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A IMPORTÂNCIA DO GEOPROCESSAMENTO NA
“ANÁLISE DE AÇÃO DE USUCAPIÃO” NA
SUPERINTENDÊNCIA DO PATRIMÔNIO DA UNIÃO EM SÃO
PAULO.
Santos - SP
2016
VALDIR TENÓRIO RAMONEDA
A IMPORTÂNCIA DO GEOPROCESSAMENTO NA
“ANÁLISE DE AÇÃO DE USUCAPIÃO” NA
SUPERINTENDÊNCIA DO PATRIMÔNIO DA UNIÃO EM SÃO
PAULO.
The SPU is structured in a central organ, located in Brasilia, and 27 Superintendence of the
Federal Property, located in 26 states Brazil and the Federal District. It has the competence to
manage the real estate assets Union and ensure its preservation; adopt the measures necessary
to regularly dominial such property; proceed with the incorporation of new properties to the
heritage of the Union; authorize the occupation, according to the law; establish guidelines for
permission to use; promote the donation or free transfer when this public interest; Proceed to
demarcation and identification of the property; Technical issue Information actions adverse
possession with the Superintendency Regional filed by the authors, not always provide
adequate information for the exact location of the property subject of the actions of adverse
possession, as established in the Civil Procedure Code. Currently are analyzed on average
more than 12,000 shares per year in the Superintendence of São Paulo. When these shares
have minimal information to allow the perfect location of the property, the analysis of adverse
possession action process will be continued by the technical team of properly trained servers
Superintendent of Union Assets in Sâo Paulo, who will provide specific report of Technical
Information, pointing specifically to affirmation or denial of Union interest by property
subject of adverse possession action. In if so it is justified various types of reasons of "why"
the interest of the Union in this area.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AGU Advocacia Geral da União
CC Código Civil
CF/88 Constituição Federal de 1988
CGU Controladoria Geral da União
COCAP Coordenação de Caracterização do Patrimônio
CPC Código de Processo Civil
DHN Diretoria de Hidrografia e Navegação
FUNAI Fundação Nacional do Índio
FUNASA Fundação Nacional de Saúde
GIS Geographic information system
KML Keyhole Markup Language
LLTM Linha Limite de Terrenos de Marinha
LMEO Linha Média das Enchentes Ordinárias
LPM Linhas de Preamar Média
LTM Limite de Terrenos Marginais
MD Ministério da Defesa
MP-SP Ministério Público de São Paulo
MPF Ministério Público Federal
PNC Plano Nacional de Caracterização
SEI-MP Sistema Eletrônico de Informações
SPU Secretaria do Patrimônio da União
SPU/SP Superintendência do Patrimônio da União em São Paulo
TCU Tribunal de Contas da União
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO.............................................................................................09
1.1. PROBLEMA...........................................................................................09
1.2. OBJETIVOS............................................................................................10
1.2.1. Geral ..................................................................................................10
1.2.2. Específicos..........................................................................................10
1.2.3. Histórico da SPU - Secretaria do Patrimônio da União...............11
1.3. JUSTIFICATIVA .................................................................................13
2.2. A USUCAPIÃO......................................................................................36
2.2.1. Evolução histórica da usucapião........................................................36
2.2.2. Natureza jurídica da usucapião...........................................................36
2.2.3. Aquisição originária............................................................................37
2.2.4. Prescrição aquisitiva e extintiva........................................................38
2.2.4.1. Causas impeditivas e suspensivas da prescrição...........................38
2.2.5. Usucapião no direito brasileiro..........................................................39
2.2.5.1. Usucapião extraordinária................................................................41
2.2.5.2. Usucapião ordinária.........................................................................41
2.2.5.3. Usucapião urbana............................................................................41
2.2.5.3.1. Estatuto da Cidade.........................................................................43
2.2.5.4. Usucapião rural...............................................................................44
2.2.6. Pessoas capazes de adquirir pela usucapião.......................................45
2.2.7. Procedimento da ação de usucapião....................................................45
5. REFERÊNCIAS..............................................................................................83
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1. INTRODUÇÃO
A posse é requisito fundamental, embora não o único para o usucapião (ou a usucapião, pois a
palavra admite também o gênero feminino, assim adotado pelo Código Civil de 2002). Desse
modo a aquisição da propriedade pelo usucapião é um dos principais efeitos da posse.
Usucapir é adquirir a propriedade pela posse continuada durante certo lapso de tempo (Venosa,
2003).
Os bens públicos não podem ser adquiridos por usucapião e são, portanto, imprescritíveis, por
força de lei (Decreto no 22.785, de 31-5-33; Decreto-lei no 710, de 17-9-38, art. 12, parágrafo
único; Decreto-lei no 9.760, de 5-12-46, art. 200, art. 183, § 3o, e art. 191 da Constituição
Federal) (Venosa, 2003).
1.1. PROBLEMA
Os pedidos de Informações Técnicas de ações de usucapião à Superintendência do Patrimônio
da União em São Paulo solicitadas, judicialmente ou extrajudicialmente, pelos autores, nem
sempre fornecem informações adequadas para a exata localização do imóvel objeto das ações
de usucapião, conforme o estabelecido no Art. 1.071 do novo Código de Processo Civil ( Lei
nº 13.105, de 2015), que cita o Capítulo III do Título V da Lei no 6.015, de 31 de dezembro
de 1973 (Lei de Registros Públicos, que dispõe sobre os registros públicos, e dá outras
providências.), passou a vigorar acrescida do seguinte art. 216-A, que cita expressamente o
reconhecimento extrajudicial de usucapião.
I - ata notarial lavrada pelo tabelião, atestando o tempo de posse do requerente e seus
antecessores, conforme o caso e suas circunstâncias;
II - planta e memorial descritivo assinado por profissional legalmente habilitado, com prova de
anotação de responsabilidade técnica no respectivo conselho de fiscalização profissional, e pelos titulares
de direitos reais e de outros direitos registrados ou averbados na matrícula do imóvel usucapiendo e na
matrícula dos imóveis confinantes;
§ 6o Transcorrido o prazo de que trata o § 4 o deste artigo, sem pendência de diligências na forma
o
do § 5 deste artigo e achando-se em ordem a documentação, com inclusão da concordância expressa dos
titulares de direitos reais e de outros direitos registrados ou averbados na matrícula do imóvel
usucapiendo e na matrícula dos imóveis confinantes, o oficial de registro de imóveis registrará a aquisição
do imóvel com as descrições apresentadas, sendo permitida a abertura de matrícula, se for o caso.
1.2. OBJETIVOS
Em busca de uma interpretação de maior abrangência das pesquisas sobre o tema do Estudo
de Caso, formulou-se os seguintes objetivos.
1.2.1. Geral
Atender adequadamente com celeridade e qualidade às demandas dos pedidos de ações de
usucapião, tomando-se como referência estudos de séries históricas, adaptando-se
continuamente às interpretações das legislações vigentes, utilizando-se de novas tecnologias de
informação.
1.2.2. Específicos
Para se atingir um adequado nível de análise nos processos de localização dos objetos das
ações de usucapião, o servidor deverá utilizar vários tipos de ferramentas de busca de
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1.3. JUSTIFICATIVA
Conforme SPU(2016) a promulgação da Lei de Terras (Lei nº 601, de 1850) e o posterior
Decreto nº 1.318, de 1854, estabeleceu-se um sistema de legitimação de posses, que foi o
marco inicial da primeira grande tentativa de promover a regularização do uso das terras no
Brasil. Desde então, a doutrina jurídica e a legislação brasileiras evoluíram no sentido de
definir como públicas as áreas que apresentavam alguma razão de relevante interesse público.
Desta forma, não é por acaso que o Art. 20 da Constituição Federal define os bens que
pertencem à União:
I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem a ser atribuídos;
II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e construções
militares, das vias federais de comunicação e à preservação ambiental, definidas em lei;
III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio, ou que banhem
mais de um Estado, sirvam de limites com outros países, ou se estendam a território
estrangeiro ou dele provenham, bem como os terrenos marginais e as praias fluviais;
IV - as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros países; as praias marítimas;
as ilhas oceânicas e as costeiras, excluídas, destas, as que contenham a sede de Municípios,
exceto aquelas áreas afetadas ao serviço público e a unidade ambiental federal, e as referidas
no art. 26, II; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 46, de 2005);
V - os recursos naturais da plataforma continental e da zona econômica exclusiva;
VI - o mar territorial;
VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos;
VIII - os potenciais de energia hidráulica;
IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo;
X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueológicos e pré-históricos;
XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios.
Ressalte-se que os imóveis públicos federais podem ser classificados em três tipos, em razão
da destinação que lhes pode ser dada:
(a) bens de uso comum do povo, afetados como necessários à coletividade, como rios, praças,
ruas, praias etc., e que, por isso, devem ser do uso de todos os cidadãos;
(b) bens de uso especial, que são afetados ao interesse do serviço público, como os prédios
das repartições públicas, os fortes etc; e
(c) bens dominiais, que não têm destinação definida e que, por esta razão, podem ser
transacionados pela União e disponibilizados para uso privado, se for o caso.
É à luz do dispositivo constitucional e da classificação dos bens públicos que se deve
compreender o processo de regularização fundiária nos imóveis da União. Primeiro, porque a
análise apurada da especificação dos bens que pertencem à União na Constituição revela uma
série de razões que justificam manter o domínio público daquelas áreas. Quanto à
classificação em uso comum, especial ou dominial, entender em que tipo se enquadra
determinado imóvel ocupado que se pretende regularizar é o primeiro passo para que a
regularização seja possível.
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1.5. METODOLOGIA
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coordenada desses mapas. Por exemplo, permite que o computador utilize uma planta da
cidade identificando as características de cada imóvel.
As possibilidades de utilização do geoprocessamento são inúmeras: agricultura,
monitoramento de veículos, turismo, pesquisa de mercado. É sobretudo útil às administrações
municipais, que podem lançar mão da ferramenta para:
a) ordenamento e gestão do território, o uso mais difundido – trata-se de construir um banco
de dados informatizado que reproduza todo o cadastro de interesse;
b) otimização de arrecadação – fornece um volume significativo de informações para a
revisão da planta genérica de valores;
c) localização de equipamentos e serviços públicos – é possível identificar áreas com maior
nível de carência e os melhores locais para instalação de equipamentos e serviços públicos;
d) identificação de público-alvo de políticas públicas – por exemplo, incidência de doenças
para programas na área da saúde ou educação e programas de renda mínima, cruzando-se
dados sobre renda das famílias e desempenho escolar;
e) gestão ambiental e gerenciamento dos serviços de limpeza pública – acompanhar a
evolução da poluição da água e do ar, níveis de erosão do solo, disposição irregular de
resíduos;
f) gerenciamento do sistema de transportes – é possível realizar estudos de demanda do
transporte coletivo, identificar pontos críticos de acidentes e vias com mais necessidade de
manutenção;
g) comunicação com os cidadãos – identificar necessidades e oportunidades de contato com
os cidadãos, permitindo que entidades da sociedade civil, a ouvidoria pública municipal ou
mesmo cidadãos possam ter livre acesso às informações do governo;
h) gestão da frota municipal – é possível obter informações sobre os tipos de usos da frota,
conhecendo os trajetos mais comuns e sua intensidade.
O primeiro passo para a implantação do geoprocessamento na Prefeitura é a obtenção de uma
base cartográfica digitalizada. Para isso, o ideal é utilizar serviços de aerofotogrametria.
Assegurada essa condição, é preciso fazer o tratamento do banco de dados, alimentando-o
com informações referentes aos lotes, glebas, edificações e propriedades rurais (proprietário,
utilização, dados cadastrais), estradas e logradouros (utilização, tipo de pavimento,
sinalização, linhas de ônibus, volume de tráfego) e redes de infraestrutura (dimensões e
capacidade das redes, equipamentos de apoio). Esse tipo de levantamento exige um trabalho
de obtenção de informações atualizadas, inclusive contando com levantamentos
complementares in loco (o que pode ser feito, por exemplo, pela equipe de fiscais da
Prefeitura ou contratado especialmente).
O geoprocessamento é um investimento com alta taxa de retorno, geralmente trazendo
elevação da arrecadação aos cofres municipais. Além dos benefícios financeiros, funciona
como uma ferramenta de aumento da eficiência e da eficácia das ações públicas.
O Geovisualizador de imóveis públicos federais é um exemplo de investimento público na
área federal do Programa de Modernização da Gestão do Patrimônio da União, que possui
uma ferramenta de pesquisa e geovisualização dos imóveis cadastrados nos sistemas SPIUnet
e SIAPA, como produto, que se encontra em fase de atualização e aperfeiçoamento de suas
bases cadastrais. Com certeza esse Geovisualizador será muito útil no processo de análise de
ações de usucapião.
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2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
II - promover a utilização, na produção dos dados geoespaciais pelos órgãos públicos das
esferas federal, estadual, distrital e municipal, dos padrões e normas homologados pela
Comissão Nacional de Cartografia - CONCAR; e
III - evitar a duplicidade de ações e o desperdício de recursos na obtenção de dados
geoespaciais pelos órgãos da administração pública, por meio da divulgação dos metadados
relativos a esses dados disponíveis nas entidades e nos órgãos públicos das esferas federal,
estadual, distrital e municipal.
Para os fins deste Decreto, entende-se por:
I - dado ou informação geoespacial: aquele que se distingue essencialmente pela componente
espacial, que associa a cada entidade ou fenômeno uma localização na Terra, traduzida por
sistema geodésico de referência, em dado instante ou período de tempo, podendo ser
derivado, entre outras fontes, das tecnologias de levantamento, inclusive as associadas a
sistemas globais de posicionamento apoiados por satélites, bem como de mapeamento ou de
sensoriamento remoto;
II - metadados de informações geoespaciais: conjunto de informações descritivas sobre os
dados, incluindo as características do seu levantamento, produção, qualidade e estrutura de
armazenamento, essenciais para promover a sua documentação, integração e disponibilização,
bem como possibilitar a sua busca e exploração;
III - Infraestrutura Nacional de Dados Espaciais - INDE: conjunto integrado de tecnologias;
políticas; mecanismos e procedimentos de coordenação e monitoramento; padrões e acordos,
necessário para facilitar e ordenar a geração, o armazenamento, o acesso, o compartilhamento,
a disseminação e o uso dos dados geoespaciais de origem federal, estadual, distrital e
municipal;
IV - Diretório Brasileiro de Dados Geoespaciais - DBDG: sistema de servidores de dados,
distribuídos na rede mundial de computadores, capaz de reunir eletronicamente produtores,
gestores e usuários de dados geoespaciais, com vistas ao armazenamento, compartilhamento e
acesso a esses dados e aos serviços relacionados; e
V - Portal Brasileiro de Dados Geoespaciais, denominado “Sistema de Informações
Geográficas do Brasil - SIG Brasil”: portal que disponibilizará os recursos do DBDG para
publicação ou consulta sobre a existência de dados geoespaciais, bem como para o acesso aos
serviços relacionados.
A disponibilização dessas informações se dá por meio do portal www.inde.gov.br. Por
intermédio dele, o usuário acessa a informação de forma mais simples, ágil e integrada. No
portal, são oferecidos serviços de acesso aos metadados não só do IBGE, mas também de
outros produtores de informações cartográficas, além de visualizador de mapas.
No processo de disponibilização dos dados através da INDE, os usuários podem acessar e
conhecer as características das informações geoespaciais, originadas nos diversos órgãos
produtores desse tipo de informação.
A INDE fornece a base geoespacial para o cruzamento e a análise de informações,
subsidiando a elaboração de políticas públicas tendo por base o território, ajudando a
direcionar intervenções e gerando, assim, benefícios para os cidadãos, governo e empresas
(INDE, 2016).
Para o planejamento das ações da INDE foi elaborado um instrumento de gestão norteador do
projeto da implantação – o Plano de Ação da INDE – sob a coordenação de um comitê
especializado da CONCAR denominado Comitê de Planejamento da Infraestrutura Nacional
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de Dados Espaciais – CINDE. Constituído entre Janeiro e Março de 2009, o CINDE reuniu
110 membros representantes de 26 organizações brasileiras, sendo 22 ligadas ao governo
federal, três secretarias estaduais e uma universidade.
O Plano de Ação da INDE apresenta uma estrutura analítica segmentada nas seguintes
categorias: Gestão, Normas e Padrões, Dados e Metadados, Tecnologia, Capacitação,
Divulgação.
A estratégia de implantação da INDE proposta no seu plano de ação baseia-se num
escalonamento de metas de acordo com prioridades e objetivos bem definidos, a serem
alcançados ao longo de ciclos de implantação. Estão previstos três ciclos e os seguintes
prazos:
Ciclo I – Dezembro 2010
Ciclo II – 2011 a 2014
Ciclo III – 2015 a 2020
Atribuições da CONCAR:
• Assessorar o Ministro de Estado na supervisão do Sistema Cartográfico Nacional (SCN)
• Coordenar a execução da Política Cartográfica Nacional
• Exercer outras atribuições nos termos da legislação
Cabe à CONCAR:
• Subsidiar a formulação de ações que envolvam Cartografia;
• Pronunciar-se antecipadamente com relação às ações que necessitem de Cartografia;
• Prestar assistência aos encaminhamentos relativos à realização de gastos em Cartografia ou
em investimentos diretamente a ela vinculados;
• Prestar assistência necessária à formulação da proposta orçamentária de cada órgão do
Sistema Cartográfico Nacional, destinada a atender à demanda requerida pelo Plano
Cartográfico Nacional, ou a outras necessidades tecnicamente definidas; e
• Propor ao Ministério do Planejamento Orçamento e Gestão a distribuição de recursos
previstos em lei ou disponíveis para a Dinamização da Cartografia Sistemática, bem como
para a Coordenação da Política Cartográfica Nacional.
Desafios atuais da CONCAR
Em resposta ao crescente reconhecimento da importância do planejamento e da gestão
territorial nos três níveis de governo, a CONCAR desempenha papel central na promoção dos
meios para atender às novas demandas, incorporar capacidades e tecnologias, bem como
promover a qualidade e a integração dos serviços e produtos cartográficos nos níveis federal,
estadual e municipal.
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Para essa finalidade, está sendo formada uma “comunidade”, ou seja, uma estrutura de apoio
recíproco para dinamizar e racionalizar a produção cartográfica, além de propiciar o
compartilhamento dos dados geoespaciais disponíveis nas várias entidades públicas e
privadas. No âmbito dessa comunidade, a Cartografia deve ser reconhecida como o conjunto
de técnicas voltadas para tratamento, representação e análise de dados geoespaciais, com o
objetivo de elaborar um conjunto expressivo de informações sobre o território, geradas e
utilizadas de modo a se obter maior eficiência, efetividade e eficácia da ação pública pela
integração das ações com foco no território.
Destaca-se ainda a importância da formação dessa comunidade pelas características da
atividade cartográfica, de caráter sistêmico e retroalimentador, para garantir o fluxo de
informações territoriais necessárias ao desenvolvimento sustentável de interesse local,
regional e global.
Assim, o grande desafio da CONCAR é consolidar-se como fórum referencial para o
desenvolvimento e a validação das ferramentas necessárias à espacialização da ação pública,
fortalecimento como organismo responsável pelos padrões e normas da produção cartográfica
nacional, pública e privada. De acordo com o Decreto nº 6666 de 27 de novembro de 2008,
que institui a Infraestrutura Nacional de Dados Espaciais (INDE), compete à CONCAR:
I - estabelecer os procedimentos para a avaliação dos novos projetos, tendo em vista as
consultas para iniciar a produção de dados geoespaciais, visando a eliminar a duplicidade de
esforços e recursos.
II - homologar os padrões para a INDE e as normas para a Cartografia Nacional, nos termos
do Decreto-Lei nº 243, de 28 de fevereiro de 1967, e do Decreto nº 89.817, de 20 de junho de
1984;
III - definir as diretrizes para o Diretório Brasileiro de Dados Geoespaciais (DBDG), com o
objetivo de subsidiar a ação do IBGE de divulgar os procedimentos para acesso eletrônico aos
repositórios de dados e seus metadados distribuídos e para utilização dos serviços
correspondentes.
IV - garantir que o DBDG seja implantado e mantido em conformidade com os Padrões de
Interoperabilidade de Governo Eletrônico, mantidos pela Secretaria de Logística e Tecnologia
da Informação, do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão;
V - promover o desenvolvimento de soluções em código aberto e de livre distribuição para
atender às demandas do ambiente de servidores distribuídos em rede, utilizando o
conhecimento existente em segmentos especializados da sociedade, como universidades,
centros de pesquisas do País, empresas estatais ou privadas e organizações profissionais;
VI - coordenar a implantação do DBDG de acordo com o plano de ação para implantação da
INDE,
VII - acompanhar, as atividades desempenhadas pelo IBGE, na qualidade de responsável pelo
apoio técnico e administrativo à CONCAR. Essas atividades são:
• construção, disponibilização e operação do SIG Brasil, em conformidade com o plano de
ação para implantação da INDE, elaborado pela CONCAR.
• Gestão do DBDG, por meio do gerenciamento e manutenção do SIG Brasil, buscando
incorporar-lhe novas funcionalidades;
• Divulgação dos procedimentos para acesso eletrônico aos repositórios de dados e seus
metadados distribuídos e para utilização dos serviços correspondentes em cumprimento às
diretrizes definidas pela CONCAR para o DBDG
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2.1.3.1. IBGE
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, possui a Missão Institucional de
"retratar o Brasil com informações necessárias ao conhecimento de sua realidade e ao
exercício da cidadania". O Decreto nº 24.609 – de 6 de julho 1934, cria o Instituto Nacional
de Estatística e fixa disposições orgânicas para a execução e desenvolvimento dos serviços
estatísticos. O IBGE se constitui no principal provedor de dados e informações do País, que
atendem às necessidades dos mais diversos segmentos da sociedade civil, bem como dos
órgãos das esferas governamentais federal, estadual e municipal. O Instituto oferece uma
visão completa e atual do País, através do desempenho de suas principais funções, (IBGE,
2016):
- Produção e análise de informações estatísticas;
- Coordenação e consolidação das informações estatísticas;
- Produção e análise de informações geográficas;
- Coordenação e consolidação das informações geográficas;
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2.1.3.2. INCRA
O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) foi criado pelo Decreto nº
1.110, de 9 de julho de 1970, com a missão prioritária de realizar a reforma agrária, manter o
cadastro nacional de imóveis rurais e administrar as terras públicas da União. Está implantado
em todo o território nacional por meio de 30 Superintendências Regionais. Tem como objetivo
é implantar modelos compatíveis com as potencialidades e biomas de cada região do País e
fomentar a integração espacial dos projetos. Outra tarefa importante no trabalho da autarquia
é o equacionamento do passivo ambiental existente, a recuperação da infraestrutura e o
desenvolvimento sustentável dos mais de oito mil assentamentos existentes no País (INCRA,
2016).
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2.1.3.3. IBAMA
Em 22 de fevereiro de 1989, foi promulgada a Lei nº 7.735, que cria o Instituto Brasileiro do
Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. Nesse momento, a gestão ambiental
passou a ser integrada. Antes, havia várias áreas que cuidavam do meio ambiente em
diferentes ministérios e com diferentes visões, muitas vezes contraditórias. A instituição
responsável pelo trabalho político e de gestão era a Secretaria Especial do Meio Ambiente
(Sema), vinculada ao Ministério do Interior. A Sema teve um papel de articulação muito
importante na elaboração da Lei 6938/81, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio
Ambiente, em vigor até hoje. A lei estabelece o Sistema Nacional de Meio Ambiente
(Sisnama) e o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), único conselho com poder de
legislar. A Política, além de objetivar a preservação, a melhoria e a recuperação da qualidade
ambiental, visa também assegurar o desenvolvimento econômico, mas com racionalidade de
uso dos recursos naturais. Foi um grande avanço, principalmente numa época onde a visão
que existia era a de desenvolvimento a qualquer preço. Quando a Constituição Federal de
1988 foi promulgada, essa lei foi a única a ser recepcionada na íntegra. Por outro lado, sua
efetivação foi construída aos poucos (IBAMA, 2016).
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Outro órgão que também trabalhava com a área ambiental era o Instituto Brasileiro de
Desenvolvimento Florestal (IBDF), criado com mega-estrutura, que mantinha a gestão das
florestas. Além dele, a Superintendênica de Pesca (Sudepe), que mantinha a gestão do
ordenamento pesqueiro, e a Superintendência da Borracha (Sudhevea), que tinha como
desafio viabilizar a produção da borracha. O IBDF e a Sudepe eram vinculados ao Ministério
da Agricultura e a Sudhevea ao Ministério da Indústria e Comércio. Diferentemente da Sema,
a atuação de preservação ambiental destes órgãos era reduzida a ilhas dentro de suas
estruturas, pois foram criados para dar incentivos fiscais e fomentar o desenvolvimento
econômico. Mesmo assim, não havia um órgão com a atribuição de trabalhar o meio ambiente
de forma integrada. Juntos com a Sema, foram estes os quatro órgãos que deram origem ao
Ibama. Na realidade, indiretamente, a criação do Ibama é o ápice de um longo caminho de
articulação e conscientização, que teve como pontapé, se não inicial, mas, pelo menos, mais
forte, a participação do Brasil na Conferência das Nações Unidas para o Ambiente Humano,
realizada em Estocolmo (Suécia), em 1972. Após Estocolmo, houve muita pressão da
sociedade e internacional para que o Brasil passasse a fazer a gestão ambiental de forma
integrada. Como resposta ao compromisso brasileiro assumido junto à Conferência de
Estocolmo, surgiu a Sema em 1973, que realizou, nos anos seguintes, todo um trabalho de
criação e atualização do marco regulatório da área ambiental (IBAMA, 2016).
As décadas de 70 e 80 foram marcadas por grandes empreendimentos com alto impacto
ambiental - a Transamazônica e Foz do Iguaçu (que acabou com Sete Quedas), por exemplo –
e outros que levaram a desastres ambientais, como a autorização para uso de agente laranja
como desfolhante em Tucuruí e o acidente radioativo em Goiânia com Césio 137. Além disso,
o índice de desmatamento era alarmante (em 1988 chegou a 21.050 km² contra 11.224 km²
em 2007), a caça e pesca predatória e sem controle (os jacarés do Pantanal e as baleias
estavam às vias de extinção), crescentes conflitos entre comunidades tradicionais e
seringueiros, que teve como ápice a morte de Chico Mendes. Com tantos incidentes, houve
mais pressão interna e externa. Isso fez surgir no governo a urgência de se mapear os órgãos
federais com atuação ambiental, com o intuito de fortalecer-se o processo de gestão da área.
Foi criado, então, em 1988, pelo presidente José Sarney, o Programa Nossa Natureza, que
tinha como uma das metas recriar a arquitetura organizacional ambiental. Após discussões e
debates, é instituído o Ibama, com a função de ser o grande executor da política ambiental e
de gerir de forma integrada essa área no país. Na fusão, o Ibama herda da Sema, por curto
período, a cabeça do Sisnama, e a mantém até 1990, quando o presidente Fernando Collor cria
a Secretaria do Meio Ambiente da Presidência da República. Essa atribuição volta para o
primeiro escalão do governo, quando a nova Secretaria retoma a função ministerial de
formulação das políticas. O Ibama herda também todas as atribuições dos outros órgãos, à
exceção da parte de fomento, que já estava em decadência a partir do início da década de 80
(IBAMA, 2016).
O Ibama, ao longo de sua história, vem dando respostas concretas aos desafios que se
colocam. Desde sua criação, em 1989, os temas ambientais vêm alcançando novos espaços no
Brasil e no mundo. Já em 1992 foi criado o Ministério do Meio Ambiente e, durante a
Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento – Rio 92, foram
lançadas três das principais Convenções internacionais de meio ambiente: de Mudanças
Climáticas, da Diversidade Biológica e da Desertificação. O aprimoramento do arcabouço
legal também reflete a importância crescente da agenda ambiental no País. Em 1997 foi
aprovada a chamada Lei das Águas, em 1998, a Lei dos Crimes Ambientais, em 1999, a lei
que estabelece a Política Nacional de Educação Ambiental, em 2000, a que estabelece o
Sistema Nacional de Unidades de Conservação e em 2006, a Lei de Gestão de Florestas
Públicas. O Estado brasileiro precisou adequar-se para dar respostas crescentes à sociedade.
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Dessa forma, em 1996 o Jardim Botânico do Rio de Janeiro somou-se ao Ministério do Meio
Ambiente como um de seus órgãos vinculados, em 1997 foi criado o Conselho Nacional de
Recursos Hídricos, em 2000 a Agência Nacional das Águas, em 2001 o Conselho Nacional de
Recursos Genéticos, em 2006 o Serviço Florestal Brasileiro e em 2007 o Instituto Chico
Mendes de Conservação da Biodiversidade. O Ibama coloca-se hoje como uma instituição de
excelência para o cumprimento de seus objetivos institucionais relativos ao licenciamento
ambiental, ao controle da qualidade ambiental, à autorização de uso dos recursos naturais e à
fiscalização, monitoramento e controle ambiental. Foram realizados dois concursos públicos
em pouco mais de 5 anos, instituída a Gratificação de Desempenho que elevou o padrão
salarial da carreira e ampliados, ano a ano, os recursos orçamentários disponíveis. Ainda não
são as condições ideais, mas a evolução institucional que observamos desde a sua criação
mostra que estamos nos preparando com seriedade para sermos o órgão de controle do uso
sustentável dos recursos naturais que o País precisa (IBAMA, 2016).
O Sistema Compartilhado de Informações Ambientais (SISCOM, site
http://siscom.ibama.gov.br ) é o local onde se encontram os acessos aos serviços geodigitais
proporcionados pelo CSR/CGMAM. Neste local encontram-se os links para acesso ao banco
de dados do setor, tanto para consulta, como para download, respeitados os sigilos inerentes
às atividades do órgão. Para acesso ao banco de dados o serviço mais eficiente é o Geoserver,
de onde é possível projetar camadas de informações geográficas do CSR/CGMAM com o uso
de programas de geoprocessamento, como o sotware livre Quantum Gis. Para download, o
CSR/CGMAM conta com imagens Landsat e CBERS georreferenciadas, que foram utilizadas
em projetos de monitoramento ambiental realizados pelo setor, e por isso mesmo, cobrindo a
quase totalidade do território brasileiro. Pelo Geoserver é possível se fazer o download, no
formato zip, das camadas de informações geográficas do banco de dados do CSR/CGMAM.
Para que se vejam essas informações projetadas em um programa de visualização web, o
CSR/CGMAM dispõe de serviços de mapas temáticos (ao estilo Google Maps) com acesso a
camadas do banco de dados do setor. Recentemente, através de licitação, foram adquiridas,
através de convênio MMA/Ibama, imagens de alta resolução (pixel= 5m) para se dar um salto
em precisão dos dados produzidos pelo setor. Há ainda, no site do SISCOM como se consultar
informações sobre antropização e desmatamento, tanto da Amazônia (DETER, PRODES e
Indicar) como dos outros biomas brasileiros (PMDBBS). Com relação ao desmatamento da
amazônia, há ainda como se consultar as áreas embargadas através de ações de fiscalização do
Ibama e recentemente têm-se disponibilizado dados estatísticos, organizados conforme
períodos de tempo, para embasamento e efetividade das ações de fiscalização e dissuasão de
desmatamentos (IBAMA, 2016).
Em 2006, o Ministério do Meio Ambiente – MMA, em parceria com o Programa das Nações
Unidas para o Desenvolvimento – PNUD, lançou o Projeto “Conservação e Uso Sustentável
da Biodiversidade de Manguezais em Áreas Protegidas no Brasil”, com recursos brasileiros e
do Fundo para o Meio Ambiente – GEF. O Centro de Sensoriamento Remoto (CSR) integra o
Comitê Assessor do Projeto GEF Mangue, sendo a função deste auxiliar o Comitê de
Coordenação do Projeto na fase de planejamento e implementação das atividades da
assistência preparatória. A necessidade de informações mais atuais sobre estes ecossistemas,
além do apoio ao Projeto GEF Mangue, motivou a criação da linha de mapeamento de
manguezais dentro do Núcleo da Zona Costeira e Marinha no CSR. Neste projeto as
metodologias de mapeamento de cobertura do terreno, baseadas em imagens de satélite, são
avaliadas, definindo aquela que melhor se aplica ao ecossistema manguezal, considerando a
necessidade de se mapear os bosques de mangue e áreas associadas de apicum e salgados.
Após o processamento das imagens, são realizados trabalhos de campo para avaliação e
validação do mapeamento efetuado, orientando a correção de possíveis erros de delimitação
27
Jurisdicionais Brasileiras atualizadas. Além das cartas náuticas em papel, o CHM produz,
também, Cartas Raster e cartas náuticas eletrônicas (Eletronic Navigation Chart – ENC).
As Cartas Náuticas são documentos cartográficos que resultam de levantamentos de áreas
oceânicas, mares, baías, rios, canais, lagos, lagoas, ou qualquer outra massa d’água
navegável e que se destinam a servir de base à navegação; são geralmente construídas na
Projeção de Mercator e representam os acidentes terrestres e submarinos, fornecendo
informações sobre profundidades, perigos à navegação (bancos, pedras submersas, cascos
soçobrados ou qualquer outro obstáculo à navegação), natureza do fundo, fundeadouros e
áreas de fundeio, auxílios à navegação (faróis, faroletes, bóias, balizas, luzes de
alinhamento, radiofaróis, etc.), altitudes e pontos notáveis aos navegantes, linha de costa e
decontorno das ilhas, elementos de marés, correntes e magnetismo e outras indicações
necessárias à segurança da navegação. As Normas Técnicas para construção das cartas
náuticas são ditadas pela Organização Hidrográfica Internacional (OHI). No que concerne
às cartas náuticas em papel, a Base de Hidrografia da Marinha em Niterói (BHMN) é
responsável pela sua impressão. Já a venda e distribuição são realizadas pela Empresa
Gerencial de Projetos Navais (EMGEPRON) . Atualmente não existe mais a reimpressão
da carta em grandes tiragens, mas sim, trabalha-se com o processo de impressão sob
demanda. Quando o cliente realiza a compra de uma carta, a mesma é impressa e entregue
atualizada, até o último aviso aos navegantes naquela data. As cartas náuticas raster estão
disponibilizadas gratuitamente para download no formato NOAA-BSB versão 3.0. A sua
utilização não dispensa o uso concomitante das cartas náuticas em papel, atualizadas até o
último aviso aos navegantes. Recomenda-se especial atenção para a necessidade de
adoção do datum WGS-84, tanto no receptor GPS quando no programa de visualização
utilizado. As cartas náuticas eletrônicas (ENC) são disponibilizadas exclusivamente por
intermédio de distribuidores internacionais dos Centros de Coordenação Regional /
Regional ENC Coordination Centres (RENC): International Centre for ENC’s (IC-ENC),
operado pelo Serviço Hidrográfico do Reino Unido (www.ic-enc.org) e PRIMAR, operado
pelo Serviço Hidrográfico Norueguês (www.primar.org ). O Centro de Hidrografia da
Marinha (CHM) é o órgão responsável pelo planejamento e pela validação dos dados
resultantes dos Levantamentos Hidrográficos destinados à construção das cartas náuticas
sob a responsabilidade da Diretoria de Hidrografia e Navegação (DHN) e aqueles de
interesse da Marinha. Além dos levantamentos executados pela Marinha, o Centro de
Hidrografia da Marinha (CHM) fiscaliza, por força de determinação legal, a execução dos
Levantamentos Hidrográficos executados por entidades extra Marinha, visando,
principalmente, manter as cartas náuticas brasileiras atualizadas. (MARINHA, 2016).
Atuando na proteção de nosso território desde a Batalha dos Guararapes (1648), contra os
invasores holandeses, o Exército Brasileiro tem exercido papel relevante na manutenção
da unidade e da integridade nacional. Sua evolução histórica se confunde com a própria
consolidação da identidade do país. Presente em todo o território, o Exército tem a missão
condicionada pelas dimensões continentais do Brasil, caracterizadas pela variedade de
ambientes geográficos e por uma faixa de fronteira com dez países que se estende por
quase 17 mil quilômetros. Para o cumprimento da missão constitucional de defesa da
pátria, a Força Terrestre tem de manter preparados e adestrados efetivos superiores a 200
mil homens e mulheres. A instituição militar atua também no apoio às atividades de
Defesa Civil, participando de ações de socorro e assistência às vítimas de desastres
naturais, bem como nos procedimentos de recuperação e reconstrução. Seu corpo de
engenheiros coopera constantemente na consecução de obras públicas. O Exército integra
o Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil (SINPDEC). Nas áreas de fronteira
terrestre, o Exército atua na prevenção e repressão contra delitos transfronteiriços e
ambientais, de forma isolada ou em coordenação com outros entes estatais (EB, 2016).
29
Foi em 1941, durante a Segunda Guerra Mundial, que a Força Aérea Brasileira (FAB) teve
seu batismo de fogo. A partir da junção de equipamentos aéreos e pessoal da Marinha, do
Exército e do então Departamento de Aviação Civil (DAC), instituiu-se o Ministério da
Aeronáutica, que teve na FAB seu braço armado. Passada a heróica participação em
combates nos céus da Itália, ao lado das forças aliadas, a FAB tem hoje a missão de
manter a soberania do espaço aéreo nacional, prevenindo e impedindo a prática de atos
hostis ou contrários aos interesses do país. A Força Aérea Brasileira está capacitada para
atuar tanto na vigilância, quanto no controle e na defesa do espaço aéreo. Para tanto,
dispõe de modernos recursos para detecção, interceptação e eliminação de equipamentos
aéreos, terrestres e aquáticos. Amplas, as atribuições do Comando da Aeronáutica incluem
o provimento da segurança da navegação aérea; a operação do Correio Aéreo Nacional; o
apoio logístico, de inteligência, de comunicações e instrução na repressão a delitos que
envolvam o uso do espaço aéreo e as áreas aeroportuárias; além do controle do espaço
aéreo brasileiro em cooperação com os organismos de fiscalização competentes. Para
reforçar a capacidade dissuasória da Força Aérea Brasileira, o Ministério da Defesa
anunciou, em dezembro de 2013, a negociação, com transferência de tecnologia, de
modernos caças Gripen-NG, fabricados pela empresa sueca SAAB (FAB, 2016).
As atividades de controle do aerolevantamento no Território Nacional são exercidas pelo
Ministério da Defesa (MD), por meio da Seção de Cartografia, Meteorologia e
Aerolevantamento (SECMA). Essas atividades estão centradas, basicamente, nos serviços
prestados por mais de 70 entidades nacionais públicas e privadas, inscritas no MD, que
executam projetos por todo o País e fornecem informações para o Cadastro de
Levantamentos Aeroespaciais do Território Nacional – CLATEN, no qual constam as áreas
aerolevantadas, autorizadas pelo MD. Entende-se como aerolevantamento o conjunto das
operações aéreas e/ou espaciais de medição, computação e registro de dados do terreno
com o emprego de sensores e/ou equipamentos adequados, bem como a interpretação dos
dados levantados ou sua tradução sob qualquer forma. Tal atividade é constituída de uma
fase aeroespacial, caracterizada pelo sensoriamento remoto da parte terrestre ou marítima,
e de uma fase decorrente, que se constitui de técnicas de geoprocessamento dos dados
captados na primeira fase. As empresas de aerolevantamento são classificadas como
Categoria A – executantes das fases aeroespacial e decorrente, Categoria B – executantes
da fase aeroespacial e Categoria C – executantes da fase decorrente. Finalmente, o MD
deu início, no ano de 2014, às atividades de Geoinformação. O desenvolvimento da
Geoinformação no âmbito deste Ministério contribuirá para a melhoria da consciência
situacional dos decisores militares e, consequentemente, para o apoio à decisão e para o
intercâmbio de dados geoespaciais entre o MD, as Forças Armadas e Instituições Públicas
e/ou Privadas. Espera-se que, em breve, a Geoinformação possa apoiar, não só as Forças
Armadas, mas a sociedade brasileira, como um todo, contribuindo para as ações de
governo em áreas de desastres naturais, locais endêmicos, faixas de fronteira, áreas de
reservas minerais, áreas indígenas, entre outros, legislação relacionada (ARMADAS,
2016):
a) Decreto-Lei nº 1.177, de 21 de junho de 1971: Dispõe sobre Aerolevantamentos no
Território Nacional.
b) Decreto Nº 2.278, de 17 de julho de 1997: Regulamenta as Atividades de
Aerolevantamento no Território Nacional.
c) Portaria Normativa nº 953/MD, 16 de abril de 2014: Dispõe sobre a adoção de
procedimentos para a atividade de aerolevantamento no Território Nacional.
30
urbano, ainda que não inscrito ou registrado, por meio de requerimento acompanhado dos
seguintes documentos:
I - planta e memorial descritivo do imóvel público a ser matriculado, dos quais constem a sua
descrição, com medidas perimetrais, área total, localização, confrontantes e coordenadas
preferencialmente georreferenciadas dos vértices definidores de seus limites;
II - comprovação de intimação dos confrontantes para que informem, no prazo de 15 (quinze)
dias, se os limites definidos na planta e no memorial descritivo do imóvel público a ser
matriculado se sobrepõem às suas respectivas áreas, se for o caso;
III - as respostas à intimação prevista no inciso II, quando houver; e
IV - planta de parcelamento assinada pelo loteador ou aprovada pela prefeitura, acompanhada
de declaração de que o parcelamento se encontra implantado, na hipótese deste não ter sido
inscrito ou registrado.
§ 1º Apresentados pelo Município os documentos relacionados no caput, o registro de imóveis
deverá proceder ao registro dos imóveis públicos decorrentes do parcelamento do solo urbano
na matrícula ou transcrição da gleba objeto de parcelamento.
§ 2º Na abertura de matrícula de imóvel público oriundo de parcelamento do solo urbano,
havendo divergência nas medidas perimetrais de que resulte, ou não, alteração de área, a
situação de fato implantada do bem deverá prevalecer sobre a situação constante do registro
ou da planta de parcelamento, respeitados os limites dos particulares lindeiros.
§ 3º Não será exigido, para transferência de domínio, formalização da doação de áreas
públicas pelo loteador nos casos de parcelamentos urbanos realizados na vigência do Decreto-
Lei nº 58, de 10 de dezembro de 1937.
§ 4º Recebido o requerimento e verificado o atendimento aos requisitos previstos neste artigo,
o oficial do registro de imóveis abrirá a matrícula em nome do Município.
§ 5º A abertura de matrícula de que trata o caput independe do regime jurídico do bem
público."
Na mesma Lei nº 6.015/73 ainda temos os arts. 176 e 225:
“Art. 176 - O Livro nº 2 - Registro Geral - será destinado, à matrícula dos imóveis e ao
registro ou averbação dos atos relacionados no art. 167 e não atribuídos ao Livro nº 3.
(Renumerado do art. 173 com nova redação pela Lei nº 6.216, de 1975).
§ 1º A escrituração do Livro nº 2 obedecerá às seguintes normas: (Renumerado do parágrafo
único, pela Lei nº 6.688, de 1979)
I - cada imóvel terá matrícula própria, que será aberta por ocasião do primeiro registro a ser
feito na vigência desta Lei;
II - são requisitos da matrícula:
1) o número de ordem, que seguirá ao infinito;
2) a data;
3) a identificação do imóvel, que será feita com indicação: (Redação dada pela Lei nº
10.267, de 2001)
a - se rural, do código do imóvel, dos dados constantes do CCIR, da denominação e de
suas características, confrontações, localização e área; (Incluída pela Lei nº 10.267, de 2001)
34
rurais no Registro de Imóveis. Também haverá maior colaboração entre as duas instituições,
cada uma com suas finalidades específicas, esse georreferenciamento provocará uma
verdadeira interconexão entre o Registro Imobiliário e o Cadastro Rural, que não podem ser
confundidos.
2.2 A USUCAPIÃO
2.2.1. Evolução histórica da usucapião
A maioria dos estudiosos comenta o instituto da usucapião a partir do direito romano, época
em que houve verdadeiro delineamento do assunto. Autores afirmam que a prescrição
denominada aquisitiva originou na Grécia e que Platão a mencionou em sua obra “A
República”, colocando-a como um instituto que poderia combater a desigualdade. Outros
autores afirmam ser de origem romana o instituto. Cícero, fundou-se na Lei das Doze Tábuas
como sendo a usucapião de imóvel de dois anos e das coisas um ano (FERREIRA, 2008).
Atualmente a doutrina majoritária o instituto da usucapião surgira no direito romano com o
objetivo de proteger a posse do adquirente imperfeito, que recebera a coisa sem as solenidades
necessárias, conforme a legislação vigente. Neste caso, a aquisição imperfeita podia decorrer
da falta escritura pública para transferir a propriedade de coisa entregue, havendo então falta
de formalidade essencial, ou ainda caso originar-se de ausência de direito, quando o alienante
não era titular de direito de propriedade (WALD, 2002).
Os prazos da usucapião dividiam-se em: de dois anos para imóveis e um ano para móveis e
outros direitos. A usucapião já se encontrava nas regras de Ulpiano, adquirindo-se o domínio
tanto de coisas imóveis quanto móveis. A prescrição começou como exceção, como meio ou
forma de defesa, e seu fundamento apoiava-se no decurso do tempo. O prazo foi aumentado
devido à grande extensão do império romano. Essa prescrição de longo tempo foi estendida
aos imóveis provinciais e coisas móveis, e constituía um meio de defesa processual. Com a
reforma feita através da constituição do ano 531, manteve Justiniano a usucapião para os bens
móveis, subindo o prazo para três anos, sempre com justo título e boa-fé. Para imóveis, tanto
para a usucapião ordinária (dez anos para os presentes e vinte anos para os residentes em
cidades diferentes - ausentes) quanto para a extraordinária (trinta anos para presentes ou
ausentes) (FERREIRA, 2008).
O legislador brasileiro se baseou nos princípios do instituto da usucapião nos preceitos de
Justiniano, seja sob a denominação de usucapião. A prescrição imemorial com dispensa de
justo título e boa-fé e da qual se encontram traços no direito romano, não era mais do que uma
presunção legal de aquisição, admitida subsidiariamente naqueles casos em que as
circunstâncias particulares tornavam impossível invocar-se a prescrição ordinária ou
extraordinária. Como afirmado, o justo título e a boa-fé eram presumidos, inadmitindo-se
provaem contrário. O possuidor adquiria a propriedade, não pela prescrição, mas em razão do
título presumido, diante do qual cedem todas as dificuldades que poderiam sugerir a outras
espécies de prescrições. Existia ainda a prescrição de quarenta anos que era prevista para os
bens do Estado, das cidades e vilas (ou Fisco) ou do Imperador (ou Príncipe), imóveis da
Igreja e lugares veneráveis (vilas e instituições). A prescrição atingia os bens de uso especial e
os dominicais (FERREIRA, 2008).
No modo originário se estabelece uma relação directa com a cousa ainda não apropriada por
ninguém, é como o casamento com uma virgem; no modo derivado essa relação é indirecta
com uma cousa doutrem já apropriada, é como o casamento com uma viúva (PEREIRA,
2007).
Por aquelle adquirimos a propriedade, por este uma propriedade, isto é, a propriedade de uma
cousa sobre a qual o nosso direito há de submetter-se às resticções e limitações que lhe impoz
o proprietário anterior. Não foi a nossa vontade livre que constituiu o domínio; adquirimo-lo
já predeterminado por uma vontade estranha (PEREIRA, 2007).
Existe certa preocupação ao se investigar a causa determinante na alienação e na usucapião. O
que nos importa saber, e o que positivamente sabemos, é que em ambos há um domínio, que
se perdeu, e um domínio, que se adquiriu, e que ninguém poderia adquiri-lo sem que alguém o
perdesse – duorum in solidum dominium esse non posse (PEREIRA, 2007).
primeiras ficam suspensas no caso de advir um acontecimento que, por algum tempo, as
impedirá de começar ou continuar a correr, mas sem que se perca o tempo anterior e
modifique as condições da posse. Afastado o fato ou obstáculo, a prescrição volta a correr
computada se o tempo antes decorrido. Ocorre a interrupção da prescrição quando algum fato
conduz à eliminação do tempo decorrido antes, tornando-o incomputável para o perfazimento
do prazo legal, sem interferir nas condições da posse. Tem que ver com o passado, não se
projetando para o futuro, podendo a prescrição ser retomada, recomeçando-se um novo prazo.
A distinção entre suspensão e interrupção está no fato de a primeira paralisar o curso da
prescrição, não anulando o tempo anterior, se é que já tivesse começado a correr. Na
interrupção fica sem efeito eventual prazo já decorrido anteriormente. Podendo a suspensão
constituir um fato preexistente ao começo do lapso prescricional, a interrupção constitui fato
superveniente ao começo de seu curso. A suspensão consiste em um fato duradouro, enquanto
a interrupção é fato instantâneo. As causas de interrupção da prescrição constituem numerus
clausus, tendo enumeração taxativa. Sabido que a posse contínua ou ininterrupta constitui a
base da prescrição aquisitiva, durante o tempo especificado em lei, a sua perda, antes de
completado o lapso temporal necessário, constituirá uma interrupção natural. A perda da posse
decorrerá da ausência de um dos elementos indispensáveis à caracterização da prescrição
aquisitiva, comportando invocação pela pessoa que tiver interesse (FERREIRA, 2008).
A modalidade Especial Urbana Residencial Individual, na coluna dos Requisitos, alínea “f”
temos o possuidor que não pode ter-se valido desse benefício antes. Tal requisito deveria
enquadrar em todas as modalidades de usucapião, tendo em vista que desta forma, tal instituto
somente poderia ser utilizado uma vez, em qualquer modalidade, pois caso contrário, o que
ocorre não raras vezes, pessoas de má-fé, com o intuito de enriquecer-se ilicitamente, se
valem da usucapião sem quaisquer critérios. Ressalte-se que tal posicionamento, existem
outros pormenores que devem ser analisados (PUBLIESE, 2005).
para moradia e ausência de domínio quanto a outro imóvel urbano ou rural). Para a efeito de
aquisição da propriedade imobiliária urbana temos os preceitos da modalidade ordinária (justo
título e boa-fé) e da extraordinária (com prazo longo e dispensado o justo título). Após a
Constituição Federal de 1988 foi majoritário o entendimento de que somente podiam ser
computadas posses iniciadas a partir da data da vigência do Diploma Constitucional,
consolidado pelo Supremo Tribunal Federal. Ou seja, aquele que possuir, como está no art.
183 da Constituição Federal, será o beneficiário da aquisição da propriedade pela usucapião
urbana. Tanto o brasileiro como estrangeiro podem ser beneficiados, havendo restrições
quanto ao último, em razão da residência no país. A pessoa jurídica não tem residência (possui
sede), não tem família, portanto, não detém legitimidade para valer-se da prescrição
aquisitiva, a Lei é clara, ao exigir do prescribente que utilize o imóvel para sua moradia ou de
sua família, requisitos estes que a pessoa jurídica não tem condições de cumprir (FERREIRA,
2008).
A Lei nº 10.257 de 2001 (Estatuto da Cidade), formalizou as chamadas usucapião urbana
individual e usucapião urbana coletiva, com contornos próprios, e ainda estabeleceu que o
direito à usucapião urbana não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez.
O Art. 183 da Constituição Federal, fala em área urbana, portanto, em princípio, podem ser
usucapidos o domínio e o uso de imóvel urbano, também identifica a classificação de imóveis
urbano e rural.
Art. 183 da Constituição Federal: “Aquele que possuir como sua área urbana de até duzentos
e cinquenta metros quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a
para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário
de outro imóvel urbano ou rural”.
Critérios de distinção do que vem a ser o imóvel urbano do rural são o da destinação e o da
localização. O da destinação, também denominado da utilização ou finalidade, proveniente
dos romanos, leva em conta o uso do imóvel ou a finalidade a que destinado: urbano, se
utilizado para moradia, comércio ou indústria; rural, se destinado à exploração agrícola,
pecuária, extrativa vegetal ou agroindustrial, sem levar em conta a sua localização,
predominando a destinação principal do imóvel. O da localização, ou situação, tem em conta
somente a localização: será urbano, estando sito na zona urbana; rústico, se na zona rural, sem
considerar a sua destinação. O imóvel rural é definido, conforme está no art. 4º do Estatuto da
Terra, como sendo o prédio rústico, de área contínua, independentemente da sua localização,
que se destine à exploração extrativa agrícola, pecuária ou agroindustrial, quer através de
planos públicos de valorização, quer através de iniciativa privada (FERREIRA, 2008).
Já imóvel urbano é aquele localizado dentro do perímetro urbano, que será fixado em razão
dos interesses do Município, beneficiário da arrecadação do imposto predial e territorial
urbano. A usucapião urbana é instituto novo no ordenamento jurídico a partir da CF/88.
Inexiste correspondência com os formatos de usucapião anteriores (usucapiões ordinária e
extraordinária). A lei cita expressamente em posse de área urbana utilizada para moradia do
possuidor ou de sua família, havendo assim a necessidade da existência de uma casa no
terreno usucapiendo, já construída desde o início da posse ou no curso desta. O legislador
constitucional fixa um tamanho máximo do imóvel como suficiente à moradia do possuidor
ou de sua família, o art. 183 da CF/88 fala em usucapião de área urbana de até duzentos e
cinqüenta metros quadrados. Não existe distinção quanto à área usucapienda, se do solo
urbano ou da construção, não sendo lícito ao intérprete distinguir, há entendimento de que não
pode ser ultrapassado o limite de 250 m², seja para área do solo, seja para área construída,
prevalecendo a que for maior, dentro da limitação.
43
Quando a posse ocorrer sobre área superior aos limites legais, não é possível a aquisição pela
via da usucapião especial, ainda que o pedido restrinja a dimensão do que se quer usucapir
(IV JORNADA, 2006).
2.2.5.3.1. Estatuto da Cidade
A União regulamentou os arts. 182 e 183 da CF/88, dentro do âmbito de sua competência
legislativa quanto a normas gerais de Direito Urbanístico, editou a Lei n 10.257 de 10 de julho
de 2001, conhecida como o Estatuto da Cidade, que da Constituição Federal, estabelecendo
diretrizes gerais da política urbana e dando outras providências, esclarecendo que se trata de
regras de ordem pública e de interesse social que regulam a utilização da propriedade urbana
com vistas à segurança e ao bem-estar das pessoas, assim como ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado (FERREIRA, 2008).
Pelo art. 6° da CF/88 a moradia é considerada direito social, embasado nos princípios
fundamentais da cidadania e da dignidade da pessoa humana. Os Municípios têm a
obrigatoriedade através de normas jurídicas impedir o uso nocivo da propriedade urbana.
Art. 6° da Constituição Federal: “São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a
moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a
assistência aos desamparados, na forma desta Constituição”.
Entre os instrumentos de efetivação dessa política está a chamada usucapião especial de
imóvel urbano, em favor de pessoas sem moradia e de baixa renda, arts. 9° e 10° do Estatuto
da Cidade.
Art. 9º da Lei nº 10.257 de 2001: “Aquele que possuir como sua área ou edificação urbana de
até duzentos e cinqüenta metros quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição,
utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja
proprietário de outro imóvel urbano ou rural”.
Art. 10 da Lei nº 10.257 de 2001: “As áreas urbanas com mais de duzentos e cinquenta metros
quadrados, ocupadas por população de baixa renda para sua moradia, por cinco anos,
ininterruptamente e sem oposição, onde não for possível identificar os terrenos ocupados por
cada possuidor, são susceptíveis de serem usucapidas coletivamente, desde que os possuidores
não sejam proprietários de outro imóvel urbano ou rural”.
A forma de usucapião especial coletiva de imóvel urbano permite regularização de áreas de
favelas, cortiços, assentamentos, zonas urbanas degradadas ou aglomerados residenciais sem
condições de legalização dominial. Essas modalidades de usucapião, para fins de residência,
individual ou coletiva, são também conhecidas como usucapião pró moradia. O Estatuto da
Cidade, cumprindo disposições constitucionais, alberga diretrizes para o pleno
desenvolvimento das funções sociais da cidade e da propriedade urbana e fornece os
instrumentos de intervenção urbana (FERREIRA, 2008).
O Estatuto da Cidade impõe ao Município o dever de editar um plano diretor, que estabeleça
diretrizes para que haja direito à terra urbana, à moradia, ao saneamento ambiental, à
infraestrutura urbana, ao transporte e aos serviços públicos, ao trabalho, ao lazer; promova
condições de participação popular nas gestões administrativas, estabeleça meios para que haja
cooperação entre autoridades públicas e a iniciativa privada, com indicativos para que o
planejamento urbano se dê em consideração ao desenvolvimento sustentável, com a
ordenação e controle do uso do solo, com a previsão de aplicação de meios justos de
recuperação dos investimentos públicos que tenham valorizado a propriedade particular e de
um modo geral, situe a pessoa humana como centro do desenvolvimento social da cidade
(PUGLIESE, 2005).
44
A ação de usucapião ostenta natureza declaratória, uma vez que busca o usucapiente a
declaração do domínio da coisa. A propriedade, quando proposta a demanda, será considerada
adquirida, desde que completado o tempo necessário à sua aquisição usucapional e atendidos
os demais requisitos estabelecidos na lei.
O pedido formulado pelo usucapiente é direcionado a uma sentença que lhe declare o
domínio, cuja finalidade é a regularização dominial junto ao registro imobiliário competente,
portanto, para efeitos erga omnes e disponibilidade, possibilitando-lhe, desse modo tal
decisão, produz ainda efeito a partir da ocasião em que tenha incidido a prescrição aquisitiva.
Cuida-se de hipótese improvável de acontecer, cingindo as discussões, na maioria das vezes, a
registros públicos, em especial ao imobiliário, quer por procedimentos de dúvidas, quer por
requerimentos dirigidos ao oficial ou ao juiz competente. No que diz respeito à ação de
usucapião de bens móveis ou semoventes, são raros os casos em que os interessados se valem
da ação de usucapião para o reconhecimento de domínio (FERREIRA, 2008).
Para propositura da ação de usucapião, necessário se faz que a inicial contenha requisitos
gerais ou comuns estabelecidos no art. 319 do CPC e mais aqueles que podem ser chamados
de especiais e que estão previstos no Capítulo III do Título V da Lei no 6.015, de 31 de
dezembro de 1973 (Lei de Registros Públicos).
Art. 319. A petição inicial indicará:
I - o juízo a que é dirigida;
II - os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a profissão, o número
de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o
endereço eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu;
III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido;
IV - o pedido com as suas especificações;
V - o valor da causa;
VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados;
VII - a opção do autor pela realização ou não de audiência de conciliação ou de mediação.
No que diz respeito aos requisitos especiais, eles basicamente se dividem em planta do
imóvel, pedido de designação de audiência preliminar, certidão do registro imobiliário,
outorga do cônjuge e procuração judicial. A planta do imóvel usucapiendo é exigência
prevista no § 2o do art. 216-A da Lei no 6.015, de 31 de dezembro de 1973 (Lei de Registros
Públicos). É, pois, necessária a planta, tendo em vista que é a representação gráfica das
medidas perimetrais, contendo os marcos e acidentes naturais, a área, a localização exata, o
ângulo interno formado entre os diversos segmentos da poligonal, bem como as medidas
desses segmentos e os confrontantes (para efeito de cisões) e ainda as vias públicas próximas.
A finalidade da planta, nada mais é que retratar a projeção gráfica do imóvel, segundo sua
descrição e localização, permitindo, desse modo, sua identificação pelo juízo e pelas partes.
Embora não exista uma previsão legal incisiva, extrai-se da norma do § 2o do art. 216-A da Lei
no 6.015, de 31 de dezembro de 1973 (Lei de Registros Públicos) que não será possível
atender à “citação pessoal daquele em cujo nome esteja registrado o imóvel usucapiendo” se
não for juntada com a peça inicial certidão do registro imobiliário competente, isto é, do local
onde se situe o imóvel. É de grande importância a identificação do titular do imóvel
usucapiendo, cuja citação é imprescindível, pois, se for incapaz, contra ele não corre
prescrição (FERREIRA, 2008).
47
Se o imóvel não se acha transcrito, a omissão não pode impedir a ação de usucapião. A citação
pessoal daquele em cujo nome está transcrito o imóvel é obrigatória quando o imóvel está
transcrito em nome de alguém. Conforme se nota na seguinte ementa: “Se o imóvel
usucapiendo não está transcrito, a omissão não pode impedir a ação de usucapião, como
evidente”. (TJSP, RT, 448:109-10, p.1.167 – 1.840)
Segundo a legislação atual o rito da ação de usucapião urbana é o sumário conforme art. 14
da Lei 10.257/2001, já na Usucapião Rural, dispõe o Art. 5º da Lei 6.969/81 que o
procedimento que deverá ser adotado é o sumaríssimo (lê-se sumário). Art. 14 da Lei
10.257/2001: “Na ação judicial de usucapião especial de imóvel urbano, o rito processual a
ser observado é o sumário”.
Art. 5º da Lei 6.969/81: “Adotar-se-á, na ação de usucapião especial, o procedimento
sumaríssimo, assegurada a preferência à sua instrução e julgamento”.
Deverá ainda, conforme disposição das leis que insurgem a respeito do instituto da
usucapião, ocorrer a intimação do representante do Ministério Público, podendo inclusive
caso não ocorra o pedido, proceder o Juiz a requisição de emenda a inicial.
Art. 5 º, § 5º da Lei 6.969/81: “Intervirá, obrigatoriamente, em todos os atos do processo, o
Ministério Público.”
Art. 12, § 1º, da Lei 10.257/01 – “Na ação de usucapião especial urbana é obrigatória a
intervenção do Ministério Público”.
Existem verificações comuns que o magistrado faz, em algumas fases, tais como na fase de
eliminação preliminar, de eliminação de vícios, irregularidades e preparação antecipada do
processo (SILVERIO, 2007). Elencam-se as principais:
a) se foi juntado mandato do cônjuge, para regularização (CPC, art. 10);
b) se foi juntada certidão do registro do imóvel (positiva ou negativa);
c) se consta planta individualizadora do imóvel usucapiendo, com a menção das medidas
perimetrais, área, marcos naturais, localização exata e todos os confinantes, para efeito de
citações, e as vias públicas;
d) se há especificação do tipo de usucapião pretendida (ordinária, extraordinária, urbana ou
rural), exigindo a primeira modalidade justo título e boa-fé;
e) se estão descriminados na inicial os atos para o exercício da posse, seu histórico, natureza e
caráter;
f) se o valor da causa equivale ao do imóvel usucapiendo, já que, versando a ação sobre o
imóvel descrito, o valor deve ser, ao menos, igual ao venal constante do aviso-recibo de
lançamento de imposto municipal ou territorial rural;
g) se estão especificados os possuidores anteriores, com definição da duração de cada período,
o que se torna necessário quando alegada cessão ou junção de posses (CC, arts. 1.207, 1.243 e
1.262; Estatuto da Cidade, arts. 9º, §3º e 10, 1º)
h) se a pretensão refere-se à usucapião de imóvel registrado em nome de alguém no registro
imobiliário ou não registrado em nome de ninguém;
i) se foi descrito conveniente o imóvel usucapiendo, com todas as suas características –
medidas do perímetro, área, confrontações e localização exata e, sendo terreno, se foi indicado
o lado (par-ímpar) e a distância da construção ou esquina mais próxima;
48
usucapião cujo objeto seja o imóvel periciado. Os quesitos da perícia devem ser formulados
no prazo de cinco dias, contados da intimação do despacho de nomeação do perito,
incumbindo às partes, querendo, nesse mesmo tempo indicar assistente técnico. Compete ao
juiz indeferir quesitos impertinentes e formular os que entender necessários ao esclarecimento
da causa. Desde que formulados quesitos regulamentares, admitem-se suplementares,
entendido que o prazo não seja preclusivo, aberta a possibilidade para apresentação até a
realização da perícia. No entanto, mesmo não ofertados os primeiros, poderão ser
apresentados os suplementares. A lei impõe ao juiz a fixação de prazo para a entrega do laudo,
pelo menos vinte dias antes da audiência de instrução e julgamento (FERREIRA, 2008).
2.3 ÁREAS DA UNIÃO SOB GESTÃO DA SPU
Total na base
Total base SIAPA TOTAL DE IMOVEIS DA
UF SPIUnet (uso
(uso dominial) UNIÃO CADASTRADOS
especial)
AC 2.435 245 2.680
AL 14.407 306 14.713
AM 4.934 729 5.663
AP 637 189 826
BA 30.352 1.485 31.837
CE 14.987 683 15.670
DF 1.077 10.770 11.847
ES 47.841 411 48.252
GO 849 1.708 2.557
MA 29.679 1.178 30.857
MG 624 1.728 2.352
MS 510 1.204 1.714
MT 3.665 501 4.166
PA 22.381 1.031 23.412
PB 10.935 462 11.397
PE 82 987 1.069
PI 7 404 411
PR 10.750 1.390 12.140
RJ 99.153 2.673 101.826
RN 9.028 546 9.574
RO 363 561 924
RR 119 197 316
RS 11.494 2.191 13.685
SC 40.631 895 41.526
SE 26.744 317 27.061
SP 85.780 3.597 89.377
TO 735 936 1.671
Exterior 0 115 115
SPU 559.254 37.439 596.693
Fonte: Secretaria do Patrimônio da União (PNC, 2014)
51
Atualmente a SPU possui 596.693 imóveis cadastrados conforme tabela 2.3.1. dos quais
559.254 imóveis de uso dominial e 37.439 imóveis de uso especial.
A Gestão do Patrimônio da União é composta, na prática, pelos seguintes processos – que se
complementam - conformando o ciclo de atividades da Secretaria:
Figura 2.3.1 – Atividades da SPU
A SPU/SP possui sob sua administração 89.916 imóveis dominais, sendo 45.324 ocupados e
44.592 aforados. Além da cobrança de receitas de laudêmio, multa de transferência, foro e
taxa de ocupação desses imóveis, a administração envolve a demarcação e homologação da
Linha de Preamar Média (LPM) e Linha Média das Enchentes Ordinárias (LMEO), revisão
dos laudêmios cobrados, atualização da Planta de Valores Genéricos (PVG), revisão cadastral
dos ocupantes e dos imóveis e respostas a AGU sobre ações de usucapião. Em 2015 a AGU
encaminhou à SPU/SP 12.300 ações de usucapião sendo analisadas e respondidas 12.080
ações. Também a SPU/SP é responsável pela cobrança de receitas de cerca de 4.200 imóveis
com termos de permissão de uso ou contrato de alienação, constantes do sistema de cobrança
da extinta Rede Ferroviária Federal. Possui ainda sob sua administração 5.513 imóveis de uso
especial de propriedade da União cadastrados no SPIUnet e aproximadamente 11.000 imóveis
e bens da extinta Rede Ferroviária Federal a serem cadastrados, que requerem atividades de
incorporação e destinação, tais como: vistoria, fiscalização, avaliação, doação, venda,
arrendamento, permissão de uso, autorização de obras e cessão e entrega a órgãos da
administração pública federal direta e indireta, estado, municípios e entidades privadas com
atividades sociais sem fins lucrativos, para fins de uso administrativo, educacional, científico,
regularização fundiária e programas de habitação de interesse social. Além disso a SPU/SP,
57
Conforme podemos observar nos dados da Tabela 3.1.1.1., a média de processos recebidos da
AGU entre os períodos entre 2011 e 2015 foi de 11.589 processos, e considerando-se em
termos de dias úteis de trabalho foram analisados mais de 50 processos de Ação de Usucapião
por dia.
diversas solicitações telefônicas da AGU. O fato de a SPU/SP não contar com um sistema
informatizado que permita a identificação visual dos bens públicos federais impede que essa
tarefa seja delegada a servidores menos capacitados.
Atestou-se que o trabalho de servidores de nível superior acerca do assunto é mais apurado e
minucioso, trazendo maior grau confiabilidade à manifestação da União em processos
judiciais dessa natureza. Os servidores da Coordenação de Identificação e Fiscalização da
SPU/SP, no entanto, por vontade e mérito próprios, passaram a inserir algumas informações a
respeito da localização dos bens públicos federais no Estado de São Paulo em mapas extraídos
do GoogleEarth, numa tentativa de possibilitar que qualquer servidor pudesse atender às
solicitações da AGU em processos de usucapião, liberando aqueles técnicos para atividades
mais complexas. O procedimento, no entanto, deixa a desejar, em razão da precariedade do
parque tecnológico desta SPU/SP e das próprias limitações do GoogleEarth (SPU-SP, 2016).
O conteúdo das Informações Técnicas é padronizado para cada tipo de análise a seguir:
Certidão Negativa: “Após análise da documentação apresentada e das pesquisas realizadas
junto aos arquivos existentes nesta Superintendência Regional, constatamos que, a presente
data e em face dos elementos de que dispomos, o imóvel em apreço não confronta com
terrenos de marinha e nem marginal de rio. Não há interesse da União na área em questão,
conforme consulta no SPIUNET”;
Aldeamento Extinto - Chácara Glória: “Após análise da documentação apresentada, e das
pesquisas realizadas junto aos arquivos existentes nesta regional, constatamos que na presente
data, em face dos elementos de que dispomos, a área usucapienda está situada dentro do
perímetro do Extinto Aldeamento Indígena "Chácara Glória", de propriedade da União, tendo
em vista que conforme Decreto-Lei n.º 9760/46, Art. 1.º, parágrafo h, os terrenos dos extintos
aldeamentos de índios são bens imóveis da União”;
Aldeamento Extinto - Pinheiros/Barueri/Embu: ‘Após análise da documentação
apresentada, constatamos que a área usucapienda está situada dentro do perímetro do Extinto
Aldeamento Indígena de Pinheiros e Barueri + Embu, propriedade federal e de interesse da
União, tendo em vista que, conforme Decreto - Lei nº 9.760, de 5 de Setembro de 1946, art. 1º
- parágrafo h, os terrenos dos extintos povoamentos de índios são bens imóveis da União”;
Aldeamento Extinto - São Miguel/Guarulhos: Após análise da documentação apresentada,
constatamos que a área usucapienda está situada dentro do perímetro do Extinto Aldeamento
Indígena de São Miguel e Guarulhos, de propriedade federal, tendo em vista que conforme
Decreto Lei nº 9.760/46, art. 1º parágrafo h, os terrenos dos extintos povoamentos de índios
são bens imóveis da União";
Fazenda Cubatão: “Após análise da documentação apresentada e das pesquisas realizadas
junto aos arquivos existentes nessa Superintendência Regional, constatamos que a área
usucapienda abrange a Fazenda Cubatão, de propriedade da União”;
Sítio Mutinga: “Após análise da documentação apresentada e das pesquisas realizadas junto
aos arquivos existentes nessa Superintendência Regional, constatamos que a área usucapienda
abrange o Sítio Mutinga, de propriedade da União”;
Núcleo Colonial São Caetano: “Após análise da documentação apresentada e das pesquisas
realizadas junto aos arquivos existentes nessa Superintendência Regional, constatamos que a
área usucapienda abrange o Núcleo Colonial São Caetano, de propriedade da União”;
Núcleo Colonial São Bernardo do Campo: Após análise da documentação apresentada e das
pesquisas realizadas junto aos arquivos existentes nessa Superintendência Regional,
59
constatamos que a área usucapienda abrange o Núcleo Colonial São Caetano, de propriedade
da União”;
Núcleo Colonial Santana: “Após análise da documentação apresentada e das pesquisas
realizadas junto aos arquivos existentes nessa Superintendência Regional, constatamos que a
área usucapienda abrange o Núcleo Colonial Santana, de propriedade da União”;
Núcleo Colonial Bandeirantes: “Após análise da documentação apresentada e das pesquisas
realizadas junto aos arquivos existentes nessa Superintendência Regional, constatamos que a
área usucapienda abrange o Núcleo Colonial Bandeirantes, de propriedade da União”;
Núcleo Colonial Antônio Prado: “Após análise da documentação apresentada e das
pesquisas realizadas junto aos arquivos existentes nessa Superintendência Regional,
constatamos que a área usucapienda abrange o Núcleo Colonial Antônio Prado, de
propriedade da União”;
DNIT: “Após análise da documentação apresentada e das pesquisas realizadas junto aos
arquivos existentes nesta Superintendência Regional, constatamos que, na presente data e em
face dos elementos de que dispomos, o imóvel em apreço não confronta nem abrange
propriedade da União. Não há interesse da União na área em questão, conforme consulta no
SPIUNET. Como o imóvel em questão confronta com a faixa de domínio de Rodovia Federal,
sugerimos que seja consultado o DNIT - Departamento Nacional de Infraestrutura de
Transportes”;
RFFSA: “Após análise da documentação apresentada e das pesquisas realizadas junto aos
arquivos existentes nesta Superintendência Regional, constatamos que na presente data em
face dos elementos que dispomos, o imóvel em apreço não confronta com terrenos de marinha
e nem marginal de rio. Não há interesse da União na área em questão, conforme consulta no
SPIUNET. Como o imóvel em questão está localizado próximo ao antigo leito da ferrovia,
sugerimos que seja consultada a inventariança da extinta Rede Ferroviária Federal S/A -
R.F.F.S.A - de São Paulo, localizada na Rua José Paulino, nº 07 - CEP - 01120-001 - São
Paulo - SP ". A partir de 2016 a SPU/SP passou a responder este tipo de análise somente por
meio de Ofício;
LPM: “Após análise da documentação apresentada e das pesquisas realizadas junto aos
arquivos existentes nesta Superintendência Regional, constatamos que na presente data, em
face dos elementos de que dispomos, o imóvel em apreço abrange terrenos de Marinha”.
Rio Federal: “Após análise da documentação apresentada, constatamos que o imóvel
referente ao processo em pauta, abrange terrenos marginais de rio federal, propriedade da
União. (Const. Fed.Art. 20, Inciso III)”. A partir de 2015 a SPU/SP passou a responder este
tipo de análise somente por meio de Ofício;
Falta Georreferenciamento: “Os elementos constantes do processo em pauta não permitem
localizar com segurança o imóvel a que se refere a ação. Desta forma solicitamos planta de
localização do imóvel com coordenadas UTM – SIRGAS 2000”.
60
Certidão Negativa 9.002 73,981 7.645 74,180 10.346 73,298 26.993 73,774
Aldeamento Extinto -
23 0,189 4 0,039 0 0,000 27 0,074
Chácara Glória
Aldeamento Extinto - Pi-
503 4,134 425 4,124 521 3,691 1.449 3,960
nheiros/Barueri/Embu
Falta Georreferenciamen-
64 0,526 136 1,320 357 2,529 557 1,522
to
A Tabela 3.1.1.2. - Tipos de Informações Técnicas, foi gerada de dados obtidos nas planilhas
Excel: Usucapião2012.xls, Usucapião2013.xls e Usucapião2014.xls correspondente aos anos
de 2012, 2013 e 2014. A análise das ações de usucapião não se restringe simplesmente a gerar
as Informações Técnicas padronizadas aqui citadas nesta tabela, existem outros casos
61
pela coroa e, em geral, regulamentada por meio da concessão de uma sesmaria de terras. Os
religiosos tinham a tutela dos grupos indígenas e a responsabilidade de aproximá-los dos
valores europeus, por meio da catequese. Os aldeamentos atendiam aos interesses dos
colonizadores europeus, visto que facilitavam o controle e o domínio sobre os grupos
indígenas, garantindo à coroa uma posição de soberania, retirando a autonomia daqueles
agentes sociais sobre si mesmos. Garantia ainda o controle sobre a política de terras que se
pretendia colocar em prática no Brasil, onde a coroa tornava-se responsável pela concessão de
lotes a serem explorados sob a condição de sesmaria, tendo o cultivo como pressuposto para
garantir a legitimidade do uso destas terras. O projeto dos aldeamentos, embora largamente
difundido, contou com forte resistência dos grupos indígenas, contrários ao modelo proposto,
e dos colonos, ávidos pela utilização de índios como mão-de-obra cativa. O modelo, tal como
inaugurado pelos jesuítas, perdurou ao longo de todo o período colonial, embora tenha sofrido
significativas alterações com a política indigenista pombalina, inaugurada com o Diretório
dos Índios (1757-1758), que já apostava na secularização das aldeias, e reforçada após a
expulsão dos jesuítas em 1759-60 (INDÍGENA, 2014).
Na SPU/SP temos a Coordenação de Incorporação de Imóveis (COINC) que efetua
Incorporação, cadastramento, avaliação e regularização de imóveis de uso especial da União
adquiridos pelos diversos órgãos da administração federal ou transferidos pela sua extinção.
Regularização e incorporação dos imóveis vinculados aos portos e aeroportos. Regularização
e incorporação de áreas de antigos aldeamentos indígenas e núcleos coloniais. Avaliação e
vistoria de imóveis de uso especial para incorporação. Cadastramento de RIP e atualização do
valor venal dos imóveis no SPIUnet. O Aldeamento Pinheiros/Barueri, incluindo o Sítio
Mutinga, ainda existem alterações a serem executadas que dependem de estudos mais
aprofundados sobre a área, no que se pretende fazer sobre eventuais aforamentos
remanescentes no extinto Aldeamento Indígena Pinheiros/Barueri, principalmente o Sítio
Mutinga. Esse trabalho visa atender ao exigido na Medida Provisória nº 2180/2002, a
identificação das áreas de extintos aldeamentos indígenas que ainda, efetivamente, pertençam
à União. Foi realizada uma compilação de informações na SPU/SP. No entanto, será
necessário que se realize um profundo trabalho de pesquisa, nos mesmos moldes daquele
realizado a respeito de São Miguel/Guarulhos, para que se possa ter uma posição unificada e
definitiva sobre esse extinto aldeamento. Tal trabalho, que havia sido iniciado, teve que ser
interrompido em meados de 2013, em razão da transferência para a Unidade Central do
servidor responsável pela atividade, não sendo substituído desde então. Ainda persiste a
expectativa de retomada desse trabalho tão logo se consigam os recursos humanos necessários
para tanto (SPU-SP, 2016). Situações como essa produz uma instabilidade jurídica aos
imóveis nessa área, ainda em litígio. Os antigos aldeamentos indígenas cadastrados foram
georreferenciados pela equipe da Coordenação de Caracterização do Patrimônio da SPU/SP –
COCAP, e disponibilizados em arquivos KML e/ou KMZ para acessa-los via GoogleEarth:
Aldeamento Extinto - Pinheiros/Barueri/Embu, 3,960% das análises de ações de usucapião
foram localizadas nessa região, ver Figura 3.2.2.1.
Aldeamento Extinto - São Miguel/Guarulhos, nesse período de 2012 a 2014, 14,999%
dessas analises se encontravam do perímetro desse aldeamento, ver Figura 3.2.2.2.
O Aldeamento Extinto - Chácara Glória, 0,074% das análises de ações de usucapião foram
localizadas nessa região, ver Figura 3.2.2.3., essa planta não foi georreferenciada, pois
praticamente todos os imóveis dessa região já estão com as escrituras definidas.
63
64
Terra Indígena (TI) é uma porção do território nacional, de propriedade da União, habitada
por um ou mais povos indígenas, por eles utilizada para suas atividades produtivas,
imprescindível à preservação dos recursos ambientais necessários a seu bem-estar e necessária
à sua reprodução física e cultural, segundo seus usos, costumes e tradições. Trata-se de um
tipo específico de posse, de natureza originária e coletiva, que não se confunde com o
conceito civilista de propriedade privada. Ademais, por se tratar de um bem da União, a terra
indígena é inalienável e indisponível, e os direitos sobre ela são imprescritíveis. As terras
indígenas são o suporte do modo de vida diferenciado e insubstituível dos cerca de 300 povos
indígenas que habitam, hoje, o Brasil. Atualmente existem 462 terras indígenas regularizada
que representam cerca de 12,2% do território nacional, localizadas em todos os biomas, com
concentração na Amazônia Legal. Tal concentração é resultado do processo de
reconhecimento dessas terras indígenas, iniciadas pela Funai, principalmente, durante a
década de 1980, no âmbito da politica de integração nacional e consolidação da fronteira
econômica do Norte e Noroeste do Pais (FUNAI, 2016).
Temos os arquivos shapefiles das Terras Indígenas disponíveis no sítio eletrônico da FUNAI
http://www.funai.gov.br/index.php/shape utilizando-se uma ferramenta de Sistemas de
Informação Geográfica, por exemplo o QGIS, extraiu-se as aldeias demarcadas no Estado de
São Paulo em arquivos KML suportável pelo Google Earth.
Tabela 3.2.2.1. - Terras Indígenas no Estado de São Paulo
Nome da Terra
Municipio(s) Figura
Indígena
Araribá Avaí Figura 3.2.2.4. – Terra Indígena Araribá em Avaí
Ribeirão Silvei- Bertioga, Salesópolis, São Se- Figura 3.2.2.5. – Terra Indígena Ribeirão Silveira
ra bastião em Bertioga, Salesópolis, São Sebastião
Rio Branco Ita- Itanhaém, São Vicente, São Figura 3.2.2.9. – Terra Indígena Rio Branco Ita-
nhaém Paulo nhaém em Itanhaém, São Vicente, São Paulo
Nome da Terra
Municipio(s) Figura
Indígena
Figura 3.2.2.16. – Terra Indígena Peruíbe em
Peruíbe Peruíbe
Peruíbe
Boa Vista Ser- Figura 3.2.2.20. – Terra Indígena Boa Vista Ser-
Ubatuba
tão do Promirim tão do Promirim em Ubatuba
3.2.4. Quilombolas
As comunidades quilombolas são grupos étnicos – predominantemente constituídos pela
população negra rural ou urbana –, que se autodefinem a partir das relações específicas com a
terra, o parentesco, o território, a ancestralidade, as tradições e práticas culturais próprias.
Estima-se que em todo o País existam mais de três mil comunidades quilombolas. Pelo
Decreto nº 4.887, de 2003, o Incra é a autarquia competente, na esfera federal, pela titulação
dos territórios quilombolas. As terras ocupadas por remanescentes das comunidades dos
quilombos são aquelas utilizadas para a garantia de sua reprodução física, social, econômica e
cultural. Como parte de uma reparação histórica, a política de regularização fundiária de
Territórios Quilombolas é de suma importância para a dignidade e garantia da continuidade
desses grupos étnicos. Em sua estrutura regimental a temática quilombola é tratada pela
Coordenação Geral de Regularização de Territórios Quilombolas (DFQ), da Diretoria de
Ordenamento da Estrutura Fundiária, e, nas Superintendências Regionais, pelos Serviços de
Regularização de Territórios Quilombolas INCRA(2016).
Tabela 3.2.4.1 - Processos de regularização abertos no Incra no Estado de São Paulo
Ano de
Processo Comunidade Município(s) Figura
abertura
54190.003805/2008-18 Porcinos Agudos 2008
54190.004780/2013-29 Bairro Ilhas Barra do Turvo 2013
54190.004094/2006-29 Cedro Barra do Turvo 2006
54190.004095/2006-73 Pedra Preta/Paraíso Barra do Turvo 2006
54190.003823/2005-43 Reginaldo Barra do Turvo 2005
54190.004092/2006-30 Ribeirão Grande/Terra Seca Barra do Turvo 2006
54190.003810/2010-37 Bairro Retiro Cananéia 2010
54190.003179/2004-96 Mandira Cananéia 3.2.4.1. 2004
54190.003824/2005-93 Porto Cubatão Cananéia 2005
54190.003821/2005-50 Santa Maria Cananéia 2005
54190.003822/2005-02 Taquari Cananéia 2005
54190.003820/2005-13 Varadouro Cananéia 2005
54190.003183/2004-96 Capivari Capivari 2004
54190.001645/2007-83 Abobral Eldorado 2007
54190.003185/2004-05 André Lopes Eldorado 2004
54190.000360/2006-44 Boa Esperança Eldorado 2006
54190.000476/2005-01 Ivaporunduva Eldorado 3.2.4.2. 2005
70
Ano de
Processo Comunidade Município(s) Figura
abertura
54190.001696/2005-43 Pedro Cubas Eldorado 2005
54190.003184/2004-31 Pedro Cubas de Cima Eldorado 2004
54190.003180/2004-52 Sapatu Eldorado 2004
54190.000474/2005-11 Galvão Eldorado e Iporanga 3.2.4.4. 2005
54190.001697/2005-98 Nhungara Eldorado e Iporanga 2005
54190.000475/0205-58 São Pedro Gleba Eldorado e Iporanga 3.2.4.3. 2005
54190.004366/2012-39 Bairro Aldeia Iguape 2012
54190.001541/2005-15 Morro Seco Iguape 3.2.4.5. 2005
54190.001655/2005-97 Bombas Iporanga 2005
54190.001694/2005-54 Maria Rosa Iporanga 2005
54190.000473/2005-69 Pilões Iporanga 2005
54190.000475/2008-09 Piririca Iporanga 2008
54190.001044/2005-17 Poço Grande Iporanga 2005
54190.001698/2005-32 Praia Grande Iporanga 2005
54190.001281/2005-70 Porto Velho Iporanga e Itaoca 2005
54190.001485/2005-19 Cangume Itaoca 2005
54190.003181/2004-05 Jaó Itapeva 2004
54190.001267/2005-76 Brotas Itatiba 3.2.4.7. 2005
54190.002771/2008-36 Poça Jacupiranga e Eldorado 2008
54190.001984/2011-46 Biguazinho Miracatu 2011
54190.004013/0206-91 Fazenda Pilar Pilar do Sul 2006
54190.006064/2010-33 Peropava Registro 2010
54190.002551/2004-89 Cafundó Salto de Pirapora 3.2.4.6. 2004
54190.001719/2007-81 Fazendinha dos Pretos Salto de Pirapora 2007
54190.002985/2006-41 José Joaquim Camargo Salto do Pirapora 2006
54190.002991/2006-06 Carmo São Roque 2006
54190.004014/2006-35 Caxambu Sarapuí 2006
54190.000477/2005-47 Caçandoca Ubatuba 3.2.4.8. 2005
54190.001218/2005-33 Cambury Ubatuba 3.2.4.9. 2005
54190.001212/2005-88 Fazenda Caixa Ubatuba 2005
54190.001641/2006-14 Sertão de Itamambuca Ubatuba 2006
54190.003295/2008-71 União dos Morros Ubatuba 2008
Fonte INCRA(2016)
No estado de São Paulo até o presente momento já houve 125 assentamentos, ver figura
3.2.6.2., dois 108 são PA e 18 PDS.
No Projeto de Assentamento Federal - PA, a obtenção da terra, criação do Projeto e seleção
dos beneficiários é de responsabilidade da União através do INCRA. São de responsabilidade
exclusiva da União:
- O aporte de recursos de crédito Apoio a Instalação e de crédito de produção;
- Infraestrutura básica (estradas de acesso, água e energia elétrica);
- Titulação (Concessão de Uso/Titulo de Propriedade) (INCRA, 2016).
No Projeto de Desenvolvimento Sustentável - PDS, os Projetos de Assentamento são
orientados para o desenvolvimento de atividades ambientalmente diferenciadas e dirigido para
populações tradicionais (ribeirinhos, comunidades extrativistas,etc.)
A obtenção da terra, criação do Projeto e seleção dos beneficiários é de responsabilidade da
União através do INCRA. O aporte de recursos de crédito Apoio a Instalação e de crédito de
produção (PRONAF A e C) de responsabilidade do Governo Federal. A Infraestrutura básica
(estradas de acesso, água e energia elétrica) de responsabilidade da União. Não há a
individualização de parcelas (Titulação coletiva – fração ideal) e a titulação de
responsabilidade da União (INCRA, 2016).
Figura 3.2.6.2. – Projetos de Reforma Agrária no estado de São Paulo
3.2.7. LMEO
No Plano Nacional de Caracterização 2014/2020 (PNC) de Demarcação de LPM e LMEO
prevê metas anuais de demarcação LPM/LMEO por UF, conforme cronograma de LPM e
LMEO constante no anexo II, páginas 71 e 72 do PNC - Portaria SPU nº 317/2014. Para o ano
de 2015 havia uma previsão anual de demarcação para a LPM de 1.369,00 km e para a
LMEO, 7.218,60 km. Meta que infelizmente não foram atingidas por vários motivos ao que se
refere a crise econômica e financeira da atual administração pública federal.
Linha Média das Enchentes Ordinárias – LMEO e Linha Limite dos Terrenos Marginais –
LLTM, é definida pela Lei n.º 1.507, de 26 de setembro de 1867 em seu Artigo 39: "Fica
reservada para a servidão pública nas margens dos rios navegáveis e de que se fazem os
navegáveis, fora do alcance das marés, salvas as concessões legítimas feitas até a data da
publicação da presente lei, a zona de sete braças contadas do ponto médio das enchentes
ordinárias para o interior, e o Govêrno autorizado para concede-las em lotes razoáveis na
forma das disposições sôbre os terrenos de marinha.”
Essa lei foi regulamentada pelo Decreto n.º 4.105, de 22 de fevereiro de 1868 que em seu
Artigo Primeiro e no seu Parágrafo segundo: São terrenos reservados para a servidão pública
nas margens dos rios navegáveis e de que se fazem os navegáveis, todos os que banhados
pelas águas dos ditos rios, fora do alcance das marés, vão até a distância de 7 braças craveiras
(15,4 metros) para a parte de terra, contadas desde o ponto médio das enchentes ordinárias
(Lei nº 1.507, de 26 de setembro de 1867, art. 39).
Neste mesmo artigo em seu Parágrafo Terceiro temos mais definições, são terrenos acrescidos
todos os que natural ou artificialmente se tiverem formado ou formarem além do ponto
determinado nos parágrafos 1º e 2º para a parte do mar ou das águas dos rios (Res. Cons. de
31 de janeiro de 1852 e Lei nº 1.114 de 27 de setembro de 1860, art. 11, § 7º).
Continuando neste artigo, o Parágrafo Quarto especifica maiores detalhes sobre o limite que
separa o domínio marítimo do domínio fluvial para o efeito de medirem-se e demarcarem-se
15 ou 7 braças conforme os terrenos estiverem dentro ou fora do alcance das marés, será
indicado pelo ponto onde as águas deixarem de ser salgadas de um modo sensível, ou não
houver depósitos marinhos, ou qualquer outro fato geológico, que prove a ação poderosa do
mar. Pela Legislação Atual temos o Decreto n.º 24.643, de 10 de julho de 1934 (Código de
Águas), no seu Artigo 11, São públicos dominicais, se não estiverem destinados ao uso
comum, ou por algum título legítimo não pertencerem ao domínio particular, em seu
Parágrafo Segundo, os terrenos reservados nas margens das correntes públicas de uso comum,
bem como dos canais, lagos e lagoas da mesma espécie. Salvo quanto às correntes que não
sendo navegáveis nem flutuáveis, concorrem apenas para formar outras simplesmente
flutuáveis, e não navegáveis. Como podemos observar esta Lei praticamente repete o
conteúdo da legislação de 1867 e 1868, em seu Artigo 14 define os terrenos reservados são os
que, banhados pelas correntes navegáveis, fora do alcance das marés, vão até a distância de 15
metros para a parte da terra, contados desde o ponto médio das enchentes ordinárias. Em seu
Artigo 15 esclarece que o limite que separa o domínio marítimo do domínio fluvial, para o
efeito de medirem-se ou demarcarem-se 33 (trinta e três), ou 15 (quinze) metros, conforme os
terrenos estiverem dentro ou fora do alcance das marés, será indicado pela seção transversal
do rio, cujo nível não oscile com a maré, ou praticamente, por qualquer fato geológico ou
biológico que ateste a ação poderosa do mar. O Decreto-lei n.º 9.760, de 05 de setembro de
1946, o Artigo Primeiro incluem-se entre os bens imóveis da União, os terrenos marginais dos
rios navegáveis, em Territórios Federais, se, por qualquer título legítimo, não pertencerem a
particulares; e os terrenos marginais de rios e as ilhas nestes situadas, na faixa de fronteira do
território nacional e nas zonas onde se faça sentir a influência das marés. Pelo Artigo Quarto a
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definição do que são terrenos marginais os que banhados pelas correntes navegáveis, fora do
alcance das marés, vão até a distância de 15 (quinze) metros, medidos horizontalmente para a
parte da terra, contados desde a linha média das enchentes ordinárias. Em seu Artigo Nono
define a competência do Serviço do Patrimônio da União (SPU) a determinação da posição
das linhas de preamar médio do ano de 1831 e da média das enchentes ordinárias. A atual
Constituição da República Federativa do Brasil, de 5 de outubro de 1988, o Artigo 20 define
quais são os bens da União, pelo inciso III temos, os lagos, rios e quaisquer correntes de água
em terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de um Estado, sirvam de limites com outros
países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele provenham, bem como os terrenos
marginais e as praias fluviais. No estado de São Paulo praticamente inexiste demarcação de
LMEO, isso dificulta muito qualquer análise de ações de usucapião de imóveis que tenham
limite às margens de rio federal. Na SPU/SP é utilizado arquivos KML ou KMZ
georreferenciados de 39 rios federais para a utilização do navegador do Google Earth, ver
figura 3.2.7.1.
Figura 3.2.7.1. – Rio Federal Paraíba do Sul
3.2.8. LPM
A SPU/SP desde o ano de 1831 até o ano de 2016, ainda não possui a sua LPM totalmente
demarcada, e são constantes as cobranças do TCU, CGU e MPF para que SPU/SP efetue estas
demarcações. Tem-se a descrição da determinação/recomendação fornecida pelo TCU pelo
Acordão 0209/2010, item 9.2.2: "Priorize os trabalhos com vistas a concluir a demarcação da
Linha Preamar Média (LPM) de todo o litoral paulista, bem como finalize, se ainda não o fez,
a elaboração do Termo de Referência que contemple as atividades de Cartografia e
Cadastramento".
Resposta à CGU (abril de 2010): "Para sanear e concluir o posicionamento da LPM /1831 em
todo o litoral paulista, além da cartografia é necessário computador compatível, diárias,
espaço físico, e uma equipe de no mínimo 04 funcionários para atender cada município em
tempo integral e exclusivo. Sob estas condições o prazo para resolver o problema da LPM
para cada município é de aproximadamente 18 meses. Desta forma, considerando-se o
número de municípios a serem demarcados que totalizam 12, gerando a necessidade de 04
funcionários para atender a cada um deles, temos que seriam necessários acréscimo total de
48 técnicos e mais 24 administrativos. Entretanto, atualmente a Superintendência do
Patrimônio da União no Estado de São Paulo conta com uma equipe de 04 técnicos para
executar os trabalhos de demarcação, além de outras atividades. O quadro atual de servidores
do setor responsável pela demarcação da LPM conta com: 14 funcionários, sendo 09 técnicos
e 05 servidores de nível médio. Trabalhando com esta equipe, no ano de 2009, foi efetuada a
identificação e a vistoria em parte do município de São Sebastião com o objetivo de dar
prosseguimento a demarcação da LPM nesta região. Assim, foram verificadas praias, costões,
rios, mangues e outros, além da existência de influência de maré nos rios e seus afluentes.
Constata-se, além do tudo já exposto, a falta de cartografia adequada e atualizada para dar
prosseguimento na demarcação da LPM. Em maio de 2009, foi contratada a empresa BASE (a
ordem de serviço foi emitida em 15/09/2009) para efetuar a cartografia de Ubatuba, porém
este serviço foi estendido até 30 Km de extensão em Caraguatatuba. Portanto, a Cartografia
será para todo o município de Ubatuba e parte de Caraguatatuba. Com efeito, a partir de maio
de 2010, será dado início a vistoria das praias, costões e verificação da influência das marés
nos rios do município de Ubatuba, para posterior demarcação da LPM e aprovação da mesma,
cuja previsão de conclusão destas atividades é julho de 2011. Já para a parte de Caraguatatuba
a previsão que estes trabalhos estejam concluídos em dezembro de 2011." (SPU-SP, 2016).
AVALIAÇÃO DA CGU: Determinação parcialmente implementada sob alegação de
insuficiência de recursos humanos. Apesar do declarado avanço na demarcação da Linha
Preamar Média na região de Ubatuba e Caraguatatuba, o ritmo da atividade, bem como a
disponibilidade de recursos são insuficientes para se considerar o trabalho como prioritário.
De qualquer forma, a SPU/SP não estabeleceu estrutura organizacional nem estrutura
administrativa, ou seja, não se estruturou com recursos humanos e com recursos materiais
para que fosse possível criar mecanismos eficientes para implementar a determinação exarada
pelo Tribunal de Contas da União – TCU (SPU-SP, 2016).
Atualmente há vários arquivos KML e KMZ que foram digitalizados pelos servidores da
SPU/SP, de imagens da mapoteca de linhas (LPM) que estão homologadas de acordo com o
rito exigido pela legislação, mas também existem linhas (LPM) que ainda não estão
homologadas, essas linhas servem como apoio à análise de ações de usucapião.
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propriedade de imóveis por várias outras razões, tais como aqueles recebidos como
pagamento por dívidas de terceiros e aqueles recebidos de instituições e incorporados ao seu
patrimônio, devido à extinção de órgãos e entidades da Administração Pública Federal. Como
exemplos desse último caso os imóveis do extinto Departamento Nacional de Estradas e
Rodagem (DNER); da extinta Rede Ferroviária Federal S/A (RFFSA), também imóveis da
extinta Fundação da Legião Brasileira de Assistência (LBA), entre outros.
Por essa razão, pode ocorrer de a União ter a propriedade de imóveis que não têm vocação
para a instalação de órgãos públicos ou para a implementação de políticas públicas. Imóveis
com essa característica poderão ser inseridos no Programa de Alienação de Imóveis da União,
podendo ser adquiridos por pessoas físicas ou jurídicas, mediante processo licitatório.
A Fazenda do Estado, em 13/2/1901, conhecia que as terras da Fazenda Cubatão Geral, ver
figura 3.2.9.1., confiscadas em 1769 aos extintos jesuítas, pertenciam à Fazenda Federal,
como próprio nacional. Os jesuítas chegaram ao Brasil com as primeiras expedições
colonizadoras, os religiosos da Companhia de Jesus marcaram de diversas formas a história
da Baixada Santista. Depois de José de Anchieta e Manoel da Nóbrega, chegaram em número
cada vez maior e aos poucos se assenhorearam dos direitos de passagem entre Santos e o
planalto paulista, estabelecendo uma área que ficou conhecida como a Fazenda Geral de
Cubatão. Tal exclusividade, a influência e o poderio crescentes dos jesuítas criaram atritos
cada vez maiores com os colonos e o poder laico, até resultarem na expulsão geral desses
religiosos de todo o território português, metropolitano e ultramarino, decretada por esta carta
régia de 19 de janeiro de 1759. Seus bens de raiz passaram então ao patrimônio nacional,
gerido hoje pelo Serviço do Patrimônio da União (SPU).
Figura 3.2.9.1 – Fazenda Cubatão (Próprio Nacional)
Fonte https://imoveisfederais.planejamento.gov.br/
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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A usucapião não se restringe aos interesses patrimoniais da esfera pública da União, mas
também às esferas públicas das Unidades Federativas, dos Municípios e do Distrito Federal.
Esses entes públicos da federação tem a obrigação constitucional de se manifestar
publicamente o seu interesse, ou não, no objeto da ação de usucapião. Caso tenha interesse
terá que se justificar com o devido embasamento legal ao autor da ação. As dificuldades das
análises das ações de usucapião aqui apontadas são de naturezas intrínsecas da administração
pública federal, em nosso caso a SPU/SP. A eterna falta de servidores e sistemas adequados de
Tecnologia de Informação, para atender a crescente demanda de pedidos de ações de
usucapião, é a principal fonte dessa crônica má gestão pública. Os autores dos pedidos por
muitas vezes mal assessorados ou mal assistidos tecnicamente na elaboração da planta e
memorial descritivo, que deveriam ser assinados por profissional legalmente habilitado, com
prova de anotação de responsabilidade técnica no respectivo conselho de fiscalização
profissional, não cumprem esta exigência legal. Também infelizmente a legislação obriga o
georreferenciamento apenas para os imóveis rurais, e timidamente para os imóveis urbanos a
legislação cita a expressão “coordenadas preferencialmente georreferenciadas dos vértices
definidores de seus limites”, referendada pela lei que dispõe sobre os registros públicos. A
acelerada evolução de novas ferramentas de Sistemas de Informação Geográfica orientados
aos dados geográficos, facilitou as definições das relações espaciais entre todos os elementos
de topologia de dados, que define desde a descrição da localização, como também, a
geometria das feições cartográficas. Tais ferramentas, como o Quantum GIS – QGIS, vem
possibilitando o georreferenciamento de mapas e plantas previamente digitalizados da
mapoteca da SPU/SP, e também de várias outras instituições públicas que disponibilizam
arquivos “shape file”, tornando possível a geração de arquivos no formato KML para o
navegador Google Earth disponíveis aos servidores responsáveis pelas análises das ações de
usucapião. Num futuro não muito distante as Informações Técnicas deverão ser emitidas
eletronicamente com autenticação digital, como vários serviços publicos, por exemplo:
Declaração de Imposto de Renda, emissões de certidões negativas, etc.
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