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Saúde pública

Combinação mortal de drogas

Associação de opioides e estimulantes gera surto de overdose nos Estados Unidos

Estudo publicado na revista científica Addiction mostra que cresceu mais de 50 vezes nos Estados Unidos nos últimos 10 anos a proporção de mortes por overdose causadas pela associação do opioide fentanil com drogas estimulantes como cocaína e metanfetamina. Em 2010, esse tipo de associação foi responsável por 235 mortes por overdose, ou apenas 0,6% do total de óbitos relacionados ao consumo excessivo de drogas. Já em 2021, foram mais de 34 mil mortes, quase um terço dos óbitos por overdose. O fentanil é um opioide sintético que pode ser 100 vezes mais potente que a morfina.

Segundo o autor da pesquisa, Joseph Friedman, da Universidade da Califórnia em Los Angeles, a associação do fentanil com outras substâncias marca uma quarta onda na crise de saúde pública que o país vive relacionada ao consumo de opioides e teve início em 2015. “O fentanil deu início a um surto de overdoses causadas por múltiplas substâncias, o que significa que as pessoas o estão misturando com outras drogas, como estimulantes, e inúmeras outras substâncias sintéticas. Isso representa muitos riscos e novos desafios em cuidados da saúde. Temos pouca experiência com a combinação de opioides com estimulantes”, disse Friedman, segundo o serviço de notícias Eurekalert.

O estudo também mostra que as mortes por overdose de fentanil associadas a estimulantes afetam de modo mais intenso comunidades de minorias raciais e étnicas dos Estados Unidos, como afro-americanos e nativos americanos. De acordo com o artigo, a primeira onda começou no final da década de 1990 com o aumento de mortes envolvendo analgésicos opioides vendidos com receita médica. Em 2010 houve uma segunda onda de mortes impulsionada por um crescimento no consumo de heroína e a terceira foi deflagrada em 2013, com o aumento da venda ilícita do fentanil. “O uso simultâneo e generalizado de fentanil e estimulantes apresenta novos riscos à saúde e desafios à saúde pública”, diz o trabalho.

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