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15 Fatos sobre as Religiões Tradicionais Africanas

Por Mario Filho

 

 

Religião Tradicional Africana (RTA) se refere às religiões indígenas ou autóctones dos povos africanos. Ela trata de sua cosmologia, práticas rituais, símbolos, artes, sociedade, e assim por diante. por ser a religião um modo de vida, relaciona-se com a cultura e a sociedade, na medida em que afetam a visão de mundo dos povos africanos.

 

As RTA não estão estagnadas, mas são altamente dinâmicas e reagem constantemente a várias influências, como a velhice, a modernidade e os avanços tecnológicos.

 

As RTA são menos tradições de fé e mais tradições vividas. Elas estão menos preocupados com doutrinas e muito mais com rituais, cerimônias e práticas vividas.

 

Ao abordar a religião em África, os estudiosos geralmente falam de uma “herança tripla”, que é o legado triplo da religião indígena, do islamismo e do cristianismo que muitas vezes são encontrados lado a lado em muitas sociedades africanas.

 

Enquanto aqueles que se identificam como praticantes das RTA são muitas vezes minoria, outros que se identificam como muçulmanos ou cristãos estão envolvidos em religiões tradicionais em um grau ou outro.

 

Embora muitos africanos tenham se convertido ao islamismo e ao cristianismo, as RTA participam da vida social, econômica e política das sociedades africanas.

 

As RTA se tornaram globais! O tráfico transatlântico de escravos levou ao crescimento das tradições de inspiração africana nas Américas, como o Candomblé no Brasil, a Santeria em Cuba ou Vodu no Haïti. Além disso, em muitos lugares como nos EUA e no Reino Unido se converteram em lugares onde há a presença de várias religiões tradicionais africanas, e a importância da diáspora para essas religiões está crescendo rapidamente. As religiões africanas também se tornaram uma atração importante para aqueles que viajam à África em peregrinações por causa do alcance global dessas tradições.

 

Há uma série de grupos e movimentos de revitalização cujo objetivo principal é garantir que a prática dos adeptos da religião indígena africana, hoje ameaçada, sobreviva. Estes podem ser encontrados em todas as Américas e Europa.

 

As preocupações com saúde, prosperidade e procriação são muito importantes para o núcleo das religiões africanas. É por isso que eles desenvolveram instituições para a cura, comércio e o bem-estar geral de seus próprios praticantes, bem como dos adeptos de outras religiões também.

 

As RTA não se baseiam na conversão como o Islã e o Cristianismo. Elas tendem a propagar a coexistência pacífica e promovem boas relações com os membros de outras tradições religiosas que as cercam.

 

Hoje, como tradição minoritária, as RTA sofrem imensamente com os abusos dos direitos humanos. Isto é baseado em equívocos que afirmam que essas religiões são antitéticas e contrárias à modernidade. De fato, as RTA forneceram o modelo para conversas robustas e pensamentos sobre as relações comunitárias, o diálogo inter-religioso, a sociedade civil e a religião civil.

 

As mulheres desempenham um papel fundamental na prática das RTA, sendo que as relações e dinâmicas internas de gênero são muito profundas. Existem muitas divindades femininas, juntamente com os homólogos masculinos. Existem sacerdotisas, divinadoras e outras figuras, sendo que muitas estudiosas feministas extraíram dessas tradições modelos de defensa dos direitos das mulheres e o lugar do feminino nas sociedades africanas. A abordagem tradicional das religiões indígenas africanas ao gênero é de complementaridade, na qual uma confluência de forças masculinas e femininas deve operar em harmonia.

 

As RTA contêm uma grande sabedoria e uma visão sobre como os seres humanos podem viver e interagir melhor com o meio ambiente. Dada a nossa atual crise cológica iminente, as RTA têm muito para oferecer aos países africanos e ao mundo em geral.

 

As RTA estabelecem fortes ligações entre a vida humana e o mundo dos antepassados. Os seres humanos são, assim, capazes de manter relações constantes e simbióticas com seus antepassados, que são entendidos como intimamente preocupados e envolvidos nos assuntos cotidianos de seus descendentes.

 

Ao contrário de outras religiões do mundo que se baseiam em livros sagrados, as fontes orais formam o núcleo das RTA. Essas fontes orais estão estreitamente imbricadas nas artes, na estrutura política e social e na cultura material. A natureza oral dessas tradições permite uma grande adaptabilidade e variação dentro de e entre as RTA. Ao mesmo tempo, formas de oralidade – como a tradição de Ifá entre os yorùbá – podem servir como importantes fontes à compreensão de seus adeptos, bem como a visão de mundo dessas religiões podem servir de análises às escrituras, como a Bíblia ou o Alcorão.

Referências

[1] Por Jacob K. Olupona. A biografia do autor pode ser vista em: http://hwpi.harvard.edu/files/hds/files/jacob_olupona_cv.pdf

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