24/03/2023

Efeito estufa é o fenômeno atmosférico natural responsável pela manutenção da vida na Terra. Mantendo as temperaturas médias globais, evita que haja grande amplitude térmica, condição que possibilita o desenvolvimento de seres vivos. A presença, na atmosfera, dos diversos gases de efeito estufa é o que produz a absorção da radiação solar irradiada pela superfície terrestre, impedindo que todo o calor retorne ao espaço. Parte da energia emitida pelo Sol à Terra é refletida para o espaço, outra parte é absorvida pela superfície terrestre e pelos oceanos. Uma parcela do calor (radiação infravermelha) irradiado de volta ao espaço é retida pelos gases de efeito estufa, de tal modo que o equilíbrio energético é mantido, fazendo com que não haja grandes amplitudes térmicas e as temperaturas fiquem estáveis. Portanto, sem este fenômeno, a temperatura na Terra seria muito baixa, em torno de -18ºC, o que impossibilitaria o surgimento e manutenção da vida no planeta.

Se hoje estamos vivos é devido ao efeito estufa, que mantém o planeta habitável.  O efeito estufa é essencial para a existência humana, mas sua intensificação por ações antrópicas, que geram seu desequilíbrio, aumenta o aquecimento global, e consequentemente as chamadas mudanças climáticas.

Como funciona o efeito estufa

O efeito estufa, como já dissemos, é um processo importante para a existência da vida na Terra na forma em que a conhecemos. Sem ele, a temperatura média do planeta seria em torno de 18°C negativos. Para efeito de comparação, a temperatura média global próxima à superfície é de 14ºC.

O Sol emite calor à Terra. Parte desse calor é absorvida pela superfície terrestre e pelos oceanos, outra parte é devolvida ao espaço. Contudo, uma parcela da radiação solar irradiada pela superfície fica retida na atmosfera em decorrência da presença de gases de efeito estufa, que impedem que esse calor seja devolvido totalmente ao espaço. Dessa forma, mantém-se o equilíbrio energético e evitam-se grandes amplitudes térmicas.

Em decorrência da grande concentração de gases de efeito estufa na atmosfera, a energia solar refletida pela superfície encontra dificuldades para dispersar-se no espaço, ficando aprisionada.

 

Quais são os gases de efeito estufa – GEE?

Os gases de efeito estufa – GEE são aqueles que interagem com a radiação solar e contribuem para o efeito estufa. O dióxido de carbono (CO2), o gás metano (CH4), o óxido nitroso (N2O), o ozônio (O3) estão entre os principais gases do efeito estufa. Entretanto, o Protocolo de Quioto inclui, também, os chamados gases fluoretados, o hexafluoreto de enxofre (SF6) e duas famílias de gases como importantes para o efeito estufa: os hidrofluorocarbonetos (HFC) e os perfluorocarbonetos (PFC).

Dióxido de carbono (CO2) é o gás de maior abundância na atmosfera, e, portanto, o mais abundante entre os gases de efeito estufa, visto que pode ser emitido a partir de diversas atividades humanas. O uso de combustíveis fósseis, como carvão mineral e petróleo, é uma das atividades que mais emitem este gás. Desde a Revolução Industrial, houve um aumento de 35% da quantidade de dióxido de carbono na atmosfera. Atualmente, considera-se que ele seja responsável por 55% das emissões mundiais de gases de efeito estufa.

Gás metano é um gás presente no efeito estufa, segundo maior contribuinte para o aumento da temperatura da Terra, com poder vinte e uma vezes maior que o dióxido de carbono, mas, também, serve como biogás para geração de energia. O gás metano é um GEE vinte e uma vezes mais forte que o CO2. No contexto do aquecimento global e mudanças climáticas, cerca de 60% da emissão de metano provém de ações antrópicas, tais como aterros sanitários, lixões e pecuária. Além disso, pode ser produzido por meio da digestão de animais ruminantes e eliminado por eructação (arroto). Por outro lado, pode ser produzido por fontes naturais, como as erupções vulcânicas, como ocorria no surgimento da matéria viva nos primórdios do planeta Terra.

Óxido nitroso, também conhecido como Protóxido de Azoto (N2O), é um terceiro gás do efeito estufa e pode ser emitido por bactérias no solo ou no oceano. O óxido nitroso é um GEE trezentas e dez vezes mais potente que o CO2. As práticas agrícolas são as principais fontes de óxido nitroso advindo da ação humana. Exemplos dessas atividades são cultivo do solo, uso de fertilizantes nitrogenados e tratamento de dejetos. O poder do óxido nitroso de aumentar as temperaturas é duzentas e noventa e oito vezes maior que o do dióxido de carbono.

Curiosamente, o óxido nitroso é, também, um analgésico/anestésico inalatório utilizado em mistura com oxigênio (O2) em concentrações que normalmente variam entre 40 e 70% e que tem sido utilizado por mais de 160 anos para a indução e manutenção da anestesia em pacientes durante uma cirurgia. É conhecido também como o “gás do riso”. É um gás não inflamável e sem cor, com um ligeiro odor e sabor doce e agradável. O custo e a toxicidade baixas fazem com que o óxido nitroso seja comumente utilizado durante a anestesia geral.

Os Gases fluoretados, presentes no efeito estufa, são produzidos pelo homem a fim de atender às necessidades industriais. Como exemplo desses gases, podemos citar os hidrofluorocarbonetos, usados em sistemas de arrefecimento e refrigeração; hexafluoreto de enxofre, usado na indústria eletrônica; perfluorocarbono, emitido na produção de alumínio; e clorofluorcarbono (CFC), responsável pela destruição da camada de ozônio. Por exemplo, o potencial de aquecimento global dos perfluorcarbonos (PFCs), utilizados como gases em refrigerantes, solventes, propulsores, espumas e aerossóis, é 6.500 (seis mil e quinhentas) vezes a 9.200 (nove mil e duzentas) vezes mais forte que o do CO2.

Também é importante citar o Ozônio, que é encontrado naturalmente na estratosfera (camada atmosférica situada entre 11 km e 50 km de altitude), mas pode ser originado na troposfera (camada atmosférica situada entre 10 km a 12 km de altitude), pela reação entre gases poluentes emitidos pelas atividades humanas. Na estratosfera o ozônio forma uma camada que tem a importante função de absorver a radiação solar impedindo a entrada de grande parte dos raios ultravioletas. Porém, quando formado na troposfera em grande quantidade, é prejudicial aos organismos.

Além desses gases, há, também, o vapor d’água, bastante presente na atmosfera, e responsável por mais da metade do efeito estufa. O vapor d’água capta o calor irradiado pela superfície terrestre, distribuindo-o para todas as direções e aquecendo a superfície.

As principais atividades que emitem gases de efeito estufa são: desmatamento; queimadas; queima de combustíveis fósseis; atividades industriais.

Efeito estufa e aquecimento global

Com o objetivo de diminuir a emissão de gases poluentes, vários países assinaram o Protocolo de Kyoto, acordo mundial resultante da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima. Foi elaborado durante a Conferência das Partes III e seu principal objetivo foi propor metas, especialmente aos países desenvolvidos, com o intuito de conter as emissões de gases de efeito estufa. O protocolo foi assinado, em 1997, na cidade de Kyoto, no Japão.

O aumento da concentração de gases de efeito estufa na atmosfera tem provocado mudanças irreversíveis na dinâmica climática do planeta. De acordo com dados do Painel Intergovernamental para as Mudanças Climáticas, a temperatura da Terra aumentou cerca de 0,85ºC nos continentes e 0,55ºC nos oceanos em um período de cem anos.

Diferenças entre efeito estufa e aquecimento global

É muito comum a confusão entre os termos efeito estufa e aquecimento global. Eles não são processos iguais. Porém, estão relacionados. A diferença é que efeito estufa é um fenômeno natural que garante a temperatura adequada para a vida na Terra. Ele consiste em uma camada de gases que envolve o planeta.

Já o aquecimento global é um fenômeno climático que consiste no aumento das temperaturas médias do planeta e das águas dos oceanos. Ele é o resultado da intensificação do efeito estufa.

Segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, o sistema climático pode ser alterado trazendo danos irreversíveis, ou seja, as consequências negativas do aquecimento global já estão ocorrendo e de forma intensificada. Eventos como a extinção de espécies animais e vegetais, alteração na frequência e intensidade de chuvas, elevação do nível do mar e intensificação de fenômenos meteorológicos como tempestades severas, inundações, vendavais, ondas de calor, secas prolongadas são os principais fenômenos deletérios apontados como consequência do aquecimento global.

A comunidade científica relaciona, portanto, o aumento dos gases de efeito estufa ao aumento das temperaturas médias globais. Contudo, é válido ressaltar que essa relação entre efeito estufa e aquecimento global, bem como a existência do aquecimento global não são unanimidades entre os estudiosos. Muitos pesquisadores desacreditam que a concentração dos gases tem agravado o aumento das temperaturas do planeta. Para eles, esse aquecimento elevado constitui apenas uma fase de variação da dinâmica climática da Terra.

Apesar deste questionamento, no meio acadêmico é amplamente aceito que esse fenômeno se deve à intensificação do efeito estufa causada pelas atividades humanas.

Em resumo, o efeito estufa é processo natural que é intensificado pela ação humana e ocasiona o aquecimento global.

O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, no sentido do combate ao desequilíbrio do efeito estufa, que leva às mudanças climáticas, sinaliza que a emissão de gases de efeito estufa deve ser reduzida de 40% a 70% entre os anos de 2010 e 2050.  Deste modo, os países precisam estabelecer metas de redução de emissão desses gases, a fim de conter o aumento das temperaturas. É preciso, por exemplo, investir no uso de fontes de energia renováveis e alternativas, abandonando o uso dos combustíveis fósseis, cuja queima libera diversos gases de efeito estufa.

Outras ações cotidianas também podem ser adotadas, como redução do uso de transportes em trajetos pequenos, optando por ir a pé ou de bicicleta, preferência pelo uso de transporte coletivo e de produtos que não contenham CFC, uso de biodegradáveis e incentivo à coleta seletiva.

 

Referências

UOL. Mundo Educação

 

Saiba mais:

Cadernos de Educação Ambiental – 2 – ECOCIDADÃO

Cadernos de Educação Ambiental – 15 – MUDANÇAS CLIMÁTICAS GLOBAIS NO ESTADO DE SÃO PAULO

 

Texto: Rozélia Medeiros – CEA/SEMIL
Revisão: Denise Scabin –  CEA/SEMIL
Gestão de Conteúdo e Direção de Arte: Cibele Aguirre – CEA/SEMIL