Marily dos Santos: da lavoura para as corridas

Redação Webrun | Caminhada · 08 mar, 2007

Marily venceu o Circuito Caixa em 2006 (foto: Divulgação)
Marily venceu o Circuito Caixa em 2006 (foto: Divulgação)

Confira a história da corredora de elite Marily dos Santos, que nasceu, como ela mesmo diz, “no meio do mato”, começou a correr por ser muito ativa e hoje desponta como um dos principais nomes do esporte brasileiro.

Ao conversar com essa simpática figura, o sotaque logo mostra que Marily vem da região nordeste do Brasil. Natural de Joaquim Gomes, cidade a 71 km de Maceió, ela trabalhou na roça com os pais durante a infância e adolescência e, mesmo sem perceber, a corrida já fazia parte de sua vida. “Quando eu tinha uns três ou quatro anos, eu já corria em vez de andar. Eu ia comprar um sabão, por exemplo, e não conseguia ir caminhando, ia correndo”, comenta.

Ao perceber que ela tinha essa “inquietação”, seus familiares sem querer acabaram incentivando a jovem a correr ainda mais. “Tudo quanto era recado o pessoal me mandava entregar”, lembra. E durante toda a infância Marily correu pelas lavouras até que foi convidada por seu primo, José Carlos Santana, para correr uma prova em Maceió.

José Carlos é atleta profissional, conquistou três vezes a Maratona do Rio de Janeiro, uma medalha de prata no Pan de Cuba, em 1981 e colocou a prima para correr 10 quilômetros com várias atletas de renome na região. “Tinha mais ou menos 300 atletas, entre homens e mulheres e eu obtive o quarto lugar na geral”, lembra com satisfação.

Correndo em definitivo – Depois desse dia ela começou a pegar gosto pelo esporte e, mais uma vez por incentivo do primo, participou de uma prova de 17 quilômetros. “Depois dessa prova eu fiquei toda dolorida e pensei comigo mesma que não ia correr mais. Mas, meu coração ficava dizendo para eu correr e comecei a participar de corridas em várias cidades”. A partir daí ela resolveu definitivamente que trocaria a roça pelas pistas.

Aos 19 anos, Marily se mudou com José Carlos para Juazeiro, com o intuito de treinarem juntos. “Na minha família todos gostaram da idéia, menos meu pai. Como o único corredor que ele conhecia era meu primo, achou que corrida não era coisa para mulher. Mas depois ele entendeu”, lembra. Diferentemente do pai, os homens com quem ela encontrava nas provas sempre a aplaudiam e alguns até se animavam em incentivar as irmãs para entrar no meio e seguir o exemplo de Marily.

Quando ela começou a treinar com o primo, ele logo percebeu que não seria a pessoa mais indicada para orientá-la, pois não era professor de educação física, então resolveu apresentá-la para um treinador em Salvador (BA). “A partir daí eu comecei a treinar todos os dias e fui evoluindo até chegar entre as primeiras”, lembra com orgulho.

Hoje, aos 30 anos de idade, sendo 10 como profissional, ela diz que encontrou mais vitórias do que derrotas na carreira, mas que as derrotas serviram para que ela levantasse a cabeça e seguisse em frente. Ela também se diz contente por não ter tido lesões nesse período, que a afastasse das competições. “Já senti uns cansaços, pois ninguém é de ferro, mas lesão graças a Deus nunca tive e só tenho a agradecer”, comenta.

Marily ostenta no currículo o título da Meia Maratona de João Pessoa, o campeonato Ibero-americano no Uruguai, a medalha de prata nos cinco mil metros do Troféu Brasil de Atletismo 2006; o campeonato da Corrida de São Sebastião de 2005, entre outras marcas. Para chegar até esses títulos ela contou com o apoio de várias pessoas e entidades, que a patrocinaram.

“Quem não tem patrocínio gasta a maior parte dos prêmios em dinheiro conquistados em si mesmo, com inscrição, tênis e roupa. O meu primeiro patrocínio foi a Belgo, empresa de ferro, há quatro anos atrás e logo depois veio a Mizuno, que é um bom patrocínio e sempre paga o salário direitinho”, afirma.

Sonho – Atualmente ela mora na Bahia com seu marido e treinador Gilmário Mendes e sempre que pode ajuda os pais que moram em Alagoas. “A cada seis meses eu vou para lá e já consegui comprar uma casa para minha mãe”. Especialista nos cinco e 10 quilômetros, ela diz que atualmente o grande sonho é o mesmo da maioria dos corredores de elite: disputar o Pan do Rio. “Vou tentar fazer o tempo mais baixo que puder. O tempo dos cinco mil metros atual é 16min30, então quero fazer 15min50 para garantir”, explica.

E, para tentar a vaga, ela usará o calor como benefício, isso porque enquanto algumas pessoas reclamam das altas temperaturas, ela diz que prefere correr nessas condições. “Estou acostumada com o calor, então pode botar sol para mim, igual na lavoura”, brinca.

Este texto foi escrito por: Alexandre Koda

Redação Webrun

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