Quem foi Maria Martins?

Escultora, desenhista, gravadora e escritora, Maria Martins (1894-1973) foi uma das principais escultoras ligadas ao movimento surrealista, reconhecida nos círculos de vanguarda das décadas de 40 e 50.

Maria de Lourdes Martins Pereira de Souza nasceu em Campanha, MG, e desenvolveu grande parte de sua carreira no exterior. Casada com o embaixador Carlos Martins, acompanhava o marido em suas atividades pelo mundo

Em 1939, Maria Martins mudou-se com o marido para Washington D.C. Mas, inusitado para uma embaixatriz, alugou um apartamento só seu em Nova York, onde estudou escultura e trabalhou.

Uirapuru, 1944

A primeira exposição individual de Maria Martins foi realizada em 1941, na galeria de arte Corcoran, de Nova York, com esculturas figurativas realistas e temas da cultura brasileira e religiosos.

Tamba-tajá, 1945

Em sua segunda exposição, em 1942, exibiu esculturas em bronze com formas oníricas e de inspiração surrealista. A artista conheceu André Breton, que a apresentou a artistas europeus ligados ao surrealismo e às vanguardas artísticas, como Max Ernst e Marcel Duchamp.

No ano seguinte, 1943, realizou em Nova York a exposição Amazonia. São obras em bronze, com formas orgânicas, inspiradas em mitos brasileiros e com títulos sugestivos como “Não te esqueça nunca que eu venho dos trópicos” ou “Cobra grande”.

Cobra grande, 1943

Em 1947, Maria Martins participou de Exposição Internacional do Surrealismo, organizada em Paris por André Breton e em Nova York por Marcel Duchamp.

Hasard Hagard, 1947

"Étant donnés", de Duchamp

Martins manteve um relacionamento amoroso com Duchamp até voltar ao Brasil, na década de 50. Ela foi musa e modelo da última grande obra do francês, “Étant donnés”, adquirida pelo Philadelphia Museum of Art.

Uma das obras mais famosas de Martins é “O impossível”, de 1944, o encontro de dois seres híbridos (homem-mulher, humanos-animais) cheios de desejo e violência. As três versões da obra estão no MoMa de Nova York; MAM, do Rio; e Malba, de Buenos Aires.

O impossível, 1945

Ao voltar ao Brasil, Maria Martins ajudou a organizar a 1ª Bienal Internacional de São Paulo e a fundar o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.

No MAM do Rio, Martins realizou sua última exposição individual, em 1956. Na época, ela vinha sendo hostilizada por críticos e artistas brasileiros e, no catálogo da mostra, publicou um texto em defesa da liberdade de expressão do artista.

Comme une liane, 1946

Na fase final de sua vida, Martins publicou livros com relatos e reflexões sobre viagens que fez. “Ásia maior: o planeta China” foi publicado em 1958 pela Civilização Brasileira e teve uma segunda edição publicada pela Fundação Alexandre Gusmão em 2008.

“Maria Martins: uma biografia”, de Ana Arruda Callado, foi publicado em 2004 pela Gryphus Editora. Em 2010 a Cosac Naify publicou “Maria Martins”, organizado por Charles Cosac, com fotos de Vicente Mello.

A monografia “Maria Martins: desejo imaginante” foi publicada pelo Masp para acompanhar a mostra de mesmo nome realizada no museu de agosto de 2021 a fevereiro de 2022. Organizado por Isabella Rjeille, o livro inclui ensaios de críticas, curadoras e historiadoras da arte do Brasil, dos Estados Unidos, da França e da Inglaterra.

Textos e produção:
Quatro Cinco Um

Imagens:
MASP e Reprodução