• Redação Galileu
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Estudo identificou pelo menos 7 espécies de répteis pré-históricos que se reproduziam há milhões de anos (Foto: James Havens)

Estudo identificou pelo menos 7 espécies de répteis pré-históricos que se reproduziam há milhões de anos (Foto: James Havens)

As temperaturas e condições extremas do Ártico não impediram que várias espécies de dinossauros vivessem e se reproduzissem há milhões de anos na atual região do norte do Alasca. A descoberta surpreendente está em um novo estudo, publicado nesta quinta-feira (24), no jornal científico Current Biology.

Os pesquisadores de instituições como a Universidade do Alasca e a Universidade Estadual da Flórida, nos Estados Unidos, encontraram, junto de alunos, as primeiras evidências de dinossauros na região ártica ao analisarem centenas de fósseis de répteis bebês, incluindo dentes de animais que ainda estavam em ovo intacto ou recém-eclodido.

Comparação entre dentes maduros e imaturos de dinossauros da Formação Prince Creek  (Foto: Current Biology, Druckenmiller et al.:

Comparação entre dentes maduros e imaturos de dinossauros da Formação Prince Creek (Foto: Current Biology, Druckenmiller et al.: "Nesting at Extreme Polar Latitudes by Non-Avian Dinosaurs")

Entre as espécies avaliadas na pesquisa, estavam herbívoros de pequeno e grande porte, tais como os famosos tiranossauros; os hadrossaurídeos, que apresentam bico de pato; ceratopsianos, que são quadrúpedes; tescelossauros, caracterizados por serem bípedes e muitos outros animais.

A equipe de pesquisa concentrou seus esforços na Formação Prince Creek, no norte do Alasca, um local que é de difícil acesso. A área é cercada por penhascos íngremes cortados pelo maior rio do norte do estado norte-americano, o Colville. As montanhas são perigosas e sujeitas a colapsos catastróficos, por isso todo cuidado é necessário.

“Nos concentramos em encontrar horizontes ósseos distintos, onde podemos escavar muitos ossos com mais eficiência”, conta Patrick Druckenmiller, primeiro autor do estudo, em comunicado. “No processo, também descobrimos vários novos depósitos de microfósseis que forneceram uma riqueza de novos conhecimentos sobre todo o ecossistema que viveu no Ártico, há mais de 70 milhões de anos.”

Partes de esqueleto de dinossauros da Formação Prince Creek  (Foto: Current Biology, Druckenmiller et al.:

Partes de esqueleto de dinossauros da Formação Prince Creek (Foto: Current Biology, Druckenmiller et al.: "Nesting at Extreme Polar Latitudes by Non-Avian Dinosaurs")

Segundo Druckenmiller, graças ao trabalho de pesquisa, pelo menos 7 espécies que se reproduziam no Ártico foram documentadas. Isso impressiona se considerado que na época havia temperatura média anual de 6 graus celsius e cerca de quatro meses de escuridão total no inverno.

Mesmo diante desses desafios, as criaturas pré-históricas desenvolveram as adaptações necessárias. “Acho que esta é uma das evidências mais convincentes de que os dinossauros eram de fato de sangue quente”, cita Gregory Erickson, que participou da pesquisa. “Vertebrados terrestres de sangue frio como anfíbios, lagartos e crocodilianos ainda não foram encontrados, apenas pássaros e mamíferos de sangue quente – e dinossauros.”

Pesquisador Gregory Erickson escavando à margem do rio Colville  (Foto: Patrick Druckenmiller)

Pesquisador Gregory Erickson escavando à margem do rio Colville (Foto: Patrick Druckenmiller)

Erickson aponta ainda que é preciso confirmar como os dinossauros sobreviveram aos invernos árticos. Mas é possível que esses répteis tenham criado algumas estratégias para lidar não só com o frio, mas também com os períodos de escuridão e escassez de alimentos daquele ambiente inóspito. "A residência durante todo o ano no Ártico oferece um teste natural da fisiologia dos dinossauros", nota ele.