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A diferença entre fonética e fonologia:

Fonética
o estudo dos sons de uma língua
quadro fonético (sua produção)

Fonologia
- o estudo dos sons de uma língua
(sua organização)
A fonética e a fonologia estudam a língua
com óticas diferentes:
A fonética pergunta: quais são as
características, os detalhes acústicos
e articulatórios de tal som?

É um estudo concreto
ética – a ótica do lado de fora.
Relacionado às línguas, a fonética é um
estudo dos sons de uma língua feito da
perspectiva do não-falante. Por isso é bem
detalhado – não pode omitir nada.

A fonética se preocupa com uma perspectiva


ética das línguas.
A fonologia pergunta: Qual é a relação
desse som com todos os outros sons
da língua, e com o significado dessa
articulação?

É um estudo abstrato
êmica – a ótica do lado de dentro.
Relacionado às línguas, a fonêmica (uma
das áreas da fonologia) é a perspectiva
do falante nativo sobre a sua própria
língua. Por isso, pode omitir alguns
detalhes – focaliza só o essencial.

A fonologia se preocupa com uma


perspectiva êmica das línguas.
2 Princípios Básicos da Fonologia:

1. Sons tem a tendência de variar.


2. Sons tem a tendência de ser modificados pelos
seus ambientes.

As 2 motivações das alternações dos sons:

1. para facilitar a produção (a fala)


2. para facilitar a comprensão (o ouvir).
As Duas Funções da Fonologia:

1. A primeira função da fonologia é


descobrir, definir e simplificar a
organização dos sons de uma língua.

2. A segunda função da fonologia é


definir e explicar as mudanças nesses
sons.
Todo falante nativo, mesmo as crianças,
tem competência, um conhecimento
completo de sua língua.

Mas, geralmente não sabemos explicar


a nossa própria gramática aos outros.
Como é possível isso?

nossa subconsciência
C
o
m
p
e
CV t
ê
n
c
i
Linguístic a
Desempenho
(revelado na
fala)

A
competência
CV está
escondida
na
subconsciência
é descoberta
pelo estudo
do desempenho
Hierarquia fonológica

Palavra Fonológica

Sílaba

Fonema
Alguns termos chaves na fonologia:

fone - qualquer som de uma língua  

fonema - qualquer som contrastivo (distinto) de


uma língua.
Fonema é um conceito abstrato - só existe
na mente do falante.

alofone – sons não-contrastivos de uma língua. O


alofone é uma variação fonética de um fonema.
O alofone é um conceito concreto - existe na
‘fala’.
Para estudar a competência por meio da
‘fala’, usamos alguns conceitos
importantes:
O conceito de Ambiente

Ambiente – a posição onde um


determinado som
ocorre na palavra, incluindo os
sons ao seu redor.
O conceito da Previsibilidade

Previsível – quando a ocorrência de


um som pode ser prevista. Geralmente
a previsibilidade de um som é definida
em termos do seu ambiente.
O Conceito do Contraste

O contraste na fonologia implica que um som


sempre está em relação a outros sons, e que
essa relação é sempre uma relação contrastiva,
ou não-contrastiva.

Este é o conceito que nos possibilita simplificar


o conjunto de sons de uma língua.
Distribuição contrastiva – quando dois sons exibem
contraste no mesmo ambiente (outros sons ao redor
deles sendo idênticos ou sendo muito semelhantes).

Como ambos dos sons podem ocorrer no mesmo


ambiente, eles não são previsíveis.

A distribuição contrastiva pode ser encontrada em


dois tipos de ambientes:
a. Contraste em Ambientes Idênticos (CAI) – quando dois
sons foneticamente semelhantes contrastam em ambientes
totalmente idênticos, e o intercâmbio dos sons muda o sentido
das palavras. CAI indica que os sons são fonemas distintos. CAI é
demonstrado usando pares mínimos – pares de palavras com
sentidos diferentes, mas com formas fonéticas que são totalmente
idênticas fora dos sons em contraste.

português: Jaminawa
macaco
[p] vs [b] - [pomba]
 molhou com água
[bomba]

Uru Eu Wau Wau:

[ ] vs [] - [] ‘água’

[] ‘veado’

CAI – Contraste em Ambiente Idêntico


b. Contraste em Ambientes Análogos- (CAA) quando os dois
sons ocorrem em palavras que não são idênticas, mas as
diferenças entre os dois sons não podem ser atribuídas aos
ambientes onde eles ocorrem.

CAA indica que os sons são fonemas distintos. CAA utiliza


pares análogos – pares de palavras com sentidos diferentes
que tem os dois sons em ambientes que não podem ser o
motivo da diferença entre os dois sons. Quanto mais
semelhante as duas palavras, mais conclusiva o contraste.
Para usar este tipo de evidência, devemos ficar cientes da
diferença fonética entre os dois sons, e depois ver se essa
diferença fonética existe também no ambiente causando tal
diferença entre os sons.

português [masa] vs. [meza]

No exemplo acima, os sons [s] e [z] exibem contraste na


mesma posição na palavra (intervocálica). A única diferença
entre eles é de um som surdo e um sonoro. Essa diferença
não pode ser atribuída aos contextos onde eles ocorrem, pois
ambos ocorrem em ambientes sonoros. Por isso, eles estão
em distribuição contrastiva. Não são previsíveis. Eles são
fonemas distintos.
CAA – Contraste em Ambiente Análogo
Sons contrastivos – um par de sons considerados
pelo falante nativo como sons distintos.

[t] e [d] são contrastivos em português


[] vs []

[p] e [b] são contrastivos em português


[ vs [ɾ]

“MAS, NÃO SÃO EM JARAWARA E UTROS”


2. Distribuição complementar (DC) - quando dois sons
ocorrem em ambientes totalmente diferentes. Seus
ambientes complementam um ao outro – juntos, os
ambientes ajudam formar o total dos ambientes onde o som
pode ocorrer. Os ambientes são mutuamente exclusivos - não
se misturam - onde um se encontra, o outro não. Assim, a
diferença entre os sons pode ser atribuída ao ambiente. Isso
significa que os sons em distribuição complementar são
previsíveis – regras podem ser escritas porque podemos
prever onde os sons vão ocorrer. Assim, eles não contrastam.
Distribuição complementar indica que os sons são alofones
do mesmo fonema. 
Exemplos: português

 
 
 
 
 


Estes sons estão em distribuicão complementar


porque os seus ambientes são mutuamente
exclusivos. Eles são alofones do mesmo fonema.

DC – Distribuição Complementar
Sons não contrastivos – um par de sons considerados como
o mesmo som pelo falante nativo.

  são sons não-contrastivos em Jupaú


Ex. 

 

são sons não-contrastivos em Jupaú


Ex.  
 

DC – Distribuição Complementar
3. Variação livre* – quando dois sons podem ocorrer no
mesmo ambiente, mas quando são trocados, nunca mudam o
sentido das palavras. Podem ocorrer na mesma posição das
palavras – o que significa que não existe regra que possa
prever quando eles ocorrem. Não importa onde ocorrem
porque não exibem contraste. Por isso, são vistos como o
mesmo som pelo falante nativo, e devem ser considerados
alofones do mesmo fonema.
exemplo: Os plosivos não soltos em inglês (como ) estão
em variação livre com os plosivos comuns (como [p]). Não
importa qual é usado no final da palavra. Variam livremente.
Por isso, são alofones do mesmo fonema.
‘sopa’ vs. ‘sopa’
Variação Livre

Ex.: Sateré

 ‘meu filho’



(*Variação totalmente livre é
muito raro. Geralmente, se a
variação é livre de influência
interna, então tipicamente
existem fatores externos no
contexto social que podem
explicar a variação.)
Identificando o inventário dos fonemas e alofones
de uma língua:
três tipos de distribuição dos sons que nos
ajudam a identificar os fonemas e alofones de
uma língua:

1, Distribuição contrastiva
2. Distribuição complementar (variante condicional)
3. Variação livre

Cada par de sons semelhantes numa língua se


encontra numa dessas três relações: contrastiva,
complementar, ou variação livre.
(A relação entre 2 sons sempre deve ser investigada em todos as
posições possíveis da palavra ou da sílaba: intervocólica, inicial, final,
antes de consoante, depois de consoante, etc.)
A Sílaba
Def.: É uma unidade com um ou mais segmentos que se
fala com um só impulso respiratório com apenas um pico
de ressonância.
A ressonância das consoantes é menor que das vogais e
há vogais mais ressonantes que outros. Numa sílaba,
portanto, o pico da ressonância se dá na vogal e não
pode haver mais de um pico.
O sinal + representa aqui a quantidade de ressonância.

+ + +
+ + + + + Três picos de ressonância
+ + = três sílabas
+ +
Ex.: b a t a t a
Quatro Princípios Básicos:
1.     As sílabas são formadas por fonemas.

2.     As línguas usam vários tipos de sílabas. A mais comum é


CV (consoante-vogal), que existe em todas as línguas do
mundo. Em algumas línguas esta é a única sílaba que existe.
Em outras, é um de vários tipos.

3.     O conjunto das ‘formas silábicas’ que uma língua


emprega, chama-se: “padrão silábico” da língua.

4.     As línguas usam o padrão silábico para construir as


palavras aceitáveis – cada sequência de fonemas tem que
encaixar em uma das formas silábicas da lingua ou não pode
ser pronunciada – não é palavra aceitável.
Componentes da Sílaba
A sílaba tem uma estrutura hierárquica composta de:
  σ
A=ataque -> margem esquerda
 
R R= rima: N = núcleo
C = coda -> margem direita
A N C

Onde fica o segmento? Como


podemos ligar a sílaba com eles?
C V C
Com linhas de associação.
Traços
Princípio da Maximização do Ataque:

Consoantes sempre serão silabificadas como ataque


em vez de coda quando existe uma escolha.

Então, CVCV sempre será CV.CV e nunca CVC.V

Como devemos silabificar então estas palavras?


fonologia maravilha
 
(usamos pontos para separar os segmentos em sílabas)
Princípio da Maximização do Ataque:

Consoantes sempre serão silabificadas como ataque


em vez de coda quando existe uma escolha.

Ressilabificação
É importante que se saiba princípios como:

Quais consoantes ocorrem no final de sílabas


Quais consoantes ocorrem no início de sílabas

Ex.: Português
op (i) tar
ab(i)domen
ad (i) vogado
p (i) neumonia Ed (i) lus
mag (i) nifico Bat (i) man
ab (i) soluto out (i) door
et (i) nia Lib (i) ni
A esse processo se denomina:
“Epêntese”
Nesse caso podemos dizer que
Estas são

Vogais epentéticas de portugues


a epêntese também acontece no final da palavra.

 macdonald mac(i)donald(i)
 bang-bang bang(i)-bang(i)
 laptop lap(i)top(i)
 varig varig(i)
 TUT tut(i)
 notebook not(i)book(i)
 input input(i)
 hotdog hot(i)dog(i)
Mais não acontece entre:

crime
aclamar
frio formar
abrir faltar
entrar estar
empurrar ansieo
estrela
encrenca
aplauso
formada pelo grupo de
Sintaxe: respiração
Ordem dos sendo esta a que
define suas margens; Classes de
constituintes
palavras

Palavra
Oração
fonológica Substantivos
Verbos
Objetos
Pronomes
Unidade de o traço distintivo
Adjetivos
distribuição é a entonação
etc
da palavra (melodia) do
segmento inteiro








Entonação: Tom usado a nível da frase.
A entonação é a curva melódica de uma frase ou de uma
palavra. Essa curva melódica se encaixa dentro do grupo de
respiração. À cada frase pertencente a um mesmo grupo de
respiração é chamada de “palavra fonológica”. O sentido de
uma frase inteira pode ser modificado pela entonação. Os
padrões de entonação e seus significados dependem do
sistema de cada língua e variam de língua para língua. A
entonação diferencia as informações sintáticas e/ou
emocionais, ao passo que o tom diferencia o sentido lexical.
A entonação constrói uma melodia sobre a frase inteira.

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