A eterna Dona Bela, da Escolinha do Professor Raimundo, sempre levou o riso ao público. Zezé Macedo, que também foi uma das estrelas das chanchadas que fizeram história no cinema nacional, enfrentou uma tragédia pessoal que influenciou, inclusive, a sua carreira.

Chico Anysio

Zezé nasceu em Silva Jardim (RJ), em 6 de maio de 1916. Ainda criança, estreou no teatro. Como não sabia ler, ela decorava os textos com o auxílio de seu padrasto. Tempos depois, Macedo uniu-se ao mecânico e eletricista Alcides Manhães, com quem teve seu único filho, Hércules.

Dor de mãe

Zezé Macedo e Victor

O menino faleceu precocemente após um acidente que foi considerado estúpido: com apenas um ano de idade, caiu do colo da avó paterna e fraturou o crânio. Zezé deu um grito de horror ao ser informada da tragédia e, logo depois, perdeu a voz. O episódio foi atribuído ao choque pela perda do menino.

Tempos depois, quando recuperou a capacidade de falar, o tom de sua voz mudou, ficando esganiçada. O casal se separou e Zezé, que havia se afastado dos palcos por conta do matrimônio, voltou a trabalhar como funcionária pública. Traumatizada, nunca mais quis ser mãe.

Logo, ela retomou o ofício de atriz, atuando no rádio e, posteriormente, na televisão. A artista também tornou-se recorrente no cinema, passando pelas chanchadas da Atlântida, marco da década de 1950, ao lado de nomes como Oscarito e Grande Otelo. Também passou pelas pornochanchadas dos anos 1970 e por longas-metragens dos Trapalhões.

Destaque na Globo

Zezé Macedo

A chegada de Zezé Macedo à TV se deu em 1953, no programa Mesa Quadrada, da Tupi – que satirizava os debates futebolísticos. Na mesma emissora, participou do Grande Teatro de Variedades. A transferência para a Globo se deu em 1965, ano de estreia do canal.

Após Bairro Feliz, humorístico apresentado ao vivo toda terça-feira, ela passou pelas novelas A Moreninha (1965) e Padre Tião (1965). Na década seguinte, esteve em João da Silva (1974), da TV Educativa. Ainda teve pequenas participações em Guerra dos Sexos (1983) e Cambalacho (1986), ambas de Silvio de Abreu.

Trajetória vitoriosa no humor

Zezé se consagrou, de fato, com programas de humor – embora muita gente a associe ao infantil Sítio do Picapau Amarelo (1977), onde encarnou a atrevida Dona Carochinha. Além do Balança, Mas Não Cai (1968), ela atuou em Chico City (1973), com aquele que viria a se tornar seu grande parceiro na TV: Chico Anysio.

No Chico Anysio Show (1982), ela viveu Biscoito, sempre ludibriada pelo marido alcoólatra Tavares. Ela reeditou tal tipo no Chico Total (1996). O grande destaque de sua trajetória ao lado do humorista, contudo, foi Dona Bela, que sempre associava os questionamentos do professor Raimundo à pornografia.

A forma como se atirava no chão, de pernas pra cima, e revirava os olhos ao exclamar “ele só pensa naquilo!” ganhou o país.

A despedida de Dona Bela

Zezé Macedo

Em 26 de agosto de 1999, Zezé Macedo sofreu um derrame. Os médicos que a atenderam afirmaram que ela tinha um aneurisma, que acabou se rompendo. Ela foi submetida à drenagem do sangue e mantida na casa de saúde, onde faleceu em 9 de outubro, aos 83 anos, vítima de hemorragia cerebral e hipertensão arterial contínua.

Zezé deixou o viúvo Victor Zambito, ator e cantor com quem se casou em 1961; na ocasião, ele tinha 10 anos a menos do que ela. Antes, ela se relacionou com o ator e dublador Vasco Lino Magalhães. Ainda deixou um legado na defesa dos animais, como Presidente de Honra da Sociedade União Internacional de Proteção aos Animais. Em 1997, ela lançou o livro de poesias A Menina do Gato.

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Fábio Marckezini é jornalista e apaixonado por televisão desde criança. Mantém o canal Arquivo Marckezini, no YouTube, em prol da preservação da memória do veículo. Escreve para o TV História desde 2017 Leia todos os textos do autor