Obra pré-renascentista descoberta em cozinha entra para acervo do Louvre

O Ministério de Cultura da França anunciou a novidade no último dia 2 de novembro. Segundo a pasta francesa, o quadro é um "marco crucial na história da arte, marcando a fascinante transição de ícone para pintura".

"Esquecido, este painel extremamente raro do grande pintor florentino pertencia a um grupo [de painéis] do qual apenas dois exemplos são conhecidos no mundo, na Frick Collection em Nova York e na National Gallery em Londres", diz um comunicado.

Em 2019, o quadro de pouco mais de 25 cm por 20 cm, que retrata Jesus antes de sua crucificação, foi descoberto na cozinha de uma idosa na cidade francesa de Compiegne durante uma limpeza. A pintura estava indo para o lixo quando a família da proprietária chamou um especialista para avaliar a obra, conforme relata o jornal britânico The Guardian.

O profissional considerou que o quadro poderia valer até 400 mil euros (cerca de R$ 2,1 milhões), então o enviou a outro expert em Paris, que confirmou que a autoria era de Cimabue. No mesmo ano da descoberta, o quadro foi a leilão, com um valor estimado entre 4 milhões e 6 milhões de euros.

O Louvre esperava adquirir a pintura, mas a mesma foi vendida ao negociante londrino Fabrizio Moretti por um lance recorde de 24 milhões de euros (quase R$ 128 milhões). O ministério da cultura da França declarou a obra como um "tesouro nacional" e proibiu a pintura temporariamente de ser exportada, dando ao Louvre 30 meses para arrecadar os fundos necessários para comprá-la.

Os valores necessários para adquiri-la não foram divulgados, porém o museu disse que isso envolveu uma "mobilização excepcional" para incentivar doações de patronos com isenções fiscais.

A proprietária original da pintura, que tinha cerca de 90 anos e havia se mudado para uma casa de repouso, não pôde desfrutar da súbita fortuna vinda da obra de arte, pois morreu dois dias após o leilão.

O Museu do Louvre afirma que a pintura pré-renascentista, agora uma das obras mais antigas de sua coleção, será a peça central de uma exposição em 2025, após um esforço de quatro anos para mantê-la na França.

O local também recebeu outro "tesouro nacional", o desenho Marine Terrasse, de Victor Hugo (1802-1885), que também estava sob posse particular.