Keila Costa não compete mais em 2022, mas segue como treinadora e gestora

Redação Webrun | Atletismo · 17 nov, 2021

Keila Costa não compete mais em 2022, mas segue como treinadora e gestora

A saltadora Keila Costa anunciou, em live da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt), que não competirá mais em 2022. A atleta de 38 anos, a primeira mulher brasileira medalhista em um Mundial de Atletismo, é secretária municipal de Esportes, Turismo, Cultura e Lazer de Abreu e Lima, cidade de Pernambuco, onde iniciou no atletismo, e também treinadora de um grupo de atletas no projeto Atletismo Campeão para Todos em Recife.

Keila iniciou no atletismo aos 9 anos, em Abreu e Lima, de uma infância de brincadeiras de rua para o esporte escolar com o professor Roberto de Andrade no Projeto Atletas com Futuro.  Aos 13 anos já disputava os saltos em distância e triplo – o seu favorito – provas que praticou até 2021. Sempre que tinha uma lesão mudava o pé de apoio e competia no distância. Fez as duas provas em toda a sua carreira.

Em 2021 disputou o Sul-Americano de Guayaquil, no Equador, e o Troféu Brasil, em São Paulo, com ouro no salto triplo nos dois torneios, e ficou surpresa com os títulos. “Ganha, dá vontade de continuar, mas eu coloquei na minha cabeça que esse seria o meu último ano, faria mesmo a tentativa para ir à Olimpíada (disputou quatro edições dos Jogos) e aí ia pegar a minha sapatilha e pendurar. Em 2022, não vão ver Keila atleta do atletismo.”

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Ainda está aprendendo como treinadora de saltos horizontais. “Estou dando uma assistência para o Abraão (o treinador Abraão Nascimento), não são meus atletas, são do projeto Atletismo Campeão.” São oito atletas, quatro meninos e quatro meninas, nos saltos triplo e em distância, dos 15 aos 26 anos. “Eu trabalho na Secretaria e depois dou treino. Começa lá pelas 16:30 e a gente vai até 19 horas. É tudo novo para mim, tudo o que eu sei é como atleta. Mas tive ótimos treinadores, professores que me ensinaram o que é o atletismo, da base ao alto rendimento.”

O início foi com Roberto Andrade – “tive uma ótima base”. Depois veio Pedro de Toledo, o Pedrão, que cuidou da sua transição quando foi para Presidente Prudente (SP). Com Nélio Moura, em São Paulo, ficou entre 2006 e 2011 e daí até 2015 com Neílton Moura. “O Nei eu nunca deixei, digo que sou atleta do Nei até hoje”, comenta. Keila ainda treinou por um período nos Estados Unidos, com Loren Seagrave, na Flórida, e com Jeremy Fischer, na Califórnia.

Ainda está treinando, mas não mais para competir. “Eu amo treinar, sempre me dediquei e fiz tudo com a maior competência possível e acho que por isso durou tanto. Eu continuo com os treinos, mas não dos saltos”, explica. Antes de ir para a Prefeitura faz exercícios de abdominais, flexões e cross fit. “Vão ver muitos vídeos meus de treinos.”

Qualifica como surpresa ter sido convidada para atuar na administração pública. “Coloquei como meta, finalizando a carreira, ser treinadora – fiz Educação Física com esse foco. O prefeito Flávio (Flávio Gadelha) me convidou. Sempre fui eleitora e amiga dele, mas o convite foi uma surpresa. Todo mundo me acompanhou, me viu crescer em Abreu e Lima, é uma grande responsabilidade.”

Foto: CBAt

Keila Costa também passou a integrar o programa Ídolos do Atletismo Loterias Caixa e sente muito orgulho porque admira o grupo. “Eu sempre quis fazer parte do programa. Quando recebi a notícia – sei que é uma responsabilidade grande, é aquela pessoa em que os mais novos e muitos se espelham dentro e fora da pista –, fiquei muito feliz. Eu tenho muitos ídolos nesse grupo, como a Lucimar Moura, que é especial demais para mim.”

Keila Costa é nascida em Recife, Pernambuco, em 6 de fevereiro de 1983. Uma pioneira – em 2002, em Kingston, Jamaica, aos 19 anos, tornou-se a primeira brasileira a conquistar uma medalha em um Mundial da World Athletics, o bronze no salto triplo. Era um Mundial Juvenil, que relevou Usain Bolt, aos 17 anos. Keila também foi a primeira brasileira a ir ao pódio em um Mundial adulto. Quando recebeu sua medalha na Aspire Dome de Doha, no Catar, em 2010, alcançou um espaço ainda pouco conhecido para as mulheres com o bronze, no salto em distância.

Disputou os Jogos Olímpicos de Atenas-2004, na Grécia, Pequim-2008, na China,  Londres-2012, na Grã-Bretanha, e Rio-2016. Foi aos Mundiais de Osaka-2007, no Japão, Berlim-2009, na Alemanha, Daegu-2011, na Coreia do Sul, e Moscou-2013, na Rússia, sendo uma das atletas mais longevas do alto nível do atletismo brasileiro.

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Disputou mais três finais do Mundiais, ficando em 7º lugar no salto triplo (14,40 m) e no salto em distância (6,69 m), no Mundial de Osaka. No Mundial Indoor de Valência também tem um sétimo lugar no salto em distância (6,48 m). “Em Osaka eu estava muito bem, fiz uma preparação muito boa, base completinha, sem lesões. 2006, 2007 e 2008 foram anos sem lesões.”

Também é dona de três medalhas ganhas em Pan-Americanos, duas delas diante da torcida brasileira, na edição do Rio-2007 – prata no salto triplo e no salto em distância. Também foi medalha de prata no Pan de Toronto-2015, no Canadá.

É pentacampeã sul-americana no salto triplo: 13,67 m, em Guayaquil (ECU)-2021; 14,21 m (3.4) em Cartagena de Índias (COL)-2013; 14,57 m em São Paulo (BRA)-2007;  13,62 m em Barquisimeto (VEN)-2003; e 13,61 m, em Manaus (BRA)–2001. É bicampeã sul-americana no salto em distância (6,62 m), em Lima (PER)-2009 e na edição de Barquisimeto (6,30 m).

Suas melhores marcas são 6,88 m (0.5) no salto em distância, feita em Belém, no Pará (20/5/2007), e 14,58 m (2.0) no salto triplo, marca obtida em São Paulo (7/6/2013). “Essa foi a minha prova perfeita, um momento único – já saí comemorando, agradecendo a Deus, correndo para abraçar o Nei, no Troféu Brasil de 2013, também um bom ano.”

Redação Webrun

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