• Marília Marasciulo
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Conheça 5 marcos dos governos comandados por Getúlio Vargas  (Foto: Agência Brasil)

Conheça 5 marcos dos governos comandados por Getúlio Vargas (Foto: Agência Brasil)

Em 24 de agosto de 1954, o então presidente do Brasil, Getúlio Vargas, atirou em seu próprio coração, “deixando a vida para entrar na história”, como escreveu em sua carta-testamento. Considerado um dos políticos mais influentes do país, o gaúcho de São Borja chegou ao poder via golpe militar em 1930, após uma revolução que contestou o resultado das eleições. A partir de então, governou por 15 anos ininterruptos, dos quais oito foram uma ditadura nacionalista conhecida como Estado Novo.

Vargas deixou o poder em 1945, após ameaças de um golpe militar. Mas não foi o fim de sua carreira – sem direitos cassados, foi eleito senador e continuou influenciando a política até retornar, eleito democraticamente, em 1951. Mas o que seria um mandato de cinco anos foi abreviado em 1954, devido às intensas campanhas de oposição que levaram o levaram a cometer suicídio.

Conheça cinco marcos dos governos de Getúlio Vargas:

1. Industrialização

Em seu primeiro período de governo, de 1930 a 1945, Vargas foi um dos grandes responsáveis pelo avanço da industrialização no Brasil. Ele privilegiou a indústria pesada, voltada para extração e transformação de matérias-primas. Foram marcos desse período a criação das estatais: Companhia Siderúrgica Nacional (1941), Companhia Vale do Rio Doce (1942) e a Fábrica Nacional de Motores (1942).

Essa fase foi favorecida também pela demanda dos países europeus durante a Segunda Guerra Mundial — a Alemanha Nazista, inclusive, foi uma grande compradora de algodão brasileiro. 

2. Leis trabalhistas

O principal legado de Getúlio Vargas é o trabalhismo. Apelidado de “pai dos pobres”, ele sempre teve na classe trabalhadora seu principal apoio. E conquistou isso por meio de políticas públicas voltadas a esse público.

Primeiro com a Carteira de Trabalho, em 1932, documento inspirado na Carta del Lavoro, de Benito Mussolini, que assegura o acesso aos direitos trabalhistas. Depois, com a instituição da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) em 1943, estabelecendo o salário mínimo, as férias remuneradas, a justa causa na demissão, o 13º salário, entre outras políticas.

3. Flerte com o fascismo

Depois de estabilizar o país nas fases conhecidas como Governo Provisório, que durou de 1930 a 1934, e Governo Constitucional, de 1934 a 1937, Getúlio entregou a presidência em 1938 para o vencedor das eleições. Todavia, em um golpe de estado, Vargas decidiu permanecer no poder, sob justificativa de frear um plano comunista. A esse governo deu-se o nome de Estado Novo.

Embora seja difícil afirmar que a ditadura Vargas tenha sido uma reprodução literal do fascismo italiano, muitos de seus aspectos flertavam com os ideais de Mussolini: controle total do poder Executivo, extinção de partidos, repressão política, nacionalismo exacerbado e personificação do governo na figura do “grande líder”. E ainda episódios mais marcantes, como a extradição da militante comunista de origem judaica Olga Benário para a Alemanha. A percepção de fascismo só foi amenizada quando o Brasil declarou guerra contra o Eixo, em 1942.

Presidente Getúlio Vargas discursando no I Congresso da União Latina, no Palácio Itamaraty, Rio de Janeiro, em 1951 (Foto: Arquivo Nacional/Fundo Agência Nacional)

Presidente Getúlio Vargas discursando no I Congresso da União Latina, no Palácio Itamaraty, Rio de Janeiro, em 1951 (Foto: Arquivo Nacional/Fundo Agência Nacional)

4. Repressão

A forte repressão foi uma das marcas da ditadura do Estado Novo. Ela se dava de forma violenta, promovida principalmente pela Chefatura da Polícia do Rio de Janeiro, comandada por Filinto Müller, que prendia e torturava militantes comunistas e opositores políticos. Foram vítimas nomes como Carlos Marighella, Joaquim Câmara Ferreira e a artista plástica Pagu.

Também ocorria de maneira ideológica, sempre baseada nos ideais nacionalistas: o Departamento de Imprensa e Propaganda controlava a censura à imprensa, e os imigrantes estrangeiros eram proibidos de falar seus idiomas nativos em público, sob pena de prisão.

5. Grandes estatais

Getúlio Vargas voltou à presidência em 1951, desta vez de forma democrática. Foi um governo que sofreu forte oposição da imprensa e dos militares, com acusações de corrupção. Seu maior legado para o Brasil foi a criação de grandes estatais, como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (atual BNDES) e o Banco do Nordeste, em 1952, e a Petrobrás, em 1953.

Houve também uma tentativa de criar a Eletrobrás, companhia de eletricidade que só seria fundada em 1961, por Jânio Quadros.