• Sabrina Ongaratto, do Home Office
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Karina com o filho, Enrico, e o marido, Amaury (Foto: Reprodução Instagram)

Karina com o filho, Enrico, e o marido, Amaury (Foto: Reprodução Instagram)

Karina Bacchi, 44 anos, não esconde o desejo de ter mais um filho. Pelas redes sociais, a influencer compartilha todas as suas tentativas com seus seguidores, faz desabafos e mostra a realidade de uma mãe "tentante". Desde que o primogênito, Enrico, 3 anos, nasceu, Karina já se submeteu a seis tentativas por fertilização in vitro. Segundo ela, por causa de uma hidrossalpinge — um acúmulo de líquidos tóxicos nas trompas —, precisou retirar as trompas, tornando-se infértil. "Por isso, escolhi a FIV", afirmou, em entrevista à CRESCER.

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Mas ela admite que todos esses procedimentos trouxeram desgate emocional a ela e ao marido, Amaury Nunes. "É psicologicamente desgastante para a mulher e para o casal. Foram momentos difíceis. De expectativa e de frustração, que tivemos que superar. Pensamos em desistir várias vezes, mas recuperamos as forças e decidimos seguir", disse.

No próximo ano, Karina e Amaury devem tentar nova técnica para ter filho (Foto: Reprodução Instagram)

No próximo ano, Karina e Amaury devem tentar nova técnica para ter filho (Foto: Reprodução Instagram)

Ela afirma que vai seguir tentando, no entanto, quando perguntamos se ela definiu alguma idade ou número de tentativas limites, respondeu: "Estamos avaliando a possibilidade de tentar apenas mais uma vez com um novo procedimento. Ano que vem será decisivo para nós. Estamos com outras possibilidades, inclusive de ovodoação. Ainda não definimos como será nossa última tentativa".

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Karina e o filho Enrico, 3 anos (Foto: Reprodução Instagram)

Karina e o filho Enrico, 3 anos (Foto: Reprodução Instagram)

FIV: EXISTE LIMITE DE TENTATIVAS OU IDADE?

Segundo a ginecologista e obstetra Carla Iaconelli, especialista em Reprodução Humana Assistida, cada tratamento costuma ser avaliado de forma individualizada. "Não se trata apenas de uma mulher, mas de um casal. Tem o fator feminino e o fator masculino. No entanto, em relação à mulher, o fator mais importante e que tem mais peso sobre o resultado do tratamento, certamente é a idade da mulher. Quanto maior a idade, menores serão as chances de sucesso e maiores as taxas de aborto", alerta. "Os nossos óvulos envelhecem conosco, isso é próprio da mulher. Por outro lado, não existe um limite de idade pré-definido, pois depende da reserva ovariana de cada pessoa. Enquanto ela tiver óvulos, ela pode continuar tentando", esclareceu. 

"A mulher nasce com um número fixo e limitado de óvulos. Então, quanto mais cedo ela menstrua, mais cedo começa a usá-los. Na literatura mundial, são pouquíssimas as chances de uma mulher engravidar com mais de 44 anos, apesar de não existir limite de idade, pois, nessa faixa etária diminui drasticamente a taxa de sucesso. Além de ter poucos óvulos, eles costumam ter uma qualidade pior. Ás vezes, até conseguimos óvulos, mas quando partimos para o estudo genético, descobrimos que os embriões estão com alterações, ou seja, altas chances de ela abortar", explica o ginecologista e obstetra Geraldo Caldeira, membro da FEBRASGO (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia); da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana (SBRH) e médico do Serviço de Reprodução Humana do Hospital e Maternidade Santa Joana (SP).

OVODOAÇÃO

Além disso, segundo o especialista, a fertilização, para a mulher, costuma ser um processo desgastante: "São vários ultrassons, ela precisa tomar injeções subcutâneas durante dez dias para fazer estimulação. Depois, é preciso colocar o embrião dentro do útero..." Segundo Carla Iaconelli, o que também costuma limitar os casais quanto ao número de tentativas, é o valor do tratamento. "É um tratamento caro. Por isso, às vezes, chega em um ponto que o casal quer ver resultado. Por exemplo, aos 44 anos, a taxa de gravidez, em geral, é baixa — de 5 a 10%. Então, chega uma hora em que o casal quer resultado e eles acabam avaliando outras técnicas, como a ovodoação, que é quando a mulher recebe o óvulo de uma doadora", explicou. Segundo a obstetra, até mesmo mulheres com 50 anos podem engravidar.

"Mesmo estando na menopausa há anos, ainda, assim, com essa técnica, é possível engravidar. Antes do procedimento, nós preparamos o endométrio, isto é, a cavidade uterina, para receber aquele embrião. As leis no Brasil já estão bem estabelecidas em relação a isso. Geralmente, é uma paciente mais jovem que faz a doação de forma anônima. Levamos em consideração, também, o histórico de saúde, além da realização de exames médicos para minimizar risco de doenças genéticas. Temos obtido ótimos resultados com essa técnica. É uma solução para muitas mulheres e o valor é semelhante ao da fertilização", explica. O obstetra Geraldo completa: "As doadoras de óvulos tem até 30 anos de idade e, como são embriões de boa qualidade, a taxa de gravidez aumenta para até 70%, isto é, três vezes maior do que quando ela usa óvulo próprio. O processo é ainda mais fácil e menos desgastante que a fertilização. Aém de tudo isso, fazemos questão de buscar uma doadora com as mesmas características físicas da paciente e mesmo tipo sanguíneo", explica.

No entanto, segundo ele, para se submeter a ovodoação, "o casal precisa ter conversado e estar alinhado com suas decisões", diz. "É difícil aceitar um diagnóstico de infertilidade, mas uma vez que você aceita e engravida, nem lembra de onde veio aquele óvulo. A mulher ainda vai gerar, dar à luz e amamentar. O desejo de gestar, parir e amamentar existe naturalmente na mulher e ela têm essa oprotunidade hoje", finalizou.

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