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EMILIO ROTTA
ERVA-DE-PASSARINHO (LORANTHACEAE) NA ARBORIZAÇÃO URBANA:
PASSEIO PÚBLICO DE CURITIBA, UM ESTUDO DE CASO
Tese apresentada como requisito parcial à
obtenção do título de Doutor em Ciências
Florestais, Curso de Pós-Graduação em
Engenharia Florestal, Setor de Ciências Agrárias,
Universidade Federal do Paraná.
Orientador: Prof. Dr. Antonio José de Araujo
CURITIBA
2001
UFPR
Universidade Federal do Paraná
Setor de Ciências Agrárias - Centro de Ciências Florestais e da Madeira
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Florestal
Av. Lothário Meissner, 3400 - Jardim Botânico - CAMPUS III
80210-170 - CURITIBA - Paraná
Tel. (41)360 4212 - Fax. (41) 360.4211 - http://www.floresta.ufpr.br/pos-graduacao
e-mail: pinheiro@ftoresta.ufpr.br
PARECER
Defesa n2
455
A banca examinadora, instituída pelo colegiado do Curso de Pós-Graduação em Engenharia
Florestal, do Setor de Ciências Agrárias, da Universidade Federal do Paraná, após argüir o
doutorando EMILIO ROTTA em relação ao seu trabalho de tese intitulado "ERVA-DE-
PASSARINHO (LORANTHACEAE) NA ARBORIZAÇÃO URBANA: PASSEIO PÚBLICO DE
CURITIBA, UM ESTUDO DE CASO", é de parecer favorável à APROVAÇÃO do acadêmico,
habilitando-o ao título de Doutorem Ciências Florestais, na área de concentração em Silvicultura.
Dr. Antonio José de Araújo
Professor Sênior do Departamento de Ciências Florestais da UFPR
Professor e pesquisador da Universidade Estadual do Centro Oeste - UNICENTRO
Orientador e presidente da banca examinadora
L ^ s ô d U o u Q - ^
Dr3
. Veda Maria Malheiros de Oliveira
Pesquisadora da EMBRAPA/CNPF
Primeiro examinador
ònio Disperatti
Professor e pesquisador da Universidade Estadual do Centro Oeste - UNICENTRO
Segundo examinador
Dr. Mario Takao Inoue/
Professor e pesquisador da Universidade Estadual do Centro Oeste - UNICENTRO
Terceiro examinador
Dr. Carlos Vellozo Rdâerjan
Professor e Pesquisador do Departamento de Ciências Florestais da UFPR
Quarto examinador
Curitiba, 21 de dezembro de 2001.
W U t t
Nivaldo Eduardo tyizzi
ij> ' r- t" v ' "V, 7> coordenador do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Florestal
Franklin Galvão
SS?" <v > n
< • ' r
• u
* Vice-coordenador
A todos aqueles que de alguma maneira estejam envolvidos na
problemática representada pela infestação desequilibrada da
erva-de-passarinho na arborização urbana dedico este trabalho,
na esperança de ser útil e poder contribuir no processo de
solução deste problema.
AGRADECIMENTOS
São muitos os agradecimentos a serem feitos. Eles serão feitos
pessoalmente, um a um, pois para mim várias pessoas representaram pontos de
apoio, fundamentais e encorajadores, o que permitiu a conclusão deste trabalho.
Essas pessoas me possibilitaram enxergar, na vivência, o valor incomensurável da
amizade, da palavra de apoio e estímulo, e o quanto isto representa na superação
das barreiras para se atingir a meta planejada. A elas, cujos nomes estão
gravados no meu coração, o sentimento profundo de gratidão e o desejo de uma
colheita multiplicada de frutos de iluminação. Em especial, dentre todas essas
pessoas que para mim foram especiais, cito o nome de minha companheira de
trabalho e de jornada de aperfeiçoamento pessoal, Dra. Yeda Maria Malheiros de
Oliveira, pesquisadora do Centro Nacional de Pesquisa de Florestas, cuja
amizade, acima de sua incontestável capacidade profissional, foi absolutamente
decisiva para chegar com sucesso ao objetivo final. Desejo a todos que transitam
por estas estradas da vida, que também encontrem, nas suas caminhadas,
pessoas com o mesmo quilate das pessoas que me foi permitido encontrar.
Ao comitê de orientação constituído pelo orientador prof. Dr. Antonio José
de Araújo, co-orientador prof. Dr. Mario Takao Inoue e co-orientadora
pesquisadora Dra. Yeda Maria Malheiros de Oliveira.
No geral, e não menos significantes para mim, agradeço:
À Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA, pela
oportunidade oferecida para o meu aperfeiçoamento profissional, tanto na
liberação para o curso de pós-graduação como nos subsídios financeiros durante
o transcorrer do curso.
À chefia do Centro Nacional de Pesquisa de Florestas da EMBRAPA, à
época do início do curso representada pelo Dr. Carlos Alberto Ferreira e equipe, e
à atual composta pelo Dr. Vitor Afonso Hoeflich, Dr. Moacir Sales Medrado, Dr.
Luciano Xavier Montoya Vilcahuaman, Antonio Pereira Fowler e Erich Gomes
Schaitza, pelo apoio integral em todos os momentos e solicitações.
À Universidade Federal do Paraná (UFPR) e ao Curso de Pós-Graduação
em Engenharia Florestal, pelo acolhimento e amizade do corpo docente.
iii
À Prefeitura Municipal de Curitiba pela disponibilização irrestrita da
infraestrutura logística e de apoio de pessoal à época da instalação do trabalho,
coleta de dados, análise de material experimental e fornecimento de subsídios
técnicos. Através de seus diferentes setores, representados, neste trabalho, pelo
Passeio Público de Curitiba, Museu Botânico Municipal e Horto Municipal do
Guabirotuba, tivemos a colaboração valiosa e imprescindível de Luiz Roberto
Francisco, Sr. Gerdt Hatschbach e equipe, Edélcio Marques e Roberto Larini.
À equipe de estagiários que participaram das atividades de campo e
processamento dos dados à época da instalação do trabalho: Carla Regina
Camargo, Egiseli de Melo, Henrique Just Graeml, Hezir Miguel Tavares Jr., Luis
Carlos Haenle, Paulo Henrique Machniewicz e Rui André Maggi dos Anjos.
À professora Aracely Vidal Gomes, pelos comentários e revisão das
chaves botânicas, cuja amizade muito me honra.
Ao Dr. Pedro Scherer Neto e Douglas Kajiwara do Museu de História
Natural de Curitiba, e a Dra. Sandra Boss Mikich, pela boa vontade e presteza nas
revisões de texto e informações que compuseram o capítulo 4, sobre os agentes
dispersores da erva-de-passarinho.
À equipe do Laboratório de Monitoramento um agradecimento especial pela
amizade, apoio e eficiência nos trâmites trabalhosos da montagem do sistema
geográfico de informações, permitindo a criação de um instrumento de consultas
de grande valor prático: Mazza, Cristiane, Marlize, Zé Augusto, Tatiana, Luciene e
Fábio.
Aos membros da minha "panelinha" do curso de Pós-Graduação, que me
aceitaram no círculo de amizade e que me deram, sempre, a maior força: Dr. Ivan
Crespo Silva, Dra. Maria Regina Boerger e Dr. Leocádio Grodski, meu
agradecimento especial.
À Dra. Rosana V. Higa, Dr. Edilson B. de Oliveira, Dra. Miroslava
Racocewicz (Mima) e Marta Vencato pelas palavras e atitudes de apoio e
incentivo, e a todos, da EMBRAPA Florestas e fora dela, que de forma direta e
indireta se dispuseram e contribuíram nas etapas finais de conclusão do curso.
iv
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS ix
LISTA DE TABELAS xi
RESUMO xii
ABSTRACT xiv
INTRODUÇÃO 1
JUSTIFICATIVA 2
OBJETIVOS 3
ESTRUTURA DO TRABALHO 4
CAPÍTULO 1: CARACTERIZAÇÃO DO LOCAL E METODOLOGIA DE COLETA DE
DADOS 6
1.1 INTRODUÇÃO 6
1.2 ÁREA DE ESTUDO 6
1.2.1 VEGETAÇÃO 8
1.2.2 INFRAESTRUTURA 8
1.3 METODOLOGIA 8
1.3.1 DIVISÃO DA ÁREA EM SETORES DE TRABALHO 9
1.3.2 LOCALIZAÇÃO ESPACIAL DAS ÁRVORES NO CAMPO 9
1.3.3 COLETA DE DADOS E MATERIAL BOTÂNICO 11
1.3.4 AVALIAÇÃO DA INFESTAÇÃO DA ERVA-DE-PASSARINHO 12
1.3.5 BANCO DE DADOS DAS ÁRVORES E ERVAS-DE-PASSARINHO 13
1.3.6 PÁSSAROS DO LOCAL 14
REFERÊNCIAS 14
CAPÍTULO 2: DIAGNÓSTICO DA RELAÇÃO VEGETAÇÃO ARBÓREA/ERVA-DE-
PASSARINHO NO PASSEIO PÚBLICO DE CURITIBA 16
2.1 INTRODUÇÃO 16
2.2 METODOLOGIA 16
2.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO 16
2.3.1 CARTA DA VEGETAÇÃO DO PASSEIO PÚBLICO 16
2.3.2 VEGETAÇÃO DO PASSEIO PÚBLICO 18
2.3.3 ERVAS-DE-PASSARINHO DO LOCAL ESTUDADO 18
2.3.4 RELAÇÃO ENTRE ÁRVORE HOSPEDEIRA E ERVA-DE-PASSARINHO 20
v
2.3.4.1 Caracterização da vegetação infestada pela erva-de-passarinho 20
2.3.4.2 Espécies de árvores infestadas 21
2.3.4.3 Famílias botânicas infestadas 25
2.4 CONCLUSÕES 27
CAPÍTULO 3: RECONHECIMENTO PRÁTICO DA ERVA-DE-PASSARINHO 30
3.1 INTRODUÇÃO 30
3.2 SISTEMÁTICA DA FAMÍLIA 31
3.3 A ERVA-DE-PASSARINHO NO BRASIL 32
3.4 ESPÉCIES DE ERVA-DE-PASSARINHO QUE OCORREM EM CURITIBA 34
3.5 ESPÉCIES DE EPÍFITAS CONFUNDIDAS COM ERVA-DE-PASSARINHO 35
3.6 CHAVES DE IDENTIFICAÇÃO 36
3.6.1 METODOLOGIA DE ELABORAÇÃO DAS CHAVES 36
3.6.2 RESULTADOS 37
3.6.2.1 Chave de caracteres vegetativos 38
3.6.2.2 Chave de caracteres florais 39
3.6.2.3 Ilustrações das espécies de erva-de-passarinho 39
3.6.2.3.1 Trípodanthus acutifolius. 40
3.6.2.3.2 Struthanthus vulgaris. 41
3.6.2.3.3 Struthanthus polyrhysus. 42
3.6.2.3.4 Struthanthus uraguensis. 43
3.6.2.3.5 Phoradendron linearifolium. 44
3.7 AUTOTROFIA EM Trípodanthus acutifolius 45
3.8 CONCLUSÕES 46
REFERÊNCIAS 46
CAPÍTULO 4: DISPERSÃO DAS SEMENTES DE ERVA-DE-PASSARINHO 50
4.1 INTRODUÇÃO 50
4.2 PROCESSOS DE DISPERSÃO 51
4.2.1 ORNITOCORIA: AS AVES COMO AGENTES DE DISPERSÃO 52
4.2.2 AUTOCORIA 56
4.2.3 OUTROS AGENTES DE DISPERSÃO 57
4.3 CONCLUSÕES 58
REFERÊNCIAS 59
vi
CAPÍTULO 5: CARACTERÍSTICAS DENDROMÉTRICAS E ESPACIAIS DOS
HOSPEDEIROS E SUA RELAÇÃO COM A PRESENÇA DA ERVA-DE-
PASSARINHO 62
5.1 INTRODUÇÃO 62
5.2 CARACTERÍSTICAS DENDROMÉTRICAS DOS HOSPEDEIROS E SUA
RELAÇÃO COM A PRESENÇA DA ERVA-DE-PASSARINHO 63
5.2.1 PERCENTAGEM DE ÁRVORES INFESTADAS (PREVALÊNCIA) 63
5.2.2 VARIÁVEIS DENDROMÉTRICAS E A ERVA-DE-PASSARINHO 65
5.3 CLASSES DE TAMANHO E NÍVEL DE INFESTAÇÃO DA ERVA-DE-
PASSARINHO 67
5.4 CARACTERÍSTICAS DENDROMÉTRICAS DAS ESPÉCIES ARBÓREAS MAIS
INFESTADAS DO PASSEIO PÚBLICO 70
5.5 PADRÕES DE DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL - UMA PRIMEIRA ABORDAGEM 71
5.5.1 MÉDIA E VARIÂNCIA 72
5.5.2 ÍNDICE DE MORISITA 73
5.6 O USO DE UM SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA PARA O
ENTENDIMENTO ESPACIAL DA PRESENÇA DA ERVA-DE-PASSARINHO 75
5.6.1 RELAÇÕES ESPACIAIS VERSUS BANCO DE DADOS 76
5.6.2 ESTRUTURAÇÃO DOS DADOS 77
5.7 CONCLUSÕES 88
REFERÊNCIAS 90
CAPÍTULO 6: ESTRATÉGIAS PARA O MANEJO DA ERVA-DE-PASSARINHO NO
ECOSSISTEMA 91
6.1 INTRODUÇÃO 91
6.2 DANOS CAUSADOS PELA ERVA-DE-PASSARINHO 92
6.2.1 FRUTÍFERAS 93
6.2.2 ESPÉCIES FLORESTAIS PRODUTORAS DE MADEIRA 94
6.2.2.1 Pinus e Eucalyptus 94
6.3 CONTROLE DA ERVA-DE-PASSARINHO 96
6.3.1 PODA 97
6.3.1.1 Poda da erva-de-passarinho no Passeio Público 97
6.3.2 CONTROLE QUÍMICO, BIOLÓGICO E GENÉTICO 99
6.4 ASPECTOS CONSIDERADOS NO MANEJO DA ERVA-DE-PASSARINHO 101
6.5 ESTRATÉGIA PARA O MANEJO DA ERVA-DE-PASSARINHO NO
ECOSSISTEMA 102
vii
6.5.1 AGENTES REGULADORES 103
6.5.1.1 As árvores como agentes reguladores 104
6.5.1.2 Dispersão e predação 106
REFERÊNCIAS 106
CONCLUSÕES GERAIS 109
RECOMENDAÇÕES GERAIS 112
ANEXO 1 - ESPÉCIES ARBÓREAS DO PASSEIO PÚBLICO 115
ANEXO 2 - FAMÍLIAS: N° DE GÊNEROS, ESPÉCIES E ÁRVORES 121
ANEXO 3 - CRONOLOGIA DOS ESTUDOS COM ERVA-DE-PASSARINHO 125
ANEXO 4 - SISTEMA DE POSICIONAMENTO GLOBAL - GPS 133
viii
LISTA DE FIGURAS
1.1 LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DO PASSEIO PÚBLICO NA ÁREA CENTRAL DA CIDADE DE
CURITIBA 7
1.2 DIVISÃO DA ÁREA DO PASSEIO PÚBLICO DE CURITIBA EM 51 SETORES DE COLETA
DE DADOS 10
1.3 LOCALIZAÇÃO ESPACIAL DAS ÁRVORES NO CAMPO 11
1.4 EQUIPAMENTO (CAMINHÃO MUNCK) UTILIZADO NA COLETA DE MATERIAL DE ERVA-
DE-PASSARINHO 12
2.1 CARTA BASE DA VEGETAÇÃO DO PASSEIO PÚBLICO MOSTRANDO A DISTRIBUIÇÃO
DAS ÁRVORES INFESTADAS E NÃO INFESTADAS,2001 17
3.1 EPÍFITAS COMUNS DA ARBORIZAÇÃO URBANA 35
3.2 Tripodanthus acutifolius (Ruiz &Pav.)Thiegh 40
3.3 Struthanthus vulgaris Mart 41
3.4 Struthanthus polyrhysus Mart 42
3.5 Struthanthus uraguensis (Hook. & Am.) G.Don 43
3.6 Phoradendron linearifolium Eichl 44
3.7 AUTOTROFIA EM Tripodanthus acutifolius 45
4.1 CICLO DE DISPERSÃO DAS SEMENTES DE ERVA-DE-PASSARINHO 50
4.2 FRUTO DE ERVA-DE-PASSARINHO 52
4.3 ILUSTRAÇÕES DOS FRUTOS DE ESPÉCIES DE ERVA-DE-PASSARINHO QUE
OCORREM NO PASSEIO PÚBLICO DE CURITIBA 53
5.1 MÉDIAS EM ALTURA (a), DIÂMETRO DE COPAS (b) E DAP (c) DO TOTAL DE ÁRVORES
(1865) E DAS ÁRVORES INFESTADAS (268) NO PASSEIO PÚBLICO DE CURITIBA 66
5.2 NÚMERO DE ÁRVORES INFESTADAS EM CLASSES DE TAMANHO E CLASSES DE
GRAU DE INFESTAÇÃO, CONSIDERANDO-SE CADA VARIÁVEL DENDROMÉTRICA 68
5.3 CLASSES DE TAMANHO DAS ÁRVORES E A INFESTAÇÃO POR ERVA-DE-
PASSARINHO 69
5.4 TRÊS DISTRIBUIÇÕES HIPOTÉTICAS DE INDIVÍDUOS NO ESPAÇO 73
5.5 DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DAS ÁRVORES INFESTADAS POR ERVA-DE-PASSARINHO
NO PASSEIO PÚBLICO DE CURITIBA..... 74
5.6 TELA DO SPRING COM O PAINEL DE CONTROLE APRESENTANDO ALGUMAS
CATEGORIAS E Pi's DEFINIDOS PARA O PASSEIO PÚBLICO 79
5.7 BANCO DE DADOS RELACIONAL (TABELA DE ATRIBUTOS) 80
5.8 TELA DO SOTWARE SPRING MOSTRANDO UMA CONSULTA AO BANCO DE DADOS
DO PASSEIO PÚBLICO 80
5.9 RESULTADO DE CONSULTA AO BANCO DE DADOS RELACIONAL DO PASSEIO
PÚBLICO - ÁRVORES EXÓTICAS INFESTADAS 81
5.10 MAPA DO SETOR 20 MOSTRANDO ÁRVORES INFESTADAS E NÃO INFESTADAS 82
ix
5.11 CONSULTA AO BANCO DE DADOS SOBRE UMA ÁRVORE ESPECÍFICA 84
5.12 MAPA DO SETOR 2-A MOSTRANDO ÁRVORES INFESTADAS E NÃO INFESTADAS 85
5.13 ÁRVORES INFESTADAS: ESPÉCIES NATIVAS E ESPÉCIES EXÓTICAS 86
5.14 DISPERSÃO DAS ÁRVORES DE ESPÉCIES NATIVAS INFESTADAS 87
5.15 ÁRVORES DO ESTRATO DOMINANTE (INFESTADAS E NÃO INFESTADAS) 88
6.1 DESENHO ESQUEMÁTICO DO HAUSTÓRIO 91
6.2 DANO CAUSADO NA QUALIDADE DA MADEIRA DE PLÁTANO (Platanus acerífolia),
TIPUANA (Tipuanatipu)E ALFENEIRO (Ligustrum lucidum) PELA AÇÃO DA ERVA-DE-
PASSARINHO 95
6.3 INFESTAÇÃO EM Eucalyptus sp. por Tripodanthus acutifolius NA REGIÃO DE
QUATRO BARRAS, PR 96
6.4 ASPECTOS DA PODA DE REMOÇÃO EM ÁRVORES DO PASSEIO PÚBLICO 98
6.5 REGULADORES E FILTROS DA ABUNDÂNCIA DA ERVA-DE-PASSARINHO E SUA
AÇÃO NO CICLO DE VIDA 102
6.6 CAUSAS DA PRESENÇA EXCESSIVA DA ERVA-DE-PASSARINHO E PASSOS PARA O
CONTROLE 104
X
LISTA DE TABELAS
2.1 NÚMERO DE ÁRVORES E ESPÉCIES ENCONTRADAS NO PASSEIO PÚBLICO
DE CURITIBA, POR ORIGEM E PERCENTUAL DE PARTICIPAÇÃO NA
COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA TOTAL 19
2.2 RELAÇÃO DAS ERVAS-DE-PASSARINHO DO PASSEIO PÚBLICO E SEUS
RESPECTIVOS HOSPEDEIROS LOCAIS 20
2.3 NÚMERO TOTAL E PERCENTUAL DE ÁRVORES E ESPÉCIES, NATIVAS E
EXÓTICAS, INFESTADAS POR ERVA-DE-PASSARINHO, NO PASSEIO PÚBLICO
DE CURITIBA 21
2.4 ESPÉCIES NATIVAS INFESTADAS: NÚMERO DE ÁRVORES TOTAL E
INFESTADAS, PERCENTUAL TOTAL DE INFESTAÇÃO E NÍVEL DE
INFESTAÇÃO POR NÚMERO E PERCENTUAL DE ÁRVORES, DENTRO DA
ESPÉCIE 22
2.5 ESPÉCIES EXÓTICAS INFESTADAS: NÚMERO DE ÁRVORES TOTAL E
INFESTADAS, PERCENTUAL TOTAL DE INFESTAÇÃO E NÍVEL DE
INFESTAÇÃO POR NÚMERO E PERCENTUAL DE ÁRVORES, DENTRO DA
ESPÉCIE 23
2.6 FAMÍLIAS: ORIGEM, NÚMERO DE INDIVÍDUOS, INFESTAÇÃO E NÚMERO DE
ESPÉCIES INFESTADAS 26
4.1 TIPO DOS FRUTOS E FENOLOGIA DE FLORAÇÃO E FRUTIFICAÇÃO DE
CINCO ESPÉCIES DE ERVA-DE-PASSARINHO E 17 ESPÉCIES ARBÓREAS DA
ARBORIZAÇÃO DE CURITIBA 54
4.2 LISTA DE AVES QUE OCORREM NO PASSEIO PÚBLICO DE CURITIBA 56
5.1 ESTATÍSTICA DESCRITIVA DOS DADOS DENDROMÉTRICOS 63
5.2 CORRELAÇÃO ENTRE PREVALÊNCIA E CARACTERÍSTICAS DOS
HOSPEDEIROS 65
5.3 ANÁLISE DE VARIÂNCIA PARA A VARIÁVEL ALTURA DE TODAS AS ÁRVORES
E DAS ÁRVORES INFESTADAS 67
5.4 DISTRIBUIÇÃO DO NÚMERO E PORCENTUAL DE ÁRVORES INFESTADAS E
NÃO INFESTADAS POR CLASSES DE INFESTAÇÃO, DAP, DC E H 69
5.5 ESPÉCIES MAIS INFESTADAS E GRAUS DE INFESTAÇÃO - VARIÁVEL
ALTURA 70
5.6 ESPÉCIES MAIS INFESTADAS E GRAUS DE INFESTAÇÃO - VARIÁVEIS DC E
DAP : 71
5.7 CATEGORIAS (TIPO E NOME) E PLANOS DE INFORMAÇÃO (Pi's) 78
xi
RESUMO
Estima-se que a erva-de-passarinho ocorra em aproximadamente 30% das árvores
da arborização de Curitiba. Sob esta denominação genérica, contudo, estão
incluídas diferentes espécies desta parasita, cada uma, por sua vez, infestando uma
ou mais espécies de árvores. Estudo de caso realizado no Passeio Público de
Curitiba, permitiu diagnosticar que cerca de 14% da vegetação arbórea da área
estudada apresenta algum grau de infestação por erva-de passarinho, em 22% das
130 espécies identificadas no local. A maioria dos indivíduos (92%) e espécies
(67%) infestados é exótica. Foi elaborada uma chave de identificação visando o
reconhecimento prático das principais espécies de ervas-de-passarinho encontradas
na arborização urbana de Curitiba, envolvendo as espécies Tripodanthus
acutifottus, Struthantus polyrhysus, Struthantus vulgaris, Struthantus uraguensis e
Phoradendron linearifolium, a qual foi ilustrada com registros fotográficos de hábito,
ramos e detalhes de flores e frutos. Uma análise do papel dos agentes dispersores
forneceu indicação das principais espécies de aves envolvidas no processo, formas
de dispersão e a relação entre tamanho, forma e tipos de frutos e preferências
alimentares. Nas correlações entre dimensões das árvores (altura, diâmetro de
copas e diâmetro à altura do peito) verificou-se que as infestações ocorrem
preponderantemente em espécies do extrato dominante, sendo provavelmente o
segundo fator mais importante na seletividade de infestação, logo depois da
susceptibilidade da espécie. Um Sistema Geográfico de Informações - SIG foi
desenvolvido a partir do georreferenciamento em todas as árvores com altura maior
que 1,30 m. A cada ponto no espaço (árvore) foram associadas informações sobre
espécie, família, dimensões, grau de infestação e origem, constituindo um Banco de
Dados Relacional. Todos os cruzamentos de informações são possíveis através de
consultas ao sistema computadorizado, desenvolvido no SPRING - Sistema de
Processamento de Informações Georreferenciadas. Pela análise espacial concluiu-
se que a erva-de-passarinho não se distribui de maneira aleatória, ocorrendo de
maneira agregada sobre a área de estudo, em grupos de árvores próximas. É
proposta uma estratégia de manejo de longo prazo no ecossistema, onde se sugere
a utilização prioritária das espécies nativas no planejamento dos plantios urbanos,
em relação às exóticas, notadamente mais susceptíveis. São apresentadas
xii
sugestões de espécies mais resistentes ao ataque da parasita e menção àquelas
que deveriam ser evitadas no contexto da arborização urbana em função de sua alta
suscetibilidade.
Palavras-chaves: erva-de-passarinho, mistletoe, muérdago, gui, arborização urbana,
arboricultura.
xiii
ABSTRACT
In Curitiba around 30% of the trees from the streets are infested by mistletoe. There
are several mistletoe species and different preferential hosts. A case study carried
out in the Passeio Público de Curitiba, allowed to diagnose that about 14% of the
studied tree vegetation presents some degree of infestation by mistletoe, or 22% of
the species represented in the area. Most of the infested individuals (92%) and
species (67%) are not native to the regional ecosystem. A practical identification key
for species recognition of mistletoe and involving the species Tripodanthus
acutifolius, Struthantus polyrhysus, Struthantus vulgaris, Struthantus uraguensis
and Phoradendron linearifolium was developed, with photographic images presenting
details of branch morphology, flowers and fruits. An analysis was performed,
concerning dispersal behaviour, indicating the main bird species involved in the
process, dispersion forms and the relationship among size, forms, fruit types and
food preferences. Correlation among dimensions of the trees (height, crown diameter
and diameter at breast height) was established. It was verified that the infestation
occur mainly in species of the overstory, being probably the second more important
factor in the infestation selectivity, after the host species specificity. A Geographical
Information System - GIS was developed after georeferencing all the trees taller than
1,30 m. To each point in the space (tree) it was associated a line in the relational
database, with information about, species, family, dimension, infestation levels and
origin. All the crossing information is possible through queries to the computerised
system, developed using SPRING- Georeferenced Processing Information System.
In the search for a practical, efficient and compatible solution with the public
administration resources, a long-term strategy for dealing with the problem, at
ecosystem level was designed. A spatial analysis was performed testing several
methods and it was concluded that mistletoe are not distributed randomly. They
occur in clusters over the study area probably due to the trees proximity, being
infested by the birds visiting nearby trees. It suggests, for future replacements, the
planting of native species instead of the exotic ones, which are more likely to be
infested. Suggestion of the most resistant tree species to the attack of the parasite is
presented as well as those that should be avoided as urban trees considering their
high susceptibility.
Key words: erva-de-passarinho, mistletoe, muérdago, gui, arboriculture, urban
forestry.
xiv
1
INTRODUÇÃO
A arborização é um importante componente do sistema urbano, devido à sua
benéfica influência na melhoria da qualidade de vida dos moradores das cidades.
Esses benefícios são representados pela melhoria climática (as árvores interceptam,
refletem, absorvem e transmitem radiação solar, melhorando a umidade e
temperatura do ar, a ação do vento e a circulação do ar no ambiente urbano) e
redução de poluição (as árvores no ambiente urbano têm considerável potencial de
remoção de partículas do ar e poluentes químicos da atmosfera). Benefícios
adicionais são representados pela redução de ruídos e melhoria do aspecto visual
das cidades. Isto tudo resulta em bem-estar físico e mental dos cidadãos.
Atuando como agentes promotores destas melhorias, as árvores urbanas
podem estar sendo submetidas a algum tipo de situação que pode levá-las ao
estresse, tornando-as, com isso, mais suscetíveis a danos mecânicos e fisiológicos.
Pode-se citar, dentre outras, as condições de plantios em solos alterados pela
presença de resíduos resultantes de obras urbanas, que modificam suas
propriedades físicas, químicas e biológicas; a impermeabilização e a compactação
do solo, causadas pela pavimentação e, também, a presença de edificações de
grande porte influenciando na luminosidade disponível e na direção e velocidade dos
ventos.
Adicionalmente aos fatores relacionados, uma outra situação apresenta-se
como um fator que afeta negativamente a vida das árvores urbanas: a infestação
pela planta parasita chamada erva-de-passarinho. Erva-de-passarinho é o nome
genericamente empregado para designar as plantas escandentes (trepadeiras) da
família botânica das lorantáceas (Loranthaceae). São assim conhecidas por estarem
associadas ao costume alimentar de aves, que consomem os seus frutos e são
consideradas as principais agentes de dispersão das suas sementes.
A erva-de-passarinho parasita desde arbustos a arvoretas e árvores de ruas,
praças, jardins e pomares. Fixa-se nos galhos e troncos da planta hospedeira, onde
se desenvolve vigorosamente e ocupa partes localizadas ou quase a totalidade da
copa. Através da emissão de raízes especiais (haustórios) que atravessam a casca
2
do hospedeiro, a erva-de-passarinho retira dele água e sais minerais, elementos
vitais para a sua sobrevivência. Ao desenvolver-se sobre o hospedeiro a erva-de-
passarinho independe de um contato com o solo, sendo, na maioria dos casos,
parasita de ramos.
Sendo uma planta hemiparasita (parcialmente parasita), além de se beneficiar
pela absorção de elementos minerais da planta hospedeira, através do seu sistema
radicial transformado em órgão de aderência e absorção, realiza também a
fotossíntese, por possuir folhas normais, providas de estômatos e clorofila,
metabolizando substâncias orgânicas para o seu desenvolvimento. Estas
características certamente contribuem para a sua grande capacidade de proliferação
e a torna muito resistente à erradicação.
A infestação pela erva-de-passarinho pode ser considerada um fator relevante
a ser monitorado pois, se em desequilíbrio, compromete a arquitetura das árvores,
interfere potencialmente no vigor das árvores e, ainda, prolifera-se com facilidade, o
que pode comprometer todo um programa de arborização. Deve-se ressaltar,
contudo, que estas plantas ocorrem naturalmente em florestas nativas, fazendo
parte do ecossistema natural.
Os diferentes gêneros e espécies de plantas parasitas da família
Loranthaceae são genericamente conhecidas por erva-de-passarinho no Brasil, gui
no idioma francês, mistletoe no idioma inglês e muérdago no idioma espanhol. O uso
consagrado na literatura especializada do termo parasita quando se refere à erva-
de-passarinho estabeleceu a continuidade do seu emprego neste trabalho.
Além do nome comum erva-de-passarinho, as lorantáceas são comumente
denominadas de: enxêrco-de-passarinho, enxêrco, esterco-de-jurema, guirá-poti,
oerá-repoti, passarinheira, tem-tem, têu-poteíba, tetipoteira, uirá-repoti, visgo, erva-
passarinha, erva-passarinheira, enxerto-de-passarinho, excremento-de-passarinho,
guirarepoti, erva-de-passarinho-de-folha-grande, erva-de-passarinho-miúda.
JUSTIFICATIVA
Tendo em vista observar-se em Curitiba uma tendência crescente de
infestação por erva-de-passarinho na arborização urbana e as informações
3
referentes ao assunto estarem, ainda, praticamente desconhecidas da população
em geral e dos meios acadêmicos, optou-se por estudar alguns dos componentes
que envolvem esta problemática. Para isso os plantios urbanos existentes
estabeleceram o ponto de partida para as observações.
No contexto da arborização pública considerou-se o Passeio Público de
Curitiba um local representativo para o estudo da relação árvore urbana e infestação
por erva-de-passarinho, pelo fato de aí se apresentar um quadro favorável a este
tipo de inferência: elevado índice de infestação, vegetação submetida às condições
estressantes do ambiente urbano e, além disso, composição florística com algumas
das espécies de árvores mais usadas na arborização de ruas e praças de Curitiba.
Como hipóteses do trabalho considerou-se que: a) na arborização urbana as
espécies arbóreas nativas são mais suscetíveis de infestação por erva-de-
passarinho do que as espécies arbóreas exóticas, por se constituírem em fonte
natural de alimento para as aves e, b) a dispersão da erva-de-passarinho é pouco
influenciada pela composição florística e distribuição espacial das espécies.
OBJETIVOS
Considerando-se a necessidade da identificação de aspectos básicos da
relação erva-de-passarinho x hospedeiro que possam ser utilizados numa estratégia
preventiva, visando o seu controle, objetivou-se, com este estudo:
• caracterizar as espécies de erva-de-passarinho que parasitam as
árvores da arborização urbana de Curitiba e, em particular, do Passeio Público
de Curitiba através da elaboração de chave prática de reconhecimento;
• avaliar a seletividade de infestação entre espécies de erva-de-
passarinho e árvores infestadas, visando identificar grupos de espécies arbóreas
mais suscetíveis de infestação;
• apresentar um manual prático para identificação, através de
características macromorfológicas, das espécies de erva-de-passarinho que
ocorrem no Passeio Público, incluindo outras espécies identificadas em Curitiba e
Região Metropolitana;
4
• analisar os agentes dispersores responsáveis pela disseminação da
erva-de-passarinho na região de Curitiba - PR;
• verificar possíveis correlações entre variáveis dendrométricas das
árvores inventariadas e a presença de erva-de-passarinho;
• caracterizar o tipo de distribuição da erva-de-passarinho na área de
estudo;
• desenvolver um Sistema Geográfico de Informações (SIG), que permita
consultas a um Banco de Dados associado, em ambiente computadorizado.
ESTRUTURA DO TRABALHO
A estrutura do trabalho em capítulos seguiu uma seqüência de apresentação
coerente com a seqüência desenvolvida nas etapas de coleta e análise dos dados.
No capítulo 1 é apresentada uma caracterização geral da área de estudo com
a respectiva metodologia de coleta de dados.
No capítulo 2, como primeiro resultado e a partir do qual outros resultados
foram sendo gerados, é apresentado o diagnóstico da área do Passeio Público de
Curitiba, PR. Originado do levantamento da vegetação arbórea, foram identificados
aspectos qualitativos e quantitativos da vegetação arbórea do local, dos quais
resultaram os dados que geraram os capítulos subseqüentes, por si independentes.
O capítulo 3 trata dos aspectos de reconhecimento prático das diferentes
espécies de erva-de-passarinho que ocorrem na área estudada e região
metropolitana de Curitiba. Através de montagem de chaves práticas de
reconhecimento enriquecidas por imagens fotográficas das espécies, é apresentado
um manual de identificação de ervas-de-passarinho que ocorrem nas áreas
observadas em Curitiba.
No capítulo 4 são abordados aspectos relacionados à disseminação das
sementes de erva-de-passarinho pelos seus principais agentes dispersores, como
um componente para o entendimento do processo de proliferação e distribuição
espacial da erva-de-passarinho através da vegetação arbórea do Passeio Público e,
possivelmente, da arborização urbana em geral.
5
No capítulo 5 é analisada a correlação entre variáveis dendrométricas que
possuam potencial relação com a presença da erva-de-passarinho e desenvolvida
uma análise da distribuição espacial das árvores do Passeio Público com a
infestação pela erva-de-passarinho. São investigados os modelos em
conglomerados, casualizado e regular. Para tanto utilizou-se da localização de cada
indivíduo, georreferenciado no espaço, que levou ao desenvolvimento de um
Sistema de Informações Geográficas (SIG) para o Passeio Público de Curitiba. A
cada árvore localizada no mapa base da distribuição espacial geral das árvores
(capítulo 3) foi associada uma linha de um Banco de Dados Relacional, que contém
informações qualitativas e quantitativas (espécie, família, origem, grau de infestação,
altura, diâmetro de copa e diâmetro à altura do peito), que permitem consultas sobre
a dinâmica de infestação.
No capítulo 6 são apresentados os métodos de controle da erva-de-
passarinho comumente encontrados na literatura. Procura ressaltar os aspectos
danosos que a infestação incontrolada pode representar para a arborização urbana
em geral, bem como a ameaça potencial que representa para os plantios comerciais
de Pinus e Eucalyptus. Como um desfecho de todas as análises realizadas nos
outros capítulos, é apresentada uma estratégia de manejo da erva-de-passarinho no
ecossistema.
Como estrutura do trabalho são apresentadas conclusões relativas a cada
capítulo e, ao final do trabalho, são apresentadas conclusões gerais envolvendo os
aspectos abordados. Recomendações gerais, baseadas em observações pessoais,
são igualmente acrescentadas e indicadas como potenciais estudos a serem
desenvolvidos, para o melhor entendimento do processo de infestação pela erva-de-
passarinho.
1.1 INTRODUÇÃO
O Passeio Público da cidade de Curitiba, situado no perímetro urbano central
da cidade (FIGURA 1.1), foi criado em 2 de maio de 1886 por Alfredo D'Escragnolle
Taunay, na época Presidente da Província, que decidiu transformar a área de
banhado periodicamente inundável, às margens do rio Belém, em um logradouro
público.
A origem do Passeio Público de Curitiba é, portanto, resultante de um
processo de recuperação de uma área que hoje se denominaria como área
marginal. Assemelha-se em sua estrutura física atual à estrutura de praças ou
jardinetes, por possuir uma composição florística derivada de plantio programado de
diferentes espécies de árvores, arvoretas e arbustos em recantos entrecortados por
caminhos asfaltados, mas apresenta, em seu aspecto visual, uma fitofisionomia à
semelhança de uma reserva nativa, por causa de sua vegetação adensada
distribuída num espaçamento irregular entre árvores.
Com uma área de 69.285 m2
(6,9 ha),o local apresenta no seu entorno um
intenso e pesado trânsito, formado por transporte coletivo, caminhões e carros de
passeio, entre outros de menor significado, que se processa ininterruptamente. As
características mais comuns do ambiente adverso da cidade, tais como poluição do
ar, revestimentos impermeabilizantes do piso, pouca terra vegetal disponível,
dificuldades de rega e de manutenção, riscos de mutilações incessantes, déficit
nutricional e compactação do solo estão presentes e condicionam a fitopaisagem do
local.
1.2 ÁREA DE ESTUDO
O Passeio Público de Curitiba está situado no Município de Curitiba, Estado
do Paraná, na região Sul do Brasil.O Município de Curitiba está localizado na latitude
25° 25'04"S e longitude 49° 14'30" W (MAACK, 1968), a uma altitude de 947 m
s.n.m. (EMBRAPA -CNPF,1988). Possui uma área de 438,8 Km2
(ARAUJO, 1994),
dos quais 432 Km2
são considerados legalmente como zona urbana (FUPEF/FBCN,
7
1994), já que a cidade ocupa praticamente toda a área (MILANO, 1992),
compreendida pelos seus 75 bairros (IPPUC, 1998). Curitiba possui, hoje, cerca de
80,7 km2
de área verde, compreendendo bosques públicos e particulares, praças e
arborização viária, colocando a cidade entre as mais arborizadas do Brasil
(PREFEITURA MUNICIPAL DE CURITIBA, 1999)·.
o clima local é o Cfb de Kõppen, com temperatura média anual de 16,5 o C, a
média do mês mais frio de 12,6 o C e a média do mês mais quente de 20,1 0
C;
número médio e máximo de 10,7 a 33 geadas por ano, respectivamente;
precipitação anual de 1.413 mm (EMBRAPA- CNPF, 1988).
FIGURA 1.1 - LOCALlZAÇAO DA AREA DO PASSEIO PÚBLICO NA AREA CENTRAL DA
CIDADE DE CURITIBA
Fonte: COMEC, 2000.
• PREFEITURA MUNICIPAL DE CURITIBA. SECRETARIA MUNICIPAL DE COMUNICAÇAO SOCIAL. Satélite mostra 55 m'
de área verde por pessoa em Curitiba. Curitiba. Agência de Noticias, 216/1999.
8
1.2.1 VEGETAÇÃO
Apresentando uma massa verde exuberante e bem delineada nos seus
contornos, a composição florística arbórea da área é constituída por árvores nativas
e exóticas, formando estratos diferenciados. Estima-se existirem exemplares que
ultrapassam os 90 anos de idade, ainda remanescentes da época da sua
inauguração. Característica marcante da vegetação local é a presença de
numerosos e antigos exemplares de grande porte de plátanos (Platanus x acerifotia),
que constituem um referencial incorporado à história do Passeio Público e de
Curitiba. Contribuem para a exuberância do local, exemplares de tipuanas (Tipuana
tipü), jacarandás-mimosos (Jacaranda mimosaefolia), alfeneiros (Ligustrum
lucidum), casuarinas (Casuarina equisetifolia), ciprestes (Cupressus sp.), eucaliptos
(Eucalyptus spp.) e canforeiros (Cinnamomum camphora), igualmente de grande
porte. A relação das espécies arbóreas que compõem a florística do Passeio
Público de Curitiba consta no ANEXO 1.1.
1.2.2 INFRAESTRUTURA
O Passeio Público de Curitiba apresenta uma infraestrutura constituída por
diversos equipamentos e recantos, dentre os quais: lagos, ilhotas artificiais,
playground, restaurante e lanchonete, sanitários públicos, sede administrativa e um
sistema de arruamento interno utilizado na prática de jogging e caminhadas. Possui,
também, um pequeno zoológico com aves e outros animais de pequeno porte.
Servindo como local de recreação e lazer, configura uma forte integração da
população com a área. Esta estrutura de espaço construído intercalado por áreas de
vegetação, que estabelecem delimitações bem diferenciadas, originou a
configuração da metodologia de divisão em diferentes setores de trabalho para as
observações e coletas de dados.
1.3 METODOLOGIA
Para o levantamento qualitativo e quantitativo das espécies arbóreas que
compõem a vegetação do Passeio Público e das espécies de erva-de-passarinho
que ocorrem no local, foram estabelecidos os seguintes procedimentos:
9
1.3.1 DIVISÃO DA ÁREA EM SETORES DE TRABALHO
Para o diagnóstico da vegetação do Passeio procedeu-se a divisão da área
total em setores de coleta de dados (FIGURA 1.2), definidos com base na estrutura
delineada pelos diferentes recantos internos, constituindo um mosaico de 51
pequenas áreas com tamanhos, formas e composições florísticas diferentes. A
definição dos diferentes segmentos possibilitou a implantação de uma metodologia
simples e funcional para a coleta das informações objetivadas no trabalho.
Considerando todos os indivíduos arbóreos a partir de 1,30 m de altura, foi
efetuado o censo de todas as árvores do Passeio Público. Estas árvores foram
localizadas espacialmente no campo através de coordenadas de localização,
cadastradas em fichas e observadas individualmente.
1.3.2 LOCALIZAÇÃO ESPACIAL DAS ÁRVORES NO CAMPO
As árvores foram codificadas em campo através de um código de localização.
Para a localização das árvores em cada setor foi estabelecida uma linha mestra ou
eixo de referência, definida no sentido do maior comprimento da área de cada setor
e passando pelo seu meio ou pela sua lateral (dependendo do formato da área do
setor).
O eixo de referência foi graduado por meio de trenas de 50 metros de
comprimento estendidas no chão. Estabeleceu-se a graduação inicial do eixo (ponto
0) coincidente com um marco zero de referência, específico para cada setor, definido
previamente em função de uma característica referencial permanente (início de
cerca, muro, entrada do Passeio, etc.).
Na medida do caminhamento pela linha mestra cada árvore foi localizada no
sentido perpendicular ao eixo, à direita ou à esquerda, medindo-se a distância de
seu afastamento por meio de contagem de passos, aferidos previamente.
O método usado apresentou eficiência e rapidez de execução. Desta forma
cada árvore recebeu um código de localização, a exemplo da árvore 7, aroeira 16 E
5 (FIGURA 1.3): a árvore aroeira, de um determinado setor, foi localizada a 16 metros
do marco zero, 5 metros à esquerda em ângulo reto com a linha mestra.
10
FIGURA 1.2 - DIVISÃO DA ÁREA DO PASSEIO PÚBLICO DE CURITIBA EM 51 SETORES DE
COLETA DE DADOS.
~~~,r-----------~------------T-----------~T-----------~r----í~~~~
~86"" 1----+7
Legenda
• Setoras de coleta de dados
• Lagos
• Cfrculacilo de pessoas
~~~------i-------------t---~~8~
'7-1""
30.0 O
rr----
---------+------1 ~86""
-'r---t-----j ~8fl'O'
--------1 ~66'0'
30.0 60.0 90.0 120.0 m
i
Escola 1/3000
11
FIGURA 1.3 - LOCALIZAÇÃO ESPACIAL DAS ÁRVORES NO CAMPO.
..
• Matco o (zero]
- ~e~~r0 1 6E5- - ' lImlle do setor
G 5equ ê nc!o d e IOCOllZoçOO elOS 6rvores
Em área com formato irregular a linha mestra foi estabelecida atravessando
pelo meio o local em seu maior comprimento, dividindo-a em duas partes
aproximadamente iguais.
1.3.3 COLETA DE DADOS E MATERIAL BOTÂNICO
Os dados coletados foram: número da observação, nome popular da árvore,
coordenada de localização, altura (H), circunferência à altura do peito (CAP),
diâmetro de copa (DC) e presença ou ausência de erva-de-passarinho, sua espécie
e nível de infestação.
O equipamento utilizado para a medição das alturas foi o Hipsômetro de
Blume-Leiss; as medidas de circunferência (CAP) foram tomadas por meio de fita
métrica e posteriormente transformadas matematicamente para diâmetro (DAP). O
diâmetro de copa foi estimado tomando como base a projeção radial média das
extremidades dos ramos, tomada em quatro sentidos.
A coleta de material botânico das árvores foi efetuada com o uso de podões e
tesouras de poda; o material coletado foi prensado, seco e montado em exsicatas de
trabalho (material estéril). Para a identificação botânica das espécies arbóreas foram
consultados professores especialistas do Curso de Engenharia Florestal da
Universidade Federal do Paraná e consultado o acervo botânico do herbário desta
instituição.
Na coleta de material botânico de erva-de-passarinho utilizou-se, como uma
necessidade devido à localização das parasitas nas partes mais altas da copas das
árvores, um caminhão Munck (FIGURA 1.4). O mesmo tipo de equipamento foi
12
também utilizado para a coleta da madeira das árvores mais infestadas para
observação da penetração do haustório no lenho do hospedeiro.
As diferentes espécies de erva-de-passarinho foram identificadas por meio de
consultas aos herbários do Museu Botânico Municipal da Prefeitura Municipal de
Curitiba e do Departamento de Botânica do Curso de Ciências Biológicas da
Universidade Federal do Paraná. Como mais um meio auxiliar para a identificação
considerou-se observações comparativas de literatura especializada.
FIGURA 1.4 - EQUIPAMENTO (CAMINHA0 MUNCK) UTILIZADO NA COLETA DE MATERIAL DE
ERVA-DE-PASSARINHO.
1.3.4 AVALIAÇÃO DA INFESTAÇÃO DA ERVA-DE-PASSARINHO
Para a avaliação do nível de incidência de erva-de-passarinho foram
atribuídos índices variando entre O e 3, em função das diferentes intensidades de
infestação em relação à área de copa afetada, considerando a aparência visual da
área da copa infestada e não o número de indivíduos de erva-de-passarinho por
árvore. Assim, as árvores sem infestação receberam o índice O, as árvores com
menos de 50% da copa infestada receberam índice 1 (um), aquelas com intensidade
13
igual ou superior a 50% índice 2 (dois) e, aquelas com copa totalmente infestada
(100%), índice 3.
1.3.5 BANCO DE DADOS SOBRE AS ÁRVORES E AS ERVAS-DE-PASSARINHO
Uma carta base foi elaborada numa primeira etapa, por meio da digitalização
dos dados de localização das espécies de árvores anteriormente identificadas e
cadastradas, utilizando-se do programa AUTOCAD (r14). Isto permitiu a visualização
da distribuição espacial de cada árvore individual. Numa segunda etapa, através da
utilização do Sistema de Informação Geográfica, nove pontos de controle foram
usados para o registro da área e georreferenciamento do mapa do Passeio Público,
utilizando-se do equipamento GPS diferencial GARMIN. Através da definição das
coordenadas geográficas, cada árvore identificada em campo foi georreferenciada,
lançada numa carta base e cadastrada, através do programa SPRING.
A cada árvore foi associada uma linha na tabela de atributos e envolvendo
dados de campo constituindo, assim, o banco de dados com elementos
dimensionais dos hospedeiros (altura, diâmetro do tronco e diâmetro de copa) e
dados quali/quantitativos da erva-de-passarinho. Isto permite consultas individuais
ou setoriais para cada assunto de interesse.
Para efeito de análise os dados foram codificados em:
• Níveis de infestação da erva-de-passarinho: 0,1,2, e 3 sendo,
0 - sem infestação;
1 - < 50% da copa;
2- >50% da copa;
3-100 % da copa.
• Infestação da árvore por espécie individual ou grupo de espécies de erva-de-
passarinho: 0,1,2,3,4,5, e 6 sendo,
0 - árvore não infestada;
1 - árvore infestada por Tripodanthus acutifolius;
2 - árvore infestada por Struthanthus polyrhysus]
14
3 - árvore infestada por Struthanthus vulgaris;
4 - árvore infestada por T. acutifolius + S. polyrhysus;
5 - árvore infestada por T.acutifotius + S. vulgaris;
6 - árvore infestada por T.acutifotius + S. polyrhysus + S. vulgaris
Origem da árvore: 1 e 2 sendo,
1 - nativa;
2 - exótica.
Para efeito de cálculos, as variáveis medidas ( H, DAP, Diâmetro de Copa
DC) foram classificadas em classes: 1,2 e 3, sendo,
• Altura (m) • DAP (cm) • DC (m)
1 - < 10 1 -<25 1 - <6
2-10,1 < H < 17,5 2-25,1 < DAP <50 2 - 6,1 < DC <10
3 - H > 17,6 3 - D A P >50,1 3-DC >10,1
1.3.6 PÁSSAROS DO LOCAL
A relação das aves citadas no trabalho foi obtida através de informações
pessoais de ornitólogos do Museu de História Natural de Curitiba e de técnico
especialista em aves frugívoras e, também, de consulta à literatura especializada.
REFERÊNCIAS
ARAUJO, M.N. de. Urban tree attitudes and comparison of three survey
methods in the city of Curitiba, PR, Brazil. Michigan, 1994. 137f. Thesis Master of
Science.
EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. CENTRO NACIONAL
DE PESQUISA DE FLORESTAS. Manual Técnico da bracatinga (Mimosa
scabrella Benth.)- Curitiba: CNPF, 1988. 70p. (Documentos,20).
FUNDAÇÃO DE PESQUISAS FLORESTAIS DO PARANÁ. FUNDAÇÃO
BOTICÁRIO DE PROTEÇÃO À NATUREZA. Sistema integrado de amostragem
para arborização de ruas. Curitiba: FUPEF-FBPN, 1994. 55p. Relatório Técnico
Final.
15
MAACK, R. Geografia Física do Estado do Paraná. Curitiba: BADEP, 1968. 350p.
MILANO, M.S.; NUNES, M. de L.; SANTOS, L.A. dos; SARNOWSKI FILHO, O.;
ROBAYO, J.A.M. Aspectos quali-quantitativos da arborização de ruas de Curitiba
(1991). In: CONGRESSO BRASILEIRO SOBRE ARBORIZAÇÃO URBANA, 1.;
ENCONTRO NACIONAL SOBRE ARBORIZAÇÃO URBANA 4., 1992, Vitória.
Anais. Vitória: SEMMAM, 1992, p. 199-210.
INSTITUTO DE PESQUISA E PLANEJAMENTO URBANO DE CURITIBA. Dados
demográficos por bairro. Curitiba.IPPUC, 1988. 12p.
16
CAPÍTULO 2: DIAGNÓSTICO DA RELAÇÃO VEGETAÇÃO ARBÓREA/ERVA-DE-
PASSARINHO NO PASSEIO PÚBLICO DE CURITIBA
2.1 INTRODUÇÃO
A composição florística arbórea do Passeio Público de Curitiba é
caracterizada por uma grande diversidade de espécies, nativas e exóticas, que se
distribuem num espaçamento irregular por toda a área e ao longo dos caminhos,
lagos e recantos de lazer. Esta diversidade de espécies configura a área como um
verdadeiro jardim botânico, de grande valor educativo.
Os dados obtidos neste trabalho através do levantamento total do
componente arbóreo com a definição da identidade botânica das árvores e parasitas
e, principalmente, com a locação espacial de cada árvore e respectivas avaliações
dendrométricas e identificação dos pontos de infestação, resultaram em subsídios
inéditos para o conhecimento da relação entre a erva-de-passarinho e as árvores
hospedeiras na área estudada. Com os resultados é possível observar-se
tendências gerais que permitem sugerir medidas alternativas de prevenção da
proliferação da erva-de-passarinho, podendo-se denominá-las de estratégias para o
controle da erva-de-passarinho nos plantios urbanos.
2.2 METODOLOGIA
Os dados coletados no campo, conforme metodologia descrita no capítulo 1,
foram digitados em planilhas do programa EXCEL, de onde resultaram as análises
numéricas e percentuais que se seguem.
2.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
2.3.1 CARTA DA VEGETAÇÃO DO PASSEIO PÚBLICO
Foi levantado um total de 1907 indivíduos arbóreos no Passeio Público de
Curitiba. Como indivíduos arbóreos foram considerados todos os exemplares de
espécies de árvores a partir de 1,30m de altura, não possuindo, necessariamente,
porte arbóreo. À época do levantamento alguns dos exemplares já apresentavam
condições que comprometiam a sua vitalidade, o que induziu a se considerar, para
fins de análises do trabalho, um total de 1865 indivíduos arbóreos. A partir deste
valor foram desenvolvidas todas as observações.
17
A FIGURA 2.1 mostra a carta base da distribuição espacial de todas as árvores
inicialmente levantadas (1907), infestadas e não infestadas, fornecendo uma
imagem da densidade da cobertura arbórea da área do Passeio Público de Curitiba.
FIGURA 2.1- CARTA BASE DA VEGETAÇÃO DO PASSEIO PÚBLICO MOSTRANDO A DISTRIBUiÇÃO DAS
ÁRVORES INFESTADAS E NÃO INFESTADAS, 2001 (Fonte: Pesquisa de campo)
N
-$-
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N(veís de ínfestacão das drvores
Nllo inte!!tados
Infeslodas
30.0 O
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30.0 60.0 90.0 120.0 m
Escola 1/3000
18
2.3.2 VEGETAÇÃO DO PASSEIO PÚBLICO
Foram identificadas 50 famílias de árvores, englobando 90 gêneros e 130
espécies. Os nomes populares e científicos das espécies, número de árvores por
espécie e suas origens constam no ANEXO 2.1. A relação das famílias e, dentro das
famílias, o número de árvores, gêneros e espécies, encontra-se no ANEXO 2.2.
A população arbórea do Passeio Público de Curitiba é constituída
predominantemente por árvores nativas, tanto em número de indivíduos (1127)
como em número de espécies botânicas (89). As árvores nativas participam com
cerca de 68% da composição florística total e, numericamente, correspondem a 60%
do número total de indivíduos do local, o que dá uma aparência bastante
diversificada ao local.
A quantidade e a diversidade de espécies nativas se deve, possivelmente, à
disseminação das sementes através da avifauna e outros animais de pequeno porte
que compõem o minizoológico estabelecido na área, ou pela migração de aves de
outras regiões ao local, para aí se alimentarem e/ou nidificarem. Verifica-se a
ocorrência de espécies de árvores que provavelmente não foram plantadas pelas
administrações do parque, podendo-se observar, também, a distribuição em
reboleiras (aglomerados) em algumas espécies de pequeno porte.
As árvores exóticas representam 40% do número total de indivíduos
levantados e, apesar de representarem apenas 32% das espécies botânicas da
vegetação do Passeio Público, destacam-se na área devido às alturas e diâmetros
dominantes, caracterizando a fitofisionomia do local. Espécies como casuarina
(Casuarina equisetifolia), eucalipto (Eucalyptus spp.), tipuana (Tipuana tipu) e
principalmente plátano (Platanus x acerifolia), configuram a paisagem da área, já
incorporada à história de Curitiba. O resultado resumido do inventário de
reconhecimento da área é dado na TABELA 2.1, onde é apresentado o número de
árvores e espécies que compõem a vegetação do Passeio Público, por origem e
participação relativa na composição florística geral.
2.3.3 ERVAS-DE-PASSARINHO DO LOCAL ESTUDADO
Três espécies de erva-de-passarinho infestam as árvores do local, tanto
nativas como exóticas: Tripodanthus acutifolius (R.& Pav.) Eichl., Struthanthus
19
vulgaris Mart. e S. polyrhysus Mart. (ilustrações no CAPÍTULO 3, item 3.6.2.3). A
relação das ervas-de-passarinho e seus respectivos hospedeiros são apresentados
na TABELA 2.2.
TABELA 2.1 - NÚMERO DE ÁRVORES E ESPÉCIES ENCONTRADAS NO PASSEIO PÚBLICO DE CURITIBA,
POR ORIGEM E PERCENTUAL DE PARTICIPAÇÃO NA COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA TOTAL
Número de indivíduos levantados Número de espécies botânicas identificadas
N
Total
Nativas Exóticas N
Total
Nativas ExóticasN
Total N % N %
N
Total N % Nu
%
1865 1127 60 738 40 130 89 68 41 32
Fonte: Pesquisa de campo
Observando-se estas ervas-de-passarinho, constatam-se hábito e forma
diferenciados de ocupação da copa, dos galhos e do tronco do hospedeiro.
Tripodanthus acutifolius e Struthanthus vulgaris desenvolvem-se tanto nas
extremidades das copas (recebendo maior luminosidade) como nos troncos e galhos
do interior da copa das árvores, sob condições de sombreamento. E isto tanto em
árvores perenifólias como em árvores caducifólias.
As características observadas destas espécies contradizem, portanto, a
menção de ROCHELLE (1989), citando Engler & Krause (1935) de que: "as
lorantáceas não parasitam árvores com casca espessa, muita folhagem, folhas
permanentes, sombra acentuada, seiva amarga e adstringente". Para ambas as
espécies de parasita estas características dos hospedeiros não são fatores
limitantes no processo de infestação, conforme pode ser observado em Ligustrum
lucidum (alfeneiro), altamente infestado por T. acutifolius. Esta árvore possui
folhagem bastante densa e permanente.
Considere-se, ainda, a presença de s. xmlgaris em exemplares de Tipuana
tipu na arborização de ruas de Curitiba, espécie de árvore que apresenta casca
espessa e fissurada, que exsuda, ainda, uma goma-resina avermelhada por ocasião
do corte da madeira, o que poderia ser uma limitação para o desenvolvimento da
parasita (FIGURA 6.1 -C).
2 0
Deve-se considerar, portanto, que cada espécie de erva-de-passarinho possui
características fisiológicas e estruturais diferenciadas, que não podem ser
generalizadas para todos os membros desta numerosa família.
TABELA 2.2 - RELAÇÃO DAS ERVAS-DE-PASSARINHO DO PASSEIO PÚBLICO E SEUS RESPECTIVOS
HOSPEDEIROS LOCAIS
HOSPEDEIROS ERVA-DE-PASSARINHO
Nome comum Nome científico T.acutifolius S.vulgaris S.polyrhysus
Álamo Populus sp. X - X
Alfeneiro Ligustrum lucidum X X -
Bracatinga Mimosa scabrella X - -
Canforeiro Cinnamomum camphora X - -
Caroba Jacaranda puberula X - -
Casuarina Casuarina equisetifolia X X -
Chorão Salix babilónica X - -
Cinamomo Melia azedarach X - -
Cipreste Cupressus cf. lusitanica X - -
Dedaleiro Lafoensia pacari X - -
'Desconhecidas # - X - -
Eucalipto Eucalyptus cf viminalis X X -
Eucalipto-cascudo Eucalyptus robusta X - -
Extremosa Lagerstroemia indica X - -
Ingazeiro Inga marginata X - -
Jacarandá-mimoso Jacaranda mimosaefolia X X -
Magnólia Magnolia grandiflora X - -
Paineira Chorisia speciosa X - -
Pau-incenso Pittosporum ondulatum X - -
Pitangueira Eugenia uniflora X - -
Plátano Platanus x acerifolia X X X
Primavera Bougainuillea glabra X - -
Robfnia Robinia pseudoacacia X - -
Tipuana Tipuana tipu X X -
Tuia Thuja sp. X - -
Tungue Aleurites fordii X - -
Uva-do-japão Hovenia dulcis X - -
Vacum Allophyllus edulis X X X
* desconhecidas # - grupo de espécies não identificadas consideradas como uma única espécie Fonte: Pesquisa de campo
2.3.4 RELAÇÃO ENTRE ÁRVORE HOSPEDEIRA E ERVA-DE-PASSARINHO
2.3.4.1 Caracterização da vegetação infestada pela erva-de-passarinho
Das 1865 árvores inventariadas, 268 apresentaram algum nível de infestação
por uma das três espécies de erva-de-passarinho ou mesmo por mais de uma
espécie, na mesma árvore. Portanto, cerca de 14% da vegetação do Passeio
Público está infestada por erva-de-passarinho. Este índice, possivelmente,
representa um nível baixo de infestação, quando se analisa a população geral do
local, o que implica em considerar também os indivíduos pequenos e de médio
porte.
2 1
Ao se considerar, contudo, o estrato arbóreo composto por indivíduos de
grande porte, este índice tende a aumentar, como conseqüência natural do hábito
preferencial de infestação das ervas-de-passarinho em árvores dominantes. Estes
aspectos são abordados no capítulo 5, onde são analisados os dados
dendrométricos das árvores componentes dos diferentes extratos arbóreos e a
relação com a presença, intensidade e distribuição espacial da infestação.
Cerca de 22% das espécies de árvores, nativas e exóticas, que compõem o
acervo botânico vivo do Passeio Público de Curitiba estão infestadas pela erva-de-
passarinho. Estas espécies também são, na sua maioria, exóticas, seguindo a
mesma tendência observada do número de indivíduos atacados. Assim, do total de
268 árvores infestadas, 92% referem-se às árvores exóticas, e que correspondem,
por sua vez, a 67% do total de espécies infestadas (TABELA 2.3).
TABELA 2.3 - NÚMERO TOTAL E PERCENTUAL DE ÁRVORES E ESPÉCIES, NATIVAS E EXÓTICAS,
INFESTADAS POR ERVA-DE-PASSARINHO, NO PASSEIO PÚBLICO DE CURITIBA
Árvores
Levantadas
Árvores infestadas Espécies
levantadas
Espécies infestadasÁrvores
Levantadas total nativas Exóticas
Espécies
levantadas Total Nativas Exóticas
N % N % N % N % Nu
% Nu
% Nu
% Nu
%
1865 100 268 14 22 8 246 92 130 100 28 22 10 37 18 67
Fonte: Pesquisa de campo
2.3.4.2 Espécies de árvores infestadas
Das 130 espécies de árvores encontradas no Passeio Público de Curitiba, 89
são de árvores nativas. Destas, 10 espécies estão infestadas por erva-de-
passarinho, o que equivale a dizer que 11% das espécies nativas do local estão com
problema de infestação. Na quantidade de indivíduos infestados este percentual
tende a diminuir, devido ao baixo número de indivíduos atacados (TABELA 2.4),
correspondendo a 6% da população total das espécies nativas (379 indivíduos) que
foram infestadas, 2% da população total de árvores nativas (1127 indivíduos) e
aproximadamente 1% da população arbórea total do Passeio (1865 indivíduos).
Analisando-se o conjunto de hospedeiros infestados observa-se, num
primeiro grupo mais destacado, a baixa tendência de infestação apresentada pelo
jacarandá-mimoso (Jacaranda mimosaefolia) e pitangueira (Eugenia uniflora), cuja
representatividade de indivíduos levantados (120 e 103 indivíduos, respectivamente)
22
leva a julgar que estas espécies apresentam características que as tornam, senão
imunes, pelo menos mais resistentes ao ataque da erva-de-passarinho do que as
outras espécies. Ambas as espécies pertencem às famílias botânicas que, no geral,
apresentaram esta mesma característica de resistência à infestação: Bignoniaceae e
Myrtaceae (item 2.3.4.3). Um segundo grupo é formado por dedaleiro (Lafoensia
pacarí) e ingazeiro (Inga marginata), que apesar de apresentarem um número
expressivamente menor de indivíduos em relação às espécies anteriormente
mencionadas, assim mesmo apresentaram baixo percentual de infestação em
relação à população da respectiva espécie, ou seja, apenas de 14% e 7%,
respectivamente.
TABELA 2.4 - ESPÉCIES NATIVAS INFESTADAS: NÚMERO DE ÁRVORES TOTAL E INFESTADAS,
PERCENTUAL TOTAL DE INFESTAÇÃO E NÍVEL DE INFESTAÇÃO POR NÚMERO E
PERCENTUAL DE ÁRVORES, DENTRO DA ESPÉCIE.
n ° A r v o r e s % GRAU DE INFESTAÇÃO
ESPÉCIE TOTAL INFESTADAS INFESTAÇÃO 1 2 3ESPÉCIE TOTAL INFESTADAS INFESTAÇÃO
N % N % N %
Bracatinga 2 1 50 - - 1 100 - -
Caroba 7 1 14 1 100 - - - -
Dedaleiro 21 3 14 1 33 - - 2 67
Ingazeiro (m) 15 1 7 - - 1 100 - -
Jacarandá-mimoso 120 7 6 7 100 - - - -
Paineira 82 2 2 2 100 - - - -
Pitangueira 103 2 2 2 100 - - - -
Primavera 8 2 25 1 50 1 50 - -
Vacum 10 2 20 1 50 1 50 - -
* Desconhecida # 11 1 9 1 100 - - - -
Total da população de sp. 379 22 6 16 60 4 27 2 13
* Desconhecidas # - Considerou-se este grupo de espécies como uma única espécie. Fonte: Pesquisa de campo
Em função do baixo número de exemplares das demais espécies infestadas,
nada pode ser concluído para as espécies que apresentaram percentual elevado de
infestação. As espécies exóticas, por sua vez, apresentaram uma tendência geral de
infestação significativamente superior à tendência observada nas espécies nativas
(TABELA 2.5)
Das 130 espécies de árvores levantadas 41 são exóticas, sendo que 18
espécies estão infestadas. Isto indica que 44% das espécies exóticas encontradas
no Passeio Público estão atacadas pela erva-de-passarinho. O número de
indivíduos atacados (246 indivíduos) corresponde a 39% em relação à população
total das espécies exóticas que foram infestadas (628 indivíduos), 33% em relação à
população total de árvores exóticas (738 indivíduos) e 13% em relação à população
arbórea total do Passeio Público (1865 indivíduos).
2 3
TABELA 2.5 - ESPÉCIES EXÓTICAS INFESTADAS: NÚMERO DE ÁRVORES TOTAL E INFESTADAS,
PERCENTUAL TOTAL DE INFESTAÇÃO E NÍVEL DE INFESTAÇÃO POR NÚMERO E
PERCENTUAL DE ÁRVORES, DENTRO DA ESPÉCIE
N° ÁRVORES % GRAU DE INFESTAÇÃO
ESPÉCIE TOTAL INFESTADAS INFESTAÇÃO 1 2 3
N % N % N %
Álamo 1 1 100 1 100 - - - -
Alfeneiro 197 74 38 29 39 24 32 21 28
Canforeiro 4 2 50 2 100 - - - -
Casuarina 33 30 91 5 17 12 40 13 43
Chorão 2 2 100 - - 2 100 - -
Cinamomo 6 1 17 1 100 - - - -
Cipreste 14 5 36 3 60 2 40 - -
Eucalipto 22 7 32 4 57 3 43 - -
Eucalipto-cascudo 15 3 20 3 100 - - - -
Extremosa 38 25 66 3 12 9 36 13 52
Magnólia 50 5 10 4 80 1 20 - -
Pau-incenso 119 3 2 2 67 1 33 - -
Plátano 85 80 94 40 50 30 38 10 12
Robfnia 17 3 18 3 100 - - - -
Tipuana 11 2 18 1 50 1 50 - -
Tuia 7 1 14 - - 1 100 - -
Tungue 5 1 20 1 100 - - - -
Uva-do-japão 2 1 50 1 100 - - - -
Total da população de sp. 628 246 39 103 42 86 35 57 23
Fonte: Pesquisa de campo
Dentre as espécies exóticas, a extremosa (Lagerstroemia indica), o alfeneiro
(Ligustrum luádum), a casuarina (Casuarina equisetifolia) e O plátano (Platanus x
acerifolia) destacam-se em função da relação apresentada entre o número de
indivíduos levantados e o número de indivíduos infestados: 66%, 38%, 91% e 94%,
respectivamente.
O percentual relativamente baixo de infestação do alfeneiro em relação à sua
população total (197 indivíduos) é justificado pelo elevado número de exemplares
de pequeno porte, sendo que os 74 exemplares infestados correspondem, na
grande maioria, a indivíduos adultos. O alfeneiro é uma espécie altamente suscetível
a infestação por Tripodanthus acutifolius, tanto na área estudada como na arborização
de ruas (observação do autor).
Em todas as árvores observadas, nas duas condições mencionadas, foram
registradas somente a presença de T. acutifolius, com apenas uma exceção
encontrada no Passeio Público: uma única árvore infestada com Struthanthus
uulgaris. Esta tendência aponta para uma especificidade do hospedeiro em relação
ao parasita. Ou seja, 7. acutifolius parasita espécies diferentes de árvores, mas
24
alfeneiro (Ligustrum lucidum) é parasitado quase que exclusivamente por r.
acutifolius.
O plátano (Platanus x acerifolia) é, igualmente, uma espécie muito suscetível
à infestação por erva-de-passarinho. Dentre as espécies, o plátano foi o que
apresentou o maior índice de parasitismo, tanto em número de exemplares
parasitados (80 indivíduos infestados de 85 indivíduos levantados) como na
diversidade de espécies de parasitas que o infestam (duas das três espécies que
ocorrem no local).
A casuarina (Casuarina equisetifolia) é a terceira espécie arbórea que
apresenta um elevado índice de infestação (91%), observando-se, também, esta
tendência em plantios urbanos de algumas praças e jardinetes, e principalmente por
T. acutifolius.
A característica de porte dominante das três espécies é o ponto em comum
nas árvores observadas, em diâmetro de copa, diâmetro de tronco (DAP) e altura, o
que equivaleria a dizer que estas árvores estão na idade madura.
Por outro lado, a extremosa, que apresentou 66% dos exemplares infestados,
se caracteriza por ser uma espécie de pequeno porte, mesmo quando atinge a idade
madura. Assim, pode-se supor que a infestação esteja relacionada com a
maturidade da árvore, que por sua vez está relacionada com o porte mais alto dentro
do padrão da espécie. Isto, naturalmente, é um fator que deve ser estudado melhor
dentro do padrão de desenvolvimento de cada espécie. Acrescente-se ainda, o fator
de maior ou menor susceptibilidade de cada espécie, por serem constituídas de
características que favorecem o processo de infestação (composição estrutural da
madeira favorecendo a translocação, em maior ou menor quantidade, de seiva bruta
e elaborada; pouca resistência da casca à penetração dos haustórios, etc.).
Dentre as espécies pouco infestadas e, portanto, com potencial de resistência
à infestação pela erva-de-passarinho, ressalta-se o pau-incenso (Pittosporum
ondulatum) com 119 indivíduos levantados e apenas 3 infestados (2% de
infestação). Mencione-se, ainda, a magnólia (Magnolia grandiflora) com 10% de
infestação, correspondentes a 5 exemplares infestados em 50 levantados.
2 5
As demais espécies, exóticas e nativas, possuem pouca representatividade
numérica para se concluir sobre as suas potenciais condições de resistência à
infestação por erva-de-passarinho.
2.3.4.3 Famílias botânicas infestadas
Considerando a possibilidade das famílias botânicas apresentarem maior ou
menor tendência à infestação por erva-de-passarinho, foi montada a TABELA 2.6.
Observando-se o critério da boa representatividade numérica de indivíduos
levantados no campo, foram definidos três grupos de famílias:
1- famílias sem infestação: Arecaceae (100), Araucariaceae (37),
Anacardiaceae (51), Melastomataceae (92) e Caesalpinaceae (79).
Espécies como O jerivá (Syagrus romanzoffiana), pinheiro-do-Paraná (Araucaria
angustifolia), quaresmeira (Tibouchiria sellowiana) e barbatimão (Cossia leptophyla)
constituem boas opções para o controle da erva-de-passarinho, ressalvado os
problemas silviculturais inerentes às espécies. A família Anacardiaceae apresenta
restrições de plantio.
2- famílias pouco infestadas: Bignoniaceae (210), Bombacaceae (99),
Mimosaceae (85), Fabaceae (79), Myrtaceae (223), Pittosporaceae (119) e
Magnoliaceae (50). Deste grupo, Bignoniaceae e Bombacaceae são constituídas
somente por espécies nativas, e o porcentual de indivíduos infestados dentro das
famílias é de aproximadamente 4% e 2%, respectivamente. Pittosporaceae e
Magnoliaceae, por sua vez, são constituídas somente por espécies exóticas, com
um percentual de infestação correspondente a 2% e 10%, respectivamente. As
famílias Mimosaceae, Fabaceae e Myrtaceae englobam espécies nativas e exóticas,
não se podendo, porém, estabelecer qualquer conclusão devido ao baixo número de
indivíduos por espécie encontrados na área de estudo. Dentre as espécies nativas
pertencentes à família Myrtaceae, contudo, destaca-se a pitangueira (Eugenia
uniflora), com 2% de infestação em 103 exemplares levantados.
3- famílias muito infestadas: Casuarínaceae (33), Platanaceae (85), Oleaceae
(201) e Lythraceae (59).
26
As três primeiras famílias são constituídas somente por espécies exóticas e
correspondem a 91%, 94% e 38%, respectivamente, de infestação dentro da família.
As Lythraceae, por sua vez, composta por espécies nativas e exóticas, corresponde
um percentual de 52% de infestação.
TABELA 2.6 - FAMÍLIAS: ORIGEM, N° INDIVÍDUOS, INFESTAÇÃO E NÚMERO DE ESPÉCIES INFESTADAS
FAMÍLIAS ENCONTRADAS
ORIGEM Nu
INDIVÍDUOS INFESTAÇÃO Nu
ESPÉCIES
FAMÍLIAS ENCONTRADAS Nativas Exóticas Total Nativas Exóticas Nativas Exóticas Nativas ExóticasFAMÍLIAS ENCONTRADAS
Total Inf. Total Inf.
Aceraceae - X 6 - 6 - - - - 1 -
Anacardiaceae X X 51 49 2 - - 1 - 1 -
Annonaceae X - 1 1 - - - 1 - - -
Aquifoliaceae X - 1 1 - - - 1 - - -
Araucariaceae X X 37 34 3 - - 1 - 2 -
Arecaceae X X 100 80 20 - - 3 - 2 -
Asteraceae X - 1 1 - - - 1 - - -
Bignnoniaceae X - 210 210 - X - 6 2 - -
Bombacaceae X - 99 99 - X - 2 1 - -
Caesalpinaceae - Leg. X - 79 79 - - - 9 - - -
Canelaceae X - 1 1 - - - 1 - - -
Casuarinaceae - X 33 - 33 - X - - 1 1
Celastraceae X - 4 4 - - - 2 - - -
Cupressaceae - X 21 - 21 - X - - 2 2
Cycadaceae - X 1 - 1 - - - - 1 -
Erythroxytaceae X - 1 1 - - - 1 - - -
Euphorbiaceae X X 9 4 5 - X 2 - 1 1
Fabaceae - Leg. X X 79 51 28 - X 2 - 2 2
Flacourtiaceae X - 1 1 - - - 1 - - -
Icacinaceae X - 1 1 - - - 1 - - -
Lauraceae X X 14 8 6 - X 5 - 2 1
Leguminosae X - 8 8 - - - 3 - - -
Lythraceae X X 59 21 38 X X 1 1 1 1
Magnoliaceae - X 50 - 50 - X - - 1 1
Melastomataceae X - 92 92 - - - 1 - - -
Meliaceae X X 20 14 6 - X 2 - 1 1
Mimosaceae - Leg. X X 85 76 9 X - 8 2 1 -
Molinimiaceae X - 3 3 - - - 1 - - -
Moraceae X X 28 8 20 - - 2 - 2 -
Myrsinaceae _ X - 13 13 - - - 2 - - -
Myrtaceae X X 223 185 38 X X 12 1 3 2
Nyctaginaceae X - 8 8 - X - 1 1 - -
Oleaceae - X 201 - 201 - X - - 2 1
Pinaceae - X 2 - 2 - - - - 1 -
Pittosporaceae - X 119 - 119 - X - - 1 1
Platanaceae - X 85 - 85 - X - - 1 1
Podocarpaceae X - 9 9 - - - 1 - - -
Proteaceae - X 11 - 11 - - - - 2 -
Rhamnaceae - X 2 - 2 - X - - 1 1
Rosaceae X X 10 1 9 - - 1 - 2 -
Rubiaceae (Desc. 7) X - 6 6 - - - 1 - - -
Rutaceae (Desc. 1) X X 10 9 1 - - 3 - 1 -
Salicaceae - X 3 - 3 - X - - 2 2
Sapindaceae X X 25 12 13 X - 3 1 1 -
Sapotaceae X - 1 1 - - - 1 - - - .
Solanaceae (Desc. 3) X - 3 3 - - - 1 - - -
Sterculiaceae - X 1 - 1 - - - - 1 -
Taxodiaceae - X 3 - 3 - - - - 1 -
Theaceae - X 2 - 2 - - - - 1 -
Verbenaceae X - 5 5 - - - 1 - - -
Desconhecida # (1) X - 11 11 - X - 1 1 - -
Desconhecidas 6;10;16(1) X - 17 17 - - - 3 - - -
Total Famdias = 50 37 29 1865 1127 738 8 14 89 10 41 18
(1) - Desconhecidas 6,10,16 e desconhecidas # não entraram no total das famílias identificadas. Fonte: Pesquisa de campo.
2 7
Do total de 50 famílias classificadas, 22 foram infestadas por erva-de-
passarinho. Destas, 8 correspondem a famílias de espécies nativas infestadas e 14
a famílias de espécies exóticas.
2.4 CONCLUSÕES
Considerando os dados obtidos no campo, as observações pessoais, as
informações de terceiros, as comunicações pessoais e as informações de literatura,
pode-se estabelecer as seguintes linhas de conclusões e recomendações:
- Apesar da predominância numérica e específica da vegetação nativa no
Passeio Público de Curitiba as espécies exóticas foram significativamente as mais
atingidas pelo parasitismo da erva-de-passarinho. Por isso, deve-se considerar esta
tendência na escolha das espécies a serem utilizadas nos plantios da cidade;
- Devido à grande diversidade de hospedeiros infestados, ao potencial de
reprodução (grande produção de flores e frutos atrativos para os agentes
dispersores), à facilidade de proliferação (desenvolve-se sob as mais diferentes
condições) e à intensidade do parasitismo (quantidade e dimensões da parasita)
apresentado por Tripodanthus acutifolius, torna-se prioritário o controle e a
erradicação desta parasita em relação às demais espécies de erva-de-passarinho.
- O alfeneiro (Ligustrum lucidum) é altamente suscetível à infestação por r.
acutifolius. Enquanto não se identificar um meio eficiente para o controle desta
parasita, deve-se evitar o seu plantio na arborização urbana, pois se constitui em
foco de disseminação para outras espécies.
- Da mesma maneira que a espécie anterior, deve-se evitar o plantio da
casuarina (Casuarina equisetifolia), que apresenta alto índice de infestação pela
Tripodanthus acutifolius no Passeio Público e também em outros logradouros
públicos de Curitiba (observação pessoal).
- O plátano (Platanus x acerifolia) é altamente infestado por ervas-de-
passarinho, principalmente T. acutifolius, no Passeio Público. Como é uma espécie
de utilização mais restrita na arborização pública, deve-se monitorar os plantios
existentes para evitar que se transformem em foco de disseminação.
28
- Considerando a tendência de resistência à infestação por erva-de-
passarinho apresentada por espécies da família Bignoniaceae (já utilizadas na
arborização urbana), deve-se priorizar a utilização destas espécies na arborização
em geral.
- A família Arecaceae (família das palmeiras), representada no local por 80
indivíduos nativos e 20 indivíduos exóticos, não apresentou no local estudado um
único exemplar infestado, constituindo-se numa boa opção de utilização na
arborização urbana, principalmente com vistas ao paisagismo e alimentação da
avifauna urbana.
- Pau-incenso (Pittosporum ondulatum) e pitangueira (Eugenia uniflora) são
espécies resistentes à infestação e apresentam características silviculturais (porte,
arquitetura de copa, etc.) que as recomendam para o plantio mais intenso na
arborização urbana, principalmente quando se visa o controle da erva-de-
passarinho.
- Tripodanthus acutifolius, Struthanthus polyrhysus e S. uulgaris foram três
espécies de erva-de-passarinho identificadas na arborização arbórea do Passeio
Público de Curitiba. São, também, as mais comuns da arborização urbana em geral.
- Tripodanthus acutifolius predomina no local, infestando várias famílias
botânicas, tanto de árvores nativas como de árvores exóticas, não demonstrando
seletividade de hospedeiro. Parasita, contudo, com maior freqüência e de maneira
absolutamente predominante, as árvores de espécies exóticas, mesmo aquelas que,
aparentemente, não se configuram como fontes de alimentação para as aves, seus
principais agentes dispersores. Em relação às duas outras espécies presentes no
local apresenta uma forma de infestação mais agressiva, tanto em relação ao
número de indivíduos atacados como na maneira de proliferação pelo tronco, galhos
e copa do hospedeiro. Este caráter se acentua, ainda, pela diversidade de
hospedeiros que parasita.
- Struthanthus vulgaris é a segunda espécie de erva-de-passarinho mais
presente no local. Sua presença, contudo, está mais afeta à diversidade de espécies
de árvores que parasita do que ao número de indivíduos infestados.
29
- Das poucas espécies arbóreas infestadas por Struthanthus polyrhysus no
local, o plátano (Platanus x acerifolió) constitui-se no hospedeiro preferencial da
espécie.
30
CAPÍTULO 3: RECONHECIMENTO PRÁTICO DA ERVA-DE-PASSARINHO
3.1 INTRODUÇÃO
Atualmente é possível observar-se uma tendência generalizada de infestação
por erva-de-passarinho na arborização urbana de Curitiba, em torno de 300.000
árvores plantadas (ZILIOTTO et ai, 1999; PMC/SMCS, 1999*), estimando-se que
30% das árvores da arborização das vias públicas de Curitiba estejam infestadas por
suas diferentes espécies (MOTTA, 1995; PREFEITURA MUNICIPAL DE CURITIBA,
1999, relatório interno).
Este quadro é, em geral, desconhecido, a começar por seus conceitos
básicos: o que vem a ser erva-de-passarinho e a possível conseqüência de sua
presença nas árvores. Quando eventualmente conhecido, o conceito sobre o que é
erva-de-passarinho engloba, equivocadamente, diferentes espécies de plantas,
dentre as quais algumas epífitas comumente encontradas nos troncos e galhos de
árvores da arborização urbana. Por outro lado, os efeitos debilitadores que a ação
do parasitismo da erva-de-passarinho possa representar para as árvores são pouco
ou nada considerados.
De maneira geral sua presença nas copas das árvores parece ser
considerada um componente natural do sistema urbano de arborização. Este
enfoque tem sua justificativa quando se considera a bonita característica visual
apresentada pela espécie de erva-de-passarinho mais comum na arborização de
Curitiba, Tripodanthus acutifotius, desenvolvendo-se sobre alfeneiro (Ligustrum
lucidum - O/eaceae). O crescimento em forma de ramos longos pendentes empresta
belo efeito visual à planta hospedeira, confundindo-se com a sua estrutura de copa e
dando-lhe o aspecto de um "chorão". Seu florescimento intenso, exalando um
perfume agradável semelhante ao da planta conhecida como dama-da-noite
(Cestrum noturnum - Solanaceae) e a grande produção de frutos contribuem, ainda,
para a composição deste cenário, do agrado da população urbana. Com isso geram-
se dificuldades de aceitação popular para os necessários tratamentos de controle ou
erradicação. Mesmo que apresente bonito efeito visual e possa ser considerada
componente do ecossistema urbano, a erva-de-passarinho precisa ser devidamente
'PREFEITURA MUNICIPAL DE CURITIBA. Secretaria Municipal de Comunicação Social - Agência de Notícias,
19/07/1999.
31
monitorada e controlada, ou mesmo removida quando a população desta parasita
atinge níveis preocupantes de disseminação.
3.2 SISTEMÁTICA DA FAMÍLIA
As ervas-de-passarinho parasitam desde monocotiledôneas (RIZZINI, 1951) a
árvores frutíferas (CORRÊA, 1931; ACCORSI, 1978; VENTURELLI, 1981b;
ROCHELLE & ALMEIDA, 1989), ornamentais (VENTURELLI, 1981b; ROCHELLE &
ALMEIDA, 1985; 1989) e florestais coníferas e folhosas (VENTURELLI, 1976;
VENTURELLI, 1981b; COLLAZO et ai, 1982; HARRIS, 1992).
Todas as espécies de erva-de-passarinho pertencem à família Loranthaceae,
que reúne cerca de 40 gêneros (JOLY, 1975; RIZZINI, 1978 b; VENTURELLI,
1980a) e 1500 espécies (RIZZINI, 1968; RIZZINI, 1978b; VENTURELLI, 1980a),
agrupados nas subfamílias Loranthoideae e Viscoideae (RIZZINI, 1956;
RIZZINI, 1968; RIZZINI, 1978 b; VENTURELLI, 1980b).
Segundo RIZZINI (1952b), no Brasil os seguintes gêneros representam a
subfamília Loranthoideae: Phrygilanthus (Tripodanthus), Struthanthus, Phthirusa,
Psittacanthus, Psathyranthus, Furarium, Oryctanthus e bcocactus. A subfamília
Viscoideae é representada por: Phoradendron, Dendrophthora, Ixidium, Antidaphne,
Bremolepis e Eubrachion.
Poucas espécies são terrestres (VENTURELLI, 1976; RIZZINI, 1952 b) e
autotróficas (SCHULTZ, 1961; RIZZINI, 1952b), sendo provável que estas se liguem
às raízes de outras plantas ('Engler e Krause, 1935, citados por VENTURELLI,
1976). Desligam-se, eventualmente, ao atingirem idade e porte maior (**Eichler,
1868 citado por SCHULTZ, 1961).
No Brasil as espécies com estas características são Tripodanthus acutifolius
(R. & P.) Tiegh. (sin.-.Phrygilanthus acutifolius (R.&P.) Eichl.) (RIZZINI, 1952 b;
MORRETES & VENTURELLI, 1985), mesmo que de forma ocasional (RIZZINI,
1952b; RIZZINI, 1968) e Eremolepis glaziovii Engl. (KRAUSE, 1922; RIZZINI, 1952b;
VENTURELLI, 1976). A FIGURA 3.7 ilustra a forma autotrófica de Tripodanthus
acutifolius.
* ENGLER, A.; KRAUSE, K. Loranthaceae. In: ENGLER, A.;PRANTL, K. Die natürlichen pflanzenfamilien.
Leipzig, Verlag von Wilhelm Engelman, 1935. p. 89-203.
** EICHLER, G.A. Loranthaceae. In: MARTIUS, K.F.P. Flora brasiliensis. Leipsig, Frid. Fleischer in Comm., v.5,
pars II, 1866-1868, p. 1-135
32
SCHULTZ (1961) relata, ainda, a ocorrência de Struthanthus concinnus Mart.
no Rio Grande do Sul, com porte arborescente e tronco de cerca de 10 cm de
diâmetro, enraizada na terra, talvez estabelecendo um parasitismo subterrâneo com
plantas vizinhas.
3.3 A ERVA-DE-PASSARINHO NO BRASIL
No Brasil muito já se escreveu sobre a erva-de-passarinho. Na sua maioria os
trabalhos tratam sobre sistemática de família e características botânicas descritivas,
levantamentos botânicos, alguns estudos farmacológicos e, mais recentemente,
estudos morfo-anatômicos, ontogenéticos e embriológicos. O enfoque de controle é
praticamente inexistente, sendo este, atualmente, o assunto de principal interesse,
principalmente pelos órgãos municipais de administração responsáveis pela
manutenção da arborização pública, tendo em vista o vigor de propagação desta
parasita no âmbito das grandes cidades brasileiras.
No histórico de pesquisa sobre a família Loranthaceae, o trabalho de Eichler
(1866-68) forneceu, segundo VENTURELLI (1976) a base para a taxonomia da
família no Brasil. No ANEXO 3.1 é apresentado um resumo cronológico sobre os
estudos desenvolvidos com espécies de erva-de-passarinho nas condições
brasileiras.
Na década de 20 pouco se conhecia da família Loranthaceae do sul do Brasil
quando KRAUSE (1922), especialista em Rubiaceae e Loranthaceae do Museu
Botânico de Berlim, publicou sua contribuição para o conhecimento desta família do
Brasil Meridional. Neste trabalho o autor relata sobre o material botânico coletado
por Hoehne e outros pesquisadores no período de 1900 a 1920 em diversas
localidades de São Paulo, Minas Gerais e Maranhão, numa breve comunicação de
ocorrência geográfica.
Estudo farmacológico foi desenvolvido por PECKOLT & YERED (1933/34)
com Struthanthus marginatus, no qual são apresentados resultados de
componentes químicos e comentários sobre propriedades e indicações terapêuticas.
Ainda neste período CORRÊA (1931) ressalta as características prejudiciais da
parasita s. àtricola para os laranjais.
33
A ação danosa de Psittacanthus dichrous sobre cajueiros em Recife é
descrita por SETTE (1942) que, por outro lado, apresenta sua possível ação
terapêutica no tratamento da hipertensão arterial (SETTE, 1947).
Na década de 50 diversos trabalhos foram desenvolvidos principalmente por
RIZZINI (1950a,b; 1951; 1952a,b; 1956). Dentre estes trabalhos, que envolvem
aspectos botânicos e sistemáticos da família Loranthaceae em caráter amplo e
descritivo, encontra-se o relato pioneiro de parasitismo de Loranthaceae sobre
monocotiledôneas. Neste mesmo enfoque genérico o relato da ocorrência de
Lorantáceas no Rio Grande do Sul (CONILL, 1954) e em Santa Catarina (REITZ,
1959) constituíram, também, contribuições deste período.
No período dos anos 60/70 grandes contribuições ao conhecimento da família
Loranthaceae foram dadas por diversos autores, dentre os quais destacam-se
RIZZINI (1961, 1968, 1971,1972, 1976a,b, 1978b), CORRÊA (1969) e VENTURELLI
(1976). Como um trabalho de referência no assunto, RIZZINI (1968) descreve a
família da erva-de-passarinho no Estado de Santa Catarina e apresenta dados de
distribuição geográfica, características botânicas e ilustrações das espécies.
Aspectos morfo-anatômicos, ontogenéticos e embriológicos foram os
principais estudos desenvolvidos na década de 80 por VENTURELLI (1980a,b,
1981a,b,1983, 1984a,b,c) e VENTURELLI & KRAUS (1988, 1989) no Estado de São
Paulo, envolvendo, principalmente, Struthanthus uulgaris.
Poucos trabalhos mais recentes tratam, além de relatos sobre levantamentos
de floras regionais, sobre aspectos relacionados ao controle da erva-de-passarinho
[FERREIRA et al. (1997;, ZILIOTTO et al. (1999) e MOTTA (1995, relatório interno)]
e envolvendo, principalmente, Trípodanthus acutifolius, uma das espécies que mais
atacam as árvores da arborização urbana de Curitiba, Paraná.
O gênero Struthantus é o mais estudado nas condições brasileiras, devido,
principalmente, à ação sobre culturas de importância econômica (frutíferas,
ornamentais, etc). Representa, para as condições brasileiras, o mesmo que o gênero
Phoradendron nos Estados Unidos e o gênero viscum para os europeus.
Struthanthus uulgaris constitui-se na espécie mais estudada, onde diversos
autores contribuíram para o conhecimento sobre seus componentes biológicos e
fisiológicos.
34
Alguns estudos foram especificamente desenvolvidos no ramo da terapêutica,
envolvendo Phoradendron crassifolium, Struthanthus flexicaulis, Struthanthus
rotudinfolius, Loranthus americanus (atualmente Psittacanthus dichrous),
Phoradendron latifolium (atualmente Phoradendron piperoides), Phthirusa
theobromae, Psittacanthus dichrous, Struthanthus marginatus e aspectos
bioquímicos de Struthanthus vulgaris.
3.4 ESPÉCIES DE ERVA-DE-PASSARINHO QUE OCORREM EM CURITIBA
Segundo MOTA (1995) e PREFEITURA...(1999) foram detectadas sete
espécies de erva-de-passarinho na arborização da cidade, reunidas em quatro
gêneros, todos pertencentes à família Loranthaceae. Duas destas espécies
(Psittacanthus sp. e Phoradendron piperoides (H.B.K.) Nutt.) são de ocorrência muito
rara em Curitiba (HATSCHBACH, 2001, comunicação pessoal), e não foram
encontradas nas áreas indicadas como presentes, sendo, portanto, desconsideradas
nas ilustrações fotográficas, entrando, contudo, na montagem das chaves de
identificação. Considerando o material botânico encontrado no Passeio Público, em
outras áreas da cidade e na região de Colombo, neste trabalho são apresentadas
cinco espécies de erva-de-passarinho, agrupadas nas duas subfamílias que ocorrem
no Brasil: Loranthoideae Engl. e Viscoideae Engl.
• Subfamília LORANTHOIDEAE Engl.
-> Tripodanthus acutifolius (Ruiz & Pav.) Tiegh. -» Sinonímias: Phrygilanthus
acutifolius (R. & P.) Eichl. (MORRETES, 1985; (VENTURELLI, 1983); P.
eugenoides (H.B.K.) Eichl. (RIZZINI, 1961; AGUIAR et al. , 1979); P. ligustrinus
(Willd.) Eichl. (AGUIAR et al., 1979); Loranthus acutifolius R. et P.; L. eugenoides
H.B.K.; Phrygilanthus eugenoides (H.B.K.) Eichl.; Tripodanthus acutifolius (R. et
P.) Van Thiegh; Loranthus ligustrinus Willd.; Phoradendron ligustrinus (Willd.)
Eichl. (RIZZINI, 1956).
—> Struthanthus vulgaris Mart. —> Sinonímia: Struthanthus volubilis Rizz.
(VENTURELLI, 1976)
-> Struthanthus polyrhysus Mart.
Struthanthus uraguensis (Hook. & Arn.) G.Don. —> Sinonímia: Struthanthus.
complexus Eichl. ( RIZZINI, 1968)
• Subfamília VISCOIDEAE Engl.
-> Phoradendron linearifolium Eichl.
35
3.5 ESPÉCIES DE EPíFITAS CONFUNDIDAS COM ERVA-DE-PASSARINHO
A erva-de-passarinho é comumente confundida com algumas epifitas que se
desenvolvem nos troncos e galhos das árvores urbanas, sendo as mais comuns
Microgramma squanulosa (Po/ypodiaceae) e Tillandsia stricta (Bromeliaceae),
ilustradas na FIGURA 3.1 .
FIGURA 3.1- Epffitas comuns da arborização urbana. A - Tronco recoberto por Micrograma
squanulosa ; B - Detalhe das folhas de Micrograma squanulosa; C - Copa
infestada Tillandsia .stricta; D - Detalhe das folhas de Tillandsia stricta.
D
36
3.6 CHAVES DE IDENTIFICAÇÃO
A identificação das plantas feita em campo efetiva-se, normalmente, pela
observação prática de mateiros regionais que utilizam diferenças morfológicas
apresentadas pelas plantas tais como o hábito e o porte, aspectos gerais das folhas,
presença de espinhos, glândulas e outros elementos de fácil visualização. Para a
identificação das árvores, as características de dureza da madeira e aspectos
interno e externo, cor, sabor e o processo de despreendimento da casca
acrescentam elementos de grande valor diferenciador.
A análise da estrutura floral é o procedimento científico da classificação
botânica, já que estes órgãos estão menos sujeitos a variações em função do curto
período de floração e, por isso, sofrem menos influência dos fatores ambientais. A
obtenção deste material é, no entanto, dificultada pelo desconhecimento das épocas
da floração e/ou frutificação de cada espécie ou, também, pela indisponibilidade
deste material à época da realização dos trabalhos de campo.
Assim, foi elaborada uma chave artificial para o reconhecimento prático em
campo das espécies de erva-de-passarinho, baseada em características botânicas
vegetativas (CHAVE 3.1). O objetivo foi o de minimizar as dificuldades ligadas à
dependência da ocorrência destes eventos fenológicos para o reconhecimento das
espécies. É apresentada, complementarmente, uma chave baseada em caracteres
florais genéricos (CHAVE 3.2), visando acrescentar mais elementos para favorecer a
identificação. Subsídios de grande valor prático são, ainda, acrescentados através
das ilustrações fotográficas das espécies de erva-de-passarinho levantadas neste
trabalho (item 3.6.2.3).
3.6.1 METODOLOGIA DE ELABORAÇÃO DAS CHAVES
Com o objetivo final de se montar uma chave de identificação prática de
campo para utilização também em outras áreas verdes urbanas de Curitiba, portanto
mais completa e em complementação às espécies identificadas na área do Passeio
Público, procedeu-se à coleta complementar de dados e material botânico nos locais
de ocorrência das diferentes espécies de erva-de-passarinho relatadas por MOTTA
(1995) e PREFEITURA... (1999). O objetivo foi o de abranger o maior número de
espécies relatadas como de ocorrência na arborização pública de Curitiba, para
37
inclusão numa chave com aplicação para toda a região de Curitiba e não somente
para a área do Passeio Público.
Dentro da perspectiva de se montar um instrumental de valor prático para
utilização principalmente por técnicos envolvidos na problemática da arborização
urbana, efetuou-se o registro fotográfico de cada espécie, compondo, desta forma,
um pequeno manual ilustrado para identificação da erva-de-passarinho.
Após coleta, prensagem e secagem do material botânico fértil de cada
espécie de erva-de-passarinho observada no Passeio Público e em alguns locais da
cidade e Região Metropolitana de Curitiba, procedeu-se à classificação botânica,
que se processou através do Museu Botânico Municipal de Curitiba da Secretaria
Municipal do Meio Ambiente de Curitiba.
Os dados descritivos utilizados na montagem de ambas as chaves foram
retirados da literatura revisada do assunto, após o enquadramento botânico de cada
espécie.
Os diferentes nomes comuns sugeridos para as ervas-de-passarinho
basearam-se na aparência conspícua apresentada pelas diferentes espécies, bem
como na forma de emprego pelas pessoas para a sua diferenciação e utilização na
terapêutica popular.
3.6.2 RESULTADOS
O nome popular erva-de-passarinho é utilizado para designar muitas espécies
diferentes destas parasitas que, no entanto, apresentam diferenças na aparência,
hábito e mesmo na forma de parasitismo sobre o hospedeiro. Considerando a
possibilidade de utilizar as características das folhas e hábito destas plantas como
elementos diferenciadores no referencial popular, propõe-se a utilização da seguinte
nomenclatura popular para as diferentes espécies de erva-de-passarinho:
• erva-de-passarinho-da-folha-miúda: Struthanthus polyrhysus e S. uraguensis
• erva-de-passarinho-da-folha-graúda: Struthanthus vulgaris
• erva-de-passarinho-chorão: Tripodanthus acutifolius
• erva-de-passarinho-da-folha-comprida: Phoradendron linearifolium
• erva-de-passarinho: Phoradendron piperoides e Psittacanthus sp.
38
3.6.2.1 Chave de caracteres vegetativos
Em geral as espécies da família Loranthaceae possuem folhas perenes e são,
eventualmente, áfilas, sendo, nestes casos, substituídas por escamas. Isto torna
possível a permanente utilização das características foliares, e outras
macromorfológicas, como elementos práticos de reconhecimento de campo. Assim,
comparando duas a duas estas características de fácil visualização (alternativas a e
b), foi montada a chave dicotômica para a separação das espécies de erva-de-
passarinho, apresentada na CHAVE 3.1.
CHAVE 3.1 - Chave dicotômica para separação de espécies de erva-de-passarinho encontradas
na arborização urbana de Curitiba - PR, baseada em características vegetativas.
1. a Planta de hábito escandente 2
b Planta de hábito ereto 7
2. a Arbusto, vivendo sobre os ramos e tronco do hospedeiro 3
b Eventualmente arvoreta, vivendo sobre a terra Tripodanthus acutífolius
3. a Plantas sem raízes adventícias 4
b Plantas com raízes adventícias 5
4. a Ramos com catafilos (bidentados) na base; folhas lineares, estreitas e compridas....
Phoradendron linearifolium
b Ramos sem catafilos; folhas obovadas a ovado-oblongas Psittacanthus sp.
5. a Ramos pendentes longos; folhas com pontuações escuras na face inferior
Tripodanthus acutífolius
b Ramos flexuosos, enovelados e volúveis;folhas sem pontuações na face inferior.. 6
6. a Folhas obovadas a oblongas; ápice emarginado Struthanthus polyrhysus
b Folhas obovadas a oblanceoladas; ápice agudo Struthanthus uraguensis
7. a Plantas sem raízes adventícias; ramos com catafilos na base e em todos os
entrenós; folhas oblongas a oblongo-lanceoladas, margem ondulada, pecíolo
cilíndrico Phoradendron piperoides
b Plantas com raízes adventícias; ramos (acinzentados e com lenticelas) sem catafilos;
folhas ovadas, margem lisa, pecíolo canaliculado superiormente
Struthanthus vulgaris
39
3.6.2.2 Chave de caracteres florais
Segundo RIZZINI (1956; 1968), as duas subfamílias podem ser diferenciadas
através da presença ou ausência de calículo (invólucro de pequenas brácteas na
base das sépalas formando um pequeno cálice), como apresentado na CHAVE 3.2.
CHAVE 3.2 - Chave dicotômica para separação de espécies de erva-de-passarinho encontradas
na arborização urbana de Curitiba - PR, baseada em características florais.
1. a Flores com calículo 2
b Flores sem calículo, em espigas 3
2. a Flores hermafroditas, grandes (de 1 a mais de 3 cm de comprimento) 4
b Flores unissexuais, pequenas (0,5 a 0,6 cm de comprimento) 5
3. a Flores em 1-2 espigas por axila foliar; unissexuais.. Phoradendron Unearifolium
b Flores em 1-4 espigas por axila foliar; unissexuais ou andróginas
Phoradendron piperoides
4. a Flores com 1,2 a 1,6 cm de comprimento; hexâmeras; solitárias ou mais
comumente em tríades; anteras elipsóides, apiculadas
Tripodanthus acutifolius
b Flores com mais de 3,0 cm de comprimento; pediceladas; anteras dorsifixas ou
sagitadas Psittacanthus sp.
5. a Flores pediceladas; brácteas e bracteólas livres e caducas; tríades que se dispõem
aos pares, cada par preso à axila foliar Struthanthus vulgaris
b Flores sésseis ou quase sésseis; brácteas e bractéolas unidas 6
6. a Tríades dispostas em corimbos, em geral solitários, nas axilas das folhas; estiletes
presentes nas flores masculinas Struthanthus polyrhysus
b Tríades dispostas duas a duas, em forma de pequena umbela (1-3 por axila);
estiletes ausentes nas flores masculinas Struthanthus uraguensis
3.6.2.3 Ilustrações das espécies de erva-de-passarinho
Como auxílio no processo de reconhecimento das ervas-de-passarinho que
ocorrem no Passeio Público e, por extensão, na arborização de ruas e praças de
Curitiba, procedeu-se o registro fotográfico de cinco das sete espécies relatadas
como ocorrentes na cidade, ilustradas pelas FIGURAS 3.2 a 3.6.
40
FIGURA 3.2· Tripodanthus acutifolius (Ruiz & Pav.) Thiegh. A· Hábito escandente na
copa de cinamomo (Melia azedarach); B· Detalhe de ramos e folhas; C • Flores;
O - Frutos.
A B
••
C D
FIGURA 3.3 - Struthanthus vulgarls Mart. A - Hábito arbustivo na copa de álamo
(Populus sp.); B - Detalhe de ramos e folhas; C - Flores; D - Frutos
A B
c o
41
FIGURA 3.4 - Struthanthus polyrhysus Mart. A - Hábito arbustivo na copa de
tipuana (Tipuana tipu); B - Detalhe de ramos enovelados e folhas; C -
Flores; D - Frutos
A B
C D
42
FIGURA 3.5 - Struthanthus uraguensis (Hook. & Am.) G. Don. A - Ramos
f1exuosos entrelaçados nas copas de espirradeira e malvavisco; B - Detalhe
de ramos enovelados e folhas; C - Folhas; D - Flores
A B
C D
43
FIGURA 3.6 - Phoradendron linearifolium Eichl. A - Hábito arbustivo na copa de álamo
(Populus sp.); B - Detalhe de ramos e folhas; CID - Flores.
A B
C D
44
45
3.7 AUTOTROFIA EM Tripodanthus acutifolius
Como mencionado por RIZZINI (1952b) Phrygi/anthus acutifo/ius Eichl.
(=Tripodanthus acutifo/ius) é capaz de parasitar as raízes. Ainda segundo o autor, as
plantas parasitas são derivadas das autotróficas, podendo-se considerar
Phrygilanthus (Tripodanthus) acutifo/ius como espécie em transição. É encontrado
tanto na forma escandente sobre outras plantas como na forma de arbusto ereto
terrestre, mantendo ainda porte arbóreo (FIGURA 3.7). Vão progressivamente
perdendo seu contato com a terra e assumindo hábito escandente, passando a
desenvolver raIzes aéreas das quais nascem os haustórios.
FIGURA 3.7- Autotrofia em Tripodanthus acutifolius: A - Tronco isolado da planta; B - Hábito
escandente com ramos apoiados em árvores vizinhas; C - Aspecto tortuoso do
tronco; D - Ramos e folhas; E - Hábito escandente; F - Hábito escandente da
arvoreta. Borda do Campo, PR, 2000. (Fotos Emilio Rotta)
E
46
3.8 CONCLUSÕES
- Struthanthus uraguensis e Struthanthus polyrhysus São as espécies que
apresentam maior dificuldade de diferenciação em campo, principalmente quando
são observadas separadamente. As ilustrações fotográficas são os complementos
que permitem minorar ou sanar este problema.
- Tripodanthus acutifolius apresenta pontuações visíveis na face inferior das
folhas, tomando esta característica um elemento de identificação de grande valor
prático. Apresentando grande polimorfia foliar em função das condições de
crescimento e estágios de desenvolvimento, esta parasita pode ser confundida com
Struthanthus imlgaris, dela se diferenciando pela observação desta característica
marcante.
- O hábito de crescimento é o elemento de diferenciação inicialmente
observado no processo de identificação das diferentes espécies das ervas-de-
passarinho. A partir desta diagnose visual inicial pode-se direcionar o processo de
diferenciação.
- As características florais são, quando disponíveis, os elementos mais
seguros e separadores das espécies.
- A chave de caracteres vegetativos, apesar da simplicidade dos elementos
diferenciadores é funcional, principalmente quando aliada às imagens fotográficas.
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RIZZINI, C.T. Lorantáceas. Itajaí: Herbário Barbosa Rodrigues, 1968. 44p. (Flora
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Erva de-passarinho (loranthaceae) na arborização urbana
Erva de-passarinho (loranthaceae) na arborização urbana
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Erva de-passarinho (loranthaceae) na arborização urbana

  • 1. EMILIO ROTTA ERVA-DE-PASSARINHO (LORANTHACEAE) NA ARBORIZAÇÃO URBANA: PASSEIO PÚBLICO DE CURITIBA, UM ESTUDO DE CASO Tese apresentada como requisito parcial à obtenção do título de Doutor em Ciências Florestais, Curso de Pós-Graduação em Engenharia Florestal, Setor de Ciências Agrárias, Universidade Federal do Paraná. Orientador: Prof. Dr. Antonio José de Araujo CURITIBA 2001
  • 2. UFPR Universidade Federal do Paraná Setor de Ciências Agrárias - Centro de Ciências Florestais e da Madeira Programa de Pós-Graduação em Engenharia Florestal Av. Lothário Meissner, 3400 - Jardim Botânico - CAMPUS III 80210-170 - CURITIBA - Paraná Tel. (41)360 4212 - Fax. (41) 360.4211 - http://www.floresta.ufpr.br/pos-graduacao e-mail: pinheiro@ftoresta.ufpr.br PARECER Defesa n2 455 A banca examinadora, instituída pelo colegiado do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Florestal, do Setor de Ciências Agrárias, da Universidade Federal do Paraná, após argüir o doutorando EMILIO ROTTA em relação ao seu trabalho de tese intitulado "ERVA-DE- PASSARINHO (LORANTHACEAE) NA ARBORIZAÇÃO URBANA: PASSEIO PÚBLICO DE CURITIBA, UM ESTUDO DE CASO", é de parecer favorável à APROVAÇÃO do acadêmico, habilitando-o ao título de Doutorem Ciências Florestais, na área de concentração em Silvicultura. Dr. Antonio José de Araújo Professor Sênior do Departamento de Ciências Florestais da UFPR Professor e pesquisador da Universidade Estadual do Centro Oeste - UNICENTRO Orientador e presidente da banca examinadora L ^ s ô d U o u Q - ^ Dr3 . Veda Maria Malheiros de Oliveira Pesquisadora da EMBRAPA/CNPF Primeiro examinador ònio Disperatti Professor e pesquisador da Universidade Estadual do Centro Oeste - UNICENTRO Segundo examinador Dr. Mario Takao Inoue/ Professor e pesquisador da Universidade Estadual do Centro Oeste - UNICENTRO Terceiro examinador Dr. Carlos Vellozo Rdâerjan Professor e Pesquisador do Departamento de Ciências Florestais da UFPR Quarto examinador Curitiba, 21 de dezembro de 2001. W U t t Nivaldo Eduardo tyizzi ij> ' r- t" v ' "V, 7> coordenador do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Florestal Franklin Galvão SS?" <v > n < • ' r • u * Vice-coordenador
  • 3. A todos aqueles que de alguma maneira estejam envolvidos na problemática representada pela infestação desequilibrada da erva-de-passarinho na arborização urbana dedico este trabalho, na esperança de ser útil e poder contribuir no processo de solução deste problema.
  • 4. AGRADECIMENTOS São muitos os agradecimentos a serem feitos. Eles serão feitos pessoalmente, um a um, pois para mim várias pessoas representaram pontos de apoio, fundamentais e encorajadores, o que permitiu a conclusão deste trabalho. Essas pessoas me possibilitaram enxergar, na vivência, o valor incomensurável da amizade, da palavra de apoio e estímulo, e o quanto isto representa na superação das barreiras para se atingir a meta planejada. A elas, cujos nomes estão gravados no meu coração, o sentimento profundo de gratidão e o desejo de uma colheita multiplicada de frutos de iluminação. Em especial, dentre todas essas pessoas que para mim foram especiais, cito o nome de minha companheira de trabalho e de jornada de aperfeiçoamento pessoal, Dra. Yeda Maria Malheiros de Oliveira, pesquisadora do Centro Nacional de Pesquisa de Florestas, cuja amizade, acima de sua incontestável capacidade profissional, foi absolutamente decisiva para chegar com sucesso ao objetivo final. Desejo a todos que transitam por estas estradas da vida, que também encontrem, nas suas caminhadas, pessoas com o mesmo quilate das pessoas que me foi permitido encontrar. Ao comitê de orientação constituído pelo orientador prof. Dr. Antonio José de Araújo, co-orientador prof. Dr. Mario Takao Inoue e co-orientadora pesquisadora Dra. Yeda Maria Malheiros de Oliveira. No geral, e não menos significantes para mim, agradeço: À Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA, pela oportunidade oferecida para o meu aperfeiçoamento profissional, tanto na liberação para o curso de pós-graduação como nos subsídios financeiros durante o transcorrer do curso. À chefia do Centro Nacional de Pesquisa de Florestas da EMBRAPA, à época do início do curso representada pelo Dr. Carlos Alberto Ferreira e equipe, e à atual composta pelo Dr. Vitor Afonso Hoeflich, Dr. Moacir Sales Medrado, Dr. Luciano Xavier Montoya Vilcahuaman, Antonio Pereira Fowler e Erich Gomes Schaitza, pelo apoio integral em todos os momentos e solicitações. À Universidade Federal do Paraná (UFPR) e ao Curso de Pós-Graduação em Engenharia Florestal, pelo acolhimento e amizade do corpo docente. iii
  • 5. À Prefeitura Municipal de Curitiba pela disponibilização irrestrita da infraestrutura logística e de apoio de pessoal à época da instalação do trabalho, coleta de dados, análise de material experimental e fornecimento de subsídios técnicos. Através de seus diferentes setores, representados, neste trabalho, pelo Passeio Público de Curitiba, Museu Botânico Municipal e Horto Municipal do Guabirotuba, tivemos a colaboração valiosa e imprescindível de Luiz Roberto Francisco, Sr. Gerdt Hatschbach e equipe, Edélcio Marques e Roberto Larini. À equipe de estagiários que participaram das atividades de campo e processamento dos dados à época da instalação do trabalho: Carla Regina Camargo, Egiseli de Melo, Henrique Just Graeml, Hezir Miguel Tavares Jr., Luis Carlos Haenle, Paulo Henrique Machniewicz e Rui André Maggi dos Anjos. À professora Aracely Vidal Gomes, pelos comentários e revisão das chaves botânicas, cuja amizade muito me honra. Ao Dr. Pedro Scherer Neto e Douglas Kajiwara do Museu de História Natural de Curitiba, e a Dra. Sandra Boss Mikich, pela boa vontade e presteza nas revisões de texto e informações que compuseram o capítulo 4, sobre os agentes dispersores da erva-de-passarinho. À equipe do Laboratório de Monitoramento um agradecimento especial pela amizade, apoio e eficiência nos trâmites trabalhosos da montagem do sistema geográfico de informações, permitindo a criação de um instrumento de consultas de grande valor prático: Mazza, Cristiane, Marlize, Zé Augusto, Tatiana, Luciene e Fábio. Aos membros da minha "panelinha" do curso de Pós-Graduação, que me aceitaram no círculo de amizade e que me deram, sempre, a maior força: Dr. Ivan Crespo Silva, Dra. Maria Regina Boerger e Dr. Leocádio Grodski, meu agradecimento especial. À Dra. Rosana V. Higa, Dr. Edilson B. de Oliveira, Dra. Miroslava Racocewicz (Mima) e Marta Vencato pelas palavras e atitudes de apoio e incentivo, e a todos, da EMBRAPA Florestas e fora dela, que de forma direta e indireta se dispuseram e contribuíram nas etapas finais de conclusão do curso. iv
  • 6. SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS ix LISTA DE TABELAS xi RESUMO xii ABSTRACT xiv INTRODUÇÃO 1 JUSTIFICATIVA 2 OBJETIVOS 3 ESTRUTURA DO TRABALHO 4 CAPÍTULO 1: CARACTERIZAÇÃO DO LOCAL E METODOLOGIA DE COLETA DE DADOS 6 1.1 INTRODUÇÃO 6 1.2 ÁREA DE ESTUDO 6 1.2.1 VEGETAÇÃO 8 1.2.2 INFRAESTRUTURA 8 1.3 METODOLOGIA 8 1.3.1 DIVISÃO DA ÁREA EM SETORES DE TRABALHO 9 1.3.2 LOCALIZAÇÃO ESPACIAL DAS ÁRVORES NO CAMPO 9 1.3.3 COLETA DE DADOS E MATERIAL BOTÂNICO 11 1.3.4 AVALIAÇÃO DA INFESTAÇÃO DA ERVA-DE-PASSARINHO 12 1.3.5 BANCO DE DADOS DAS ÁRVORES E ERVAS-DE-PASSARINHO 13 1.3.6 PÁSSAROS DO LOCAL 14 REFERÊNCIAS 14 CAPÍTULO 2: DIAGNÓSTICO DA RELAÇÃO VEGETAÇÃO ARBÓREA/ERVA-DE- PASSARINHO NO PASSEIO PÚBLICO DE CURITIBA 16 2.1 INTRODUÇÃO 16 2.2 METODOLOGIA 16 2.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO 16 2.3.1 CARTA DA VEGETAÇÃO DO PASSEIO PÚBLICO 16 2.3.2 VEGETAÇÃO DO PASSEIO PÚBLICO 18 2.3.3 ERVAS-DE-PASSARINHO DO LOCAL ESTUDADO 18 2.3.4 RELAÇÃO ENTRE ÁRVORE HOSPEDEIRA E ERVA-DE-PASSARINHO 20 v
  • 7. 2.3.4.1 Caracterização da vegetação infestada pela erva-de-passarinho 20 2.3.4.2 Espécies de árvores infestadas 21 2.3.4.3 Famílias botânicas infestadas 25 2.4 CONCLUSÕES 27 CAPÍTULO 3: RECONHECIMENTO PRÁTICO DA ERVA-DE-PASSARINHO 30 3.1 INTRODUÇÃO 30 3.2 SISTEMÁTICA DA FAMÍLIA 31 3.3 A ERVA-DE-PASSARINHO NO BRASIL 32 3.4 ESPÉCIES DE ERVA-DE-PASSARINHO QUE OCORREM EM CURITIBA 34 3.5 ESPÉCIES DE EPÍFITAS CONFUNDIDAS COM ERVA-DE-PASSARINHO 35 3.6 CHAVES DE IDENTIFICAÇÃO 36 3.6.1 METODOLOGIA DE ELABORAÇÃO DAS CHAVES 36 3.6.2 RESULTADOS 37 3.6.2.1 Chave de caracteres vegetativos 38 3.6.2.2 Chave de caracteres florais 39 3.6.2.3 Ilustrações das espécies de erva-de-passarinho 39 3.6.2.3.1 Trípodanthus acutifolius. 40 3.6.2.3.2 Struthanthus vulgaris. 41 3.6.2.3.3 Struthanthus polyrhysus. 42 3.6.2.3.4 Struthanthus uraguensis. 43 3.6.2.3.5 Phoradendron linearifolium. 44 3.7 AUTOTROFIA EM Trípodanthus acutifolius 45 3.8 CONCLUSÕES 46 REFERÊNCIAS 46 CAPÍTULO 4: DISPERSÃO DAS SEMENTES DE ERVA-DE-PASSARINHO 50 4.1 INTRODUÇÃO 50 4.2 PROCESSOS DE DISPERSÃO 51 4.2.1 ORNITOCORIA: AS AVES COMO AGENTES DE DISPERSÃO 52 4.2.2 AUTOCORIA 56 4.2.3 OUTROS AGENTES DE DISPERSÃO 57 4.3 CONCLUSÕES 58 REFERÊNCIAS 59 vi
  • 8. CAPÍTULO 5: CARACTERÍSTICAS DENDROMÉTRICAS E ESPACIAIS DOS HOSPEDEIROS E SUA RELAÇÃO COM A PRESENÇA DA ERVA-DE- PASSARINHO 62 5.1 INTRODUÇÃO 62 5.2 CARACTERÍSTICAS DENDROMÉTRICAS DOS HOSPEDEIROS E SUA RELAÇÃO COM A PRESENÇA DA ERVA-DE-PASSARINHO 63 5.2.1 PERCENTAGEM DE ÁRVORES INFESTADAS (PREVALÊNCIA) 63 5.2.2 VARIÁVEIS DENDROMÉTRICAS E A ERVA-DE-PASSARINHO 65 5.3 CLASSES DE TAMANHO E NÍVEL DE INFESTAÇÃO DA ERVA-DE- PASSARINHO 67 5.4 CARACTERÍSTICAS DENDROMÉTRICAS DAS ESPÉCIES ARBÓREAS MAIS INFESTADAS DO PASSEIO PÚBLICO 70 5.5 PADRÕES DE DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL - UMA PRIMEIRA ABORDAGEM 71 5.5.1 MÉDIA E VARIÂNCIA 72 5.5.2 ÍNDICE DE MORISITA 73 5.6 O USO DE UM SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA PARA O ENTENDIMENTO ESPACIAL DA PRESENÇA DA ERVA-DE-PASSARINHO 75 5.6.1 RELAÇÕES ESPACIAIS VERSUS BANCO DE DADOS 76 5.6.2 ESTRUTURAÇÃO DOS DADOS 77 5.7 CONCLUSÕES 88 REFERÊNCIAS 90 CAPÍTULO 6: ESTRATÉGIAS PARA O MANEJO DA ERVA-DE-PASSARINHO NO ECOSSISTEMA 91 6.1 INTRODUÇÃO 91 6.2 DANOS CAUSADOS PELA ERVA-DE-PASSARINHO 92 6.2.1 FRUTÍFERAS 93 6.2.2 ESPÉCIES FLORESTAIS PRODUTORAS DE MADEIRA 94 6.2.2.1 Pinus e Eucalyptus 94 6.3 CONTROLE DA ERVA-DE-PASSARINHO 96 6.3.1 PODA 97 6.3.1.1 Poda da erva-de-passarinho no Passeio Público 97 6.3.2 CONTROLE QUÍMICO, BIOLÓGICO E GENÉTICO 99 6.4 ASPECTOS CONSIDERADOS NO MANEJO DA ERVA-DE-PASSARINHO 101 6.5 ESTRATÉGIA PARA O MANEJO DA ERVA-DE-PASSARINHO NO ECOSSISTEMA 102 vii
  • 9. 6.5.1 AGENTES REGULADORES 103 6.5.1.1 As árvores como agentes reguladores 104 6.5.1.2 Dispersão e predação 106 REFERÊNCIAS 106 CONCLUSÕES GERAIS 109 RECOMENDAÇÕES GERAIS 112 ANEXO 1 - ESPÉCIES ARBÓREAS DO PASSEIO PÚBLICO 115 ANEXO 2 - FAMÍLIAS: N° DE GÊNEROS, ESPÉCIES E ÁRVORES 121 ANEXO 3 - CRONOLOGIA DOS ESTUDOS COM ERVA-DE-PASSARINHO 125 ANEXO 4 - SISTEMA DE POSICIONAMENTO GLOBAL - GPS 133 viii
  • 10. LISTA DE FIGURAS 1.1 LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DO PASSEIO PÚBLICO NA ÁREA CENTRAL DA CIDADE DE CURITIBA 7 1.2 DIVISÃO DA ÁREA DO PASSEIO PÚBLICO DE CURITIBA EM 51 SETORES DE COLETA DE DADOS 10 1.3 LOCALIZAÇÃO ESPACIAL DAS ÁRVORES NO CAMPO 11 1.4 EQUIPAMENTO (CAMINHÃO MUNCK) UTILIZADO NA COLETA DE MATERIAL DE ERVA- DE-PASSARINHO 12 2.1 CARTA BASE DA VEGETAÇÃO DO PASSEIO PÚBLICO MOSTRANDO A DISTRIBUIÇÃO DAS ÁRVORES INFESTADAS E NÃO INFESTADAS,2001 17 3.1 EPÍFITAS COMUNS DA ARBORIZAÇÃO URBANA 35 3.2 Tripodanthus acutifolius (Ruiz &Pav.)Thiegh 40 3.3 Struthanthus vulgaris Mart 41 3.4 Struthanthus polyrhysus Mart 42 3.5 Struthanthus uraguensis (Hook. & Am.) G.Don 43 3.6 Phoradendron linearifolium Eichl 44 3.7 AUTOTROFIA EM Tripodanthus acutifolius 45 4.1 CICLO DE DISPERSÃO DAS SEMENTES DE ERVA-DE-PASSARINHO 50 4.2 FRUTO DE ERVA-DE-PASSARINHO 52 4.3 ILUSTRAÇÕES DOS FRUTOS DE ESPÉCIES DE ERVA-DE-PASSARINHO QUE OCORREM NO PASSEIO PÚBLICO DE CURITIBA 53 5.1 MÉDIAS EM ALTURA (a), DIÂMETRO DE COPAS (b) E DAP (c) DO TOTAL DE ÁRVORES (1865) E DAS ÁRVORES INFESTADAS (268) NO PASSEIO PÚBLICO DE CURITIBA 66 5.2 NÚMERO DE ÁRVORES INFESTADAS EM CLASSES DE TAMANHO E CLASSES DE GRAU DE INFESTAÇÃO, CONSIDERANDO-SE CADA VARIÁVEL DENDROMÉTRICA 68 5.3 CLASSES DE TAMANHO DAS ÁRVORES E A INFESTAÇÃO POR ERVA-DE- PASSARINHO 69 5.4 TRÊS DISTRIBUIÇÕES HIPOTÉTICAS DE INDIVÍDUOS NO ESPAÇO 73 5.5 DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DAS ÁRVORES INFESTADAS POR ERVA-DE-PASSARINHO NO PASSEIO PÚBLICO DE CURITIBA..... 74 5.6 TELA DO SPRING COM O PAINEL DE CONTROLE APRESENTANDO ALGUMAS CATEGORIAS E Pi's DEFINIDOS PARA O PASSEIO PÚBLICO 79 5.7 BANCO DE DADOS RELACIONAL (TABELA DE ATRIBUTOS) 80 5.8 TELA DO SOTWARE SPRING MOSTRANDO UMA CONSULTA AO BANCO DE DADOS DO PASSEIO PÚBLICO 80 5.9 RESULTADO DE CONSULTA AO BANCO DE DADOS RELACIONAL DO PASSEIO PÚBLICO - ÁRVORES EXÓTICAS INFESTADAS 81 5.10 MAPA DO SETOR 20 MOSTRANDO ÁRVORES INFESTADAS E NÃO INFESTADAS 82 ix
  • 11. 5.11 CONSULTA AO BANCO DE DADOS SOBRE UMA ÁRVORE ESPECÍFICA 84 5.12 MAPA DO SETOR 2-A MOSTRANDO ÁRVORES INFESTADAS E NÃO INFESTADAS 85 5.13 ÁRVORES INFESTADAS: ESPÉCIES NATIVAS E ESPÉCIES EXÓTICAS 86 5.14 DISPERSÃO DAS ÁRVORES DE ESPÉCIES NATIVAS INFESTADAS 87 5.15 ÁRVORES DO ESTRATO DOMINANTE (INFESTADAS E NÃO INFESTADAS) 88 6.1 DESENHO ESQUEMÁTICO DO HAUSTÓRIO 91 6.2 DANO CAUSADO NA QUALIDADE DA MADEIRA DE PLÁTANO (Platanus acerífolia), TIPUANA (Tipuanatipu)E ALFENEIRO (Ligustrum lucidum) PELA AÇÃO DA ERVA-DE- PASSARINHO 95 6.3 INFESTAÇÃO EM Eucalyptus sp. por Tripodanthus acutifolius NA REGIÃO DE QUATRO BARRAS, PR 96 6.4 ASPECTOS DA PODA DE REMOÇÃO EM ÁRVORES DO PASSEIO PÚBLICO 98 6.5 REGULADORES E FILTROS DA ABUNDÂNCIA DA ERVA-DE-PASSARINHO E SUA AÇÃO NO CICLO DE VIDA 102 6.6 CAUSAS DA PRESENÇA EXCESSIVA DA ERVA-DE-PASSARINHO E PASSOS PARA O CONTROLE 104 X
  • 12. LISTA DE TABELAS 2.1 NÚMERO DE ÁRVORES E ESPÉCIES ENCONTRADAS NO PASSEIO PÚBLICO DE CURITIBA, POR ORIGEM E PERCENTUAL DE PARTICIPAÇÃO NA COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA TOTAL 19 2.2 RELAÇÃO DAS ERVAS-DE-PASSARINHO DO PASSEIO PÚBLICO E SEUS RESPECTIVOS HOSPEDEIROS LOCAIS 20 2.3 NÚMERO TOTAL E PERCENTUAL DE ÁRVORES E ESPÉCIES, NATIVAS E EXÓTICAS, INFESTADAS POR ERVA-DE-PASSARINHO, NO PASSEIO PÚBLICO DE CURITIBA 21 2.4 ESPÉCIES NATIVAS INFESTADAS: NÚMERO DE ÁRVORES TOTAL E INFESTADAS, PERCENTUAL TOTAL DE INFESTAÇÃO E NÍVEL DE INFESTAÇÃO POR NÚMERO E PERCENTUAL DE ÁRVORES, DENTRO DA ESPÉCIE 22 2.5 ESPÉCIES EXÓTICAS INFESTADAS: NÚMERO DE ÁRVORES TOTAL E INFESTADAS, PERCENTUAL TOTAL DE INFESTAÇÃO E NÍVEL DE INFESTAÇÃO POR NÚMERO E PERCENTUAL DE ÁRVORES, DENTRO DA ESPÉCIE 23 2.6 FAMÍLIAS: ORIGEM, NÚMERO DE INDIVÍDUOS, INFESTAÇÃO E NÚMERO DE ESPÉCIES INFESTADAS 26 4.1 TIPO DOS FRUTOS E FENOLOGIA DE FLORAÇÃO E FRUTIFICAÇÃO DE CINCO ESPÉCIES DE ERVA-DE-PASSARINHO E 17 ESPÉCIES ARBÓREAS DA ARBORIZAÇÃO DE CURITIBA 54 4.2 LISTA DE AVES QUE OCORREM NO PASSEIO PÚBLICO DE CURITIBA 56 5.1 ESTATÍSTICA DESCRITIVA DOS DADOS DENDROMÉTRICOS 63 5.2 CORRELAÇÃO ENTRE PREVALÊNCIA E CARACTERÍSTICAS DOS HOSPEDEIROS 65 5.3 ANÁLISE DE VARIÂNCIA PARA A VARIÁVEL ALTURA DE TODAS AS ÁRVORES E DAS ÁRVORES INFESTADAS 67 5.4 DISTRIBUIÇÃO DO NÚMERO E PORCENTUAL DE ÁRVORES INFESTADAS E NÃO INFESTADAS POR CLASSES DE INFESTAÇÃO, DAP, DC E H 69 5.5 ESPÉCIES MAIS INFESTADAS E GRAUS DE INFESTAÇÃO - VARIÁVEL ALTURA 70 5.6 ESPÉCIES MAIS INFESTADAS E GRAUS DE INFESTAÇÃO - VARIÁVEIS DC E DAP : 71 5.7 CATEGORIAS (TIPO E NOME) E PLANOS DE INFORMAÇÃO (Pi's) 78 xi
  • 13. RESUMO Estima-se que a erva-de-passarinho ocorra em aproximadamente 30% das árvores da arborização de Curitiba. Sob esta denominação genérica, contudo, estão incluídas diferentes espécies desta parasita, cada uma, por sua vez, infestando uma ou mais espécies de árvores. Estudo de caso realizado no Passeio Público de Curitiba, permitiu diagnosticar que cerca de 14% da vegetação arbórea da área estudada apresenta algum grau de infestação por erva-de passarinho, em 22% das 130 espécies identificadas no local. A maioria dos indivíduos (92%) e espécies (67%) infestados é exótica. Foi elaborada uma chave de identificação visando o reconhecimento prático das principais espécies de ervas-de-passarinho encontradas na arborização urbana de Curitiba, envolvendo as espécies Tripodanthus acutifottus, Struthantus polyrhysus, Struthantus vulgaris, Struthantus uraguensis e Phoradendron linearifolium, a qual foi ilustrada com registros fotográficos de hábito, ramos e detalhes de flores e frutos. Uma análise do papel dos agentes dispersores forneceu indicação das principais espécies de aves envolvidas no processo, formas de dispersão e a relação entre tamanho, forma e tipos de frutos e preferências alimentares. Nas correlações entre dimensões das árvores (altura, diâmetro de copas e diâmetro à altura do peito) verificou-se que as infestações ocorrem preponderantemente em espécies do extrato dominante, sendo provavelmente o segundo fator mais importante na seletividade de infestação, logo depois da susceptibilidade da espécie. Um Sistema Geográfico de Informações - SIG foi desenvolvido a partir do georreferenciamento em todas as árvores com altura maior que 1,30 m. A cada ponto no espaço (árvore) foram associadas informações sobre espécie, família, dimensões, grau de infestação e origem, constituindo um Banco de Dados Relacional. Todos os cruzamentos de informações são possíveis através de consultas ao sistema computadorizado, desenvolvido no SPRING - Sistema de Processamento de Informações Georreferenciadas. Pela análise espacial concluiu- se que a erva-de-passarinho não se distribui de maneira aleatória, ocorrendo de maneira agregada sobre a área de estudo, em grupos de árvores próximas. É proposta uma estratégia de manejo de longo prazo no ecossistema, onde se sugere a utilização prioritária das espécies nativas no planejamento dos plantios urbanos, em relação às exóticas, notadamente mais susceptíveis. São apresentadas xii
  • 14. sugestões de espécies mais resistentes ao ataque da parasita e menção àquelas que deveriam ser evitadas no contexto da arborização urbana em função de sua alta suscetibilidade. Palavras-chaves: erva-de-passarinho, mistletoe, muérdago, gui, arborização urbana, arboricultura. xiii
  • 15. ABSTRACT In Curitiba around 30% of the trees from the streets are infested by mistletoe. There are several mistletoe species and different preferential hosts. A case study carried out in the Passeio Público de Curitiba, allowed to diagnose that about 14% of the studied tree vegetation presents some degree of infestation by mistletoe, or 22% of the species represented in the area. Most of the infested individuals (92%) and species (67%) are not native to the regional ecosystem. A practical identification key for species recognition of mistletoe and involving the species Tripodanthus acutifolius, Struthantus polyrhysus, Struthantus vulgaris, Struthantus uraguensis and Phoradendron linearifolium was developed, with photographic images presenting details of branch morphology, flowers and fruits. An analysis was performed, concerning dispersal behaviour, indicating the main bird species involved in the process, dispersion forms and the relationship among size, forms, fruit types and food preferences. Correlation among dimensions of the trees (height, crown diameter and diameter at breast height) was established. It was verified that the infestation occur mainly in species of the overstory, being probably the second more important factor in the infestation selectivity, after the host species specificity. A Geographical Information System - GIS was developed after georeferencing all the trees taller than 1,30 m. To each point in the space (tree) it was associated a line in the relational database, with information about, species, family, dimension, infestation levels and origin. All the crossing information is possible through queries to the computerised system, developed using SPRING- Georeferenced Processing Information System. In the search for a practical, efficient and compatible solution with the public administration resources, a long-term strategy for dealing with the problem, at ecosystem level was designed. A spatial analysis was performed testing several methods and it was concluded that mistletoe are not distributed randomly. They occur in clusters over the study area probably due to the trees proximity, being infested by the birds visiting nearby trees. It suggests, for future replacements, the planting of native species instead of the exotic ones, which are more likely to be infested. Suggestion of the most resistant tree species to the attack of the parasite is presented as well as those that should be avoided as urban trees considering their high susceptibility. Key words: erva-de-passarinho, mistletoe, muérdago, gui, arboriculture, urban forestry. xiv
  • 16. 1 INTRODUÇÃO A arborização é um importante componente do sistema urbano, devido à sua benéfica influência na melhoria da qualidade de vida dos moradores das cidades. Esses benefícios são representados pela melhoria climática (as árvores interceptam, refletem, absorvem e transmitem radiação solar, melhorando a umidade e temperatura do ar, a ação do vento e a circulação do ar no ambiente urbano) e redução de poluição (as árvores no ambiente urbano têm considerável potencial de remoção de partículas do ar e poluentes químicos da atmosfera). Benefícios adicionais são representados pela redução de ruídos e melhoria do aspecto visual das cidades. Isto tudo resulta em bem-estar físico e mental dos cidadãos. Atuando como agentes promotores destas melhorias, as árvores urbanas podem estar sendo submetidas a algum tipo de situação que pode levá-las ao estresse, tornando-as, com isso, mais suscetíveis a danos mecânicos e fisiológicos. Pode-se citar, dentre outras, as condições de plantios em solos alterados pela presença de resíduos resultantes de obras urbanas, que modificam suas propriedades físicas, químicas e biológicas; a impermeabilização e a compactação do solo, causadas pela pavimentação e, também, a presença de edificações de grande porte influenciando na luminosidade disponível e na direção e velocidade dos ventos. Adicionalmente aos fatores relacionados, uma outra situação apresenta-se como um fator que afeta negativamente a vida das árvores urbanas: a infestação pela planta parasita chamada erva-de-passarinho. Erva-de-passarinho é o nome genericamente empregado para designar as plantas escandentes (trepadeiras) da família botânica das lorantáceas (Loranthaceae). São assim conhecidas por estarem associadas ao costume alimentar de aves, que consomem os seus frutos e são consideradas as principais agentes de dispersão das suas sementes. A erva-de-passarinho parasita desde arbustos a arvoretas e árvores de ruas, praças, jardins e pomares. Fixa-se nos galhos e troncos da planta hospedeira, onde se desenvolve vigorosamente e ocupa partes localizadas ou quase a totalidade da copa. Através da emissão de raízes especiais (haustórios) que atravessam a casca
  • 17. 2 do hospedeiro, a erva-de-passarinho retira dele água e sais minerais, elementos vitais para a sua sobrevivência. Ao desenvolver-se sobre o hospedeiro a erva-de- passarinho independe de um contato com o solo, sendo, na maioria dos casos, parasita de ramos. Sendo uma planta hemiparasita (parcialmente parasita), além de se beneficiar pela absorção de elementos minerais da planta hospedeira, através do seu sistema radicial transformado em órgão de aderência e absorção, realiza também a fotossíntese, por possuir folhas normais, providas de estômatos e clorofila, metabolizando substâncias orgânicas para o seu desenvolvimento. Estas características certamente contribuem para a sua grande capacidade de proliferação e a torna muito resistente à erradicação. A infestação pela erva-de-passarinho pode ser considerada um fator relevante a ser monitorado pois, se em desequilíbrio, compromete a arquitetura das árvores, interfere potencialmente no vigor das árvores e, ainda, prolifera-se com facilidade, o que pode comprometer todo um programa de arborização. Deve-se ressaltar, contudo, que estas plantas ocorrem naturalmente em florestas nativas, fazendo parte do ecossistema natural. Os diferentes gêneros e espécies de plantas parasitas da família Loranthaceae são genericamente conhecidas por erva-de-passarinho no Brasil, gui no idioma francês, mistletoe no idioma inglês e muérdago no idioma espanhol. O uso consagrado na literatura especializada do termo parasita quando se refere à erva- de-passarinho estabeleceu a continuidade do seu emprego neste trabalho. Além do nome comum erva-de-passarinho, as lorantáceas são comumente denominadas de: enxêrco-de-passarinho, enxêrco, esterco-de-jurema, guirá-poti, oerá-repoti, passarinheira, tem-tem, têu-poteíba, tetipoteira, uirá-repoti, visgo, erva- passarinha, erva-passarinheira, enxerto-de-passarinho, excremento-de-passarinho, guirarepoti, erva-de-passarinho-de-folha-grande, erva-de-passarinho-miúda. JUSTIFICATIVA Tendo em vista observar-se em Curitiba uma tendência crescente de infestação por erva-de-passarinho na arborização urbana e as informações
  • 18. 3 referentes ao assunto estarem, ainda, praticamente desconhecidas da população em geral e dos meios acadêmicos, optou-se por estudar alguns dos componentes que envolvem esta problemática. Para isso os plantios urbanos existentes estabeleceram o ponto de partida para as observações. No contexto da arborização pública considerou-se o Passeio Público de Curitiba um local representativo para o estudo da relação árvore urbana e infestação por erva-de-passarinho, pelo fato de aí se apresentar um quadro favorável a este tipo de inferência: elevado índice de infestação, vegetação submetida às condições estressantes do ambiente urbano e, além disso, composição florística com algumas das espécies de árvores mais usadas na arborização de ruas e praças de Curitiba. Como hipóteses do trabalho considerou-se que: a) na arborização urbana as espécies arbóreas nativas são mais suscetíveis de infestação por erva-de- passarinho do que as espécies arbóreas exóticas, por se constituírem em fonte natural de alimento para as aves e, b) a dispersão da erva-de-passarinho é pouco influenciada pela composição florística e distribuição espacial das espécies. OBJETIVOS Considerando-se a necessidade da identificação de aspectos básicos da relação erva-de-passarinho x hospedeiro que possam ser utilizados numa estratégia preventiva, visando o seu controle, objetivou-se, com este estudo: • caracterizar as espécies de erva-de-passarinho que parasitam as árvores da arborização urbana de Curitiba e, em particular, do Passeio Público de Curitiba através da elaboração de chave prática de reconhecimento; • avaliar a seletividade de infestação entre espécies de erva-de- passarinho e árvores infestadas, visando identificar grupos de espécies arbóreas mais suscetíveis de infestação; • apresentar um manual prático para identificação, através de características macromorfológicas, das espécies de erva-de-passarinho que ocorrem no Passeio Público, incluindo outras espécies identificadas em Curitiba e Região Metropolitana;
  • 19. 4 • analisar os agentes dispersores responsáveis pela disseminação da erva-de-passarinho na região de Curitiba - PR; • verificar possíveis correlações entre variáveis dendrométricas das árvores inventariadas e a presença de erva-de-passarinho; • caracterizar o tipo de distribuição da erva-de-passarinho na área de estudo; • desenvolver um Sistema Geográfico de Informações (SIG), que permita consultas a um Banco de Dados associado, em ambiente computadorizado. ESTRUTURA DO TRABALHO A estrutura do trabalho em capítulos seguiu uma seqüência de apresentação coerente com a seqüência desenvolvida nas etapas de coleta e análise dos dados. No capítulo 1 é apresentada uma caracterização geral da área de estudo com a respectiva metodologia de coleta de dados. No capítulo 2, como primeiro resultado e a partir do qual outros resultados foram sendo gerados, é apresentado o diagnóstico da área do Passeio Público de Curitiba, PR. Originado do levantamento da vegetação arbórea, foram identificados aspectos qualitativos e quantitativos da vegetação arbórea do local, dos quais resultaram os dados que geraram os capítulos subseqüentes, por si independentes. O capítulo 3 trata dos aspectos de reconhecimento prático das diferentes espécies de erva-de-passarinho que ocorrem na área estudada e região metropolitana de Curitiba. Através de montagem de chaves práticas de reconhecimento enriquecidas por imagens fotográficas das espécies, é apresentado um manual de identificação de ervas-de-passarinho que ocorrem nas áreas observadas em Curitiba. No capítulo 4 são abordados aspectos relacionados à disseminação das sementes de erva-de-passarinho pelos seus principais agentes dispersores, como um componente para o entendimento do processo de proliferação e distribuição espacial da erva-de-passarinho através da vegetação arbórea do Passeio Público e, possivelmente, da arborização urbana em geral.
  • 20. 5 No capítulo 5 é analisada a correlação entre variáveis dendrométricas que possuam potencial relação com a presença da erva-de-passarinho e desenvolvida uma análise da distribuição espacial das árvores do Passeio Público com a infestação pela erva-de-passarinho. São investigados os modelos em conglomerados, casualizado e regular. Para tanto utilizou-se da localização de cada indivíduo, georreferenciado no espaço, que levou ao desenvolvimento de um Sistema de Informações Geográficas (SIG) para o Passeio Público de Curitiba. A cada árvore localizada no mapa base da distribuição espacial geral das árvores (capítulo 3) foi associada uma linha de um Banco de Dados Relacional, que contém informações qualitativas e quantitativas (espécie, família, origem, grau de infestação, altura, diâmetro de copa e diâmetro à altura do peito), que permitem consultas sobre a dinâmica de infestação. No capítulo 6 são apresentados os métodos de controle da erva-de- passarinho comumente encontrados na literatura. Procura ressaltar os aspectos danosos que a infestação incontrolada pode representar para a arborização urbana em geral, bem como a ameaça potencial que representa para os plantios comerciais de Pinus e Eucalyptus. Como um desfecho de todas as análises realizadas nos outros capítulos, é apresentada uma estratégia de manejo da erva-de-passarinho no ecossistema. Como estrutura do trabalho são apresentadas conclusões relativas a cada capítulo e, ao final do trabalho, são apresentadas conclusões gerais envolvendo os aspectos abordados. Recomendações gerais, baseadas em observações pessoais, são igualmente acrescentadas e indicadas como potenciais estudos a serem desenvolvidos, para o melhor entendimento do processo de infestação pela erva-de- passarinho.
  • 21. 1.1 INTRODUÇÃO O Passeio Público da cidade de Curitiba, situado no perímetro urbano central da cidade (FIGURA 1.1), foi criado em 2 de maio de 1886 por Alfredo D'Escragnolle Taunay, na época Presidente da Província, que decidiu transformar a área de banhado periodicamente inundável, às margens do rio Belém, em um logradouro público. A origem do Passeio Público de Curitiba é, portanto, resultante de um processo de recuperação de uma área que hoje se denominaria como área marginal. Assemelha-se em sua estrutura física atual à estrutura de praças ou jardinetes, por possuir uma composição florística derivada de plantio programado de diferentes espécies de árvores, arvoretas e arbustos em recantos entrecortados por caminhos asfaltados, mas apresenta, em seu aspecto visual, uma fitofisionomia à semelhança de uma reserva nativa, por causa de sua vegetação adensada distribuída num espaçamento irregular entre árvores. Com uma área de 69.285 m2 (6,9 ha),o local apresenta no seu entorno um intenso e pesado trânsito, formado por transporte coletivo, caminhões e carros de passeio, entre outros de menor significado, que se processa ininterruptamente. As características mais comuns do ambiente adverso da cidade, tais como poluição do ar, revestimentos impermeabilizantes do piso, pouca terra vegetal disponível, dificuldades de rega e de manutenção, riscos de mutilações incessantes, déficit nutricional e compactação do solo estão presentes e condicionam a fitopaisagem do local. 1.2 ÁREA DE ESTUDO O Passeio Público de Curitiba está situado no Município de Curitiba, Estado do Paraná, na região Sul do Brasil.O Município de Curitiba está localizado na latitude 25° 25'04"S e longitude 49° 14'30" W (MAACK, 1968), a uma altitude de 947 m s.n.m. (EMBRAPA -CNPF,1988). Possui uma área de 438,8 Km2 (ARAUJO, 1994), dos quais 432 Km2 são considerados legalmente como zona urbana (FUPEF/FBCN,
  • 22. 7 1994), já que a cidade ocupa praticamente toda a área (MILANO, 1992), compreendida pelos seus 75 bairros (IPPUC, 1998). Curitiba possui, hoje, cerca de 80,7 km2 de área verde, compreendendo bosques públicos e particulares, praças e arborização viária, colocando a cidade entre as mais arborizadas do Brasil (PREFEITURA MUNICIPAL DE CURITIBA, 1999)·. o clima local é o Cfb de Kõppen, com temperatura média anual de 16,5 o C, a média do mês mais frio de 12,6 o C e a média do mês mais quente de 20,1 0 C; número médio e máximo de 10,7 a 33 geadas por ano, respectivamente; precipitação anual de 1.413 mm (EMBRAPA- CNPF, 1988). FIGURA 1.1 - LOCALlZAÇAO DA AREA DO PASSEIO PÚBLICO NA AREA CENTRAL DA CIDADE DE CURITIBA Fonte: COMEC, 2000. • PREFEITURA MUNICIPAL DE CURITIBA. SECRETARIA MUNICIPAL DE COMUNICAÇAO SOCIAL. Satélite mostra 55 m' de área verde por pessoa em Curitiba. Curitiba. Agência de Noticias, 216/1999.
  • 23. 8 1.2.1 VEGETAÇÃO Apresentando uma massa verde exuberante e bem delineada nos seus contornos, a composição florística arbórea da área é constituída por árvores nativas e exóticas, formando estratos diferenciados. Estima-se existirem exemplares que ultrapassam os 90 anos de idade, ainda remanescentes da época da sua inauguração. Característica marcante da vegetação local é a presença de numerosos e antigos exemplares de grande porte de plátanos (Platanus x acerifotia), que constituem um referencial incorporado à história do Passeio Público e de Curitiba. Contribuem para a exuberância do local, exemplares de tipuanas (Tipuana tipü), jacarandás-mimosos (Jacaranda mimosaefolia), alfeneiros (Ligustrum lucidum), casuarinas (Casuarina equisetifolia), ciprestes (Cupressus sp.), eucaliptos (Eucalyptus spp.) e canforeiros (Cinnamomum camphora), igualmente de grande porte. A relação das espécies arbóreas que compõem a florística do Passeio Público de Curitiba consta no ANEXO 1.1. 1.2.2 INFRAESTRUTURA O Passeio Público de Curitiba apresenta uma infraestrutura constituída por diversos equipamentos e recantos, dentre os quais: lagos, ilhotas artificiais, playground, restaurante e lanchonete, sanitários públicos, sede administrativa e um sistema de arruamento interno utilizado na prática de jogging e caminhadas. Possui, também, um pequeno zoológico com aves e outros animais de pequeno porte. Servindo como local de recreação e lazer, configura uma forte integração da população com a área. Esta estrutura de espaço construído intercalado por áreas de vegetação, que estabelecem delimitações bem diferenciadas, originou a configuração da metodologia de divisão em diferentes setores de trabalho para as observações e coletas de dados. 1.3 METODOLOGIA Para o levantamento qualitativo e quantitativo das espécies arbóreas que compõem a vegetação do Passeio Público e das espécies de erva-de-passarinho que ocorrem no local, foram estabelecidos os seguintes procedimentos:
  • 24. 9 1.3.1 DIVISÃO DA ÁREA EM SETORES DE TRABALHO Para o diagnóstico da vegetação do Passeio procedeu-se a divisão da área total em setores de coleta de dados (FIGURA 1.2), definidos com base na estrutura delineada pelos diferentes recantos internos, constituindo um mosaico de 51 pequenas áreas com tamanhos, formas e composições florísticas diferentes. A definição dos diferentes segmentos possibilitou a implantação de uma metodologia simples e funcional para a coleta das informações objetivadas no trabalho. Considerando todos os indivíduos arbóreos a partir de 1,30 m de altura, foi efetuado o censo de todas as árvores do Passeio Público. Estas árvores foram localizadas espacialmente no campo através de coordenadas de localização, cadastradas em fichas e observadas individualmente. 1.3.2 LOCALIZAÇÃO ESPACIAL DAS ÁRVORES NO CAMPO As árvores foram codificadas em campo através de um código de localização. Para a localização das árvores em cada setor foi estabelecida uma linha mestra ou eixo de referência, definida no sentido do maior comprimento da área de cada setor e passando pelo seu meio ou pela sua lateral (dependendo do formato da área do setor). O eixo de referência foi graduado por meio de trenas de 50 metros de comprimento estendidas no chão. Estabeleceu-se a graduação inicial do eixo (ponto 0) coincidente com um marco zero de referência, específico para cada setor, definido previamente em função de uma característica referencial permanente (início de cerca, muro, entrada do Passeio, etc.). Na medida do caminhamento pela linha mestra cada árvore foi localizada no sentido perpendicular ao eixo, à direita ou à esquerda, medindo-se a distância de seu afastamento por meio de contagem de passos, aferidos previamente. O método usado apresentou eficiência e rapidez de execução. Desta forma cada árvore recebeu um código de localização, a exemplo da árvore 7, aroeira 16 E 5 (FIGURA 1.3): a árvore aroeira, de um determinado setor, foi localizada a 16 metros do marco zero, 5 metros à esquerda em ângulo reto com a linha mestra.
  • 25. 10 FIGURA 1.2 - DIVISÃO DA ÁREA DO PASSEIO PÚBLICO DE CURITIBA EM 51 SETORES DE COLETA DE DADOS. ~~~,r-----------~------------T-----------~T-----------~r----í~~~~ ~86"" 1----+7 Legenda • Setoras de coleta de dados • Lagos • Cfrculacilo de pessoas ~~~------i-------------t---~~8~ '7-1"" 30.0 O rr---- ---------+------1 ~86"" -'r---t-----j ~8fl'O' --------1 ~66'0' 30.0 60.0 90.0 120.0 m i Escola 1/3000
  • 26. 11 FIGURA 1.3 - LOCALIZAÇÃO ESPACIAL DAS ÁRVORES NO CAMPO. .. • Matco o (zero] - ~e~~r0 1 6E5- - ' lImlle do setor G 5equ ê nc!o d e IOCOllZoçOO elOS 6rvores Em área com formato irregular a linha mestra foi estabelecida atravessando pelo meio o local em seu maior comprimento, dividindo-a em duas partes aproximadamente iguais. 1.3.3 COLETA DE DADOS E MATERIAL BOTÂNICO Os dados coletados foram: número da observação, nome popular da árvore, coordenada de localização, altura (H), circunferência à altura do peito (CAP), diâmetro de copa (DC) e presença ou ausência de erva-de-passarinho, sua espécie e nível de infestação. O equipamento utilizado para a medição das alturas foi o Hipsômetro de Blume-Leiss; as medidas de circunferência (CAP) foram tomadas por meio de fita métrica e posteriormente transformadas matematicamente para diâmetro (DAP). O diâmetro de copa foi estimado tomando como base a projeção radial média das extremidades dos ramos, tomada em quatro sentidos. A coleta de material botânico das árvores foi efetuada com o uso de podões e tesouras de poda; o material coletado foi prensado, seco e montado em exsicatas de trabalho (material estéril). Para a identificação botânica das espécies arbóreas foram consultados professores especialistas do Curso de Engenharia Florestal da Universidade Federal do Paraná e consultado o acervo botânico do herbário desta instituição. Na coleta de material botânico de erva-de-passarinho utilizou-se, como uma necessidade devido à localização das parasitas nas partes mais altas da copas das árvores, um caminhão Munck (FIGURA 1.4). O mesmo tipo de equipamento foi
  • 27. 12 também utilizado para a coleta da madeira das árvores mais infestadas para observação da penetração do haustório no lenho do hospedeiro. As diferentes espécies de erva-de-passarinho foram identificadas por meio de consultas aos herbários do Museu Botânico Municipal da Prefeitura Municipal de Curitiba e do Departamento de Botânica do Curso de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Paraná. Como mais um meio auxiliar para a identificação considerou-se observações comparativas de literatura especializada. FIGURA 1.4 - EQUIPAMENTO (CAMINHA0 MUNCK) UTILIZADO NA COLETA DE MATERIAL DE ERVA-DE-PASSARINHO. 1.3.4 AVALIAÇÃO DA INFESTAÇÃO DA ERVA-DE-PASSARINHO Para a avaliação do nível de incidência de erva-de-passarinho foram atribuídos índices variando entre O e 3, em função das diferentes intensidades de infestação em relação à área de copa afetada, considerando a aparência visual da área da copa infestada e não o número de indivíduos de erva-de-passarinho por árvore. Assim, as árvores sem infestação receberam o índice O, as árvores com menos de 50% da copa infestada receberam índice 1 (um), aquelas com intensidade
  • 28. 13 igual ou superior a 50% índice 2 (dois) e, aquelas com copa totalmente infestada (100%), índice 3. 1.3.5 BANCO DE DADOS SOBRE AS ÁRVORES E AS ERVAS-DE-PASSARINHO Uma carta base foi elaborada numa primeira etapa, por meio da digitalização dos dados de localização das espécies de árvores anteriormente identificadas e cadastradas, utilizando-se do programa AUTOCAD (r14). Isto permitiu a visualização da distribuição espacial de cada árvore individual. Numa segunda etapa, através da utilização do Sistema de Informação Geográfica, nove pontos de controle foram usados para o registro da área e georreferenciamento do mapa do Passeio Público, utilizando-se do equipamento GPS diferencial GARMIN. Através da definição das coordenadas geográficas, cada árvore identificada em campo foi georreferenciada, lançada numa carta base e cadastrada, através do programa SPRING. A cada árvore foi associada uma linha na tabela de atributos e envolvendo dados de campo constituindo, assim, o banco de dados com elementos dimensionais dos hospedeiros (altura, diâmetro do tronco e diâmetro de copa) e dados quali/quantitativos da erva-de-passarinho. Isto permite consultas individuais ou setoriais para cada assunto de interesse. Para efeito de análise os dados foram codificados em: • Níveis de infestação da erva-de-passarinho: 0,1,2, e 3 sendo, 0 - sem infestação; 1 - < 50% da copa; 2- >50% da copa; 3-100 % da copa. • Infestação da árvore por espécie individual ou grupo de espécies de erva-de- passarinho: 0,1,2,3,4,5, e 6 sendo, 0 - árvore não infestada; 1 - árvore infestada por Tripodanthus acutifolius; 2 - árvore infestada por Struthanthus polyrhysus]
  • 29. 14 3 - árvore infestada por Struthanthus vulgaris; 4 - árvore infestada por T. acutifolius + S. polyrhysus; 5 - árvore infestada por T.acutifotius + S. vulgaris; 6 - árvore infestada por T.acutifotius + S. polyrhysus + S. vulgaris Origem da árvore: 1 e 2 sendo, 1 - nativa; 2 - exótica. Para efeito de cálculos, as variáveis medidas ( H, DAP, Diâmetro de Copa DC) foram classificadas em classes: 1,2 e 3, sendo, • Altura (m) • DAP (cm) • DC (m) 1 - < 10 1 -<25 1 - <6 2-10,1 < H < 17,5 2-25,1 < DAP <50 2 - 6,1 < DC <10 3 - H > 17,6 3 - D A P >50,1 3-DC >10,1 1.3.6 PÁSSAROS DO LOCAL A relação das aves citadas no trabalho foi obtida através de informações pessoais de ornitólogos do Museu de História Natural de Curitiba e de técnico especialista em aves frugívoras e, também, de consulta à literatura especializada. REFERÊNCIAS ARAUJO, M.N. de. Urban tree attitudes and comparison of three survey methods in the city of Curitiba, PR, Brazil. Michigan, 1994. 137f. Thesis Master of Science. EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. CENTRO NACIONAL DE PESQUISA DE FLORESTAS. Manual Técnico da bracatinga (Mimosa scabrella Benth.)- Curitiba: CNPF, 1988. 70p. (Documentos,20). FUNDAÇÃO DE PESQUISAS FLORESTAIS DO PARANÁ. FUNDAÇÃO BOTICÁRIO DE PROTEÇÃO À NATUREZA. Sistema integrado de amostragem para arborização de ruas. Curitiba: FUPEF-FBPN, 1994. 55p. Relatório Técnico Final.
  • 30. 15 MAACK, R. Geografia Física do Estado do Paraná. Curitiba: BADEP, 1968. 350p. MILANO, M.S.; NUNES, M. de L.; SANTOS, L.A. dos; SARNOWSKI FILHO, O.; ROBAYO, J.A.M. Aspectos quali-quantitativos da arborização de ruas de Curitiba (1991). In: CONGRESSO BRASILEIRO SOBRE ARBORIZAÇÃO URBANA, 1.; ENCONTRO NACIONAL SOBRE ARBORIZAÇÃO URBANA 4., 1992, Vitória. Anais. Vitória: SEMMAM, 1992, p. 199-210. INSTITUTO DE PESQUISA E PLANEJAMENTO URBANO DE CURITIBA. Dados demográficos por bairro. Curitiba.IPPUC, 1988. 12p.
  • 31. 16 CAPÍTULO 2: DIAGNÓSTICO DA RELAÇÃO VEGETAÇÃO ARBÓREA/ERVA-DE- PASSARINHO NO PASSEIO PÚBLICO DE CURITIBA 2.1 INTRODUÇÃO A composição florística arbórea do Passeio Público de Curitiba é caracterizada por uma grande diversidade de espécies, nativas e exóticas, que se distribuem num espaçamento irregular por toda a área e ao longo dos caminhos, lagos e recantos de lazer. Esta diversidade de espécies configura a área como um verdadeiro jardim botânico, de grande valor educativo. Os dados obtidos neste trabalho através do levantamento total do componente arbóreo com a definição da identidade botânica das árvores e parasitas e, principalmente, com a locação espacial de cada árvore e respectivas avaliações dendrométricas e identificação dos pontos de infestação, resultaram em subsídios inéditos para o conhecimento da relação entre a erva-de-passarinho e as árvores hospedeiras na área estudada. Com os resultados é possível observar-se tendências gerais que permitem sugerir medidas alternativas de prevenção da proliferação da erva-de-passarinho, podendo-se denominá-las de estratégias para o controle da erva-de-passarinho nos plantios urbanos. 2.2 METODOLOGIA Os dados coletados no campo, conforme metodologia descrita no capítulo 1, foram digitados em planilhas do programa EXCEL, de onde resultaram as análises numéricas e percentuais que se seguem. 2.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO 2.3.1 CARTA DA VEGETAÇÃO DO PASSEIO PÚBLICO Foi levantado um total de 1907 indivíduos arbóreos no Passeio Público de Curitiba. Como indivíduos arbóreos foram considerados todos os exemplares de espécies de árvores a partir de 1,30m de altura, não possuindo, necessariamente, porte arbóreo. À época do levantamento alguns dos exemplares já apresentavam condições que comprometiam a sua vitalidade, o que induziu a se considerar, para fins de análises do trabalho, um total de 1865 indivíduos arbóreos. A partir deste valor foram desenvolvidas todas as observações.
  • 32. 17 A FIGURA 2.1 mostra a carta base da distribuição espacial de todas as árvores inicialmente levantadas (1907), infestadas e não infestadas, fornecendo uma imagem da densidade da cobertura arbórea da área do Passeio Público de Curitiba. FIGURA 2.1- CARTA BASE DA VEGETAÇÃO DO PASSEIO PÚBLICO MOSTRANDO A DISTRIBUiÇÃO DAS ÁRVORES INFESTADAS E NÃO INFESTADAS, 2001 (Fonte: Pesquisa de campo) N -$- 718e;-1--~-;7'7€~T.-~~-'f.'7-"c.r-H'---t-~~""----+-------+------i "86'" "7+"· N(veís de ínfestacão das drvores Nllo inte!!tados Infeslodas 30.0 O ~---- '7+"l' '7+<" 30.0 60.0 90.0 120.0 m Escola 1/3000
  • 33. 18 2.3.2 VEGETAÇÃO DO PASSEIO PÚBLICO Foram identificadas 50 famílias de árvores, englobando 90 gêneros e 130 espécies. Os nomes populares e científicos das espécies, número de árvores por espécie e suas origens constam no ANEXO 2.1. A relação das famílias e, dentro das famílias, o número de árvores, gêneros e espécies, encontra-se no ANEXO 2.2. A população arbórea do Passeio Público de Curitiba é constituída predominantemente por árvores nativas, tanto em número de indivíduos (1127) como em número de espécies botânicas (89). As árvores nativas participam com cerca de 68% da composição florística total e, numericamente, correspondem a 60% do número total de indivíduos do local, o que dá uma aparência bastante diversificada ao local. A quantidade e a diversidade de espécies nativas se deve, possivelmente, à disseminação das sementes através da avifauna e outros animais de pequeno porte que compõem o minizoológico estabelecido na área, ou pela migração de aves de outras regiões ao local, para aí se alimentarem e/ou nidificarem. Verifica-se a ocorrência de espécies de árvores que provavelmente não foram plantadas pelas administrações do parque, podendo-se observar, também, a distribuição em reboleiras (aglomerados) em algumas espécies de pequeno porte. As árvores exóticas representam 40% do número total de indivíduos levantados e, apesar de representarem apenas 32% das espécies botânicas da vegetação do Passeio Público, destacam-se na área devido às alturas e diâmetros dominantes, caracterizando a fitofisionomia do local. Espécies como casuarina (Casuarina equisetifolia), eucalipto (Eucalyptus spp.), tipuana (Tipuana tipu) e principalmente plátano (Platanus x acerifolia), configuram a paisagem da área, já incorporada à história de Curitiba. O resultado resumido do inventário de reconhecimento da área é dado na TABELA 2.1, onde é apresentado o número de árvores e espécies que compõem a vegetação do Passeio Público, por origem e participação relativa na composição florística geral. 2.3.3 ERVAS-DE-PASSARINHO DO LOCAL ESTUDADO Três espécies de erva-de-passarinho infestam as árvores do local, tanto nativas como exóticas: Tripodanthus acutifolius (R.& Pav.) Eichl., Struthanthus
  • 34. 19 vulgaris Mart. e S. polyrhysus Mart. (ilustrações no CAPÍTULO 3, item 3.6.2.3). A relação das ervas-de-passarinho e seus respectivos hospedeiros são apresentados na TABELA 2.2. TABELA 2.1 - NÚMERO DE ÁRVORES E ESPÉCIES ENCONTRADAS NO PASSEIO PÚBLICO DE CURITIBA, POR ORIGEM E PERCENTUAL DE PARTICIPAÇÃO NA COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA TOTAL Número de indivíduos levantados Número de espécies botânicas identificadas N Total Nativas Exóticas N Total Nativas ExóticasN Total N % N % N Total N % Nu % 1865 1127 60 738 40 130 89 68 41 32 Fonte: Pesquisa de campo Observando-se estas ervas-de-passarinho, constatam-se hábito e forma diferenciados de ocupação da copa, dos galhos e do tronco do hospedeiro. Tripodanthus acutifolius e Struthanthus vulgaris desenvolvem-se tanto nas extremidades das copas (recebendo maior luminosidade) como nos troncos e galhos do interior da copa das árvores, sob condições de sombreamento. E isto tanto em árvores perenifólias como em árvores caducifólias. As características observadas destas espécies contradizem, portanto, a menção de ROCHELLE (1989), citando Engler & Krause (1935) de que: "as lorantáceas não parasitam árvores com casca espessa, muita folhagem, folhas permanentes, sombra acentuada, seiva amarga e adstringente". Para ambas as espécies de parasita estas características dos hospedeiros não são fatores limitantes no processo de infestação, conforme pode ser observado em Ligustrum lucidum (alfeneiro), altamente infestado por T. acutifolius. Esta árvore possui folhagem bastante densa e permanente. Considere-se, ainda, a presença de s. xmlgaris em exemplares de Tipuana tipu na arborização de ruas de Curitiba, espécie de árvore que apresenta casca espessa e fissurada, que exsuda, ainda, uma goma-resina avermelhada por ocasião do corte da madeira, o que poderia ser uma limitação para o desenvolvimento da parasita (FIGURA 6.1 -C).
  • 35. 2 0 Deve-se considerar, portanto, que cada espécie de erva-de-passarinho possui características fisiológicas e estruturais diferenciadas, que não podem ser generalizadas para todos os membros desta numerosa família. TABELA 2.2 - RELAÇÃO DAS ERVAS-DE-PASSARINHO DO PASSEIO PÚBLICO E SEUS RESPECTIVOS HOSPEDEIROS LOCAIS HOSPEDEIROS ERVA-DE-PASSARINHO Nome comum Nome científico T.acutifolius S.vulgaris S.polyrhysus Álamo Populus sp. X - X Alfeneiro Ligustrum lucidum X X - Bracatinga Mimosa scabrella X - - Canforeiro Cinnamomum camphora X - - Caroba Jacaranda puberula X - - Casuarina Casuarina equisetifolia X X - Chorão Salix babilónica X - - Cinamomo Melia azedarach X - - Cipreste Cupressus cf. lusitanica X - - Dedaleiro Lafoensia pacari X - - 'Desconhecidas # - X - - Eucalipto Eucalyptus cf viminalis X X - Eucalipto-cascudo Eucalyptus robusta X - - Extremosa Lagerstroemia indica X - - Ingazeiro Inga marginata X - - Jacarandá-mimoso Jacaranda mimosaefolia X X - Magnólia Magnolia grandiflora X - - Paineira Chorisia speciosa X - - Pau-incenso Pittosporum ondulatum X - - Pitangueira Eugenia uniflora X - - Plátano Platanus x acerifolia X X X Primavera Bougainuillea glabra X - - Robfnia Robinia pseudoacacia X - - Tipuana Tipuana tipu X X - Tuia Thuja sp. X - - Tungue Aleurites fordii X - - Uva-do-japão Hovenia dulcis X - - Vacum Allophyllus edulis X X X * desconhecidas # - grupo de espécies não identificadas consideradas como uma única espécie Fonte: Pesquisa de campo 2.3.4 RELAÇÃO ENTRE ÁRVORE HOSPEDEIRA E ERVA-DE-PASSARINHO 2.3.4.1 Caracterização da vegetação infestada pela erva-de-passarinho Das 1865 árvores inventariadas, 268 apresentaram algum nível de infestação por uma das três espécies de erva-de-passarinho ou mesmo por mais de uma espécie, na mesma árvore. Portanto, cerca de 14% da vegetação do Passeio Público está infestada por erva-de-passarinho. Este índice, possivelmente, representa um nível baixo de infestação, quando se analisa a população geral do local, o que implica em considerar também os indivíduos pequenos e de médio porte.
  • 36. 2 1 Ao se considerar, contudo, o estrato arbóreo composto por indivíduos de grande porte, este índice tende a aumentar, como conseqüência natural do hábito preferencial de infestação das ervas-de-passarinho em árvores dominantes. Estes aspectos são abordados no capítulo 5, onde são analisados os dados dendrométricos das árvores componentes dos diferentes extratos arbóreos e a relação com a presença, intensidade e distribuição espacial da infestação. Cerca de 22% das espécies de árvores, nativas e exóticas, que compõem o acervo botânico vivo do Passeio Público de Curitiba estão infestadas pela erva-de- passarinho. Estas espécies também são, na sua maioria, exóticas, seguindo a mesma tendência observada do número de indivíduos atacados. Assim, do total de 268 árvores infestadas, 92% referem-se às árvores exóticas, e que correspondem, por sua vez, a 67% do total de espécies infestadas (TABELA 2.3). TABELA 2.3 - NÚMERO TOTAL E PERCENTUAL DE ÁRVORES E ESPÉCIES, NATIVAS E EXÓTICAS, INFESTADAS POR ERVA-DE-PASSARINHO, NO PASSEIO PÚBLICO DE CURITIBA Árvores Levantadas Árvores infestadas Espécies levantadas Espécies infestadasÁrvores Levantadas total nativas Exóticas Espécies levantadas Total Nativas Exóticas N % N % N % N % Nu % Nu % Nu % Nu % 1865 100 268 14 22 8 246 92 130 100 28 22 10 37 18 67 Fonte: Pesquisa de campo 2.3.4.2 Espécies de árvores infestadas Das 130 espécies de árvores encontradas no Passeio Público de Curitiba, 89 são de árvores nativas. Destas, 10 espécies estão infestadas por erva-de- passarinho, o que equivale a dizer que 11% das espécies nativas do local estão com problema de infestação. Na quantidade de indivíduos infestados este percentual tende a diminuir, devido ao baixo número de indivíduos atacados (TABELA 2.4), correspondendo a 6% da população total das espécies nativas (379 indivíduos) que foram infestadas, 2% da população total de árvores nativas (1127 indivíduos) e aproximadamente 1% da população arbórea total do Passeio (1865 indivíduos). Analisando-se o conjunto de hospedeiros infestados observa-se, num primeiro grupo mais destacado, a baixa tendência de infestação apresentada pelo jacarandá-mimoso (Jacaranda mimosaefolia) e pitangueira (Eugenia uniflora), cuja representatividade de indivíduos levantados (120 e 103 indivíduos, respectivamente)
  • 37. 22 leva a julgar que estas espécies apresentam características que as tornam, senão imunes, pelo menos mais resistentes ao ataque da erva-de-passarinho do que as outras espécies. Ambas as espécies pertencem às famílias botânicas que, no geral, apresentaram esta mesma característica de resistência à infestação: Bignoniaceae e Myrtaceae (item 2.3.4.3). Um segundo grupo é formado por dedaleiro (Lafoensia pacarí) e ingazeiro (Inga marginata), que apesar de apresentarem um número expressivamente menor de indivíduos em relação às espécies anteriormente mencionadas, assim mesmo apresentaram baixo percentual de infestação em relação à população da respectiva espécie, ou seja, apenas de 14% e 7%, respectivamente. TABELA 2.4 - ESPÉCIES NATIVAS INFESTADAS: NÚMERO DE ÁRVORES TOTAL E INFESTADAS, PERCENTUAL TOTAL DE INFESTAÇÃO E NÍVEL DE INFESTAÇÃO POR NÚMERO E PERCENTUAL DE ÁRVORES, DENTRO DA ESPÉCIE. n ° A r v o r e s % GRAU DE INFESTAÇÃO ESPÉCIE TOTAL INFESTADAS INFESTAÇÃO 1 2 3ESPÉCIE TOTAL INFESTADAS INFESTAÇÃO N % N % N % Bracatinga 2 1 50 - - 1 100 - - Caroba 7 1 14 1 100 - - - - Dedaleiro 21 3 14 1 33 - - 2 67 Ingazeiro (m) 15 1 7 - - 1 100 - - Jacarandá-mimoso 120 7 6 7 100 - - - - Paineira 82 2 2 2 100 - - - - Pitangueira 103 2 2 2 100 - - - - Primavera 8 2 25 1 50 1 50 - - Vacum 10 2 20 1 50 1 50 - - * Desconhecida # 11 1 9 1 100 - - - - Total da população de sp. 379 22 6 16 60 4 27 2 13 * Desconhecidas # - Considerou-se este grupo de espécies como uma única espécie. Fonte: Pesquisa de campo Em função do baixo número de exemplares das demais espécies infestadas, nada pode ser concluído para as espécies que apresentaram percentual elevado de infestação. As espécies exóticas, por sua vez, apresentaram uma tendência geral de infestação significativamente superior à tendência observada nas espécies nativas (TABELA 2.5) Das 130 espécies de árvores levantadas 41 são exóticas, sendo que 18 espécies estão infestadas. Isto indica que 44% das espécies exóticas encontradas no Passeio Público estão atacadas pela erva-de-passarinho. O número de indivíduos atacados (246 indivíduos) corresponde a 39% em relação à população total das espécies exóticas que foram infestadas (628 indivíduos), 33% em relação à população total de árvores exóticas (738 indivíduos) e 13% em relação à população arbórea total do Passeio Público (1865 indivíduos).
  • 38. 2 3 TABELA 2.5 - ESPÉCIES EXÓTICAS INFESTADAS: NÚMERO DE ÁRVORES TOTAL E INFESTADAS, PERCENTUAL TOTAL DE INFESTAÇÃO E NÍVEL DE INFESTAÇÃO POR NÚMERO E PERCENTUAL DE ÁRVORES, DENTRO DA ESPÉCIE N° ÁRVORES % GRAU DE INFESTAÇÃO ESPÉCIE TOTAL INFESTADAS INFESTAÇÃO 1 2 3 N % N % N % Álamo 1 1 100 1 100 - - - - Alfeneiro 197 74 38 29 39 24 32 21 28 Canforeiro 4 2 50 2 100 - - - - Casuarina 33 30 91 5 17 12 40 13 43 Chorão 2 2 100 - - 2 100 - - Cinamomo 6 1 17 1 100 - - - - Cipreste 14 5 36 3 60 2 40 - - Eucalipto 22 7 32 4 57 3 43 - - Eucalipto-cascudo 15 3 20 3 100 - - - - Extremosa 38 25 66 3 12 9 36 13 52 Magnólia 50 5 10 4 80 1 20 - - Pau-incenso 119 3 2 2 67 1 33 - - Plátano 85 80 94 40 50 30 38 10 12 Robfnia 17 3 18 3 100 - - - - Tipuana 11 2 18 1 50 1 50 - - Tuia 7 1 14 - - 1 100 - - Tungue 5 1 20 1 100 - - - - Uva-do-japão 2 1 50 1 100 - - - - Total da população de sp. 628 246 39 103 42 86 35 57 23 Fonte: Pesquisa de campo Dentre as espécies exóticas, a extremosa (Lagerstroemia indica), o alfeneiro (Ligustrum luádum), a casuarina (Casuarina equisetifolia) e O plátano (Platanus x acerifolia) destacam-se em função da relação apresentada entre o número de indivíduos levantados e o número de indivíduos infestados: 66%, 38%, 91% e 94%, respectivamente. O percentual relativamente baixo de infestação do alfeneiro em relação à sua população total (197 indivíduos) é justificado pelo elevado número de exemplares de pequeno porte, sendo que os 74 exemplares infestados correspondem, na grande maioria, a indivíduos adultos. O alfeneiro é uma espécie altamente suscetível a infestação por Tripodanthus acutifolius, tanto na área estudada como na arborização de ruas (observação do autor). Em todas as árvores observadas, nas duas condições mencionadas, foram registradas somente a presença de T. acutifolius, com apenas uma exceção encontrada no Passeio Público: uma única árvore infestada com Struthanthus uulgaris. Esta tendência aponta para uma especificidade do hospedeiro em relação ao parasita. Ou seja, 7. acutifolius parasita espécies diferentes de árvores, mas
  • 39. 24 alfeneiro (Ligustrum lucidum) é parasitado quase que exclusivamente por r. acutifolius. O plátano (Platanus x acerifolia) é, igualmente, uma espécie muito suscetível à infestação por erva-de-passarinho. Dentre as espécies, o plátano foi o que apresentou o maior índice de parasitismo, tanto em número de exemplares parasitados (80 indivíduos infestados de 85 indivíduos levantados) como na diversidade de espécies de parasitas que o infestam (duas das três espécies que ocorrem no local). A casuarina (Casuarina equisetifolia) é a terceira espécie arbórea que apresenta um elevado índice de infestação (91%), observando-se, também, esta tendência em plantios urbanos de algumas praças e jardinetes, e principalmente por T. acutifolius. A característica de porte dominante das três espécies é o ponto em comum nas árvores observadas, em diâmetro de copa, diâmetro de tronco (DAP) e altura, o que equivaleria a dizer que estas árvores estão na idade madura. Por outro lado, a extremosa, que apresentou 66% dos exemplares infestados, se caracteriza por ser uma espécie de pequeno porte, mesmo quando atinge a idade madura. Assim, pode-se supor que a infestação esteja relacionada com a maturidade da árvore, que por sua vez está relacionada com o porte mais alto dentro do padrão da espécie. Isto, naturalmente, é um fator que deve ser estudado melhor dentro do padrão de desenvolvimento de cada espécie. Acrescente-se ainda, o fator de maior ou menor susceptibilidade de cada espécie, por serem constituídas de características que favorecem o processo de infestação (composição estrutural da madeira favorecendo a translocação, em maior ou menor quantidade, de seiva bruta e elaborada; pouca resistência da casca à penetração dos haustórios, etc.). Dentre as espécies pouco infestadas e, portanto, com potencial de resistência à infestação pela erva-de-passarinho, ressalta-se o pau-incenso (Pittosporum ondulatum) com 119 indivíduos levantados e apenas 3 infestados (2% de infestação). Mencione-se, ainda, a magnólia (Magnolia grandiflora) com 10% de infestação, correspondentes a 5 exemplares infestados em 50 levantados.
  • 40. 2 5 As demais espécies, exóticas e nativas, possuem pouca representatividade numérica para se concluir sobre as suas potenciais condições de resistência à infestação por erva-de-passarinho. 2.3.4.3 Famílias botânicas infestadas Considerando a possibilidade das famílias botânicas apresentarem maior ou menor tendência à infestação por erva-de-passarinho, foi montada a TABELA 2.6. Observando-se o critério da boa representatividade numérica de indivíduos levantados no campo, foram definidos três grupos de famílias: 1- famílias sem infestação: Arecaceae (100), Araucariaceae (37), Anacardiaceae (51), Melastomataceae (92) e Caesalpinaceae (79). Espécies como O jerivá (Syagrus romanzoffiana), pinheiro-do-Paraná (Araucaria angustifolia), quaresmeira (Tibouchiria sellowiana) e barbatimão (Cossia leptophyla) constituem boas opções para o controle da erva-de-passarinho, ressalvado os problemas silviculturais inerentes às espécies. A família Anacardiaceae apresenta restrições de plantio. 2- famílias pouco infestadas: Bignoniaceae (210), Bombacaceae (99), Mimosaceae (85), Fabaceae (79), Myrtaceae (223), Pittosporaceae (119) e Magnoliaceae (50). Deste grupo, Bignoniaceae e Bombacaceae são constituídas somente por espécies nativas, e o porcentual de indivíduos infestados dentro das famílias é de aproximadamente 4% e 2%, respectivamente. Pittosporaceae e Magnoliaceae, por sua vez, são constituídas somente por espécies exóticas, com um percentual de infestação correspondente a 2% e 10%, respectivamente. As famílias Mimosaceae, Fabaceae e Myrtaceae englobam espécies nativas e exóticas, não se podendo, porém, estabelecer qualquer conclusão devido ao baixo número de indivíduos por espécie encontrados na área de estudo. Dentre as espécies nativas pertencentes à família Myrtaceae, contudo, destaca-se a pitangueira (Eugenia uniflora), com 2% de infestação em 103 exemplares levantados. 3- famílias muito infestadas: Casuarínaceae (33), Platanaceae (85), Oleaceae (201) e Lythraceae (59).
  • 41. 26 As três primeiras famílias são constituídas somente por espécies exóticas e correspondem a 91%, 94% e 38%, respectivamente, de infestação dentro da família. As Lythraceae, por sua vez, composta por espécies nativas e exóticas, corresponde um percentual de 52% de infestação. TABELA 2.6 - FAMÍLIAS: ORIGEM, N° INDIVÍDUOS, INFESTAÇÃO E NÚMERO DE ESPÉCIES INFESTADAS FAMÍLIAS ENCONTRADAS ORIGEM Nu INDIVÍDUOS INFESTAÇÃO Nu ESPÉCIES FAMÍLIAS ENCONTRADAS Nativas Exóticas Total Nativas Exóticas Nativas Exóticas Nativas ExóticasFAMÍLIAS ENCONTRADAS Total Inf. Total Inf. Aceraceae - X 6 - 6 - - - - 1 - Anacardiaceae X X 51 49 2 - - 1 - 1 - Annonaceae X - 1 1 - - - 1 - - - Aquifoliaceae X - 1 1 - - - 1 - - - Araucariaceae X X 37 34 3 - - 1 - 2 - Arecaceae X X 100 80 20 - - 3 - 2 - Asteraceae X - 1 1 - - - 1 - - - Bignnoniaceae X - 210 210 - X - 6 2 - - Bombacaceae X - 99 99 - X - 2 1 - - Caesalpinaceae - Leg. X - 79 79 - - - 9 - - - Canelaceae X - 1 1 - - - 1 - - - Casuarinaceae - X 33 - 33 - X - - 1 1 Celastraceae X - 4 4 - - - 2 - - - Cupressaceae - X 21 - 21 - X - - 2 2 Cycadaceae - X 1 - 1 - - - - 1 - Erythroxytaceae X - 1 1 - - - 1 - - - Euphorbiaceae X X 9 4 5 - X 2 - 1 1 Fabaceae - Leg. X X 79 51 28 - X 2 - 2 2 Flacourtiaceae X - 1 1 - - - 1 - - - Icacinaceae X - 1 1 - - - 1 - - - Lauraceae X X 14 8 6 - X 5 - 2 1 Leguminosae X - 8 8 - - - 3 - - - Lythraceae X X 59 21 38 X X 1 1 1 1 Magnoliaceae - X 50 - 50 - X - - 1 1 Melastomataceae X - 92 92 - - - 1 - - - Meliaceae X X 20 14 6 - X 2 - 1 1 Mimosaceae - Leg. X X 85 76 9 X - 8 2 1 - Molinimiaceae X - 3 3 - - - 1 - - - Moraceae X X 28 8 20 - - 2 - 2 - Myrsinaceae _ X - 13 13 - - - 2 - - - Myrtaceae X X 223 185 38 X X 12 1 3 2 Nyctaginaceae X - 8 8 - X - 1 1 - - Oleaceae - X 201 - 201 - X - - 2 1 Pinaceae - X 2 - 2 - - - - 1 - Pittosporaceae - X 119 - 119 - X - - 1 1 Platanaceae - X 85 - 85 - X - - 1 1 Podocarpaceae X - 9 9 - - - 1 - - - Proteaceae - X 11 - 11 - - - - 2 - Rhamnaceae - X 2 - 2 - X - - 1 1 Rosaceae X X 10 1 9 - - 1 - 2 - Rubiaceae (Desc. 7) X - 6 6 - - - 1 - - - Rutaceae (Desc. 1) X X 10 9 1 - - 3 - 1 - Salicaceae - X 3 - 3 - X - - 2 2 Sapindaceae X X 25 12 13 X - 3 1 1 - Sapotaceae X - 1 1 - - - 1 - - - . Solanaceae (Desc. 3) X - 3 3 - - - 1 - - - Sterculiaceae - X 1 - 1 - - - - 1 - Taxodiaceae - X 3 - 3 - - - - 1 - Theaceae - X 2 - 2 - - - - 1 - Verbenaceae X - 5 5 - - - 1 - - - Desconhecida # (1) X - 11 11 - X - 1 1 - - Desconhecidas 6;10;16(1) X - 17 17 - - - 3 - - - Total Famdias = 50 37 29 1865 1127 738 8 14 89 10 41 18 (1) - Desconhecidas 6,10,16 e desconhecidas # não entraram no total das famílias identificadas. Fonte: Pesquisa de campo.
  • 42. 2 7 Do total de 50 famílias classificadas, 22 foram infestadas por erva-de- passarinho. Destas, 8 correspondem a famílias de espécies nativas infestadas e 14 a famílias de espécies exóticas. 2.4 CONCLUSÕES Considerando os dados obtidos no campo, as observações pessoais, as informações de terceiros, as comunicações pessoais e as informações de literatura, pode-se estabelecer as seguintes linhas de conclusões e recomendações: - Apesar da predominância numérica e específica da vegetação nativa no Passeio Público de Curitiba as espécies exóticas foram significativamente as mais atingidas pelo parasitismo da erva-de-passarinho. Por isso, deve-se considerar esta tendência na escolha das espécies a serem utilizadas nos plantios da cidade; - Devido à grande diversidade de hospedeiros infestados, ao potencial de reprodução (grande produção de flores e frutos atrativos para os agentes dispersores), à facilidade de proliferação (desenvolve-se sob as mais diferentes condições) e à intensidade do parasitismo (quantidade e dimensões da parasita) apresentado por Tripodanthus acutifolius, torna-se prioritário o controle e a erradicação desta parasita em relação às demais espécies de erva-de-passarinho. - O alfeneiro (Ligustrum lucidum) é altamente suscetível à infestação por r. acutifolius. Enquanto não se identificar um meio eficiente para o controle desta parasita, deve-se evitar o seu plantio na arborização urbana, pois se constitui em foco de disseminação para outras espécies. - Da mesma maneira que a espécie anterior, deve-se evitar o plantio da casuarina (Casuarina equisetifolia), que apresenta alto índice de infestação pela Tripodanthus acutifolius no Passeio Público e também em outros logradouros públicos de Curitiba (observação pessoal). - O plátano (Platanus x acerifolia) é altamente infestado por ervas-de- passarinho, principalmente T. acutifolius, no Passeio Público. Como é uma espécie de utilização mais restrita na arborização pública, deve-se monitorar os plantios existentes para evitar que se transformem em foco de disseminação.
  • 43. 28 - Considerando a tendência de resistência à infestação por erva-de- passarinho apresentada por espécies da família Bignoniaceae (já utilizadas na arborização urbana), deve-se priorizar a utilização destas espécies na arborização em geral. - A família Arecaceae (família das palmeiras), representada no local por 80 indivíduos nativos e 20 indivíduos exóticos, não apresentou no local estudado um único exemplar infestado, constituindo-se numa boa opção de utilização na arborização urbana, principalmente com vistas ao paisagismo e alimentação da avifauna urbana. - Pau-incenso (Pittosporum ondulatum) e pitangueira (Eugenia uniflora) são espécies resistentes à infestação e apresentam características silviculturais (porte, arquitetura de copa, etc.) que as recomendam para o plantio mais intenso na arborização urbana, principalmente quando se visa o controle da erva-de- passarinho. - Tripodanthus acutifolius, Struthanthus polyrhysus e S. uulgaris foram três espécies de erva-de-passarinho identificadas na arborização arbórea do Passeio Público de Curitiba. São, também, as mais comuns da arborização urbana em geral. - Tripodanthus acutifolius predomina no local, infestando várias famílias botânicas, tanto de árvores nativas como de árvores exóticas, não demonstrando seletividade de hospedeiro. Parasita, contudo, com maior freqüência e de maneira absolutamente predominante, as árvores de espécies exóticas, mesmo aquelas que, aparentemente, não se configuram como fontes de alimentação para as aves, seus principais agentes dispersores. Em relação às duas outras espécies presentes no local apresenta uma forma de infestação mais agressiva, tanto em relação ao número de indivíduos atacados como na maneira de proliferação pelo tronco, galhos e copa do hospedeiro. Este caráter se acentua, ainda, pela diversidade de hospedeiros que parasita. - Struthanthus vulgaris é a segunda espécie de erva-de-passarinho mais presente no local. Sua presença, contudo, está mais afeta à diversidade de espécies de árvores que parasita do que ao número de indivíduos infestados.
  • 44. 29 - Das poucas espécies arbóreas infestadas por Struthanthus polyrhysus no local, o plátano (Platanus x acerifolió) constitui-se no hospedeiro preferencial da espécie.
  • 45. 30 CAPÍTULO 3: RECONHECIMENTO PRÁTICO DA ERVA-DE-PASSARINHO 3.1 INTRODUÇÃO Atualmente é possível observar-se uma tendência generalizada de infestação por erva-de-passarinho na arborização urbana de Curitiba, em torno de 300.000 árvores plantadas (ZILIOTTO et ai, 1999; PMC/SMCS, 1999*), estimando-se que 30% das árvores da arborização das vias públicas de Curitiba estejam infestadas por suas diferentes espécies (MOTTA, 1995; PREFEITURA MUNICIPAL DE CURITIBA, 1999, relatório interno). Este quadro é, em geral, desconhecido, a começar por seus conceitos básicos: o que vem a ser erva-de-passarinho e a possível conseqüência de sua presença nas árvores. Quando eventualmente conhecido, o conceito sobre o que é erva-de-passarinho engloba, equivocadamente, diferentes espécies de plantas, dentre as quais algumas epífitas comumente encontradas nos troncos e galhos de árvores da arborização urbana. Por outro lado, os efeitos debilitadores que a ação do parasitismo da erva-de-passarinho possa representar para as árvores são pouco ou nada considerados. De maneira geral sua presença nas copas das árvores parece ser considerada um componente natural do sistema urbano de arborização. Este enfoque tem sua justificativa quando se considera a bonita característica visual apresentada pela espécie de erva-de-passarinho mais comum na arborização de Curitiba, Tripodanthus acutifotius, desenvolvendo-se sobre alfeneiro (Ligustrum lucidum - O/eaceae). O crescimento em forma de ramos longos pendentes empresta belo efeito visual à planta hospedeira, confundindo-se com a sua estrutura de copa e dando-lhe o aspecto de um "chorão". Seu florescimento intenso, exalando um perfume agradável semelhante ao da planta conhecida como dama-da-noite (Cestrum noturnum - Solanaceae) e a grande produção de frutos contribuem, ainda, para a composição deste cenário, do agrado da população urbana. Com isso geram- se dificuldades de aceitação popular para os necessários tratamentos de controle ou erradicação. Mesmo que apresente bonito efeito visual e possa ser considerada componente do ecossistema urbano, a erva-de-passarinho precisa ser devidamente 'PREFEITURA MUNICIPAL DE CURITIBA. Secretaria Municipal de Comunicação Social - Agência de Notícias, 19/07/1999.
  • 46. 31 monitorada e controlada, ou mesmo removida quando a população desta parasita atinge níveis preocupantes de disseminação. 3.2 SISTEMÁTICA DA FAMÍLIA As ervas-de-passarinho parasitam desde monocotiledôneas (RIZZINI, 1951) a árvores frutíferas (CORRÊA, 1931; ACCORSI, 1978; VENTURELLI, 1981b; ROCHELLE & ALMEIDA, 1989), ornamentais (VENTURELLI, 1981b; ROCHELLE & ALMEIDA, 1985; 1989) e florestais coníferas e folhosas (VENTURELLI, 1976; VENTURELLI, 1981b; COLLAZO et ai, 1982; HARRIS, 1992). Todas as espécies de erva-de-passarinho pertencem à família Loranthaceae, que reúne cerca de 40 gêneros (JOLY, 1975; RIZZINI, 1978 b; VENTURELLI, 1980a) e 1500 espécies (RIZZINI, 1968; RIZZINI, 1978b; VENTURELLI, 1980a), agrupados nas subfamílias Loranthoideae e Viscoideae (RIZZINI, 1956; RIZZINI, 1968; RIZZINI, 1978 b; VENTURELLI, 1980b). Segundo RIZZINI (1952b), no Brasil os seguintes gêneros representam a subfamília Loranthoideae: Phrygilanthus (Tripodanthus), Struthanthus, Phthirusa, Psittacanthus, Psathyranthus, Furarium, Oryctanthus e bcocactus. A subfamília Viscoideae é representada por: Phoradendron, Dendrophthora, Ixidium, Antidaphne, Bremolepis e Eubrachion. Poucas espécies são terrestres (VENTURELLI, 1976; RIZZINI, 1952 b) e autotróficas (SCHULTZ, 1961; RIZZINI, 1952b), sendo provável que estas se liguem às raízes de outras plantas ('Engler e Krause, 1935, citados por VENTURELLI, 1976). Desligam-se, eventualmente, ao atingirem idade e porte maior (**Eichler, 1868 citado por SCHULTZ, 1961). No Brasil as espécies com estas características são Tripodanthus acutifolius (R. & P.) Tiegh. (sin.-.Phrygilanthus acutifolius (R.&P.) Eichl.) (RIZZINI, 1952 b; MORRETES & VENTURELLI, 1985), mesmo que de forma ocasional (RIZZINI, 1952b; RIZZINI, 1968) e Eremolepis glaziovii Engl. (KRAUSE, 1922; RIZZINI, 1952b; VENTURELLI, 1976). A FIGURA 3.7 ilustra a forma autotrófica de Tripodanthus acutifolius. * ENGLER, A.; KRAUSE, K. Loranthaceae. In: ENGLER, A.;PRANTL, K. Die natürlichen pflanzenfamilien. Leipzig, Verlag von Wilhelm Engelman, 1935. p. 89-203. ** EICHLER, G.A. Loranthaceae. In: MARTIUS, K.F.P. Flora brasiliensis. Leipsig, Frid. Fleischer in Comm., v.5, pars II, 1866-1868, p. 1-135
  • 47. 32 SCHULTZ (1961) relata, ainda, a ocorrência de Struthanthus concinnus Mart. no Rio Grande do Sul, com porte arborescente e tronco de cerca de 10 cm de diâmetro, enraizada na terra, talvez estabelecendo um parasitismo subterrâneo com plantas vizinhas. 3.3 A ERVA-DE-PASSARINHO NO BRASIL No Brasil muito já se escreveu sobre a erva-de-passarinho. Na sua maioria os trabalhos tratam sobre sistemática de família e características botânicas descritivas, levantamentos botânicos, alguns estudos farmacológicos e, mais recentemente, estudos morfo-anatômicos, ontogenéticos e embriológicos. O enfoque de controle é praticamente inexistente, sendo este, atualmente, o assunto de principal interesse, principalmente pelos órgãos municipais de administração responsáveis pela manutenção da arborização pública, tendo em vista o vigor de propagação desta parasita no âmbito das grandes cidades brasileiras. No histórico de pesquisa sobre a família Loranthaceae, o trabalho de Eichler (1866-68) forneceu, segundo VENTURELLI (1976) a base para a taxonomia da família no Brasil. No ANEXO 3.1 é apresentado um resumo cronológico sobre os estudos desenvolvidos com espécies de erva-de-passarinho nas condições brasileiras. Na década de 20 pouco se conhecia da família Loranthaceae do sul do Brasil quando KRAUSE (1922), especialista em Rubiaceae e Loranthaceae do Museu Botânico de Berlim, publicou sua contribuição para o conhecimento desta família do Brasil Meridional. Neste trabalho o autor relata sobre o material botânico coletado por Hoehne e outros pesquisadores no período de 1900 a 1920 em diversas localidades de São Paulo, Minas Gerais e Maranhão, numa breve comunicação de ocorrência geográfica. Estudo farmacológico foi desenvolvido por PECKOLT & YERED (1933/34) com Struthanthus marginatus, no qual são apresentados resultados de componentes químicos e comentários sobre propriedades e indicações terapêuticas. Ainda neste período CORRÊA (1931) ressalta as características prejudiciais da parasita s. àtricola para os laranjais.
  • 48. 33 A ação danosa de Psittacanthus dichrous sobre cajueiros em Recife é descrita por SETTE (1942) que, por outro lado, apresenta sua possível ação terapêutica no tratamento da hipertensão arterial (SETTE, 1947). Na década de 50 diversos trabalhos foram desenvolvidos principalmente por RIZZINI (1950a,b; 1951; 1952a,b; 1956). Dentre estes trabalhos, que envolvem aspectos botânicos e sistemáticos da família Loranthaceae em caráter amplo e descritivo, encontra-se o relato pioneiro de parasitismo de Loranthaceae sobre monocotiledôneas. Neste mesmo enfoque genérico o relato da ocorrência de Lorantáceas no Rio Grande do Sul (CONILL, 1954) e em Santa Catarina (REITZ, 1959) constituíram, também, contribuições deste período. No período dos anos 60/70 grandes contribuições ao conhecimento da família Loranthaceae foram dadas por diversos autores, dentre os quais destacam-se RIZZINI (1961, 1968, 1971,1972, 1976a,b, 1978b), CORRÊA (1969) e VENTURELLI (1976). Como um trabalho de referência no assunto, RIZZINI (1968) descreve a família da erva-de-passarinho no Estado de Santa Catarina e apresenta dados de distribuição geográfica, características botânicas e ilustrações das espécies. Aspectos morfo-anatômicos, ontogenéticos e embriológicos foram os principais estudos desenvolvidos na década de 80 por VENTURELLI (1980a,b, 1981a,b,1983, 1984a,b,c) e VENTURELLI & KRAUS (1988, 1989) no Estado de São Paulo, envolvendo, principalmente, Struthanthus uulgaris. Poucos trabalhos mais recentes tratam, além de relatos sobre levantamentos de floras regionais, sobre aspectos relacionados ao controle da erva-de-passarinho [FERREIRA et al. (1997;, ZILIOTTO et al. (1999) e MOTTA (1995, relatório interno)] e envolvendo, principalmente, Trípodanthus acutifolius, uma das espécies que mais atacam as árvores da arborização urbana de Curitiba, Paraná. O gênero Struthantus é o mais estudado nas condições brasileiras, devido, principalmente, à ação sobre culturas de importância econômica (frutíferas, ornamentais, etc). Representa, para as condições brasileiras, o mesmo que o gênero Phoradendron nos Estados Unidos e o gênero viscum para os europeus. Struthanthus uulgaris constitui-se na espécie mais estudada, onde diversos autores contribuíram para o conhecimento sobre seus componentes biológicos e fisiológicos.
  • 49. 34 Alguns estudos foram especificamente desenvolvidos no ramo da terapêutica, envolvendo Phoradendron crassifolium, Struthanthus flexicaulis, Struthanthus rotudinfolius, Loranthus americanus (atualmente Psittacanthus dichrous), Phoradendron latifolium (atualmente Phoradendron piperoides), Phthirusa theobromae, Psittacanthus dichrous, Struthanthus marginatus e aspectos bioquímicos de Struthanthus vulgaris. 3.4 ESPÉCIES DE ERVA-DE-PASSARINHO QUE OCORREM EM CURITIBA Segundo MOTA (1995) e PREFEITURA...(1999) foram detectadas sete espécies de erva-de-passarinho na arborização da cidade, reunidas em quatro gêneros, todos pertencentes à família Loranthaceae. Duas destas espécies (Psittacanthus sp. e Phoradendron piperoides (H.B.K.) Nutt.) são de ocorrência muito rara em Curitiba (HATSCHBACH, 2001, comunicação pessoal), e não foram encontradas nas áreas indicadas como presentes, sendo, portanto, desconsideradas nas ilustrações fotográficas, entrando, contudo, na montagem das chaves de identificação. Considerando o material botânico encontrado no Passeio Público, em outras áreas da cidade e na região de Colombo, neste trabalho são apresentadas cinco espécies de erva-de-passarinho, agrupadas nas duas subfamílias que ocorrem no Brasil: Loranthoideae Engl. e Viscoideae Engl. • Subfamília LORANTHOIDEAE Engl. -> Tripodanthus acutifolius (Ruiz & Pav.) Tiegh. -» Sinonímias: Phrygilanthus acutifolius (R. & P.) Eichl. (MORRETES, 1985; (VENTURELLI, 1983); P. eugenoides (H.B.K.) Eichl. (RIZZINI, 1961; AGUIAR et al. , 1979); P. ligustrinus (Willd.) Eichl. (AGUIAR et al., 1979); Loranthus acutifolius R. et P.; L. eugenoides H.B.K.; Phrygilanthus eugenoides (H.B.K.) Eichl.; Tripodanthus acutifolius (R. et P.) Van Thiegh; Loranthus ligustrinus Willd.; Phoradendron ligustrinus (Willd.) Eichl. (RIZZINI, 1956). —> Struthanthus vulgaris Mart. —> Sinonímia: Struthanthus volubilis Rizz. (VENTURELLI, 1976) -> Struthanthus polyrhysus Mart. Struthanthus uraguensis (Hook. & Arn.) G.Don. —> Sinonímia: Struthanthus. complexus Eichl. ( RIZZINI, 1968) • Subfamília VISCOIDEAE Engl. -> Phoradendron linearifolium Eichl.
  • 50. 35 3.5 ESPÉCIES DE EPíFITAS CONFUNDIDAS COM ERVA-DE-PASSARINHO A erva-de-passarinho é comumente confundida com algumas epifitas que se desenvolvem nos troncos e galhos das árvores urbanas, sendo as mais comuns Microgramma squanulosa (Po/ypodiaceae) e Tillandsia stricta (Bromeliaceae), ilustradas na FIGURA 3.1 . FIGURA 3.1- Epffitas comuns da arborização urbana. A - Tronco recoberto por Micrograma squanulosa ; B - Detalhe das folhas de Micrograma squanulosa; C - Copa infestada Tillandsia .stricta; D - Detalhe das folhas de Tillandsia stricta. D
  • 51. 36 3.6 CHAVES DE IDENTIFICAÇÃO A identificação das plantas feita em campo efetiva-se, normalmente, pela observação prática de mateiros regionais que utilizam diferenças morfológicas apresentadas pelas plantas tais como o hábito e o porte, aspectos gerais das folhas, presença de espinhos, glândulas e outros elementos de fácil visualização. Para a identificação das árvores, as características de dureza da madeira e aspectos interno e externo, cor, sabor e o processo de despreendimento da casca acrescentam elementos de grande valor diferenciador. A análise da estrutura floral é o procedimento científico da classificação botânica, já que estes órgãos estão menos sujeitos a variações em função do curto período de floração e, por isso, sofrem menos influência dos fatores ambientais. A obtenção deste material é, no entanto, dificultada pelo desconhecimento das épocas da floração e/ou frutificação de cada espécie ou, também, pela indisponibilidade deste material à época da realização dos trabalhos de campo. Assim, foi elaborada uma chave artificial para o reconhecimento prático em campo das espécies de erva-de-passarinho, baseada em características botânicas vegetativas (CHAVE 3.1). O objetivo foi o de minimizar as dificuldades ligadas à dependência da ocorrência destes eventos fenológicos para o reconhecimento das espécies. É apresentada, complementarmente, uma chave baseada em caracteres florais genéricos (CHAVE 3.2), visando acrescentar mais elementos para favorecer a identificação. Subsídios de grande valor prático são, ainda, acrescentados através das ilustrações fotográficas das espécies de erva-de-passarinho levantadas neste trabalho (item 3.6.2.3). 3.6.1 METODOLOGIA DE ELABORAÇÃO DAS CHAVES Com o objetivo final de se montar uma chave de identificação prática de campo para utilização também em outras áreas verdes urbanas de Curitiba, portanto mais completa e em complementação às espécies identificadas na área do Passeio Público, procedeu-se à coleta complementar de dados e material botânico nos locais de ocorrência das diferentes espécies de erva-de-passarinho relatadas por MOTTA (1995) e PREFEITURA... (1999). O objetivo foi o de abranger o maior número de espécies relatadas como de ocorrência na arborização pública de Curitiba, para
  • 52. 37 inclusão numa chave com aplicação para toda a região de Curitiba e não somente para a área do Passeio Público. Dentro da perspectiva de se montar um instrumental de valor prático para utilização principalmente por técnicos envolvidos na problemática da arborização urbana, efetuou-se o registro fotográfico de cada espécie, compondo, desta forma, um pequeno manual ilustrado para identificação da erva-de-passarinho. Após coleta, prensagem e secagem do material botânico fértil de cada espécie de erva-de-passarinho observada no Passeio Público e em alguns locais da cidade e Região Metropolitana de Curitiba, procedeu-se à classificação botânica, que se processou através do Museu Botânico Municipal de Curitiba da Secretaria Municipal do Meio Ambiente de Curitiba. Os dados descritivos utilizados na montagem de ambas as chaves foram retirados da literatura revisada do assunto, após o enquadramento botânico de cada espécie. Os diferentes nomes comuns sugeridos para as ervas-de-passarinho basearam-se na aparência conspícua apresentada pelas diferentes espécies, bem como na forma de emprego pelas pessoas para a sua diferenciação e utilização na terapêutica popular. 3.6.2 RESULTADOS O nome popular erva-de-passarinho é utilizado para designar muitas espécies diferentes destas parasitas que, no entanto, apresentam diferenças na aparência, hábito e mesmo na forma de parasitismo sobre o hospedeiro. Considerando a possibilidade de utilizar as características das folhas e hábito destas plantas como elementos diferenciadores no referencial popular, propõe-se a utilização da seguinte nomenclatura popular para as diferentes espécies de erva-de-passarinho: • erva-de-passarinho-da-folha-miúda: Struthanthus polyrhysus e S. uraguensis • erva-de-passarinho-da-folha-graúda: Struthanthus vulgaris • erva-de-passarinho-chorão: Tripodanthus acutifolius • erva-de-passarinho-da-folha-comprida: Phoradendron linearifolium • erva-de-passarinho: Phoradendron piperoides e Psittacanthus sp.
  • 53. 38 3.6.2.1 Chave de caracteres vegetativos Em geral as espécies da família Loranthaceae possuem folhas perenes e são, eventualmente, áfilas, sendo, nestes casos, substituídas por escamas. Isto torna possível a permanente utilização das características foliares, e outras macromorfológicas, como elementos práticos de reconhecimento de campo. Assim, comparando duas a duas estas características de fácil visualização (alternativas a e b), foi montada a chave dicotômica para a separação das espécies de erva-de- passarinho, apresentada na CHAVE 3.1. CHAVE 3.1 - Chave dicotômica para separação de espécies de erva-de-passarinho encontradas na arborização urbana de Curitiba - PR, baseada em características vegetativas. 1. a Planta de hábito escandente 2 b Planta de hábito ereto 7 2. a Arbusto, vivendo sobre os ramos e tronco do hospedeiro 3 b Eventualmente arvoreta, vivendo sobre a terra Tripodanthus acutífolius 3. a Plantas sem raízes adventícias 4 b Plantas com raízes adventícias 5 4. a Ramos com catafilos (bidentados) na base; folhas lineares, estreitas e compridas.... Phoradendron linearifolium b Ramos sem catafilos; folhas obovadas a ovado-oblongas Psittacanthus sp. 5. a Ramos pendentes longos; folhas com pontuações escuras na face inferior Tripodanthus acutífolius b Ramos flexuosos, enovelados e volúveis;folhas sem pontuações na face inferior.. 6 6. a Folhas obovadas a oblongas; ápice emarginado Struthanthus polyrhysus b Folhas obovadas a oblanceoladas; ápice agudo Struthanthus uraguensis 7. a Plantas sem raízes adventícias; ramos com catafilos na base e em todos os entrenós; folhas oblongas a oblongo-lanceoladas, margem ondulada, pecíolo cilíndrico Phoradendron piperoides b Plantas com raízes adventícias; ramos (acinzentados e com lenticelas) sem catafilos; folhas ovadas, margem lisa, pecíolo canaliculado superiormente Struthanthus vulgaris
  • 54. 39 3.6.2.2 Chave de caracteres florais Segundo RIZZINI (1956; 1968), as duas subfamílias podem ser diferenciadas através da presença ou ausência de calículo (invólucro de pequenas brácteas na base das sépalas formando um pequeno cálice), como apresentado na CHAVE 3.2. CHAVE 3.2 - Chave dicotômica para separação de espécies de erva-de-passarinho encontradas na arborização urbana de Curitiba - PR, baseada em características florais. 1. a Flores com calículo 2 b Flores sem calículo, em espigas 3 2. a Flores hermafroditas, grandes (de 1 a mais de 3 cm de comprimento) 4 b Flores unissexuais, pequenas (0,5 a 0,6 cm de comprimento) 5 3. a Flores em 1-2 espigas por axila foliar; unissexuais.. Phoradendron Unearifolium b Flores em 1-4 espigas por axila foliar; unissexuais ou andróginas Phoradendron piperoides 4. a Flores com 1,2 a 1,6 cm de comprimento; hexâmeras; solitárias ou mais comumente em tríades; anteras elipsóides, apiculadas Tripodanthus acutifolius b Flores com mais de 3,0 cm de comprimento; pediceladas; anteras dorsifixas ou sagitadas Psittacanthus sp. 5. a Flores pediceladas; brácteas e bracteólas livres e caducas; tríades que se dispõem aos pares, cada par preso à axila foliar Struthanthus vulgaris b Flores sésseis ou quase sésseis; brácteas e bractéolas unidas 6 6. a Tríades dispostas em corimbos, em geral solitários, nas axilas das folhas; estiletes presentes nas flores masculinas Struthanthus polyrhysus b Tríades dispostas duas a duas, em forma de pequena umbela (1-3 por axila); estiletes ausentes nas flores masculinas Struthanthus uraguensis 3.6.2.3 Ilustrações das espécies de erva-de-passarinho Como auxílio no processo de reconhecimento das ervas-de-passarinho que ocorrem no Passeio Público e, por extensão, na arborização de ruas e praças de Curitiba, procedeu-se o registro fotográfico de cinco das sete espécies relatadas como ocorrentes na cidade, ilustradas pelas FIGURAS 3.2 a 3.6.
  • 55. 40 FIGURA 3.2· Tripodanthus acutifolius (Ruiz & Pav.) Thiegh. A· Hábito escandente na copa de cinamomo (Melia azedarach); B· Detalhe de ramos e folhas; C • Flores; O - Frutos. A B •• C D
  • 56. FIGURA 3.3 - Struthanthus vulgarls Mart. A - Hábito arbustivo na copa de álamo (Populus sp.); B - Detalhe de ramos e folhas; C - Flores; D - Frutos A B c o 41
  • 57. FIGURA 3.4 - Struthanthus polyrhysus Mart. A - Hábito arbustivo na copa de tipuana (Tipuana tipu); B - Detalhe de ramos enovelados e folhas; C - Flores; D - Frutos A B C D 42
  • 58. FIGURA 3.5 - Struthanthus uraguensis (Hook. & Am.) G. Don. A - Ramos f1exuosos entrelaçados nas copas de espirradeira e malvavisco; B - Detalhe de ramos enovelados e folhas; C - Folhas; D - Flores A B C D 43
  • 59. FIGURA 3.6 - Phoradendron linearifolium Eichl. A - Hábito arbustivo na copa de álamo (Populus sp.); B - Detalhe de ramos e folhas; CID - Flores. A B C D 44
  • 60. 45 3.7 AUTOTROFIA EM Tripodanthus acutifolius Como mencionado por RIZZINI (1952b) Phrygi/anthus acutifo/ius Eichl. (=Tripodanthus acutifo/ius) é capaz de parasitar as raízes. Ainda segundo o autor, as plantas parasitas são derivadas das autotróficas, podendo-se considerar Phrygilanthus (Tripodanthus) acutifo/ius como espécie em transição. É encontrado tanto na forma escandente sobre outras plantas como na forma de arbusto ereto terrestre, mantendo ainda porte arbóreo (FIGURA 3.7). Vão progressivamente perdendo seu contato com a terra e assumindo hábito escandente, passando a desenvolver raIzes aéreas das quais nascem os haustórios. FIGURA 3.7- Autotrofia em Tripodanthus acutifolius: A - Tronco isolado da planta; B - Hábito escandente com ramos apoiados em árvores vizinhas; C - Aspecto tortuoso do tronco; D - Ramos e folhas; E - Hábito escandente; F - Hábito escandente da arvoreta. Borda do Campo, PR, 2000. (Fotos Emilio Rotta) E
  • 61. 46 3.8 CONCLUSÕES - Struthanthus uraguensis e Struthanthus polyrhysus São as espécies que apresentam maior dificuldade de diferenciação em campo, principalmente quando são observadas separadamente. As ilustrações fotográficas são os complementos que permitem minorar ou sanar este problema. - Tripodanthus acutifolius apresenta pontuações visíveis na face inferior das folhas, tomando esta característica um elemento de identificação de grande valor prático. Apresentando grande polimorfia foliar em função das condições de crescimento e estágios de desenvolvimento, esta parasita pode ser confundida com Struthanthus imlgaris, dela se diferenciando pela observação desta característica marcante. - O hábito de crescimento é o elemento de diferenciação inicialmente observado no processo de identificação das diferentes espécies das ervas-de- passarinho. A partir desta diagnose visual inicial pode-se direcionar o processo de diferenciação. - As características florais são, quando disponíveis, os elementos mais seguros e separadores das espécies. - A chave de caracteres vegetativos, apesar da simplicidade dos elementos diferenciadores é funcional, principalmente quando aliada às imagens fotográficas. REFERÊNCIAS ACCORSI, W.R.; ROCHELLE, L.A.; BARROS, M A.A. Ocorrência do semi parasito Struthanthus em Codiaeum no Parque da "Luiz de Queiroz". Anais da Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz", Piracicaba, v.35, n.1, p. 557-558, 1978. AGUIAR, L.W.; SOARES, Z.F.; MARTAU, L. Nota sobre Phrygilardhus acutifolius (R. & P.) Eich. e Phoradendron martianum Trel. nos Parques Farroupilha e Paulo Gama, Porto Alegre, RS, Brasil. Iheringia, Porto Alegre, n.24, p. 83-89, 1979. COLLAZO, I V.; CHAVEZ, R.P.; CHAVEZ, R.P. Efecto dei parasitismo dei muerdago [Psittacanthus schiedeanus Cham. & Schlecht Blume) en el desarrollo de tres especies dei genero Pinus. Ciência Forestal, México, v.7, n. 40, p. 48-63, 1982. CONILL, J. Ocorrência de Lorantáceas no Rio Grande do Sul. Agronomia Sulriograndense , Porto Alegre, v.1, n.1/4, p. 61-63, 1954.
  • 62. 4 7 CORRÊA, P. Dicionário das planta úteis do Brasil e das exóticas cultivadas. Rio de Janeiro: Ministério da Agricultura, 1931. v.2, p. 297. CORRÊA, P. Dicionário das planta úteis do Brasil e das exóticas cultivadas. Rio de Janeiro: Ministério da Agricultura, 1969. v.4, p. 63-92. FERREIRA, L.A.B.; OLIVEIRA, F.B.; ARIOLI, M.S. Controle de erva-de-passarinho, Tripodanthus acutifolius sem remoção do hospedeiro. In: ENCONTRO NACIONAL SOBRE ARBORIZAÇÃO URBANA 7., 1997, Belo Horizonte. Anais. Belo Horizonte: Companhia Energética de Minas Gerais, 1997. p. 53. HARRIS, R.W. Arboriculture; integraded management of landscape trees, shrubs, and vines. 2 ed. New Jersey: Prentice Hall, 1992. 674p. JOLY. A . Botânica: introdução à taxonomia vegetal. São Paulo: Ed. Nacional, 1975. p. 246, 250, 252-253. KRAUSE, K. Contribuição ao conhecimento das Loranthaceae do Brasil Meridional. Memorias do Instituto Butantan.São Paulo, v.1,n.6, p.87-92, 1922. MORRETES, B.L.; VENTURELLI, M. Ocorrência de "lenticelas" em folhas de Tripodanthus acutifolius (R.&P.) Thieg. (Loranthaceae). Revista Brasileira de Botânica, São Paulo, v.8, n.2, p. 157-162, 1985. MOTTA, J.T.W. As ervas-de-passarinho e a arborização urbana no município de Curitiba. Curitiba: Prefeitura Municipal de Curitiba, 1995. 3p. Relatório interno. PECKOLT,W.; YERED, D. Contribuição à matéria médica vegetal do Brasil 2; estudo farmacognóstico de Struthanthus marginatus (Desr.) BI. (Loranthaceae): um novo princípio da planta. Memorias do Instituto Butantan, São Paulo, v.8, p.371-377, 1933/1934. PREFEITURA MUNICIPAL DE CURITIBA Secretaria Municipal do Meio Ambiente. Poda urbana; controle de "ervas-de-passarinho". Curitiba, 1999. 23p. Relatório interno. REITZ, R. Os nomes populares das plantas de Santa Catarina. Sellowia: Itajaí, n.11, p. 44-45, 1959. RIZZINI, C.T. Plantas novas ou pouco conhecidas do Brasil. Revista Brasileira de Biologia, Rio de Janeiro, v.31,n.2 , p. 189-204, 1971. RIZZINI, C.T. Botânica Econômica brasileira. São Paulo: EPU, 1976a. p. 10. RIZZINI, C.T. Duas lorantáceas novas. Leandra, Rio de Janeiro, v.2, n.3, p.73-77, 1972. RIZZINI, C.T. Lorantáceas catarinenses. Sellowia, Itajaí, v.13, n.13, p. 195-202, 1961. RIZZINI, C.T. Lorantáceas. Itajaí: Herbário Barbosa Rodrigues, 1968. 44p. (Flora Ilustrada Catarinense).