• Laura Moraes*
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Da esquerda para a direita: Thais Guaratini, Ohara Augusto e Carolina Horta Andrade durante a premiação (Foto: Divulgação)

Da esquerda para a direita: Thais Guaratini, Ohara Augusto e Carolina Horta Andrade durante a premiação em Maceió (Foto: Divulgação)

Com o objetivo de promover a igualdade de gênero nas áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática (conhecidas em inglês pela sigla STEM), as sociedades americana e brasileira de Química anunciaram no último dia 27 de maio as vencedoras do 5º Prêmio Mulheres Brasileiras na Química e Ciências Relacionadas. 

Ohara Augusto, da Universidade de São Paulo (USP), Thais Guaratini, da empresa Lychnoflora, e Carolina Horta Andrade, da Universidade Federal de Goiás (UFG), serão agraciadas com US$ 2 mil cada e participarão de uma cerimônia nesta quinta-feira (2), em Maceió, durante a 45ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química.

Saiba mais sobre as pesquisas de cada uma delas:

Indústria aliada da ciência

Vencedora na categoria Líder na Indústria do Prêmio, Thaís é fundadora da Lychnoflora (Foto: Divulgação/ Sociedade Americana de Química)

Vencedora na categoria Líder na Indústria do Prêmio, Thaís é fundadora da Lychnoflora (Foto: Divulgação/ Sociedade Americana de Química)

Vencedora na categoria Líder na Indústria, Thais Guaratini é fundadora da Lychnoflora,  empresa de pesquisa e desenvolvimento em Ribeirão Preto (SP) que opera em parceria com a USP para oferecer serviços às indústrias química, cosmética e farmacêutica. Durante a pandemia, a companhia conduziu estudos sobre reposição de fármacos antivirais e de vacinas contra a Covid-19.

Trabalhar na indústria e atuar com pesquisas sempre foi o sonho de Guaratini, e daí nasceu a Lychnoflora. “Essa foi a maneira que encontrei de continuar com um pé na academia, mas agregando valor e aplicando essa pesquisa para a sociedade e para o meio empresarial”, conta a GALILEU.

Para ela, premiar e mostrar que existem mulheres trilhando caminhos de sucesso no meio científico é um grande estímulo e uma maneira efetiva de incentivar outras mulheres e meninas a seguirem o mesmo rumo. "Se você pergunta em uma sala de aula como imaginam um cientista, a maioria das pessoas vai lembrar de uma figura masculina. O papel da mulher na ciência tem sido reconhecido apenas muito recentemente", completa. 

Mais valor à ciência

Ohara foi a vencedora na categoria Líder Acadêmica pelas suas contribuições no estudo de radicais livres e oxidantes (Foto: Divulgação/ Sociedade Americana de Química)

Ohara foi a vencedora na categoria Líder Acadêmica pelas suas contribuições no estudo de radicais livres e oxidantes (Foto: Divulgação/ Sociedade Americana de Química)

Ohara Augusto é a vencedora na categoria Líder Acadêmica pelo estudo de radicais livres e oxidantes e seus impactos no corpo humano. Sua pesquisa é significativa na compreensão da origem de algumas doenças que envolvem processos oxidativos, como as neurodegenerativas.

A cientista atualmente é professora do Instituto de Química da Universidade de São Paulo (IQ - USP) e tem pós-doutorado na Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos. Ao longo de sua carreira, acumulou diversos prêmios e medalhas, e em 2011 passou a integrar a Academia Mundial de Ciências.

Para ela, ser pesquisadora no Brasil é uma tarefa árdua, e o cenário da produção científica atual é preocupante. "Tenho colegas que estão em petição de miséria, porque estão fazendo ciência com um mínimo de recursos. Chegamos a um ponto no Brasil em que estamos com cientistas e pesquisas de qualidade, mas o apoio está muito escasso. Fazer ciência é caro, mas é um investimento”, alerta Augusto.

Mulheres no topo

Carolina foi a vencedora na categoria Líder Emergente, pelas suas realizações no campo da Química Medicinal Computacional (Foto: Divulgação/ Sociedade Americana de Química)

Carolina foi a vencedora na categoria Líder Emergente, pelas suas realizações no campo da Química Medicinal Computacional (Foto: Divulgação/ Sociedade Americana de Química)

Carolina Horta Andrade levou o prêmio como Líder Emergente por suas realizações no campo da Química Medicinal Computacional e utilização de inteligência artificial para a descoberta de novos medicamentos contra doenças negligenciadas e vírus emergentes — como leishmaniose, esquistossomose, tuberculose, malária e zika.

Por meio do seu trabalho, a professora da UFG busca levar inspiração para suas alunas e mostrar que mulheres podem realizar tudo, inclusive ocupar cargos de alto poder. Segundo ela, a presença feminina já é maioria nas graduações em ciência, o que não é o caso em cargos acadêmicos mais altos.

“Ainda vemos uma divergência em relação às posições, com poucas mulheres no topo da carreira científica. Esse tipo de prêmio vem para auxiliar e promover mulheres com carreiras em ascensão, além de ser um grande incentivo a não desistir”, conta a cientista de Goiás, que tem dois filhos e batalha para conciliar a maternidade com o trabalho.

*Com edição e supervisão de Luiza Monteiro 

Lugar de mulher é na Ciência (Foto: Divulgação)

Lugar de mulher é na Ciência (Foto: Divulgação)