma formação
fisionômica-ecológica disjunta da estepe nordestina na área do pontal de Cabo
Frio, RJ. Revista Brasileira de Geografia 49: 25-29.
Usteri, A. 1911. Flora der Umgeburg von Stadt São Paulo in Brasilien. Jena: Gustav
Fischer.

92
Varela, F. J. & Novara, L.J. 2007. Anacardiaceae Lindl. Flora del Valle de Lerma.
Aportes Botanicos Salta, Ser. Flora 8(6): 1-28.
Veloso, H.P., Rangel Filho, A.L.R. & Lima, J.C.A. 1991. Classificação da vegetação
brasileira, adaptada a um sistema universal. IBGE, Rio de Janeiro.
Villa, A.S., Sühs, R.B. & Köhler, A. 2010. Entomofauna associated to the floration of
Schinus terebinthifolius Raddi (Anacardiaceae) in the Rio Grande do Sul state,
Brazil. Bioscience Journal 26: 956-965.
Wanderley, M.G.L., Shepherd, G.J. & Giulietti, A.M. (coord.). 2001. Flora
Fanerogâmica do Estado de São Paulo. vol. 1. FAPESP, HUCITEC, São Paulo.
Wanderley, M.G.L., Shepherd, G.J. & Giulietti, A.M. (coord.). 2006. Flora
Fanerogâmica do Estado de São Paulo. vol. 4. FAPESP, HUCITEC, São Paulo.
Wanderley, M.G.L., Shepherd, G.J. & Giulietti, A.M. (coord.). 2009. Flora
Fanerogâmica do Estado de São Paulo. vol. 6. FAPESP, HUCITEC, São Paulo.
Wannan, B.S. 2006. Analysis of generic relantionships in Anacardiaceae. Blumea 51:
165-195.
Wannan, B.S. & Quinn, C.J. 1990. Pericarp structure and generic affinities in the
Anacardiaceae. Botanical Journal of the Linnean Society 103: 225-252.
Wannan, B.S. & Quinn, C.J. 1991. Floral structure and evolution in the Anacardiaceae.
Botanical Journal of the Linnean Society 107: 349-385.
Warming, E. 1908. Lagoa Santa. Imprensa Official do Estado de Minas Gerais. Belo
Horizonte.
Weberling F. 1989. Morphology of flowers and inflorescences. Cambridge: Cambridge
University Press.
Wendt, T. & Mitchell, J.D. 1995. A new species of Tapirira (Anacardiaceae) from the
Isthmus of Tehuantepec, Mexico. Brittonia 47(2): 101-108.
Wiens, J.J. & Donoghue, M.J. 2004. Historical biogeography, ecology, and species
richness. Trends in Ecology & Evolution 19:639–644.
Williams, D.A., Overholt, W.A., Cuda, J.P., Hughers, C.R. 2005. Chloroplast and
microsatellite DNA diversities reveal the introduction history of Brazilian
peppertree (Schinus terebinthifolius) in Florida. Molecular Ecology 14: 3643-
3656.
Xavier, A.F., Bolzani, B.M. & Jordão, S. 2008. Unidades de conservação da natureza
no Estado de São Paulo. In Rodrigues, R.R.; Bononi, V.L.R. (org.) Diretrizes para
a conservação e restauração da biodiversidade no Estado de São Paulo. p. 24-
42.

93
Yi, T., Miller, A.J. & Wen J. 2007. Phylogeny of Rhus (Anacardiaceae) based on
sequences of nuclear Nia-i3 intron and Chloroplast TrnC-TrnD. Systematic
Botany 32(2): 379-391.
Yi, T., Wen, J., Golan-Goldhirsh, A. & Parfitt, D. 2008. Phylogenetics and reticulate
evolution in Pistacia (Anacardiaceae). American Journal of Botany 95(2): 241-
251.
Zapata, T.R. & Arroyo, M.T.K. 1978. Plant reproductive ecology of a secondary
deciduous tropical forest in Venezuela. Biotropica 10: 221-230.
Zenni, R.D. & Ziller, S.R. 2001. An overview of invasive plants in Brazil. Revista
Brasileira de Botânica 34(3): 431-446.

94

Você também pode gostar