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Espécies

Arbóreas
Brasileiras

Ingá-Feijão
Inga marginata

volume

2
Ingá-Feijão
Inga marginata

269
Curitiba, PR (Jardim Botânico Municipal)

270
Ingá-Feijão
Inga marginata

Taxonomia e Nomenclatura Minas Gerais; ingá, ingá-bainha, ingá-dedo, ingá-


-feijão, ingá-mirim e ingazinho, no Paraná; ingá,
De acordo com o Sistema de Classificação de ingá-dedo e ingá-feijão, no Rio Grande do Sul;
Cronquist, a posição taxonômica de Inga margina- ingá e ingá-mirim, no Estado do Rio de Janeiro;
ta obedece à seguinte hierarquia: ingá-amarela, em Rondônia; ingá, ingá-mirim e
ingazinho, no Estado de São Paulo.
Divisão: Magnoliophyta (Angiospermae)
Nomes vulgares no exterior: inga’i, na Ar-
Classe: Magnoliopsida (Dicotyledonae) gentina e no Paraguai; pacay cola de mono, na
Ordem: Fabales Bolívia; cuajiniquil negro, na Costa Rica; guabillo,
no Equador; shimbo, no Peru.
Família: Mimosaceae (Leguminosae: Mimosoide-
ae) Etimologia: o nome genérico Inga vem de ingá,
nome indígena da planta. O epíteto específico
Gênero: Inga
marginata é porque a vagem apresenta margem
Espécie: Inga marginata Willdenow delgada (BURKART, 1979). Contudo, segundo
Publicação: in Spec. Plant. 4 (2): 1015, 1805 Little Junior; Dixon (1983), marginata refere-se à
margem ou à ala estreita pelo eixo das folhas.
Sinonímia botânica: Mimosa semialata Vell.
(1835); Inga semialata (Vell.) Mart. (1837); Inga Em tupi-guarani, o ingá-feijão é conhecido como
pycnostachya Benth. (1845). ingai, que significa “fruto-da-água” (LONGHI,
1995).
Nomes vulgares por Unidades da Federação:
ingá-bainha, ingá-chinelo e ingá-facão, no Acre;
ingá, no Amazonas, em Mato Grosso, no Pará, no Descrição
Piauí e em Santa Catarina; ingá-mirim, na Bahia;
ingá, ingá-mirim e ingaí, no Ceará; angazeiro, Forma biológica: árvore ou arvoreta perenifó-
ingá-mirim, ingá-miúdo, ingá-peludo e ingaí, em lia. As árvores maiores atingem dimensões próxi-

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mas de 20 m de altura e 50 cm de DAP (diâmetro Floração: em agosto, no Estado de São Paulo;
à altura do peito, medido a 1,30 m do solo), na de agosto a fevereiro, no Paraná (WASJUTIN,
idade adulta. No Equador, atinge até 30 m de 1958); de outubro a fevereiro, no Rio Grande do
altura (LITTLE JUNIOR; DIXON, 1983). Sul (BACKES; NARDINO, 1998) e em Santa Ca-
Tronco: é reto ou geralmente um pouco tortuoso. tarina (REITZ et al., 1983).
O fuste é curto. Frutificação: os frutos amadurecem de março
Ramificação: é cimosa ou dicotômica, irregular a maio, no Rio Grande do Sul (BACKES; NAR-
e quase horizontal. A copa é ampla, arredondada, DINO, 1998) e em Santa Catarina, e de março a
com ramos glabros, densifoliada e de cor intensa- junho, no Paraná (WASJUTIN, 1958).
mente verde-escura.
Dispersão de frutos e sementes: por zoocoria
Casca: mede até 6 mm de espessura. A super- (SPINA et al., 2001), destacando-se os morce-
fície da casca externa é lisa a áspera, de cor mar- gos, principalmente Artibeus lituratus (COSTA;
rom-escura, com numerosas lenticelas distribuídas PERACCHI, 1996), o macaco-bugio, Alouatta
de maneira ordenada (TORRES et al., 1994). Ao guariba (VASCONCELOS; AGUIAR, 1982) e
ser raspada, apresenta cor parda. A casca interna
pássaro. Apresenta, ainda, dispersão hidrocórica
é fibrosa e rósea.
(pela água).
Folhas: são compostas, alternas, paripinadas e
glabras, medindo de 10 a 30 cm de comprimento, Na Região do Baixo Rio Guamá, na Amazônia
com a ráquis foliar nua ou estreitamente alada, e Oriental, numa área de 6,52 m2, Araújo et al.
uma glândula entre cada par de folíolos. Os folío- (2001), identificaram no banco de sementes, 2
los – geralmente de 1 a 3 pares – são sésseis, elíp- dessa espécie, numa floresta sucessional de 17
ticos ou lanceolados, peninérveos, caudados no anos.
ápice, membranáceos e pontiagudos, medindo de
3 a 12 cm de comprimento por 1 a 4 cm de largu-
ra, com limbo verde-escuro e lustroso, e nervura Ocorrência Natural
lateral irregular, curvada e rala. Os últimos folíolos
são sempre maiores e assimétricos, com limbos, Latitudes: de 00º 25’ N, no Amapá, a 30º 35’
peciólulos e ráquis glabros ou lisos. S, no Rio Grande do Sul.

Inflorescências: apresentam-se em cachos (es- Variação altitudinal: de 5 a 1.000 m de altitu-


pigas) axilares vistosas, de 1 a 2 cachos por axila, de, no Paraná. Fora do Brasil, atinge até 1.800 m
raras vezes fasciculados e densifloros, medindo de na Bolívia (KILLEEN et al., 1993).
4 a 15 cm de comprimento. Dispersão geográfica: Inga marginata ocor-
Flores: são numerosas, com tendência a abrir- re de forma natural no nordeste da Argentina
-se repentinamente, dando a impressão de um (MARTINEZ-CROVETTO, 1963), na Bolívia
aumento cilíndrico. São brancas, vistosas e muito (KILLEEN et al., 1993), na Colômbia (RANGEL
perfumadas, com odor característico e agradável, et al., 1997), na Costa Rica (HOLDRIDGE; PÓ-
subsésseis glabras ou um pouco pubescentes. VEDA, 1975), no Equador (LITTLE JUNIOR; DI-
XON, 1983), no Paraguai (LOPEZ et al., 1987),
Fruto: é um legume indeiscente, túrgido, séssil,
no Peru (BEMERGUI, 1980) e na Venezuela.
cilíndrico-compresso, glabro, com margens es-
pessas, medindo de 5 a 15 cm de comprimento No Brasil, essa espécie ocorre nas seguintes Uni-
por 1 a 1,5 cm de largura, com sarcotesta branca dades da Federação (Mapa 31):
envolvendo a semente e verde-amarelado quando • Acre (ARAÚJO; SILVA, 2000).
maduro. Cada fruto contém até dez sementes,
com polpa comestível. • Amapá (ALMEIDA et al., 1995; SANAIOTTI
et al., 1997).
Sementes: são semelhantes a um grão de feijão,
de coloração castanho-esverdeada, medindo de • Amazonas (AYRES, 1995; RIBEIRO et al.,
0,9 a 1,2 cm de comprimento, por 0,6 a 0,8 cm 1999).
de largura, em formato de losango. • Bahia (LUETZELBURG, 1922/1923; LEWIS,
1987).
• Ceará (DUCKE, 1959; FERNANDES, 1990).
Biologia Reprodutiva
• Distrito Federal (FILGUEIRAS; PEREIRA,
e Eventos Fenológicos 1990; PROENÇA et al., 2001).
Sistema sexual: essa espécie é monóica. • Espírito Santo (LOPES et al., 2000).
Vetor de polinização: essencialmente abelhas, • Mato Grosso (GUARIM NETO et al., 1996;
mariposas e beija-flores (MORELLATO, 1991). PINTO, 1997).

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Mapa 31. Locais identificados de ocorrência natural de ingá-feijão (Inga marginata), no Brasil.

• Mato Grosso do Sul (POTT; POTT, 1994). 1990; SOARES-SILVA et al., 1992; SILVA
et al., 1995; NAKAJIMA et al., 1996; TOMÉ;
• Minas Gerais (THIBAU et al., 1975; VIEIRA,
VILHENA, 1996; SOARES-SILVA et al., 1998;
1990; BRANDÃO; ARAÚJO, 1992; BRAN-
MIKICH; SILVA, 2001; BIANCHINI
DÃO et al., 1993a, c; BRANDÃO; GAVILA-
et al., 2003; BARDDAL et al., 2004).
NES, 1994; BRANDÃO, 1995; VILELA et al.,
1995; BRANDÃO et al., 1996; GAVILANES • Pernambuco (DUCKE, 1953).
et al., 1996; MENDONÇA FILHO, 1996; AL- • Piauí (BARROSO; GUIMARÃES, 1980; CAS-
MEIDA; SOUZA, 1997; CORAIOLA, 1997; TRO et al., 1982).
BRANDÃO; NAIME, 1998; BRANDÃO et al.,
1998a, b, c; PEREIRA; BRANDÃO, 1998; • Estado do Rio de Janeiro (BARROSO,
CARVALHO 1962/1965; CARAUTA; ROCHA, 1988; SAN-
et al., 2000a, b; LOMBARDI; GONÇAL- TOS
VES, 2000; COSTA, 2004; GOMIDE, 2004; et al., 1999).
MEYER et al., 2004). • Rio Grande do Sul (BURKART, 1979; JA-
• Pará (DANTAS; MÜLLER, 1979; MORELLA- CQUES et al., 1982; REITZ et al., 1983;
TO; ROSA, 1991; JARDIM et al., 1997; BRACK et al., 1985; TABARELLI, 1992; VAS-
ARAÚJO et al., 2001; SANTANA et al., 2004). CONCELOS et al., 1992).

• Paraíba (DUCKE, 1953). • Rondônia (MIRANDA, 2000).

• Paraná (KLEIN, 1962; BURKART, 1979; • Santa Catarina (BURKART, 1979; CROCE,
DOMBROWSKI; SCHERER NETO, 1979; 1991; SILVA et al., 1998).
INOUE et al., 1984; RODERJAN; KU- • Estado de São Paulo (PAGANO, 1985; BAI-
NIYOSHI, 1988; GOETZKE, 1990; SILVA, TELLO et al., 1988; MATTES et al., 1988;

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CUSTODIO FILHO, 1989; RODRIGUES et Bioma Amazônia
al., 1989; NICOLINI, 1990; ORTEGA; EN- • Floresta Ombrófila Densa (Floresta Tropical
GEL, 1992; TOLEDO FILHO Pluvial Amazônica) de Terra Firme, no Ama-
et al., 1993; TORRES et al., 1994; DURI- pá, com freqüência de um indivíduo por hec-
GAN; LEITÃO FILHO, 1995; GARCIA et al., tare (ALMEIDA et al., 1995).
1998; TOLEDO FILHO et al., 1998; ALBU- • Floresta Ombrófila Densa (Floresta Tropical
QUERQUE; RODRIGUES, 2000; DURIGAN Pluvial Amazônica) de Várzea, no Amazonas
et al., 2000; TALORA; MORELLATO, 2000; (AYRES, 1995).
AGUIAR et al., 2001; BERTANI et al., 2001;
SPINA et al., 2001; SILVA; SOARES, 2002).
Bioma Cerrado
• Savana ou Cerrado lato sensu, no Amapá
Aspectos Ecológicos (SANAIOTTI et al., 1997), com um indivíduo por
hectare (ALMEIDA et al., 1995).
Grupo ecológico ou sucessional: essa espé-
cie é pioneira (REITZ et al., 1983), secundária • Savana Florestada ou Cerradão, em Minas Ge-
inicial (DURIGAN; NOGUEIRA, 1990) ou clímax rais (GAVILANES et al., 1996).
exigente em luz (PINTO, 1997).
Importância sociológica: é abundante nas Outras formações vegetacionais
margens de rios, sendo freqüente nas formações
secundárias (capoeiras e capoeirões). Essa espé- • Ambiente fluvial ou ripário, no Distrito Federal
cie é comum nas florestas semidevastadas. Bas- (PROENÇA et al., 2001), em Mato Grosso,
tante rara na floresta primária, tornando-se, por em Minas Gerais (MEYER et al., 2004), no
vezes, muito freqüente nas capoeiras situadas em Paraná e no Estado do Rio de Janeiro, com
solos úmidos das matas e na orla da mata. freqüência de 8 a 13 indivíduos por hectare
(SOARES-SILVA et al., 1992 e 1998).
• Brejos de altitude, no Nordeste brasileiro
Biomas / Tipos de Vegetação (FERNANDES; BEZERRA, 1990).
(IBGE, 2004) e Outras Forma- • Contato Floresta Estacional Semidecidual
ções Vegetacionais / Floresta Ombrófila Mista, no sul de Minas
Gerais.
Bioma Mata Atlântica
• Encraves vegetacionais e nas várzeas litorâne-
• Floresta Estacional Decidual (Floresta Tropical as do Ceará (FERNANDES, 1990).
Caducifólia), nas formações Baixo Montana
• Floresta de brejo, em Rondônia (MIRANDA,
e Montana, no Rio Grande do Sul, com fre-
2000) e no Estado de São Paulo (TONIATO
qüência de até oito indivíduos por hectare
et al., 1998; SPINA et al., 2001).
(VASCONCELOS et al., 1992).
• Floresta Estacional Semidecidual (Flores-
ta Tropical Subcaducifólia), nas formações Clima
Aluvial, Submontana e Montana, em Minas
Gerais, no Paraná e no Estado de São Paulo, Precipitação pluvial média anual: de 950
com freqüência de 2 a 41 indivíduos por hec- mm, em Minas Gerais, a 3.000 mm, no Pará.
tare (VILELA et al., 1994; TOMÉ; VILHENA, Regime de precipitações: chuvas uniforme-
1996; TOLEDO FILHO et al., 1998; CARVA- mente distribuídas, na Região Sul (excluindo-se o
LHO et al., 2000; DURIGAN norte do Paraná). Periódicas, nos demais locais.
et al., 2000; SILVA; SOARES, 2002).
Deficiência hídrica: nula, na Região Sul
• Floresta Ombrófila Densa (Floresta Tropical (excluindo-se o norte do Paraná). De pequena a
Pluvial Atlântica), nas formações das Terras moderada, na faixa costeira da Paraíba, no Pará,
Baixas, Submontana e Montana, no Estado no Amapá, no Amazonas, no Acre e em Ron-
de São Paulo (CUSTODIO FILHO, 1989; dônia. De pequena a moderada, no inverno, no
AGUIAR et al., 2001). Distrito Federal. Moderada, no inverno, no oeste
• Floresta Ombrófila Mista (Floresta de Araucá- do Estado de São Paulo e no norte do Paraná.
ria), na formação Aluvial, no Paraná (BAR- De moderada a forte, no inverno, no oeste de
DDAL et al., 2004), onde é encontrada de Minas Gerais e no centro de Mato Grosso.
forma rara. Temperatura média anual: 15,5 ºC (Caçador,
SC) a 26,7 ºC (Itaituba, PA / Manaus, AM).

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Temperatura média do mês mais frio: 10,7 Produção de Mudas
ºC (Caçador, SC) a 26 ºC (Manaus, AM).
Semeadura: recomenda-se semeadura direta
Temperatura média do mês mais quente:
em saco de polietileno ou em tubetes de polipro-
20,0 ºC (Caçador, SC) a 28,2 ºC (João Pessoa, pileno de tamanho médio. A repicagem deve ser
PB). feita com cuidado, para evitar danos ao sistema
Temperatura mínima absoluta: -10,4 ºC (Ca- radicial.
çador, SC). Na relva, a temperatura mínima pode Germinação: é hipógea ou criptocotiledonar.
alcançar até -15 ºC. A emergência tem início de 10 a 30 dias após a
semeadura. O poder germinativo é alto, situando-
Número de geadas por ano: médio de 0 a 30; -se em torno de 80%.
máximo absoluto, com 57 geadas na Região Sul.
Associação simbiótica: associa-se com Rhi-
Classificação Climática de Koeppen: zobium, formando nódulos globosos, com baixa
Af (tropical superúmido), na região costeira da atividade da nitrogenase (FARIA et al., 1984a, b).
Bahia, do Pará, do Paraná e do Estado de São Cuidados especiais: Gonçalves et al. (1999b)
Paulo. Am (tropical chuvoso, com chuvas do recomendam a aplicação de 5 mg de nitrogênio
tipo monção, com uma estação seca de pequena (NH4)2SO4) com 20 mg de fósforo por quilo de
duração), nas serras do Ceará e na Paraíba, no substrato, para melhor desenvolvimento das plân-
tulas.
Amapá, no Estado do Amazonas e no Pará.
Aw (tropical quente, com verão chuvoso e in- Na fase de viveiro, prefere meia-sombra, deven-
verno seco), no Espírito Santo, em Mato Grosso, do-se evitar o sol direto nas horas mais quentes
do dia, por meio de esteiras, ou multiplicá-lo sob
em Minas Gerais, no Pará, no Estado do Rio de
a sombra de árvores (REITZ et al., 1983).
Janeiro e em Rondônia. Cfa (subtropical úmido,
com verão quente), no Paraná, no Rio Grande do
Sul, em Santa Catarina e no Estado de São Paulo. Características Silviculturais
Cfb (temperado sempre úmido, com verão suave
e inverno seco, com geadas freqüentes), no Para- O ingá-feijão é uma espécie heliófila ou esciófila,
ná e em Santa Catarina. Cwa (subtropical úmido medianamente tolerante a geadas, no estágio
quente de inverno seco e verão chuvoso), no Dis- jovem.
trito Federal, em Minas Gerais e no Estado de São Hábito: o tronco do ingá-feijão possui ramifica-
Paulo. Cwb (subtropical de altitude, com verões ção acentuada.
chuvosos e inverno frios e secos), no sul de Minas
Gerais e no nordeste do Estado de São Paulo. Métodos de regeneração: regenera-se, tam-
bém, por brotação de toco e de raízes (WASJU-
TIN, 1958).
Solos Sistemas agroflorestais: Inga marginata é
freqüentemente cultivada para sombreamento,
Ocorre, naturalmente, em vários tipos de solos por seus frutos, sendo às vezes usada, também,
com textura leve a pesada. Suporta solos ácidos e como sombra de café, por sua folhagem densa
mal drenados. (HOLDRIDGE; PÓVEDA, 1975). Na Bolívia, é
recomendada para cortinas de uma só fileira e
bordadura das cortinas quebra-ventos de três ou
Sementes mais fileiras (JOHNSON; TARIMA, 1995). Deve
ser plantada com espaçamento de 3 a 5 m entre
Colheita e beneficiamento: as vagens devem árvores.
ser colhidas diretamente da árvore quando inicia-
rem a queda espontânea ou recolhidas no chão,
após a queda. Em seguida, devem ser abertas Crescimento e Produção
manualmente para retirada das sementes, envol-
tas pelo arilo. O crescimento do ingá-feijão é lento (Tabela 27).
Aos 8 anos de idade, essa espécie apresentou um
Número de sementes por quilo: 680 (LOREN- incremento médio anual em volume de
ZI, 1998) a 3.100 (LONGHI, 1995). 1,85 m3.ha-1.ano-1 (SPELTZ, 1968).
Tratamento pré-germinativo: não há necessi-
dade.
Características da Madeira
Longevidade e armazenamento: as sementes
apresentam comportamento recalcitrante quanto Massa específica aparente (densidade):
ao armazenamento, devendo ser semeadas logo madeira leve (0,40 a 0,50 g.cm-3).
após a coleta.

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Cor: o alburno e o cerne são esbranquiçados e Paisagístico: essa espécie é muito atrativa para
pouco diferenciados. fins ornamentais. Por seu porte adequado e exce-
lente sombra, é também indicada para arboriza-
Características gerais: textura média e grã
ção de ruas, de parques ou de campos onde haja
direita.
suficiente espaço para seu bom desenvolvimento.
Outras características: madeira medianamen-
Plantios em recuperação e restauração
te resistente e moderadamente durável quando
ambiental: o ingá-feijão é uma espécie muito
protegida das intempéries.
importante na ocupação de áreas degradadas
e na restauração de ambientes ripários, por ser
Produtos e Utilizações uma planta que contribui na fertilização dos so-
los e auxilia a recuperação dos solos pobres ou
Madeira serrada e roliça: a madeira dessa esgotados pelo cultivo. Suporta encharcamento e
espécie é utilizada em obras internas, carpintaria inundação (DURIGAN; NOGUEIRA, 1990).
e caixotaria. Como o tronco possui ramificação
acentuada, dificulta a obtenção de tabuados Pragas
(SOUZA CRUZ, 1982).
Energia: essa espécie produz lenha de boa qua- Em frutos maduros em decomposição, coletados
lidade e carvão. no Estado do Rio de Janeiro, Ferraz et al. (2000)
encontraram 78,8% de Nitidulidae, 1% de Cur-
Celulose e papel: o ingá-feijão é adequado culionidae, 1% de Lyctidae, 1% de Cucujida,
para esse fim (WASJUTIN, 1958). 1,4% de Scolytidae, 14,7% de larvas de moscas e
2,1% de outros.
Substâncias tanantes: a casca do ingá-feijão
contém de 10% a 15% de tanino (CÔRREA,
1969). Espécies Afins
Alimentação animal: a forragem do ingá-feijão
apresenta 20% a 22% de proteína bruta e 2,9% a O gênero Inga Miller, exclusivamente neotropical,
apresenta cerca de 300 espécies distribuídas do
5,8% de tanino (LEME et al., 1994).
sul do México até o Uruguai (PENNINGYTON,
Alimentação humana: os frutos dessa espécie 1997); no Brasil, ocorrem cerca de 143 espécies
são comestíveis, refrigerantes e de agradável sa- (GARCIA et al., 1998). Certas formas de Inga
bor. A polpa, que envolve as sementes, é muito marginata, encontradas no Sul do Brasil, apro-
apreciada pela garotada (SANCHOTENE, 1985). ximam-se de I. laurina (Sin: fagifolia) (DUCKE,
1953).
Apícola: essa espécie é reputada como grande
produtora de néctar e pólen. Por isso, é muito O ingá-feijão distingue-se dos demais ingás,
procurada pelas abelhas (REITZ et al., 1983). principalmente por sua copa arredondada, com
folhagem muito densa, verde-escura, e por suas
Medicinal: na medicina popular, o fruto dessa flores densamente agrupadas em cachos e vagens
espécie é indicado no tratamento de úlceras vagi- quase cilíndricas, finas e compridas (REITZ et al.,
nais. O decocto da casca é adstringente e hemos- 1983).
tático (LOPEZ et al., 1987).

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Referências Bibliográficas
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