Reviews Crítica: Dietland, um soco no estômago!

Crítica: Dietland, um soco no estômago!

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Se você é mulher, como certeza já foi cobrada pelo seu peso e imagem corporal. Se você já foi chamado do gordo também sabe o quanto esta palavra ainda pesa e te faz sentir um ser humano inferior.

Dietland fala sobre uma garota chamada Alicia Kettle, interpretada por Joy Nash, que devido a sua forma física arredonda, recebeu o apelido de Plum, ameixa. Chega a ser incomodo o tanto que ela é chamada de Plum ao ponto de perder sua identidade. Logo nos primeiros minutos do primeiro episódio, somos impactados pelo principal objetivo da protagonista, que é fazer a cirurgia by pass, uma espécie de bariátrica, pra perder o excesso de peso. Mas pra isso, ela precisa perder peso e juntar dinheiro. Nesse meio tempo, Alicia frequenta um grupo de emagrecimento, algo muito semelhante ao Vigilantes do Peso, no qual tem uma dieta e pesagem semanal, além de “apoio psicológico” no processo.

Este grupo mostra muito como somos induzidos a acreditar que o certo é ser magro, e Plum está cada vez mais certa de que só será feliz depois que fizer a cirurgia. Inclusive no terceiro episódio ela fala que prefere morrer a viver a vida toda sendo gorda. Em paralelo, Plum trabalha para a revista Daisy Chain, uma espécie de revista Capricho, direcionada para adolescentes e que tem uma expressiva diretora chefe chamda Kitty Mountgomery, interpretada por Juliana Margules (The Good Wife), que personifica a mulher ideal, magra, bonita e bem-sucedida. O trabalho de Plum é responder as cartas que são enviadas para Kitty pelas leitoras como se fosse a própria editora chefe, e é muito boa neste trabalho.

Paralelo a jornada da protagonista, descobrimos que estão acontecendo ataques a homens assediadores que são noticiados pela mídia. Ainda no primeiro episódio, Plum percebe que está sendo seguida por uma mulher misteriosa e esta mulher entrega um livro para ela com o título de Dietland, que foi escrito pela filha fundadora do maior sistema de dieta do país que se chama Baptiste. Plum já seguiu esta dieta, teve pouco sucesso, mas continua a seguir.

Plum é convidada a fazer parte e um grupo de mulheres feministas, orientado por Verena, interpretada por Robin Weigert, a autora do livro, que é focado em autoaceitação e desenvolvimento da autoestima de mulheres, que por algum motivo não se encaixam no padrão de beleza. A partir daí, começa a revolução proposta no cartaz promocional da série.

Dietland
Dietland

Os principais fatores da trama são apresentados desde os primeiros episódios, no entanto, somos direcionados a olhar só para o que deve ser enfatizado no momento. A atuação da Joy Nash é brilhante e no decorrer da série vemos seu desenvolvimento como personagem e como Plum deixa de viver à parte da sociedade e passa a ganhar o mundo. O figurino também é excepcional, mostrando as mudanças da sua personalidade. Aliás, o figurino todo da série é muito bem construído. Atentem-se a mudança da Julia, interpretada por Tamara Tunie.

A interpretação de Juliana Margules é algo à parte. Sua personagem não é uma das protagonistas principais, mas quando aparece se destaca. Eu já admirava a atriz desde E.R, gosto muito de The Good Wife e esses trabalhos mostram como a atriz é consistente. Em Dietland, não vemos nenhum resquício de Alicia Florrick, aliás, Kitty Mountgomery, em minha opinião, é uma vilã caricata, cheia de trejeitos que enfatizam a representação da pressão social que as pessoas fora do padrão sofrem, no entanto, achei esquisito uma série que milita pela quebra de padrões, ter feito a atriz perder tanto peso para interpretar a personagem, uma mulher que sempre foi magra.

Não conhecia o trabalho da Joy Nash, e foi acertado usar uma atriz gorda pra interpretar o papel, e não fazer alguma famosa engordar alguns quilos ou usar fat suit. Dietland é uma dramédia, no entanto, quem se identifica com o tema acaba rindo, mas de nervoso, em várias situações. Começa como algo leve, mas no passar dos episódios vai virando um grande soco no estômago.

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É importante falarmos sobre o assunto, por isso, a escolha do tema e a forma como é abordado é de extrema importância para o momento que vivemos, como pessoa que sofre pressão estética há anos, foi muito impactante assistir a discussão, mesmo que de forma tão gritante e intensa.